Canon EOS 5D Mark IV

Dual Pixel, Dupla identidade


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Tempo estimado de leitura: 46 minutos e meio.

Janeiro/2017 – A família de câmeras Canon EOS 5D (english) é uma das mais revolucionárias do mercado. Uma linha que nasceu para trazer aos fotógrafos entusiastas os mesmos recursos das topo de linha num corpo compacto, ela conquistou uma legião de fãs que aturaram várias limitações geração após geração, em prol da praticidade, facilidade de uso e preço que só a linha 5D faz no full frame. A 5D clássica de 2005 foi a primeira a trazer o sensor de formato 135 “full frame” num corpo “compacto”, nos moldes da 30D, unindo o topo da linha 1DS à portabilidade do APS-C. A 5D Mark II uniu o sensor de alta resolução da 1DS Mark III com o Live View da 40D, e fundou um mercado novo, das câmeras híbridas de foto e vídeo, apesar de manter o sistema de foco jurássico da 40. A terceira geração Mark III resolveu isto pegando emprestado o módulo de 61-pontos de foco da 1D-X, junto do weather sealing robusto, deixando de fora a velocidade de disparo e o fotômetro de 100K pontos. E a 5D Mark IV repete a fórmula, unindo os recursos do topo da linha com o APS-C, para trazer uma nova revolução ao mercado full frame: o Dual Pixel com foco instantâneo durante o Live View, e transições suaves de foco durante a gravação de vídeos DCI-4K.

Canon EOS 5D Mark IV

Apresentado pela primeira vez na EOS 70D e aprimorado nas APS-C seguintes 7D Mark II, 80D e M5, e fazendo uma ponta inclusive na topíssima linha de filmadoras EOS Cinema, o Dual Pixel é mais que uma tecnologia Canon; é um posicionamento de mercado enraizado no legado do foco automático, que sempre foi a grande sacada desta fabricante. Usando duas foto-células de leitura por ponto (dual pixel), a ideia é transformar o sensor de imagem principal da câmera em um chip também sensível a distância, replicando o princípio dos módulos de foco automático rápido phase, mas numa área muito maior. Usado durante o Live View, ele resolve o problema do foco que dependia de um processador rápido para “adivinhar” o ponto mais nítido da imagem, pouco confiável e lento, sem saber para qual direção ir; mas agora rápido e instantâneo, à prova de falhas. Embora algumas fabricantes também resolvam o foco no Live View empregando alguns pixels phase embutidos no sensor, a Canon propõe todos eles sensíveis a distância, numa área muito maior e com maior velocidade, suavidade e precisão que nenhuma outra marca consegue fazer.

Canon EOS 5D Mark IV

A Mark IV é a primeira EOS 5D a trazer o recurso, que permite novas maneiras de fotografar e filmar. O Live View do modelo foi completamente revisto, mais rápido e com foco contínuo, junto de uma interface sensível ao toque pelo painel LCD traseiro; mudando totalmente a maneira como interagimos com a câmera. A captura de vídeo DCI-4K interno finalmente supre as necessidades da próxima geração de produtores de vídeo, com transição de foco totalmente automatizada (focus racking) pelo Dual Pixel, para efeitos nunca vistos antes, dispensando o follow focus. Na fotografia pelo viewfinder, a Mark IV traz também o novo processador DIGIC6+ da 1D-X Mark II e o sistema de espelho motorizado e o fotômetro de 150.000 pontos da 7D Mark II/5DS, ambos trabalhando juntos para permitir o disparo rápido até 7 quadros por segundo. O módulo de foco phase da Mark III foi revisado e trás um novo controle rápido para o dedão. E um novo sensor de 30MP aumentou a resolução das fotos sem perder a performance sob pouca luz, mesmo com a tecnologia Dual Pixel e dobro do foto-células. E aí, valeu a pena trazer o Dual Pixel ao mercado semi-profissional? Ou a Canon deveria ter focado em outras melhorias? Vamos descobrir! Boa leitura.

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EOS 5D Mark IV

Em 15 x 11.6 x 7.5 cm de 800gr, a primeira coisa que notamos na 5D Mark IV é que ela mantém a mesma forma e tamanho das 5D anteriores. Se por um lado isso é bom, já que tudo está no mesmo lugar e a operação é fácil, pronta para usar assim que tiramos-na da caixa, por outro mostra como a inovação da Canon daqui pra frente será apenas no detalhes; nos mesmos moldes da nova EOS 80D, que “parece 70D mas não é”. A construção continua largamente a mesma, com placas de metal em cima, na frente, atrás e dos lados, com a mudança apenas num “capacetinho” cortado sobre o viewfinder (note nas linhas), que agora é feito de plástico para permitir as novas conexões sem fio. A sensação sólida, sem “estalos” mesmo quando levantamos as objetivas mais pesadas, é a mesma de sempre, o que passa segurança na hora de trabalhar. E nas portas notamos mudanças no weather sealing, que agora é feito por borrachas de verdade, mais altas e gordinhas, no lugar das espumas de antes. No geral é a mesma construção robusta, então o que mudou?

Canon EOS 5D Mark IV

É quando pegamos nas mãos, que fica clara a atenção da Canon para com a ergonomia, que mudou nos detalhes, e para melhor. Para quem tem dedos longos, a diferença principal está no descanso do indicador direito, ao lado do botão M-Fn, que agora é curvo para baixo; muito mais neutro do que a quina desenhada na empunhadura da Mark III. É um detalhe tão pequeno que impressiona como faz toda a diferença na hora de carregar a câmera, e realmente incomoda na Mark III/S depois que você usa uma Mark IV. Atrás o sulco para o dedão continua relativamente raso, diferente do “vale” cortado no plástico da nova 80D, porque a 5D é uma câmera mais alta, em que o apoio “pesa” na palma da mão; ela não fica “presa” pela pressão entre o indicador e o dedão, mas apoiada na palma, em equilíbrio com objetivas grandes. O LCD superior também recebeu uma curva no “cotovelo”, linha que se repete do lado esquerdo, na frente, mais suave, sem incomodar quando carregamos a câmera, por exemplo, a tira colo, ao lado do corpo.

Canon EOS 5D Mark IV

A usabilidade continua parecida a outras EOS grandes, com novidades pequenas mas significativas. Por exemplo o joystick traseiro para o dedão, está com uma área muito maior para dar tração a palma do polegar, enquanto antes ele era um “controlinho” duro. É bem mais confortável de apoiar o dedo do que o antigo que passava a impressão “não descanse o dedo aqui”, já que ele será usado mais vezes, dada a agilidade do novo controle rápido de seleção de modo AF. A Mark IV ganhou um botão ao lado deste joystick, que serve para “ciclar” entre os modos spot, singlepoint, zona etc do módulo de foco phase, nos mesmos moldes da alavanca da 7D Mark II; mas ainda mais gostoso de usar. Ele muda um pouco a lógica “M-Fn” (frente) + “+” (cotovelo) + joystick (trás) para trocar de modo, simplificado para apenas “botão (trás) + joystick (trás), muito mais intuitivo e rápido de usar, sem chances de perdemos o momento.

Canon EOS 5D Mark IV

Também, acompanhando o “emagrecimento” do plástico da 80D, o painel traseiro da 5D IV ganhou novas áreas táteis ao redor dos controles, com degraus ao redor do joystick e da chave do LiveView, que passam uma resposta tátil diferente, fácil de ser reconhecida pelo toque. O disco traseiro para o polegar está muito mais alto, já que o painel está mais baixo, e aceita a tração desde a lateral do dedão até a palma, impossível de escorregar mesmo com as mãos suadas ou usando luvas. O botão Q inicia um menu programável rápido (quick) e está mais protuberante, mais gostoso de usar, ainda mais agora que a tela traseira é sensível ao toque, convidando o uso deste por mais vezes. O restante dos botões de cima WB-Metering, DRIVE-AF, Flash +/- ISO, luz e M-Fn estão todos mais altos, inclusive com dobrinhas entre o botão e o painel de metal, que aumentam a área dos botões. É um show de ergonomia da Canon, que consegue fazer cortes meticulosos nestas placas de metal, sem perder a robustez para a vida toda.

