Canon EOS M + EF-M 22mm f/2 STM

Ame-a ou deixe-a


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Abril/2014 – As câmeras mirrorless (tradução “sem espelho”) são as melhores relações de tamanho/qualidade de imagem que temos no mercado hoje. Resultado da tecnologia “Live View” que ficou popular em 2005 nos sensores CMOS (usados nas DSLR), o design das máquinas digitais de alta qualidade mudou para sempre. Foi embora o espelho, que serve apenas para refletir a “imagem” para o olho do fotógrafo, e ficou a troca das lentes; com tamanhos generosos dos vidros e desempenho óptico. A redução no volume da câmera foi significativa mas a qualidade de imagem e os resultados ficaram intactos. Surge uma nova maneira de fotografar para amadores e profissionais: discreta, acessível e com novas possibilidades; uma nova era. (english)

Canon EOS 60D M

A Canon foi a última fabricante a investir neste mercado apresentando a EOS M (M de “mirrorless”) somente em 2012. Disse que precisava dominar a tecnologia antes de apresentá-la ao público (sério? precisava “dominar” o mesmo Live View da 40D de 2005?), quando todos nós sabemos o real motivo do atraso: proteger a linha EOS de DSLR que é a mais rentável do mundo. Mas o review improvável no vlog do zack se tornou realidade numa recente redução de preço nos Estados Unidos. Decidi dar uma oportunidade a M substituir a EOS 60D, que usava apenas como backup. Vamos ler se a Canon de fato derrapou no lançamento da EOS M? Boa leitura!

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EOS M

A “M” é uma genuína “EOS” da Canon. Feita de magnésio em 262g, é o mesmo material das DSLR grandes 5D, 7D e 1D. É bem mais resistente que os plásticos da T#i e 60D/70D e extremamente sólida nas mãos, longe de ser uma “compacta de plástico”. Mas tamanho não é documento: em apenas 108 x 66 x 32mm ela é menos de 1/5 do volume da diminuta SL1, porém usa o mesmo sensor e processador. Na frente o destaque fica para o mount EF-M que é 11% menor que o EF e continua totalmente eletrônico para comunicação com a lente. Infelizmente ele não é compatível nativamente com as objetivas EF e EF-S e exige um adaptador para aceitá-las.

Estrutura interna da EOS M: resistência e portabilidade. [Créditos: Canon Japan]

Em cima o painel é simples com destaque para o hot-shoe completo da Canon. Nele é possível ligar qualquer acessório EX como um flash, que a M não tem embutido. Também vemos os dois microfones L e R para gravação de vídeos; o botão liga/desliga; obturador e a roda de seleção AUTO / PHOTO / MOVIE. Não temos a roda PASM (Program, Aperture, Shutter, Manual) das DSLR, nem o top LCD com informações de exposição. Tudo deve ser controlado pela tela traseira.

Canon EOS M

A falta de botões é compensada pela tela traseira sensível ao toque de 3”, do tipo Clear View II; não há espaço entre a tela e o plástico de fora, o que reduzir reflexos. Infelizmente a tela não gira como nas Powershot G. A resolução é muito boa em mais de um milhão de pontos, notáveis principalmente no review das imagens (durante as fotos a resolução parece cair um pouco). E ainda temos uma roda de seleção com SET no meio, que funciona da mesma forma que as DSLR; e cliques para os quatro lados. Botões de MENU e playback são auto-explicativos; e INFO, que gira as opções de informação da tela. Ao lado do grip traseiro vemos o último botão para gravar vídeos. De um lado ainda temos três portas: HDMI, USB e entrada para microfone. E do outro… nada. A bateria e o cartão SDXC entram embaixo e a máquina deve ser removida do tripé para trocá-los.

Canon EOS M

Tudo é minúsculo e funcional na EOS M, mas pode incomodar quem tem dedos grandes. Por exemplo, a roda com SET no meio é muito fácil de apertar e mudar as opções selecionadas, impossível também de trabalhar com luvas. A Canon obviamente desenvolveu a EOS M como um modelo de entrada, o que é ruim tanto para os amadores quanto para os profissionais. Os primeiros não terão o mesmo prazer de usá-la como uma DSLR tradicional, que transmite “confiança e profissionalismo”; e os segundos terão de trabalhar ao redor das limitações, com pouco apelo prático para o dia-a-dia. Temos aqui apenas um corpo compacto com o mesmo sensor e processador das irmãs maiores, que continuarão a vender bem já que este fabricante não oferece opções melhores, modernas, mirrorless, para empurrar a tecnologia de fato para frente.

