Canon EOS 6D

Tipicamente Canon, tipicamente perfeita


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Tempo estimado de leitura: 15 minutos e meio.

Novembro/2014 – A Canon EOS 6D é na opinião do vlog do zack a sucessora espiritual da EOS 5D Mark II. Com a mesma proposta de um sensor full frame num corpo “acessível”, a 6D foi anunciada por US$2099 em 2012, US$500 a menos que o preço de anúncio da 5DII de 2008. Uma diferença enorme aos US$3499 que a Canon pedia pela 5D Mark III no lançamento, já que o upgrade de classe da 5D Mark II para a Mark III foi gigante com os novos recursos de vídeo, velocidade de disparo e foco automático emprestado da 1D-X… Funções que ficaram de fora da EOS 6D. (english)

Canon EF 28mm f/1.8 USM Lens EOS 5D Mark II

“Acessível” que também é um posicionamento que eu não concordo. Desconheço quem considere US$2000 um preço de “câmera fotográfica de baixo custo”, e nem mesmo a Canon confiou que este título iria colar. Então eles trataram de enfiar diferenciais no modelo, a começar pela construção mais leve, sem o bloco de magnésio, só placas na frente e atrás; e colocar duas novidades numa EOS: Wi-Fi e GPS integrados. Quem realmente poderia se beneficiar destas coisas numa DSLR? Estúdios, para tethering sem fio; e viajantes, para enviar as fotos instantaneamente. Está aí o público alvo da nova Canon EOS 6D. Uma classe totalmente nova de câmeras Canon.

Canon EOS 6D, a "nova" (2012) full frame de entrada.

E do lado de dentro ela não deve praticamente em nada a geração atuaI. O processador é o mesmo DIGIC5+ da 5D Mark III e 1D-X, para correções in-camera de aberrações das objetivas; baixo ruído no JPEG em ISOs altos; vídeo em formato ALL-i; funções HDR embutidas; e até 4.5fps (mais rápida que a 5DII). O sistema de fotometria é o mesmo da Mark III, com um sensor dual layer de 63 zonas. E o módulo de foco automático é inferior, com apenas 11 pontos; mas é o único na linha Canon sensível até -3 EV, mais sensível até que a 1D-X. Por fim o sensor de imagem é uma geração a frente das duas câmeras, com a segunda versão do design gapless para praticamente a mesma sensibilidade; apesar do baixo custo. Será que a 6D funciona? Vamos descobrir. Boa leitura!

CONSTRUÇÃO

Canon EOS 6D

Em 755g de 14.5 x 11.2 x 7.1 cm, o que a Canon conseguiu fazer com a EOS 6D é plausível. Temos uma full frame com 20MP, DIGIC5+ e bateria LP-E6 (a mesma das 5DII e III, 7D, 60D e 70D), mas com o mesmo peso de uma câmera APS-C. O viewfinder gigante continua lá como nas outras full frame (e cobertura de 97%, o mesmo da 5DII); a tela LCD de cima também (ausente nas Rebel); e os botões são idênticos aos modelos maiores. E ainda a 6D tem o mesmo nível de weather sealing da 5D Mark III. Qual é mágica que a Canon fez para colocar tanta coisa numa full frame tão leve?

Canon EOS 6D

É uma nova era de construção mecânica da fabricante. Enquanto a linha “profissional” sempre se rendeu as vantagens dos blocos de magnésio, a Canon decidiu adotar na 6D apenas partes estruturais em magnésio (tampa da frente com mount EF, e painel traseiro), unidas por uma peça de plástico em cima, para recepção das antenas de GPS e Wi-Fi. Com um volume 20% menor que outras full frame EOS, a 6D trás um novo paradigma de formas e ajustes nas mãos.

Canon EOS 6D

Ela agarra perfeitamente à mão direita, para pegada do corpo e todos os botões de cima, que ficam ao alcance do dedo indicador. Os botões traseiros da direita ficam ao alcance do dedão, e este um grip muito mais gostoso de usar, do que a “quadradona” EOS 5D Mark II. Mesmo a excelente 5D Mark III parece desnecessariamente grande só para acomodar a tela traseira de 3.2”, enquanto a 6D é menor, prática, mais simples nos comandos para fazer a mesma coisa. Sim, a tela diminui para 3” mas a quantidade de pontos é a mesma, de 1.04 milhões. Infelizmente ela não é do tipo Clear View LCD II como na 5DIII (em que a tela é colada no plástico externo, para aumentar o contraste sob a luz do sol), mas o revestimento de fluorine continua lá, para facilitar a limpeza.