Canon EOS 5D Mark IV

Do outro lado da enorme tela LCD de 3.2” (voltaremos a ela mais tarde), uma coluna de botões para controles nas duas mãos continua idêntica às outras 5D. Porém, me perdoem o mimimi, parece preguiça da Canon em não melhorar este layout. Enquanto eu entenda o valor de todos os botões no mesmo lugar desde a Mark II, existe espaço para pegar emprestadas algumas ideias das outras fabricantes. Por exemplo na Nikon D500, um botão de “+ zoom” no playback acompanha outro “- zoom” (+ e -) , que é bem mais prático que ficar girando o dial de cima na Canon. A D500 também tem um Fn2 ao lado da tela, que pode ser programado para enviar as fotos da câmera ao smart-device, sem fio. E nem preciso comentar da retro-iluminação dos botões da Nikon: é um recurso que faz muita falta na Canon (usem uma D4/D5/D500 antes de discordar), e eu não teria vergonha em assumir que a minha EOS roubou a ideia da outra fabricante. É só mimimi, eu sei, mas considerando as novas funções da Mark IV, já está na hora de atualizar este layout.

Canon EOS 5D Mark IV

Em cima o painel continua idêntico, o que, er… De novo, parece preguiça da Canon? Enquanto o dial de seleção de modo de disparo recebeu upgrades, mais fino, menos achatado, curvo do centro as bordas e com letras gravadas (antes elas eram chanfradas), e os botões do outro lado são todos mais altos… Há espaço para melhorias, para atender os recursos novos. Uma ausência que me incomoda muito é a falta de algum LED indicando a comunicação sem fio, que tem na Rebel T6i, mas não nas EOS semi-profissionais (a 1D tem o LED da comunicação LAN, o que indica a importância deste aviso). Monte a sua 5D Mark IV numa grua, para fotografar a modelo do alto, no chão do estúdio, e veja como faz falta saber se a câmera está conectada ou não. Também, a tela LCD de cima poderia ganhar novas informações como quantas fotos cabem em cada cartão; alguma informação sobre a gravação de vídeo (tempo remanescente, formato). Se já temos até objetivas EF de US$499 com tela LCD, dá para repensar uma DSLR de US$3499.

Canon EOS 5D Mark IV

Do lado esquerdo as conexões foram todas remanejadas, melhores organizadas para cada tipo de operação e em prol do weathersealing. As saídas/entradas de fones de ouvido e microfone, por exemplo, estão debaixo de uma borracha só; que não abre junto da tomada PC-Syncflash, que agora vai em cima, sozinha. As USB3.0 (yay!) e HDMI vão ao lado, com uma rosca fêmea para segurar apoiadores de cabos, caso você use-os com frequência (por exemplo com a câmera conectada ao computador, ou um gravador externo de vídeo). Inexplicavelmente a conexão de controle remoto foi parar na frente, mas com uma i-n-c-r-í-v-e-l novidade: o cabo sai virado para o lado certo (esquerda da câmera), enquanto nas Mark III/S ele saia bizarramente pra frente. Do outro lado, na frente, a Mark IV continua a preguiça do layout: um único botão do lado direito pode ser programado para uma série de funções, como previsão da profundidade de campo, mas está sozinho. Praticamente todas DSLR “profissionais” não-Canon tem dois botões aqui; na 5D, não.

Canon EOS 5D Mark IV

Do lado direito, os cartões de memória vão na sempre bem construída porta plástica da Canon, mas revelam a alma mesquinha da fabricante: a BUS continua a mesma da 5D Mark II de 2008, ignorando qualquer avanço tecnológico da última… década. Enquanto até dá para “se virar” com os cartões mais rápidos Compact Flash UDMA 7 (167MB/s máx) e até SD UHS-I (116MB/s), que no dia-a-dia são mais que o suficiente rápidos para trabalhar em eventos, sessões de retrato, paisagens e até flertar com o jornalismo; a gravação de vídeo 4K MJPEG ou a nova opção de arquivos “Dual Pixel Raw” entopem este gargalo rapidamente, difícil de aceitar num modelo de US$3499 em 2016. Apesar do buffer interno ter dobrado em relação a Mark III, assim que você enchê-lo, prepare-se para longas sessões de gravação nos cartões. Esta é uma estratégia para vender a 1D-X Mark II, que aceita os novos CFast 2.0 de até 600MB/s, e uma vergonha comparado as marcas que adotaram BUSes mais rápidas em câmeras custando metade da Mark IV.

Canon EOS 5D Mark IV

Por fim, embaixo, as baterias LP-E6N são as mesmas desde a Mark II de 2008, mas talvez o único legado “feliz” da Canon, que não precisa de mudanças. Enquanto a Mark IV esteja taxada em “apenas” 900 fotos pelo viewfinder (eram 950 na Mark III), é no modo Live View que a coisa melhorou: 300 fotos ou 2 horas e 40 minutos de operação; e 90 minutos de vídeo 4K. Embora ela pareça pequena em comparação ao viewfinder, na verdade o Live View está muito mais “econômico” que a Mark III, que era taxada em apenas 200 fotos ou 1 hora e 30 minutos de LV, não importasse para fotos ou vídeos Full HD. Ou seja, a Canon está levando a sério mesmo a fotografia com a tela traseira, e no dia-a-dia a experiência é a mesma de todas outras EOS: dá para tranquilamente fotografar um ensaio inteiro com uma única bateria, e para a gravação de vídeos é bom garantir uma bateria para cada 90 minutos de planejamento. De qualquer maneira a Canon 5D Mark IV ainda pode montar o novo grip vertical (não testado) BG-E20, que aceita duas LP-E6N ao mesmo tempo, e ainda vem com os controles novos para o dedão (joystick amplo e botão).

Canon EOS 5D Mark IV

A EOS 5D Mark IV é um avanço natural para a Canon, e muito bem-vinda para a legião de fotógrafos que dependem deste modelo. Enquanto outras fabricantes custam em manter uma linha fiel a um princípio, preferindo lançar linhas novas (D800/D750) ou três modelos diferentes (Sony A7II, SII, RII), a Canon consegue manter tudo familiar e tudo novo, ao mesmo tempo, num pacote só. A construção é a de sempre apesar de ter recebido pedaços de plástico para permitir a comunicação sem fio. A ergonomia mudou para melhor, embora seja difícil de perceber pelas fotos deste artigo ou lendo no texto. Ela é mais suave tanto para ficar a tira-colo (cantos mais curvos) quanto o dia inteiro nas mãos, seja com objetivas pequenas como a EF 40mm f/2.8 STM (a IV é 75gr mais leve que a III) ou enormes como as 70-200mm f/2.8. Os controles são mais rápidos para quem fotografa sem tirar os olhos do viewfinder, finalmente com um botão para o dedão que não ganhamos na 5DS. E a duração da bateria aumentou no modo Live View; indicando as pretensões da Canon para o uso intenso do Dual Pixel. Independente do seu estilo de fotografar, a Canon atualizou também tudo do lado de dentro para a 5D Mark IV ficar mais flexível do que antes, cheia de recursos novos.

DESTAQUES – DIGIC6+

Créditos: Canon Inc.

Créditos: Canon Inc.

A EOS 5D Mark IV trás um novo processador DIGIC 6+ a linha 5D, emprestado da 1D-X Mark II (duplo naquela câmera). Enquanto a velocidade de operação continua largamente a mesma, com tempo de boot de 0.05s, menus sempre prontos para programação e disparo contínuo até 7 quadros por segundo na resolução máxima (eram 6 na Mark III), é no processamento das imagens que este chip se destaca. Quem trabalha principalmente com o fluxo de arquivos JPEG, terá na Mark IV os mesmos recursos da 1D-X Mark II, pensados para quem precisa de fotos perfeitas direto da câmera. O PictureProfileFineDetail”, por exemplo, tira proveito do novo sensor de alta resolução com 30MP, e permite ajustes específicos de nitidez e micro-contraste, para dar saída a arquivos JPEG mais detalhados. Visto pela 1ª vez na 5DS, presente na 80D e também na 1D-X II, ele analisa todo o quadro para realçar somente áreas específicas, como um “SmartSharpen” da Adobe, e evita a aparência eletrônica de retratos, produtos e paisagens; que ficam nítidos só nas partes certas.

