Rokinon 85mm f/1.4

Short telephoto prime de grande abertura para todos


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 119MB).

Tempo estimado de leitura: 04 minutos.

Maio/2014 – A Samyang é uma fabricante sul coreana de instrumentos ópticos especializada em objetivas para câmeras de segurança e acessórios de fotografia. Também vendida sob as marcas Rokinon, Bower, Pro Optic, Vivitar e Opteka, ela atende os principais mounts de máquinas fotográficas (Canon, Nikon, Sony, Pentax, etc), oferecendo lentes manuais (foco e abertura) com baixo custo. A Rokinon 85mm f/1.4, por exemplo, custa apenas US$279! Ela chegou ao vlog do zack exatamente por esta característica: preço baixo. Vocês sempre pedem alternativas acessíveis para o dia-a-dia e eu mesmo já estou esgotando a conta bancária do canal. =D Então é hora de falarmos sobre equipamentos mais baratos. Será que funcionam bem? Vamos descobrir! (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Samyang Rokinon 85mm f/1.4 Aspherical

Em 7.8 x 7.4 cm de 540g, primeira coisa a notar nas Samyang Rokinon é que são lentes 100% manuais. Os controles de foco e abertura são feitos por anéis mecânicos, e exigem o mínimo de conhecimento sobre exposição para ajustá-los. Isso colabora para o tamanho diminuto, já que não vão motores do lado de dentro. Considerando outras 85mm f/1.4 do mercado, a Rokinon é a menor e mais discreta. Ela é para quem já sabe o que fazer com distância focal e abertura, e quer economizar no lugar das objetivas de Canon e Nikon, mais caras e totalmente automatizadas.

Samyang Rokinon 85mm f/1.4 Aspherical

A operação é simples com dois anéis mecânicos, um para o controle do foco automático na frente, e outro para abrir/fechar o diafragma. O primeiro é suave, grande e confortável. Apesar de um pouco duro na minha cópia nova, ele consegue ser melhor feito que algumas Nikons AF-S G, que balançam sem precisão. O giro é longo e precisão, do foco mínimo de 1 metro (mais longo que a maioria das 85mm), até o infinito, com paradas duras em cada extremo. E o de abertura é do tipo click, com stops cheios e bem demarcados. Há ainda uma versão “Cine” opticamente idêntica, porém com engrenagens e nenhum “click” nos anéis, própria para gravação de vídeos.

Samyang Rokinon 85mm f/1.4 Aspherical

Na frente os filtros de 72mm são rosqueados num trilho de plástico e o hood (incluído) é do tipo baioneta. É um kit completo e bem feito, que vale totalmente o preço de US$299. A 85mm f/1.4 é um exemplo de construção para os fabricantes tradicionais, uma vez que não temos este nível de precisão em lentes de entrada na Canon e Nikon, apesar das duas oferecerem sistemas espertos de foco automático. Mas quem precisa da especificação e sabe o que está fazendo com anéis manuais, sem dúvidas pode economizar e estará bem atendido pela Rokinon 85mm f/1.4.

QUALIDADE DE IMAGEM

“NYC East” com a EOS-M em 1/500 ISO100.

“NYC East” com a EOS-M em 1/500 ISO100.

A principal questão sobre as lentes de baixo custo cai sobre o desempenho óptico, que sempre é alto nas lentes first party. Mas a Rokinon 85mm f/1.4 Aspherical é um projeto moderno de 2008 que atinge níveis bacanas de resolução totalmente aberta, controle aceitável de aberrações cromáticas, contraste e cores saturadas, com nenhuma distorção geométrica e QI que só aumenta fechando até f/8. Os resultados são excelentes considerando o preço, e dependendo do tratamento podem chegar facilmente no “absolutamente impecável” que eu sempre falo por aqui.

“Liberty” com a EOS-M em 1/1000 ISO200.

“Liberty” com a EOS-M em 1/1000 ISO200.

Apesar da câmera não registrar informações de abertura, eu lembro de algumas fotos que foram feitas com a lente totalmente aberta. O destaque fica para a resolução no centro do quadro que revela detalhes mesmo em f/1.4 e não exige fechar para f/2 em diante para extrair o melhor dos sensores digitais atuais. Já os problemas são típicos de lentes com grande abertura: bolhas roxas em áreas de muita luz e aberrações cromáticas de eixo, tudo fácil de corrigir via software.