Canon EOS 6D

Na frente a Canon continua insistindo em não colocar nenhum botão extra como a Nikon faz nas câmeras maiores da linha “D”. O único botão de preview da profundidade de campo fica sob o mount EF, e ele até é programável. Porém você perde uma função básica como o preview da profundidade, caso mude a função desde botão. E do outro lado temos o botãozão de soltar a objetiva; e só! Não temos nem um assistente de foco automático na 6D! O LED da frente serve apenas para indicar a função do self-timer, e na mesma janela fica o receptor de controle remoto. Se parece um layout pobre, é porque é. A linha EOS só trás mais funções na frente do corpo nas top 1D, e nem a novíssima 7D Mark II recebeu alguma atenção por aqui. A Canon podia aprender alguma coisa com a D7100, D610 e D810, sobre o que os dedos podem fazer na frente da câmera.

Canon EOS 6D

Também não há um flash embutido no corpo, coisa que nos acostumamos nas full frame da Canon. Explicação do fabricante também não há, porém eles só tem a linha mais extensa de cabeças externas de flash do mercado. Ou seja, fica a dica: você deve comprar um flash a parte! Pelo menos o layout em cima é eficaz, com o disco PTAM de um lado, a sapata hot-shoe completa no centro, e o top LCD do outro; com a mesma sequência de botões desde a EOS 20D: AF, DRIVE, ISO e metering, todos podem ser ativados sem tirar os olhos do viewfinder. Basta memorizar a sequência de controles e usar com a mão direita. O primeiro dial está na frente antes do botão do disparador, como em virtualmente todas câmeras EOS desde 1980; layout então copiado pelas outras marcas.

 

Canon EOS 6D

Top LCD só aparece em corpos grandes, apesar da 6D ser relativamente compacta.

Atrás encontramos uma convergência de ideias da linha APS-C intermediária (60D) e top (7D); e a divergência com a linha 5D para estabelecer uma classe distinta de equipamento. Os botões MENU e INFO estão sobre a tela LCD, para serem usados com a mão esquerda (câmera fora do olho); mas playback e zoom estão do lado direito. O “novo” Q (quick), que fez o debut lá na 60D de 2010, parece que “acampou” sobre o jog rotativo traseiro (ele está lá em todos estes modelos citados), mas o direcional para escolha de pontos de foco, que existe na 5D e na 7D, mudou para dentro do tal jog; outra ideia emprestada da 60D. Sinceramente ele poupa espaço no corpo, e é até melhor de usar que o “controlinho” das máquinas maiores (embora o gosto do fotógrafo) possa variar. Mas diz a Canon que este “controlinho” é mais rápido, e por isso ele só foi reservado às máquinas com vários pontos AF; coisa que a 6D não tem (são apenas 11 pontos phase).

Canon EOS 6D

Botão Q está do lado direito, junto dos de playback.

Um detalhe que infelizmente ficou de fora é a função touch do dial traseiro, que existe na 5D Mark III. Naquela câmera ele serve para ajustar algumas funções de maneira silenciosa, especialmente para não atrapalhar durante a gravação de vídeos. Mas não foi implementado na 6D, e acabamos por ouvir os clicks de cada botão toda vez que precisamos ajustar alguma coisa. Mas nem tudo está perdido: todos os botões da EOS 6D foram revistos para um toque muito mais suave que qualquer outra Canon, e você sente isto nos dedos. É tudo “borracha com borracha”, sem aqueles solavancos dos clicks de uma Rebel. É muito superior a outras câmeras por aí, que associam o design “vintage” com botões duros, difíceis de usar e que não ajudam em nada a vida do fotógrafo. A Canon está mirando para o futuro com a 6D, e espero que todos os botões daqui pra frente tenham esta mesma pegada “luxury” (palavra do fabricante); é realmente um prazer de usar.