Canon EOS 5D Mark IV

“Prédios” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/160 ISO100 @ 105mm.

“Prédios” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/160 ISO100 @ 105mm.

Crop 100%, PictureProfile “Standard” contra o “Fine Detail” do DIGIC6+.

Um função exclusiva do software Canon Digital Photo Professional e pela 1ª vez embutido numa câmera EOS, é o “DigitalLensOptimizer” (DLO). Mais avançado que um perfil de correção “lensprofile”, como o que usamos em qualquer software, o DLO faz uma complexa linha de análise óptica sobre todo o caminho da luz, e engloba: 1) correções da objetiva (aberração cromática, distorção geométrica e vinheta); 2) compensações do filtro low-pass, remanejando cada pixel no debayer das imagens; e ainda 3) a difração do conjunto óptico (f/stop usado + pixel pitch do sensor), tudo num único ajuste. É um processamento tão inteligente, que faz as fotos da câmera com arranjo Bayer e filtro lowpass parecerem tão nítidas quanto as câmeras sem o filtro, além de reposicionar todos os pixels de objetivas na abertura máxima, como se estivessem na abertura otimizada. Porém ele ainda é bastante pesado no CPU, e nem o DIGIC6+ suporta com performance. Com esta opção ligada, a Mark IV fica limitada a apenas um (01) quadro a cada três (03) segundos (!), e exclui as funções Dual Pixel Raw, m/sRAW; portanto ela é bastante limitada na câmera.

Créditos: Canon Inc.

Créditos: Canon Inc.

Canon EOS 5D Mark IV

“Ching Chung Koon” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO500 @ 24mm.

“Ching Chung Koon” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO500 @ 24mm.

Crop 100%, antes e depois do Digital Lens Optimizer, o arquivo parece vindo de outra câmera e outra objetiva, sensacional.

Por outro lado o redutor de ruídos continua um pouco fraco na Canon, dando prioridade a variação de intensidade de cada pixel (luma noise), sem cuidar das diferenças de cor (chroma noise). Os arquivos em ISOs altos saem cheio de “pintas” coloridas em áreas de sombra, uma vez que o algoritmo meramente junta os pixels adjacentes, interpolando os valores para deduzir qual era a leitura original da luz. As fotos ganham uma aparência de “aquarela” em zonas de muitos detalhes, já que não há qualquer distinção entre zonas de contraste, linhas finas ou até a tecnologia usada pelo sensor (se tem filtro low-pass, se é gapless etc); como a Sony faz no processador BIONZ da linha Alpha (que reduz chroma e luma, sem perder a nitidez). Então para redução de ruídos em alta qualidade, recomendo fotografar em raw e tratar no computador depois. Talvez num próximo DIGIC7 veremos um redutor de ruídos mais eficaz.

“Dragões” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO4000 @ 24mm.

“Dragões” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO4000 @ 24mm.

Crop 100%, redução de ruídos na câmera (standard) contra a redução de chroma do Adobe Camera Raw; nem se comparam em texturas e detalhes.

DESTAQUES – ESPELHO MOTORIZADO

Canon EOS 5D Mark IV MIrror

Créditos: Canon Inc.

Também seguindo a tendência de toda EOS semi-profissional revista em 2016 (não Rebel), a 5D Mark IV ganhou o espelho motorizado da 7D Mark II; que foi visto pela primeira vez na linha 5D nas gêmeas 5DS/5DSR. Uma “função” que trabalha dentro da câmera, a ideia é substituir o sistema de molas e contra-pesos das SLR do passado, por um conjunto de engrenagens e motores capazes de controlar cada momento do ciclo do espelho; buscando suavidade nos movimentos das peças móveis. Essa suavidade evita vibrações, o que garante capturas nítidas, mesmo com a resolução extra do sensor. Enquanto algumas funções do espelho não migraram para a Mark IV, como tempo de blackout comparável a 1D-X (35ms na 1D-X, 86ms na 5DIV, 125ms na Mark III), ou o mirror lock-up temporizado da 5DS (#chateado), outras como o bulb com timer programável (até 99 horas) e o “intervalômetro” embutido estão na 5DIV; novidades em relação a Mark III. Ela também está mais quieta em modo Silent,e para ativar/desativar o Live View, que será usado mais vezes graças ao Dual Pixel. As únicas câmeras EOS que ainda usam o espelho por molas são as T6, T6i, T6s e 6D.

DESTAQUES – VELOCIDADE E BUFFER

“Oakley” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/6.3 1/1000 ISO200 @ 300mm.

“Oakley” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/6.3 1/1000 ISO200 @ 300mm.

Com o espelho motorizado e o processador DIGIC 6+, a Canon conseguiu também aumentar a velocidade de disparo da Mark IV. Na fotografia pelo viewfinder, agora ela chega a 7 quadros por segundo em modo raw, contra os 6 quadros da III; um passo pequeno para a família 5D, mas nunca visto antes nesta faixa de preço numa DSLR fullframe. Por exemplo a Nikon D810 só chega a 5 quadros em modo FX; e 7 quadros com o batterygrip extra e limitada ao modo DX. As Sony A7 II (todas), mirrorless, só vão até cinco quadros por segundo também. Em modo Live View, que seria o “mirrorless” na 5DIV, ela continua a 7fps, desde que o foco automático SERVO esteja desligado (cai para 4.3fps com o DualPixel ligado); mais que o dobro da Mark III que nem foco SERVO no LV tinha. Enquanto ela não substituirá a EOS 7D Mark II e seus 10 quadros por segundo, e nem chega perto dos 14 fps da 1D-X Mark II, a 5D IV atenderá esportes e jornalismo, desde que você se contente com o espaço do buffer e a BUS jurássica para os cartões de memória, datada da 5D Mark II de 2008.

“Oakley” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/6.3 1/1000 ISO200 @ Crop 100%, sequência praticamente toda em foco, nos limites da nitidez da 70-300mm DO.

“Oakley” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/6.3 1/1000 ISO200 @ Crop 100%, sequência praticamente toda em foco.

A memória interna (buffer) da 5D Mark IV dobrou em relação a Mark III, para performance ainda mais confiável durante sequências de várias fotos. Com cartões Compact Flash UDMA 7, a Mark IV vai até 33 arquivos raw (ou 20 raw + JPEG); e com cartões SD U3 ela vai até 28 raw (ou 18 raw + JPEG); números que podem cair até 30% com ISOs mais altos (cada arquivo raw pesa 30MB em ISO100, mas pode chegar a 40MB em ISO10.000), ou cair pela metade usando o novo Dual Pixel Raw (entre 60-80MB por arquivo). Se por um lado no dia-a-dia estes números são mais que suficientes para fotografia de rua e eventos, por outro você realmente não quer encher o buffer da Mark IV. Como a BUS para os cartões de memória não avançou, ela pode passar por looongas sessões de gravação para qualquer um dos slots, o que passa a falsa sensação de segurança, apesar do buffer maior. Com um cartão SD dos mais rápidos, SanDisk Extreme Pro de 95MB/, a 5DIV fotografa 23 clicks antes de engasgar, e leva quase dez segundos para esvaziar a memória; inaceitável. Portanto o investimento em cartões rápidos é primordial, e prestar atenção nos avisos de disparos restantes também; se encher o buffer, demorará para esvaziar.