EF-M 22mm f/2 STM

Canon EOS M EF-M 22mm f/2 STM

A primeira leva de objetivas EF-M também é tão funcional e minúscula quanto o corpo que as atende. Uma zoom EF-M 18-55mm f/3.5-5.6 IS STM, que não ousa nem em range nem em abertura; e uma prime EF-M 22mm f/2 STM, que seria fantástica se fosse “EF”. Mas a fixa é interessante por ser “pancake” (design compacto, no mesmo caminho da EF 40mm f/2.8 STM) e oferecer a equivalência aos 35mm com abertura f/2, ideal para fotografia de rua. Em apenas 23.7mm de profundidade ela mantém a EOS-M fácil de colocar no bolso e é o menor kit Canon com APS-C.

Canon EOS M EF-M 22mm f/2 STM

A construção é boa com corpo de plástico e mount de metal. Nada balança afinal a lente é super pequena. Dentro o projeto óptico impressiona com sete elementos (!) em seis grupos, com um elemento asférico do tipo Glass-Mold. A operação é super simples: o anel manual é eletrônico, não há botões e AF/MF tem de ser programados nos menus da EOS M. É outro indício do posicionamento nada sério da Canon no mirrorless, mas funciona como equipamento descompromissado, para quem quer levar consigo a menor EOS possível.

DESTAQUES – FACILIDADE NO USO

“2 Ave-South” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/90 ISO100.

“2 Ave-South” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/90 ISO100.

Um produto “de entrada” com controles simples e focado (rá) na facilidade do uso, a EOS M é um prazer de usar se você manter suas expectativas baixas. Não, ela não é uma DSLR e não se comporta como tal. Mas resultado por resultado, ela pode substituir facilmente uma câmera maior. Logo para ligar/ficar ligada/desligar ela deixa bem claro que não é uma máquina grande. Demora cerca de 1.5s de totalmente off até a primeira foto, o que parece uma eternidade para os padrões DSLR. Também não tem um modo sleep: ou você deixa ligada, gastando a bateria; ou você desliga, levando aquele tempo para ligar de novo. Ela até pode desligar a tela LCD e continuar ligada (o IS, por exemplo, ficará operante), mas é diferente do “stand-by” tradicional. Resultado: ligue e desligue o tempo todo se quiser uma bateria para o dia todo. É possível, eu consegui.

“NYC T” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/15 ISO200.

“NYC T” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/15 ISO200.

“SABRETT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/45 ISO400; fotos o dia todo com liga/desliga da máquina.

“SABRETT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/45 ISO400; fotos o dia todo com liga/desliga da máquina.

Depois de ligada a operação é bem óbvia. Em Av, Tv e M a roda traseira serve para ciclar os controles. Aperte para a direita (botão +/-) para trocar entre abertura ou obturador (M) ou entre abertura/obturador e compensação da exposição (Av e Tv). É simples e rápido, na minha opinião até mais dinâmico que as T#i (quais pedem o aperto de dois botões simultaneamente). Se os controles não estiverem nos botões, como o ISO, basta um toque na tela para escolher na régua. Achei este ajuste ruim porque você precisa “deslizar” o ajuste até encontrar o valor que precisa; na minha Panasonic GF3 todas as opções aparecem numa janela só, mais rápido.

Interface ISO; régua tem de ser "deslizada" para outros valores...

Interface ISO; régua tem de ser “deslizada” para outros valores…

Enquanto na Panasonic Lumix DMC-GF3 todos os valores aparecem na mesma janela.

Enquanto na Panasonic Lumix DMC-GF3 todos os valores aparecem na mesma janela.

“Polar Bear” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/15 ISO800.

“Polar Bear” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/15 ISO800.

Crop 100%, nível de ruídos é baixo em ISO800.

Crop 100%, nível de ruídos é baixo em ISO800.

“\/\|” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/180 ISO400.

“\/\|” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/180 ISO400.

“Uptown” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/125 ISO400.

“Uptown” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/125 ISO400.

Crop 100%, resolução no centro em abertura máxima.

Crop 100%, resolução no centro em abertura máxima.

O que eu mais gostei foi o silêncio do obturador físico, que vai até 1/4000. É muito mais quieto que qualquer EOS com espelho e ideal para igrejas, discursos, sets de filmagem, teatro… lugares onde o “clack” pode tirar a atenção do público. Na rua nem lembramos que é uma Canon APS-C de 18MP, e de volta em casa somos presenteados com a qualidade de imagem intacta das EOS.

“W23st” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/750 ISO200.

“W23st” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/750 ISO200.

Crop 100%, resolução na borda do quadro.

Crop 100%, resolução na borda do quadro.

“CAT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/350 ISO400; portabilidade e silêncio são ideais para fotografia de rua.

“CAT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/350 ISO400; portabilidade e silêncio são ideais para fotografia de rua.

Crop 100%, detalhes impressionam de um pacote tão compacto.

Crop 100%, detalhes impressionam de um pacote tão compacto.