Canon EOS 6D

Portas estão todas do mesmo lado, atrás de borrachas.

Enfim do lado direito os mesmos botões tipicamente Canon estão lá, como AF-ON, estrela e seleção de pontos AF; e por último temos a chavinha do Live View, para fotos ou vídeos, com o START/STOP no meio (emprestado da 7D). De um lado nós temos as portas HDMI e USB; microfone e controle remoto. E do outro, o único cartão SD está sob uma porta protegida contra respingos, bem melhor que a 60D. É tudo simples de usar e uma filosofia descomplicada na linha EOS. O único propósito da Canon parece ter sido o prazer de fotografar com a mesma qualidade de imagem das câmeras maiores. Não parece que tiraram funções para poupar dinheiro, nem incluíram novidades no controle. É a câmera perfeita pra quem sempre teve Canon, e quer sair fotografando logo de cara.

OPERAÇÃO – DRIVE

Canon EOS 6D

Sem dúvidas o meu recurso favorito na Canon EOS 6D é o modo silencioso do disparo do obturador. Com um mecanismo completamente novo, com motores separados para espelho e cortinas, ela pega emprestada a tecnologia da 5D Mark III para suavidade no primeiro; e a velocidade e precisão da 7D para o segundo. A ideia é que no modo “Silent” o controle do movimento seja diferente do normal, diminuindo a velocidade antes do impacto.

Screen Shot 2014-11-18 at 7.36.45 PM

Isso faz com que a câmera perca cerca de 10% da velocidade de disparo continuo, mas fique quase 80% mais quieta. É perfeita para museus, teatro, casamentos, rua; ou seja, qualquer lugar em que você não queira chamar a atenção. Simplesmente é a câmera SLR mais quieta que eu já usei, e não lembro de outro modelo parecido neste ponto. Ponto pra Canon.

OPERAÇÃO – Wi-Fi


Canon EOS 6D

Outra função interessantíssima, mas que alguns fotógrafos deixam passar como besteira, é o Wi-Fi embutido no corpo. Não, o legal não é passar as fotos de 20MP para o celular e postar instantaneamente no Instagram. Mas a função “Remote Shooting”, que funciona virtualmente como o tethering do EOS Utility via USB, é bem interessante. Basta habilitar a função Wi-Fi > Wi-Fi function > Connect to smartphone. E no tablet/celular, Android ou iOS, instalar o “EOS Remote”. Conecte seu device a rede própria criada pela câmera, e abra o app.

Canon EOS 6D

Além do Camera Image Viewing, que descarrega as fotos da câmera para o celular, o Remote Shooting ativa o Live View da 6D, com streaming do sensor da câmera diretamente para a telona do iDevice; incrível! É extremamente prático para quando um cliente acompanha a sessão no estúdio: ele fica com o tablet nas mãos, e você fica com a câmera; ou para quando você não pode ficar perto da câmera, por exemplo em ângulos criativos de igrejas e palcos; ou mesmo para um auto-retrato básico, já que todos os controles de exposição, foco e disparo são reproduzidas no celular.

Canon EOS 6D

Esquerda: funções principais do app. Direita: Camera Image Viewing. Abaixo: Remote Shooting.

Canon EOS 6D

Live View faz streaming para o iDevice, e todos os controles estão na mão. Fantástico!

OPERAÇÃO – AF

Canon EOS 6D

Pouco é falado sobre o sistema AF da EOS 6D, afinal os 11 pontos phase parecem jurássicos numa era em que 30 ou mais já fazem parte até dos celulares. Porém este é daqueles recursos que não dependem necessariamente da quantidade, e sim da qualidade. Lógico, nada de esperar o mesmo desempenho de uma 1D-X ou 5D Mark III para tracking. Mas a 6D tem um carta na manga, que nenhuma outra EOS tem: o ponto central deste novo módulo é sensível até -3EV; o que basicamente significa que ela “vê” no escuro! É perfeito para ambientes fechados, festas intimistas e eventos com pouca luz, garantindo pelo menos a tentativa de foco pela câmera.

Canon EOS 6D

“2” em f/2.8 1/120 ISO3200 @ 70mm; foto praticamente no escuro e com foco perfeito.