USABILIDADE – FOTO  PELO VIEWFINDER

Canon EOS 5D Mark IV VIEWFINDER

Fotografar com a ESO 5D Mark IV pode ser feito de duas maneiras: uma pelo viewfinder óptico, a ideia principal de uma DSLR; e outra pela tela traseira LCD, como num smartphone. Cada sistema tem suas vantagens e desvantagens, e a revolução da Mark IV está no segundo, que veremos mais a frente. Começando pelo viewfinder, a Mark IV adota o sistema IntelligentII – novidade em relação a Mark III que era IntelligentI – com um enorme penta-prisma com cobertura 100% do quadro full frame e ampliação 0.71x, vista num cristal claro, nítido, livre de aberrações. A mudança para o Intelligent II está na tela LCD embutida no visor, que projeta informações eletrônicas sobre a peça óptica. Podemos ligar/desligar os pontos de foco automático; a guia com linhas retas para auxiliar nas composições – informações que também podiam ser mostradas na Mark III – e novas infos de bateria, modo de exposição, whitebalance, DRIVE, fotômetro, qualidade de imagem, AF, DLO, DPR, flicker; e ainda angulação da câmera, medida através de um giroscópio. São praticamente todos os dados do LCD superior, mas aqui ao olho do fotógrafo, o tempo inteiro. Tudo isso pode ser iluminado no escuro, inclusive os pontos de foco, o que facilita a operação sob qualquer condição.

DESTAQUES – 61-PONTOS AF SERVO III

Canon EOS 5D Mark IV SERVO AF

Para acompanhar a fotografia pelo viewfinder + espelho, a Canon atualizou de leve o revolucionário (entre Mark II e Mark III) módulo de 61-pontos de foco phase, que agora está mais sensível a luz e cobrindo uma área um pouco maior. O espaçamento vertical aumentou 23% na Mark IV, para compôr fotos mais interessantes sem o sujeito tanto ao centro. Dos 61 pontos de foco acessíveis, 41 são do tipo cross-type, com sensibilidade vertical e horizontal; os 5 pontos centrais são dual cross-type, com sensibilidade vertical, horizontal e diagonal, com alta precisão para focar com objetivas maiores que o f/2.8; e o ponto central agora é sensível até -3EV, com 1 stop de vantagem sobre a Mark III. Uma grande novidade, porém, é que todos os pontos de foco ganharam também a detecção ao f/8 (a maioria era f/5.6 na Mark III), o que permite o uso de objetivas longas com o extender, sem perder a performance do foco automático. Por exemplo no review da Sigma 150-600mm f/5-6.3 DG OS HSM Contemporary, que foi testada na 5DS (que é baseada na Mark III), a câmera mostrava apenas alguns pontos com esta objetiva f/6.3. Na Mark IV, isso não acontece.

Os pontos de foco da EOS 5D Mark III contra os pontos de foco da EOS 5D Mark IV.

O sistema de menus AF SERVO III também continua largamente o mesmo, com ajustes detalhados do algoritmo preditivo da Canon. Seis casos pré-estabelecidos focam (sem trocadilhos) em esportes e ação, variando entre níveis de sensibilidade, velocidade de troca de pontos e curva de aceleração/desaceleração; muito mais sofisticados que qualquer oferta do mercado. A Nikon experimentou algo parecido nas recentes D5 e D500, mas a interface é pobre, bem mais limitada que a Canon. A Fujifilm também tentou algo parecido na X-T2, inclusive copiando os casos pré-estabelecidos, mas tem o foco limitado a apenas 50% do quadro. A Sony, por outro lado, não oferece nada parecido. Na Canon EOS 5D Mark IV, sete modos de seleção dos pontos estão disponíveis, todos rapidamente selecionáveis direto pelo novo botão do dedão: Spot AF (preciso para fotografar, por exemplo, sujeitos atrás de grades); onepoint (uma única pessoa num grupo); Expand AF area (cinco pontos juntos, para isolar um único sujeito em movimento); area: Surround, com nove pontos; zona, também com 9 pontos; zona grande, que divide o módulo em três, ótimo para sujeitos grandes; e AutoSelection; este último em conjunto com outra enorme novidade da Mark IV sobre a Mark III: o fotômetro de 150.000 pontos RGB+IF emprestado das 7D Mark II e 5DS.

DESTAQUES – FOTÔMETRO 150K iSA iTR

Canon EOS 5D Mark IV

Deixando para trás o fotômetro de 63 zonas da Mark III, a 5D Mark IV recebeu o “novo” fotômetro iSA iTR de 150.000 pontos sensíveis as cores RGB + infra-vermelho, já visto por aqui na 7D Mark II e na 5DS. Mas a Canon foi um passo além na 5D Mark IV: ela tem um processador DIGIC6 (não plus) dedicado só para interpretar as informações do fotômetro, nos mesmos moldes da linha 1D-X que também tem um processador só para isso. Enquanto 7DII e 5DS são praticamente infalíveis em seguir sujeitos humanos, dada a “sombra” infra-vermelha que eles absorvem e a câmera detecta, não raro essas máquinas focam nos braços, nos ombros ou no pescoço das pessoas; por sorte focando no rosto. A 5D Mark IV resolve isso com uma análise mais avançada dos 150K pontos do fotômetro, graças ao DIGIC6 extra, e deliberadamente dá prioridade ao rosto do sujeito.

Canon EOS 5D Mark IV ITR

Por outro lado, algumas limitações do foco phase e do fotômetro da Mark IV estão atrás do restante do mercado. Por exemplo, ela ainda não faz um o tracking do olho do sujeito – não só o rosto – como todas as mirrorless desta geração (Sony A6300, Fuji X-Pro 2, X-T2 e X-A2) fazem. O sistema de foco da Canon também não suporta alguns modos interessantes das demais DSLR, em especial o “3D Tracking” da Nikon. Uma ideia que essencialmente substitui a técnica do “foco e recompor”, as câmeras Nikon D usam de fotômetros avançados (91K pontos na D800/D750, 180K (!) pontos na D500) para isolar uma área pequena do quadro, independente da cor e baseado na forma, para automaticamente mudar os pontos de foco no modo “single”, considerando os eixos X e Y do quadro. Isto é útil para apontar a câmera num ponto específico do sujeito (por exemplo, o tal olho) e seguí-lo com um único ponto. A Canon não tem nada parecido com isto e a prioridade é ao eixo de profundidade do módulo phase (Z), e não ao lateral com infos do fotômetro (X e Y).

Canon EOS 5D Mark IV AF SERVO

Ainda, o fotômetro de 150.000 pontos é dotado da função iSA, intelligent scene analysis, que analisa a cena na frente da câmera, pelo viewfinder; e otimiza ajustes de white balance e exposição, além de calcular o flicker da luz. Usada principalmente no modo “evaluativemetering” (parênteses com bolinha no centro), a iSA consegue exposições uniformes de sujeitos contra a luz, paisagens ao entardecer, ou produtos sobre a mesa; geralmente livres de compensações do fotógrafo. Além disto, a função Auto ISO permite ajustar uma compensação para + ou para -, baseada na distância focal da objetiva; algo que antes fazíamos “de cabeça”, mas agora automatizado. Por exemplo no modo de exposição manual (abertura e velocidade), podemos deixar a câmera selecionar o menor ISO possível, para evitar ruídos excessivos na imagem; e ainda tirar proveito de objetivas com estabilizador. Por fim o fotômetro também é capaz de medir a freqüência da iluminação eletrônica ambiente (flicker), e sincronizar o disparo da câmera quando a luz estiver homogênea no quadro; útil para fotografar dentro ginásios e estádios, quando as lâmpadas “piscam” fora de sincronia.