“Manhattan Av.” com a EOS-M em 1/3000 ISO100.

“Manhattan Av.” com a EOS-M em 1/3000 ISO100.

“MARRY ME" com a EOS-M em f/1.4 1/3000 ISO100.

“MARRY ME” com a EOS-M em f/1.4 1/3000 ISO100.

Crop 100%, CA em áreas de contraste, mas resolução está lá.

Crop 100%, CA em áreas de contraste, mas resolução está lá.

“Padlocks" com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO; profundidade de campo curta em foco mínimo.

“Padlocks” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO; profundidade de campo curta em foco mínimo.

Crop 100%, bolhas roxas com muita luz…

Crop 100%, bolhas roxas com muita luz…

Aberrações cromáticas laterais, aqueles contornos coloridos em áreas de muito contraste, aparecem nos cantos do quadro e não dependem da abertura. Embora notado somente durante o dia, está no mesmo patamar das objetivas “de marca” e um problema a ser corrigido no computador antes de impressão. É sempre um problema da abertura extrema f/1.4, que usa elementos grandes demais e tem dificuldades para focar a luz num ponto só. Em peças f/2 para baixo, como algumas 35mm e 50mm, raramente vemos aberrações laterais nas primes.

“This book" com a EOS-M em 1/1500 ISO200. Download raw.

“This book” com a EOS-M em 1/1500 ISO200.

Crop 100%, CA lateral nas letras pretas contra fundo branco; extremamente discreto.

Crop 100%, CA lateral nas letras pretas contra fundo branco; extremamente discreto.

A qualidade do desfoque é o grande destaque do projeto e muito mais fácil de atingir que qualquer concorrente Canon ou Nikon próxima deste preço (notavelmente as lentes de entrada com outras distâncias e aberturas). Mas comparado as 85mm EF e AF-S (mais caras), não é tão cremoso. Enfim, o efeito da profundidade de campo curta é bacana e está lá, mas nas lentes originais ele é ainda melhor. Não podemos ter tudo por um preço tão baixo, mas funciona para dar aquele look difuso no segundo plano de retratos, depoimentos e detalhes de moda/acessórios.

“BASSBEAR!!” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO100. Download raw.

“BASSBEAR!!” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO100; aparência do desfoque a distância.

“Trio” com a EOS-M em f/1.4 1/1500 ISO100. Download raw.

“Trio” com a EOS-M em f/1.4 1/1500 ISO100.

“ziggy” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO200.

“ziggy” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO200.

Já contra luz a Rokinon 85mm f/1.4 sofre com flaring e perda de contraste, também em níveis maiores que as concorrentes. O efeito pode ser usado criativamente e o resultado é superior aos gerados via software. Tem gente que inclui estes reflexos no Photoshop, exatamente para destacar a fonte de luz no quadro. Dependendo do ângulo de incidência da luz, o contraste será prejudicado; objetivas mais caras não sofrem com isso. Mas vale pelo estilo único da Rokinon, mais colorido e esticado, com arco-íris nas bordas; nunca vi isso na Canon ou na Nikon.

“Flare” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO100.

“Flare” com a EOS-M em f/1.4 1/4000 ISO100; contra a luz do pôr-do-sol, num outono em Nova Iorque

VEREDICTO

As opções de 85mm “luminosas” são extensas na maioria dos mounts, seja dos fabricantes próprios (Canon e Nikon), ou de marcas “renomadas” (Sigma). E a Samyang Rokinon oferece algo novo por causa do preço: é consideravelmente menor que as equivalentes (f/1.4 pra baixo) e com qualidade de imagem totalmente aberta similar. A operação obviamente é diferente: foco manual em 85mm f/1.4 é um desafio até no modo Live View e exige paciência do fotógrafo. Mas sem dúvidas é um prazer de usar e os resultados estão lá. Recomendo a todos que trabalham com retratos e sonham com uma 85mm f/1.4, sem abrir um buraco no orçamento. Podem comprar tranquilamente que não estarão levando uma lente ruim para casa. Boas fotos!