“2” em f/2.8 1/120 ISO3200 @ 70mm; foto praticamente no escuro e com foco perfeito.

Além disto, o modo SERVO é largamente programável, apesar de não ter um menu exclusivo como o sistema Reticular das máquinas de 61 pontos (chamado de AF SERVO III pela Canon). Você pode manualmente escolher a velocidade/precisão do foco; a prioridade do movimento (acelerando ou desacelerando); a prioridade do disparo (com a foto em foco ou imediatamente); ou ainda se a câmera manterá a velocidade do disparo ou a precisão no foco. Não é tão sofisticado como as cinco abas de programação AF das 1D-X ou 5D Mark III, mas sem dúvidas todas as possibilidades criativas continuam aqui, para objetos estáticos ou em movimento; independente da situação.

Canon EOS 6D

OPERAÇÃO – EXPOSIÇÃO MÚLTIPLA

Canon EOS 6D

Uma função emprestada da 5D Mark III, por causa do DIGIC5+, e limitada via software para diferenciar as linhas (f*ck you, Canon!), é a exposição múltipla; presente em parte na 6D. Novidade “vergonhosa” nesta geração EOS, já que a maioria das Nikon D dos últimos cinco anos fazem isso, a exposição múltipla nada mais é que registrar duas ou mais fotos no mesmo quadro, explorando possibilidades criativas com sujeitos diferentes. Pra falar a verdade, isto não é novidade uma vez que diversas SLR do passado podiam reiniciar o ciclo do obturador, sem passar o filme para frente; essencialmente fazendo a mesma coisa. Com o avanço da fotografia digital, esta tarefa ficou condicionada ao PC, feita depois das fotos prontas. Mas recentemente virou tendência nas digitais, por causa do compartilhamento imediato das fotos; fazendo sentido embutir na câmera.

"17-55" em f/5.6 1/500 ISO800; efeito engraçadinho e inútil.

“17-55″ em f/5.6 1/500 ISO800; efeito engraçadinho e inútil.

Funciona assim: basta ligar (enable) a opção no menu; escolher quantas fotos fazer (até 9), e fotografar. A câmera salvará apenas a composição final num arquivo único (inclusive raw), e esta é a grande diferença que a Canon encontrou para limitar as linhas 5D e 6D. Na Mark III, todos os arquivos serão gravados: fotos originais e composição final. Mas na 6D apenas a composição final será salva, jogando fora as fotos originais. Na minha opinião isso limita bastante o uso, já que você não poderá usar as exposições para outra composição diferente; coisa que, de novo, a Nikon pode fazer no playback . A Canon até deixa usar uma foto de base (você não precisa começar do zero), mas bloqueia o valor de ISO para ser igual entre todos os cliques. Enfim, é uma função besta; que está ali só para constar; se você quiser mesmo fazer uma composição de múltiplas exposições, aprenda a fazer depois num software de edição. Os resultados serão melhores. :-)

OPERAÇÃO – HDR

Modo HDR, outro recurso sofisticadíssimo #sqn com apenas três opções de ajuste.

Outra função graças ao DIGIC5+ é o “processo HDR” direto na câmera. O termo “HDR” vem de “high dynamic range”, e hoje virou o “processo” de expor diversos valores da mesma imagem (uma mais escura, uma correta, e uma mais clara); para depois usar o “range” (amplitude) do mais escuro ao mais claro, compondo uma imagem próxima da visão humana com todas as fotos juntas. Se por um lado isto é muito útil para dar uma impressão de realismo as fotos, já que nossos olhos conseguem ver muito além de um sensor digital, os resultados ficam essencialmente artificiais, já que estamos acostumado com aquele look mais chapado, de alto contraste, da fotografia digital.

"M 17-55" em f/8 1/125 ISO400, JPEG direto da câmera, super contrastante.

“M 17-55″ em f/8 1/125 ISO400, JPEG direto da câmera, super contrastante.