USABILIDADE – FOTOGRAFIA PELO LCD

Canon EOS 5D Mark IV

Além das novidades da fotografia pelo viewfinder, o foco da Canon (de novo, sem trocadilho) nesta geração da 5D é o sensor Dual Pixel no full frame; que resolve praticamente todos os problemas de performance do modo Live View criado na 5D Mark II, e oferece uma maneira totalmente nova de fotografar com uma DSLR. Atrás, a tela LCD da 5D Mark IV parece idêntica a Mark III, com 3.2” de dimensão diagonal, em proporção 3:2 (a mesma do sensor de imagem), com uma estrutura fixa (não retrátil) e tecnologia Clear-View II; o painel TFT é próximo do plástico externo, para aumentar o contraste e reduzir os reflexos. Mas na IV, a Canon aumentou a contagem de pontos agora com 1.6M, 50% a mais que a Mark III/S; quase “retina” para o padrão dos smartphones. E também a Mark IV é a primeira EOS a permitir ajustes no perfil de cor do LCD, com opções mais frias ou mais quentes para casar com o monitor do computador de cada fotógrafo. Mas nada disto supera a principal novidade da tela da 5D Mark IV, que a Canon não fez na também-Dual Pixel 7D Mark II: a tela é sensível ao toque, com todos os menus nas ponta dos dedos, e com seleção instantânea de área do foco durante a gravação de vídeos ou o Live View, que está mais útil do que nunca.

DESTAQUES – LIVE VIEW COM DUAL PIXEL

Canon EOS 5D Mark IV

A principal aposta da Canon na EOS 5D Mark IV é a implementação da tecnologia Dual Pixel no full frame. Com duas foto-células de leitura por pixel (dual pixel), o sensor de imagem se torna essencialmente um módulo phase com milhões de pontos com informações de distância, perfeita para aumentar a velocidade de foco ou seguir sujeitos em movimento, sem precisar do espelho. A cobertura desta tecnologia é de 80% do quadro; exigência para “ver” 2 pontos opostos da objetiva e medir a distância instantaneamente, e muito maior que todas as mirrorless. Não contente com a velocidade, a Canon aumentou também a sensibilidade do Dual Pixel, antes 0EV na 7DII, mas agora -4EV na 5DIV; metade da luz exigida pelo ponto de foco central do módulo phase (-3EV) mas, repito, aqui em 80% do quadro. É tão impressionante e seguro que, prometo para vocês: se por acaso o módulo phase não focar no escuro, por exemplo dentro de uma igreja, deem uma chance ao Live View. É a grande aposta da Canon para a 5D IV, e uma mudança de paradigma para a linha.

“Sala escura” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO640 @ 24mm.

Crop 100%, foco instantâneo e preciso durante o Live View com Dual Pixel, não importa a situação de luz.

Crop 100%, foco instantâneo e preciso durante o Live View com Dual Pixel, não importa a situação de luz.

Com todas estas vantagens, adivinhem: me peguei usando o Live View da Mark IV para praticamente todas as fotos deste review. Como o foco é instantâneo, não há mais o medo de “perder o momento” por causa da tela LCD; contando que você já esteja com o modo Live View ligado. Como selecionar a área de foco é muito mais intuitiva – feita pelo toque na tela – nós inclusive ganhamos em agilidade comparado ao controle no dedão do módulo phase (que “pula” um ponto de cada vez); é só tocar na LCD que a câmera “trava” o foco na hora. Como a sensibilidade é até -4EV, o Live View também faz muito mais sentido dentro de templos escuros ou à noite na rua. E ainda por cima, como o foco é medido numa malha extremamente fina, não há qualquer chance de imprecisão como sofremos com o módulo phase. O Dual Pixel aposenta os “micro ajustes AF”, com fotos nítidas todas as vezes, não importa a calibragem da objetiva.

“Tambor” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO640 @ 24mm.

Crop 100%, usar o Live View com Dual Pixel faz muito mais sentido em áreas escuras, já que a sensibilidade até -4EV garante o foco preciso.

Crop 100%, usar o Live View com Dual Pixel faz muito mais sentido em áreas escuras, já que a sensibilidade até -4EV garante o foco preciso.

Se fotografar sujeitos estáticos era moleza para o Dual Pixel da primeira geração (70D, 7D Mark II), nesta segunda geração (EOS 80D, M5, 1D-X Mark II, 5D Mark IV) a Canon está implementando outro modo que faz a fama da fabricante: o SERVO AF contínuo, preditivo, quadro a quadro, agora durante o Live View. Assim como na fotografia pelo espelho, o Dual Pixel permite seguir os sujeitos no quadro (tracking), para fotografarmos continuamente, calculando o movimento vetorial do sujeito a fim de preparar o ponto de foco do quadro seguinte. Uma caixa azul indica que o foco mudará quadro a quadro, e a câmera é “segura” em seguir sujeitos vindo em direção a câmera, sem perdê-los de vista. O sujeito pode ser escolhido de duas maneiras, manual por toque na tela, ou automática com prioridade a rostos, que também é sensível até 90º de detecção; a pessoa pode estar de lado que a câmera a encontrará! É tão preciso que recomendo usar sempre.

“Ironman” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/5.6 1/1000 ISO200 @ 300mm.

“Ironman” com a EOS 5D Mark IV + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DL IS USM em f/5.6 1/1000 ISO200 @ 300mm.

Por outro lado, a velocidade do foco automático SERVO durante o Live View ainda não se compara a fotografia pelo espelho + módulo phase. Como o obturador abre/fecha entre cada foto, cobrindo a “visão” do sensor, a Mark IV fica limitada a no máximo 4.3 disparos por segundo durante o Live View com focagem contínua. Então não dá para recomendá-la para fotografar ação demasiadamente rápida, como alguns esportes. Mas lembrem: 4.3 disparos por segundo a 5D MarkII fazia pelo espelho. Isso a MarkIV faz no Live View, o que é um grande avanço. Também, não raro o tracking se perde do sujeito inicial, especialmente se ele for obstruído por outro sujeito (jogadores em campo, pessoas na rua), apesar do ajuste de velocidade de mudança de “ponto” (LockedonResponsive). Mas para fotografar retratos e eventos nos momentos mais calmos, e com a super precisão do Dual Pixel, o Live View confiável é a sacada da Canon na 5D Mark IV.

DESTAQUES – DUAL PIXEL RAW

Canon EOS 5D Mark IV

Se calcular a distância de foco instantaneamente não fosse o suficiente, na 5D Mark IV a Canon começou a experimentar com processamentos mais sofisticados no resultado final das imagens geradas pelo sensor Dual Pixel, aproveitando da informação de paralaxe de cada ponto. Por hora limitado ao software de computador próprio da Canon, o Digital Photo Professional (nada de plug-in no Photoshop), a nova opção de formato “Dual Pixel Raw” (na câmera) grava os dois pontos num arquivo só, dobrando o tamanho de cada raw (cerca de 70MB a ISO100) para permitir ao software do computador ajustes de: micro-foco após o click (sim, você leu certo: micro-foco após o click); deslocamento do desfoque (“bokeh-shift”, que muda a perspectiva do bokeh); e redução de fantasmas na objetiva. É algo nunca visto antes no mercado fotográfico e uma dica do potencial do Dual Pixel no futuro, exclusivo da Canon mas pronto para usar agora na EOS 5D Mark IV.

Canon EOS 5D Mark IV

O “Image Microadjustment” é potencialmente o ajuste mais bizarro que já vi num software de tratamento de imagens. Com dois “deslizadores” em T, um no eixo vertical “frente/trás” e outro no eixo horizontal “força”, ele tenta digitalmente refocar a imagem para frente ou para trás, a partir do ponto inicial capturado opticamente. É exatamente o que vocês leram: refocar a foto no computador, através de sliders no software de edição. E pior: funciona. E funciona bem! Embora a refocagem seja extremamente leve, cerca de 1 único milímetro contando para frente e para trás, ela é suficiente para modificar completamente a aparência de pêlos em animais ou texturas de produtos, e dão outra vida para fotos que seriam descartadas. Não, o Image Microadjustment não vai corrigir erros grosseiros de foco, como mudar de sujeito num grupo, ou trocar o nariz pelo olho nítido na modelo de um retrato. Mas o que ele faz hoje já é bizarro, mesmo limitado, e só podemos aplaudir a Canon por ter experimentado algo tão doido numa DSLR tão popular. Bravo!