O QUESTIONÁVEL – FOCO AUTOMÁTICO

“Still” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2.8 1/250 ISO200; melhor fotografar a bike parada se depender do AF da EF-M 22mm f/2 STM.

“Still” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2.8 1/250 ISO200; melhor fotografar a bike parada se depender do AF da EF-M 22mm f/2 STM.

Vocês sabem que meu estilo de fotografar é bem tranquilo e não trabalho com esportes. Tanto faz uma 1D-X ou uma lente manual nas minhas mãos; eu vou demorar para compor, escolher o ponto de foco, e tirar a foto. Mas a EOS M é um caso cômico, pra não dizer trágico, não por causa da velocidade; na minha opinião o problema é a consistência (ou falta de…). Sim, com a lente EF-M 22mm f/2 STM eu fiquei horrorizado com a lerdeza da câmera, mesmo com firmware 2. O foco é do tipo “Hybrid CMOS AF” e o sensor phase dita a direção correta do movimento inicial e o processador de contraste termina com ajustes finos. Até funciona bem: ela vai para o lado certo, vai e volta pouco até travar o foco, em cerca de 1 segundo. Geralmente é rápido.

“VOGUE” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/750 ISO100; AF consegue acompanhar a ação desta parede…

“VOGUE” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/750 ISO100; AF consegue acompanhar a ação desta parede…

Mas foi só chegar em casa e testar uma lente EF “L” com o adaptador EF/EF-M que a coisa mudou completamente! Por exemplo a EF 35mm f/1.4L USM na EOS M trava tão instantaneamente quanto numa DSLR. É super rápido de ponta a ponta da lente e preciso, já que ele termina confirmado por contraste. Ou seja, qual é de fato o problema do foco na EOS M? As lentes “de entrada” ou o sensor? O firmware? Má vontade do fabricante? Teremos de esperar a EOS-M2 para ver se melhoraram muito o que eu já não achei tão ruim. Por hora, se preparem: até um iPhone 5 foca mais rápido que as lentes EF-M em boas condições de luz. Opte pelas EF/EF-S.

QUALIDADE DE IMAGEM EF-M 22mm f/2 STM

“Fashion Av” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/125 ISO100.

“Fashion Av” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/125 ISO100.

Crop 100%, este néon não fazia parte do prédio… #quédizê

Crop 100%, este néon não fazia parte do prédio… #quédizê

O desempenho da prime 22mm f/2 STM agrada com fotos saturadas, ótimo contraste e personalidade. É bem parecida com a EF 24mm f/1.4L II USM nas cores fortes e vinheta acentuada em pouca luz, que foca o sujeito no centro do quadro. Totalmente aberta a resolução impressiona no miolo do quadro sem grandes reclamações nas bordas. Porém o CA lateral é alto e o bokeh pouco suave. Funciona como uma opção barata e compacta na EOS M, mas pede outro investimento do fotógrafo para resultados melhores, com objetivas diferentes.

“Kenworth” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/6 ISO400; vinheta acentuada foca a atenção para o centro do quadro.

“Kenworth” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/6 ISO400; vinheta acentuada foca a atenção para o centro do quadro.

“Have a seat” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/125 ISO400; escurecimento das bordas em f/2 e pouca luz.

“Have a seat” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/125 ISO400; escurecimento das bordas em f/2 e pouca luz.

“POW!!” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/30 ISO400; profundidade de campo curta possível graças ao sensor APS-C e abertura máxima…

“POW!!” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/2 1/30 ISO400; profundidade de campo curta possível graças ao sensor APS-C e abertura máxima…

“EDAPT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/180 ISO400.

“EDAPT” com a EOS-M + EF-M 22mm f/2 STM em f/6.7 1/180 ISO400.

Crop 100%, CA lateral forte o canto do quadro.

Crop 100%, CA lateral forte o canto do quadro.

VEREDICTO

Enfim a M é um produto interessante na linha de câmeras EOS com falhas fatais para o sucesso. O lado bom é que oferece virtualmente as mesmas possibilidades de qualquer outro modelo: o sensor é grande, com pixels o suficiente para impressões gigantes; aceita de certa forma todas as lentes EF; e tem os controles manuais de exposição que os fotógrafos precisam. Mas o foco duvidoso, controles via toque e a necessidade de um adaptador para se tornar uma “verdadeira EOS” ultrapassaram a paciência da maioria dos fotógrafos. Se serve para substituir a sua T4i? Depende de cada um. Eu tive saco para contornar estas características e aceitá-la pelo o que é. Substituiu a minha 60D com classe, leveza e funcionalidade. Mas quem quiser ver o que ela não é, é melhor procurar um modelo maior, mais barulhento, com mais botões, e… as mesmas fotos. :-)