O que acontece nas digitais é que elas não conseguem registrar direito valores muito diferentes de luz, por exemplo uma cena à sombra na mesma composição que aparece o céu claro. Ou você “estoura” o céu, para iluminar a sombra; ou você não captura o que está na sombra, para registrar o céu. Então inventaram este papo de fotografar a mesma cena com valores diferentes, unindo o melhor de cada quadro, colocando um nominho bonito, em inglês, hype, “high dynamic range” – HDR. Eu até concordo que este processo pode ajudar em tipo específicos de fotografia, como produtos em estúdio, arquitetura de interiores, e algumas paisagens complicadas. Mas o look já ficou muito batido por causa do uso diário com sujeitos que não exigem o HDR (principalmente seres humanos), então na minha opinião esta função deve ser evitada.

"M 17-55" em f/8 1/125 ISO400, JPEG direto da câmera em modo HDR. Sombras recuperadas, mas notem as distorções nas cores.

“M 17-55″ em f/8 1/125 ISO400, JPEG direto da câmera em modo HDR. Sombras recuperadas, mas notem as distorções nas cores.

De qualquer maneira ela está lá na 6D, e de novo limitadíssima, porque a saída é exclusivamente JPEG. Se o HDR melhorasse o dynamic range nos arquivos raw, até faria sentido usá-lo o tempo todo. Mas é JPEG only, e francamente para quem não sabe fazê-lo manualmente via bracketing. Basta colocar a câmera em saída JPEG que o menu “Modo HDR” será iluminado na quarta aba de ajustes, sob “Exposição múltipla”. Então você pode escolher a variação da exposição até +-3 EV (ou Auto), e a câmera fará as três exposições sozinha, como um bracketing automatizado. Ela pode inclusive alinhas as fotos caso você fotografe sem tripé, e, como no exposições múltiplas, somente a composição final será salva no cartão. Minha recomendação? Aprenda a unir “um HDR” depois num software de edição, e fotografe fazendo bracketing.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Mup” em f/11 1/15 ISO1600 @ 46mm.

“Mup” em f/11 1/15 ISO1600 @ 46mm; exposição múltipla da EOS 6D.

A 6D é a mais recente full frame da família EOS de SLR digitais, e continua com o mesmo look que colocou a Canon no topo do mercado, desde o boom das DSLR em meados de 2003. São arquivos extremamente suaves em ISO base 100, com detalhes nítidos em pontos de contraste; ciência perfeita de cores privilegiando amarelos e vermelhos, com arquivos excelentes para impressões direto da câmera. A novidade nos últimos anos tem sido a corrida pelo desempenho em altos ISO, com arquivos limpos, livres de ruídos em pouca luz; coisa que a Canon também tem entregado, mas de maneira menos óbvia.

“Homem” em f/2.8 1/90 ISO100 @ 70mm; desempenho suave em ISO base.

“Homem” em f/2.8 1/90 ISO100 @ 70mm; desempenho suave em ISO base.

Não, nós não temos a loucura de Sony e Nikon por valores absurdos de ISO, como 409.600 que simplesmente não entregam nem cores, nem em detalhes. A 6D é taxada em “apenas” ISO 25.600 (expansível até 102.400), que é mais que o suficiente para compensar a falta de luz em exposições conservadoras com f/8, em ambientes praticamente iluminados por uma vela. O destaque fica para a descrição do ruído quando não há luz, que não aparece em zonas não expostas.

"Viewfinder" em f/2.8 1/30 ISO12800; onde não há luz, não há ruídos.

“Viewfinder” em f/2.8 1/30 ISO12800; onde não há luz, não há ruídos.

Crop 100%, desempenho é impressionante para este valor ISO.

Crop 100%, desempenho é impressionante para este valor ISO.

Enquanto outros sensores conseguem camuflar o ruído em ISO alto, aumentando a aparência dos pontos e interpolando a informação de maneira diferente, o sensor da Canon na EOS 6D simplesmente não captura o sinal em primeiro lugar; resultando em pontos realmente “pretos” quando não há luz. Ou seja, foi embora aquele tom de magenta em ISO alto que destruía as imagens da 5D Mark II a partir de ISO6400 (ISO3200 nas APS-C), ou de qualquer outro sensor concorrente; e ficamos com contraste perfeito em fotos mesmo no escuro.

"CCBB" em f/8 1/350 ISO12800 @ 24mm; nada de sombras magentas em ISOs absurdos.