Canon EOS 5D Mark IV DUAL PIXEL RAW IMAGE MICROADJUSTMENT

“Gato” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/100 ISO500 @ 105mm.

“Gato” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/100 ISO500 @ 105mm.

Crop 50%, frente e trás do micro ajuste; note como os bigodes mudam, ou todo o focinho fica em foco. Sensacional!

Já o ajuste “BokehShift”… Sinceramente? É ainda mais bizarro. :-D Levando em consideração as informações de distância tridimensional (duas no eixo X e Y, e por consequência uma no eixo Z) em cada ponto da imagem, e unindo ao debayer que cria a foto em si (que une pixels adjacentes para deduzir as cores), a ideia é mudar a perspectiva qual vemos o segundo plano, em comparação ao plano em foco, para ajustar pequenas variações estéticas entre 1º e 2º plano. Entendeu? Não? Eu explico de novo! Como o sensor de imagem “vê” dois pontos opostos da objetiva, é possível recriar digitalmente duas perspectivas diferentes em cada foto, a fim de mudar o ângulo final do arquivo. Sabe quando você fotografa uma modelo em baixa profundidade de campo, mas o desfoque “não orna” com a composição? Naquele momento de descuido, que acabamos criando chifres com galhos a distância, “orelhas do Mickey” com bolas de luz, ou apenas queremos esconder linhas atrás das pessoas? O Bokeh Shift faz isso e o resultado é perfeito, mais visível que o microajuste.

Canon EOS 5D Mark IV DUAL PIXEL RAW BOKEH SHIFT

“Incenso” com a EOS 5D Mark IV + Mitakon CREATOR 35mm f/2 em f/2.8 1/200 ISO100; direita e esquerda do bokeh shift.

Funciona simples assim: um “deslizador” +5 direita | esquerda 5+, e um seletor de área. Se a foto inteira estiver selecionada, a perspectiva do quadro todo muda. Se você quiser corrigir só uma área pequena (por exemplo só atrás da cabeça da modelo), selecione só aquela área. Notável somente em fotos com baixa profundidade de campo (#chateado2, nada de mudar a perspectiva de qualquer foto), o Digital Photo Professional recalcula o que a câmera via no segundo plano fora de foco, sem modificar o plano nítido. É possível mudar completamente a aparência da imagem, com luzes  mais ou menos brilhantes, bolas inteiras de bokeh que somem ou aparecem, linhas de grades mais ou menos firmes, esconder folhas, pessoas… E como a informação é óptica, registrada de verdade pelo sensor, não “inventada” no computador; os resultados são perfeitos, suaves, coloridos. De novo, é motivo de aplaudir a Canon, sempre mal-falada por não inovar, mas aqui com uma ideia sofisticada e útil, que nem poderíamos imaginar nas outras fabricantes.

“Flores” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/320 ISO100 @ 105mm.; direita e esquerda do bokeh shift.

Por último, o ajuste “GhostingReduction” (redução de fantasmas) é o menos impressionante deles, mas também o menos necessário. Os “fantasmas” são reflexos de luz que acontecem dentro das objetivas, quando a imagem reflete entre as lentes de vidro mal tratado, e fazem parte do “flaring”; aquelas linhas coloridas quando apontamos a câmera direto para fontes de luz fortes. Desejado para alguns efeitos especiais, menos querido em fotografias de alta precisão, o flaring acontece cada vez menos em objetivas modernas, já que o investimento em tratamentos e películas ópticas está na base da tecnologia de cada fabricante. Como o Dual Pixel “vê” duas perspectivas diferentes, tcha-ram!, é possível mudar a perspectiva de incidência da luz, e reduzir os reflexos. O resultado é geralmente discreto, apenas reduzindo a exposição do reflexo brilhante, apesar do algoritmo de compensação levar em consideração os dois pontos de visão do Dual Pixel (tente em todas as imagens, mesmo sem reflexos, para ver como é curioso). Então por enquanto ele demonstra como a Canon quer aproveitar da tecnologia do futuro, para compensar as objetivas.

Canon EOS 5D Mark IV DUAL PIXEL RAW GHOSTING REDUCTION

“Ching Chung Koon II” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/30 ISO2500 @ 24mm.

“Ching Chung Koon II” com a EOS 5D Mark IV + EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/30 ISO2500 @ 24mm.

Crop 100%, o redutor de fantasmas é bem discreto, mas indica a vontade da Canon em compensar aberrações ópticas com o Dual Pixel Raw.

O SEMPRE QUESTIONÁVEL – EOS MOVIE

Outro grande upgrade da 5D Mark IV é o EOS Movie em resolução DCI-4K; de longe o maior pedido dos cinegrafistas que nasceram na linha 5D, mas implementado no melhor estilo Canon EOS na Mark IV: com limitações bizarras na funcionalidade, para não competir com outras câmeras mais caras da linha Canon. O destaque está na resolução DCI-4K (Digital Cinema Initiative), gravada a 4096×2160 a até 30 quadros por segundo, em codec Motion JPEG a 500Mbps (!) e áudio Linear PCM, num pacote MOV. A resolução FullHD 1920×1080 agora chega a 60fps e a HD 1280×720 pode chegar a até 120fps (High Frame Rate) – ambos o dobro da Mark III – que são gravadas nas opções ALL-I ou iPB do codec H.264 ou MPEG-4; com áudio AAC na segunda. Os vídeos são armazenados em qualquer um dos cartões de memória e a resolução 1080P60 pode ser capturada pela saída HDMI sem compressão. Todos os modos de exposição estão disponíveis (P, Av, Tv, M), e o ISO nativo é 100-25.600 (12.800 em DCI-4K). É a DSLR EOS mais completa para captura de vídeos fora do topo de linha 1D-X Mark II, e por uma fração do preço das EOS Cinema dedicadas “mirrorless”.

Canon EOS 5D Mark IV

Porém, cada uma destas novidades veio com limitações/vantagens e desvantagens, e a 5D Mark IV pode não ser o que esperávamos de uma “filmadora 4K full frame”. A começar pela captura DCI-4K, ela não é feita em toda a área do sensor. A Canon optou por usar somente um crop central do imager de 30MP (6720×4480), o que dá um fator de corte de 1.64x a 4096×2160; uma leitura pixel-a-pixel para maior qualidade de imagem, mas num espaço menor que um chip APS-C. Isso muda a aparência do “vídeo full frame” considerando a distância focal da objetiva e a profundidade de campo, já que precisamos compensar todas as distâncias focais e distâncias de foco, para enquadrarmos a cena na área menor. Por exemplo depoimentos gravados com uma EF 85mm f/1.2L II USM e sua curtíssima profundidade de campo, mudam totalmente com uma EF 50mm f/1.2L USM, já que a abertura é relativamente menor. Encontrar objetivas que atendam o super grande angular também poderá ser uma dor de cabeça, apesar de não ser impossível; basta montar objetivas DX/DC de fabricantes alternativas; como a Tokina AT-X Pro DX 11-20mm f/2.8). E como a leitura do sensor é numa área pequena, feita linha por linha, os efeitos do rolling shutter são ainda mais aparentes, distorcendo linhas retas verticais em cenas de muita ação. O crop é uma limitação imperdoável em tempos de Sony A7S, A7RII e A7SII no mercado, mas não fatal.

Canon EOS 5D Mark IV 4K CROP

Outras “curiosidades” da captura 4K são o padrão DCI (Digital Cinema Initiative) e o codec Motion JPEG, também bem diferentes do restante do mercado. O primeiro é até uma vantagem: pensado na produção cinematográfica, o DCI-4K usa uma resolução horizontal (4096×2160) maior do que o 4K-UHD (3840×2160) usados no formato de vídeo 16:9. Então o enquadramento da Mark IV é diferente, mais longo que outras câmeras, e uma dor de cabeça durante o pós-processamento. A gravação em Motion JPEG também é mais uma travessura da Canon, mas de novo pensada em cinema. Este codec literalmente junta quadros JPEG numa sequência fechada (MJPEG), extremamente leve no CPU DIGIC 6+ (que não super-aquece) mas pesado no tamanho dos arquivos, que chegam a 32GB em apenas 8 minutos de gravação; impossível de filmar depoimentos longos ou eventos sem planejamento, além da dor de cabeça na hora de fazer o backup. A ideia é facilitar o “videoframegrab”: função de “tirar fotos” de 8MP das sequências de vídeo 4K, coisa que sinceramente ninguém usa. Ridículo. Por outro lado, o MJPEG tem suas vantagens: praticamente não há perda de qualidade na compressão direto da câmera.

Canon EOS 5D Mark IV

AINDA, mais limitações estão na saída HDMI somente em 1080P60 (não 4K), pouca novidade em relação a 5D Mark III (era 1080P30); e a total ausência de assistentes de vídeo, de novo imperdoável na 3ª geração da 5D com a função EOS Movie (a 5D clássica não tinha). A HDMI até 1080P60 não é motivo de upgrade para quem usa mesmo uma 5D na produção de vídeo, por exemplo montada num rig com gravador e tela externos; vocês provavelmente já migraram para uma Sony Alpha 7 nesta faixa de preço. A falta de assistentes de foco (peaking), exposição (zebras) ou até máscaras para outros formatos além do 4K-DCI (como o 4K-UHD 16:9), só piora a situação da saída HDMI limitada; a Canon não te ajuda na câmera e você não consegue usar uma tela externo em 4K. Se não fosse ruim o bastante, a Mark IV também não inclui nenhum perfil “flat” para evitar luzes e sombras “clipados” nas gravações, e temos de nos virar com as adaptações “Cinema Style” do Picture Profile. Sony e Fuji APS-Cs tem perfis “log” até em excesso, com S-Log2, 3; F-Log na HDMI da X-T2, e pela metade do preço. Então a 5D IV beira o absurdo: é mais cara e menos flexível.

Canon EOS 5D Mark IV

Se todos estes problemas tiram o brilhantismo da “qualidade de imagem Canon” direto da câmera, e agora na resolução DCI-4K? Francamente, não! Eu nunca voltei mais satisfeito e impressionado de um review de vídeo numa máquina fotográfica, do que a EOS 5D Mark IV o fez. Simplesmente não há comparação: os arquivos são cheeeios de detalhes, nuances e mais detalhes (já falei detalhes?) como nenhuma outra DSLR EOS faz, e ainda por cima com as cores e tons perfeitos da Canon, que as outras marcas não fazem. Em ISOs altos os arquivos tem um ruído fino, visível mas bonito, parecido com o que eu vejo na Blackmagic Cinema Camera; anos luz de qualquer câmera híbrida por aí. Sabe aquela aparência eletrônica da Sony A6300, com um S-Log bizarro que transforma qualquer pessoa num alienígena? Não acontece na 5D Mark IV. Sabe a falta de “delicadeza” da Fuji X-T2 para com os detalhes, comprimidos sem qualquer sombra (rá) de informações nas luzes? Não acontece na 5D IV. Talvez a única DSLR comparável seja a Nikon D500, mas esta usa um crop ainda maior (1.5X dentro do APS-C!), e tem um redutor de ruídos agressivo. Portanto os arquivos DCI-4K da 5D Mark IV são do car*lho, ricos de detalhes e cores.

DESTAQUE – EOS MOVIE COM DUAL PIXEL

Assim como a fotografia pela tela LCD, todas as vantagens do Dual Pixel migraram para o EOS Movie, uma “função” do Live View que, mais uma vez, é a mudança de paradigma da Canon em comparação ao restante do mercado. Esqueçam Sony A7RII com S-Log e 4K full frame; ou Fuji X-T2 com firulas tipo “X-Trans”. A grande sacada da Canon é otimizar (ou automatizar?) a ergonomia da captura com a EOS 5D Mark IV, para essencialmente gerar vídeos diferentes, não importam as demais limitação. A ideia é brilhante: transição de foco suave ou rápida de sujeito-a-sujeito, com o mínimo esforço por parte do cinegrafista, e com acabamento profissional. Funciona assim: ative o modo Movie Servo AF na câmera, escolha o método de seleção de ponto (automático com detecção a rostos, ou zona flexível sensível ao toque), programe uma velocidade de transição (são 8 opções) e a sensibilidade (travada no sujeito ou com troca rápida de sujeito); e aperte gravar. Com objetivas EF USM/STM, a transição é suave e linear do início ao fim, e sem qualquer erro.

Canon EOS 5D Mark IV

Esta é a grande realização da Canon com a EOS 5D Mark IV: colocar o Dual Pixel no Live View da sua full frame mais popular da linha, e apostar na herança do foco automático confiável que sempre foi o calcanhar de Aquiles das outras fabricantes. A decisão de compra vem especificamente daqui, já que em comparação ao restante do mercado, a Canon se recusa a competir de igual para igual. Para vídeo FullHD e full frame, a Mark IV é uma atualização de leve a Mark III, apenas com o dobro de quadros por segundo (1080P60 vs. 1080P30), ainda sem qualquer assistência de foco, exposição e perfil log; qualquer smartphone de quatro anos atrás é mais sofisticado. Para captura 4K, a Mark IV tem menos opções de ajustes que uma mirrorless custando 1/3 do preço (Sony A6300 APS-C por US$989), e ainda lê uma área menor, mudando completamente o enquadramento e eliminando as vantagens da profundidade de campo curta do sensor maior. Mas para “ergonomia” de captura com foco automatizado e cores perfeitas direto da câmera, ela é o pão-com-manteiga que esperamos de uma EOS: é ligar, filmar, e voltar pra casa com o trabalho feito direto na câmera.

DESTAQUES – WI-FI + NFC + GPS

Canon EOS 5D Mark IV WI-FI

A Canon EOS 5D Mark IV é a primeira 5D “conectada”, e recebeu todas as opções de comunicação sem-fio que estamos acostumados num equipamento moderno. O pacote wireless é completo: um chip Wi-Fi 802.11 b/g/n (sem a/c) para conexão a distância; um sensor NFC de proximidade, para pareamento rápido com equipamentos compatíveis; e um receptor de GPS, para incluir tags de localização nas fotos. O software é o mais avançado na história da Canon, e o melhor do mercado: além da facílima conexão com o smartphone via app (Android e iOS), para transferência das fotos ou controle TOTAL do Live View a distância; e a conexão direta sem fio com o computador e o Digital Photo Professional, também para controle a distância ou transferências dos arquivos para o HDD do micro (inclusive raw, um sonho no estúdio); uma nova opção de transferência direta dos arquivos a um servidor FTP foi implementada, para backups em tempo real para a nuvem, como nunca vimos. De novo, pela 4ª vez neste review: é a implementação mais completa dentre qualquer marca, típica da ergonomia perfeita da Canon e para uma função que poucos usavam.

Canon EOS 5D Mark IV IOS CAMERA CONNECT

Conectar com o smartphone não poderia ser mais fácil. 1) No smartphone, baixe o app Canon Camera Connect, necessário para estabelecer a interface com a câmera. 2) Na câmera, ative a comunicação sem fio e escolha dentre duas opções: “Easy”, em que a câmera cria uma rede própria automaticamente; ou “Selectanetwork”, para entrar manualmente as informações da sua rede Wi-Fi. 3) De volta ao telefone, conecte-se a rede escolhida, e a conexão é estável, praticamente livre de erros; e pronto. A interface do CCC (Canon Camera Connect) é simples com opções de leitura dos cartões de memória, download das fotos e controle a distância; esta que é a mais completa dentre qualquer DSLR “conectada”. Não estamos limitados só ao disparo (Nikon) ou alguns ajustes de exposição; na 5D Mark IV TODAS as opções de drive, AF-ON, compressão das fotos (raw ou JPEG), qualidade de gravação do vídeo (4K, FHD…), whitebalance estão disponíveis, para controle completo a distância. Um uso curioso é que a conexão é tão estável (pode variar com o seu roteador), que é possível usar a tela do smartphone como uma tela retrátil, sem fio; cool!