“CCBB” em f/8 1/350 ISO12800 @ 24mm; nada de sombras magentas em ISOs absurdos.

Nível de ruídos é extremamente bem controlado quando não há luz. O_o

Crop 100%, nível de ruídos é extremamente bem controlado quando não há luz. O_o

São mais informações por pontos da 6D em ISO alto que qualquer outra câmera com a mesma quantidade de pixels. Conseguimos ver contornos em detalhes que as outras máquinas não capturam, cabelos perfeitos em retratos com longa profundidade de campo em luz natural, até janelas a distância em paisagens a noite com objetivas f/8, sem tripé. E, claro, com o destaque principal: onde não tem luz, não tem ruídos. Excelente para qualquer situação.

"Ferrari" em f/11 1/10 ISO1250 @ 70mm; arquivo limpo em ISO1250.

“Ferrari” em f/11 1/10 ISO1250 @ 70mm; arquivo limpo em ISO1250.

Crop 100%, detalhes e contraste são mantidos em pouca luz.

Crop 100%, detalhes e contraste são mantidos em pouca luz.

Por outro lado, não vou concordar com um problema crônico das Canon EOS, com dynamic range limitado em comparação aos sensores fabricados pela Sony. Ou você acerta em cheio a exposição, ou esqueça os ajustes via software. O banding, que já foi discutido num vídeo específico no vlog do zack, continua acontecendo em qualquer ajuste via Adobe Camera Raw, além +3EV de exposição. E se você depende de fotos com grande diferença entre luzes e sombras num único click, esta máquina ainda não é para você. Não é a toa que a Canon enfiou diversos modos HDR embutidos nos menus, porque essa câmera precisa mesmo. Se você errar a exposição e precisar corrigir depois, esqueça: o dynamic range da EOS 6D ainda é bastante limitado.

“Ponte” em f/2.8 1/750 ISO100 @ 65mm; exposição relativamente simples, mas complicada.

“Ponte” em f/2.8 1/750 ISO100 @ 65mm; exposição relativamente simples, mas complicada.

Crop 100%, sinais de banding e ruídos em sombras puxadas via software.

Crop 100%, sinais de banding e ruídos em sombras puxadas via software.

Enfim outro detalhe que notei com a EOS 6D, é o fotômetro de 63 zonas, dual layer (semelhante a 5D Mark III) não lá tão “simpático” com objetos escuros. No modo “Evaluative” (colchetes com ponto no meio), que é associado ao ponto de foco, a câmera joga a exposição lá pra cima, a fim de compensar os tons pretos. Ou seja, qualquer linha menos luminosa no quadro, e 6D erra a exposição, estourando as luzes para compensar. Em um caso específico na Pinacoteca do Estado de São Paulo, eu tive de compensar em -2EV (!) uma composição simples, com uma daquelas passarelas pretas que cruzam os prédios, para não estourar a exposição no modo Aperture Priority. É um problema bem grande no dia-a-dia, e requer atenção redobrada para com as exposições. Sempre verifique o quadro após o click e, se estiver errado, use a compensação da exposição.

Exposição completamente errada por causa de objetos escuros na cena. O_o

Exposição completamente errada por causa de objetos escuros na cena. O_o

VEREDICTO

Para 99% dos outros trabalhos, bom senso do fotógrafo, e exposições corretas, a 6D é uma das melhores máquinas digitais no mercado hoje e que, ainda bem, orgulhosamente faz parte da linha Canon EOS. São 58 objetivas EF entre zoom, prime, grande angular e super telephoto, para capturar virtualmente qualquer imagem do planeta (e até fora dele), numa câmera facílima de usar, repleta de recursos, por menos de US$2000. Levou quase dois anos do lançamento deste modelo até o kit do vlog do zack, e só não falo que me arrependo de ter demorado tanto para comprá-lo, porque a 5D Mark II era tão boa quanto. Então voltamos aquele argumento. De “low cost” a 6D não tem nada. Ela é a sucessora espiritual da linha 5D, e esta ja era uma das linhas mais competentes do mercado. Aproveite o sensor grande do formato 135 full-frame, e boas fotos!