Canon EOS 5D Mark IV UTILITY PAIRINGCanon EOS 5D Mark IV UTILITY 3.0

Para se comunicar com o Digital Photo Professional, a configuração é tão simples quanto, mas feita no desktop. No lugar de baixar o aplicativo numas das app stores, só encontrei o software da Canon no CD incluído na caixa; uma volta ao passado para quem não tem um computador com unidade de disco óptico. As opções de comunicação da câmera são as mesmas: Easy (rede da câmera) ou rede própria, caso você não queira desconectar o computador da Internet. No meio do processo, a Mark IV pede para você ativar o EOS Utility no computador, que reconhece as duas partes na mesma rede. A partir daqui, o Utility permite quase os mesmos controles do iDevice, mas um pouco além: é possível baixar os arquivos (inclusive raw) em tempo real para uma pasta no computador, para sessões dinâmicas no estúdio. Infelizmente não encontrei opções de gravação de vídeo direto no computador, que continuam sendo gravados no cartão da câmera. É fácil de usar remotamente, sem a exigência de um cabo USB para tethering como as outras EOS 5D.

Canon EOS 5D Mark IV WI-FI FTP

A estrutura que a própria Canon EOS 5D Mark IV cria no servidor FTP, pelo Wi-Fi.

A estrutura que a própria Canon EOS 5D Mark IV cria no servidor FTP, pelo Wi-Fi.

Por fim a novidade do Wi-Fi da EOS 5D Mark IV é a conexão direta da câmera com um servidor FTP, para transferência/backup em tempo real dos arquivos. Se você tiver um servidor próprio ou pagar por algum serviço de hospedagem, é tão simples de configurar quanto um site qualquer: na câmera, escolha a sua rede Wi-Fi; entre o endereço do ftp.”seudomínio”.xxx.xx, as informações de login (usuário e senha); e escolha ainda uma pasta para os arquivos (não precisa ser no root). E pronto. A Canon te dá opções de transferência automática de todos os clicks a partir daqui, ou somente os selecionados com o botão SET; clicou, gostou da foto? Suba para o FTP apertando o botão SET. Vários esquemas de qualidade podem ser ativados JPEG em baixa alta resolução, raw em tamanho grande ou pequeno. Escolha de acordo com o fluxo de trabalho e disponibilidade da banda da rede. Em raw grande, cada arquivo de 35MB leva cerca de 60 segundos para “subir” direto da câmera numa conexão de 30MBps (Tim Live, SP), o que pode demorar com vários clicks. Mas a câmera faz tudo em segundo plano, notado na luz de acesso do cartão de memória, que pisca enquanto a transferência acontece. É mais confiável que depender de um serviço online de compartilhamento de fotos (qualquer servidor pessoal funciona), e direto de uma câmera EOS.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Transporte” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/15 ISO400 @ 30mm.

“Transporte” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/15 ISO400 @ 30mm.

Com um novo sensor CMOS de formato 135 “full frame“ com 30.1 MP e resolução 6720 x 4480, a EOS 5D Mark IV une também no imager novas tecnologias da Canon vistas em modelos mais caros e modelos APS-C. A novidade principal é o conversor analógico-digital (A/DC) embutido no chip de imagem, o mesmo design da 1D-X Mark II, que aumenta em pelo menos +1.5EV o dynamicrange no ISO base, sem distorcer as cores. Um sensor que tenta equilibrar o aumento na contagem dos pixels com a performance sob pouca luz, a alma da linha 5D, ele finalmente ultrapassa a barreira dos 30MP, apesar de usar a tecnologia Dual Pixel da 70D (tecnicamente são 60 milhões de foto-células). São ainda mais detalhes para impressões gigantes (57x38cm a 300ppi), ou re-enquadramento via software, depois do click, e um avanço saudável sobre a Mark III (22.3MP) que não havia mudado muito comparada a Mark II (21.1MP). Os ruídos são discretos em ISOs altos, praticamente invisíveis entre 100-3200 (!), suaves entre 3200-6400, e perdendo informações nos detalhes só de 12800 pra cima; sem perder as cores da Canon até os 32.000 nativos, agradáveis direto da câmera para sujeitos ou paisagens; mas agora nos 30MP e sob pouca luz.

“Néon” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/50 ISO4125 @ 97mm.

“Néon” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/50 ISO4125 @ 97mm.

A resolução maior não fará um mundo de diferença sobre as gerações anteriores Mark II e Mark III, mas certamente é bem-vinda para quem faz impressões dos arquivos da Mark IV. As fotos saem ainda mais detalhadas em paisagens urbanas com placas a distância, linhas finas nos acabamentos de prédios e casas; cada tronco de árvore perfeitamente delineado em cenas naturais; ou a textura da maquiagem da modelo, bem definida nos arquivos de 30.1MP. O limite do impacto da difração não passa do f/8.6, próprio para “casar” com as aberturas otimizadas de cada objetiva e manter a fidelidade óptica máxima do conjunto; uma penalidade visível nas câmeras de alta densidade (APS-C com +24MP ou a 5DS com 50.6MP) que sofrem com a difração tão logo quanto o f/6. O interessante é ver como os detalhes da Mark IV “vão” intactos até valores razoavelmente altos do ISO (+3200), enquanto nos outros modelos eles desaparecem dentre tantos pontos “lutando” pela mesma luz. Não faria sentido aumentar demais a resolução e perder os detalhes logo que saímos do ISO base, como acontece no sensorzão de 50.6MP da 5DS/R.

“Portal” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/40 ISO640 @ 24mm.

“Portal” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/40 ISO640 @ 24mm.

Crop 100%, mais detalhes para impressões gigantes, apesar da diferença pequena de resolução.

Crop 100%, mais detalhes para impressões gigantes, apesar da diferença pequena de resolução.

“Lanternas” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/60 ISO320 @ 56mm.

“Lanternas” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/60 ISO320 @ 56mm.

Crop 100%, detalhes de texturas saem perfeitos nos arquivos da 5D Mark IV.

Crop 100%, detalhes de texturas saem perfeitos nos arquivos da 5D Mark IV.

“Altar” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/40 ISO800 @ 70mm.

“Altar” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/40 ISO800 @ 70mm.

Crop 100%, detalhes finos aparecem mesmo sob ISOs razoáveis, como o valor 800.

Crop 100%, detalhes finos aparecem mesmo sob ISOs razoáveis, como o valor 800.

“Hong Kong” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO2000 @ 76mm.

“Hong Kong” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO2000 @ 76mm.

Crop 100%, paisagens noturnas funciona na alta resolução e performance sob pouca luz, distintas na Mark IV.

Crop 100%, paisagens noturnas funciona na alta resolução e performance sob pouca luz, distintas na Mark IV.

“Néon II” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/25 ISO100 @ 42mm.

“Néon II” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/25 ISO100 @ 42mm.

Crop 100%, objetivas de alta performance, como a nova 24-105mm II, tiram proveito da resolução extra.

Crop 100%, objetivas de alta performance, como a nova 24-105mm II, tiram proveito da resolução extra.

“Galhos” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/320 ISO160 @ 35mm.

“Galhos” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/320 ISO160 @ 35mm.

Crop 100%, praticamente todas as folhas bem renderizadas em cenas naturais.

Crop 100%, praticamente todas as folhas bem renderizadas em cenas naturais.

O dynamic range é o grande destaque desta geração 5D Mark IV, empregando ainda um novo design no sensor, copiado do topo de linha da Canon. Na geração da Mark II, aquela câmera usava as micro-lentes das 1D-Mark IV. Na Mark III, as micro-lentes viraram gapless (sem espaçamento) para aumentar a área sensível a luz. Na Mark IV, o imager trás o conversor analógico-digital na mesma placa sensível a luz, para reduzir qualquer “fuga” de energia na conversão fóton-elétron; ideia pela primeira vez vista na EOS 1D-X Mark II. Na prática a Canon consegue aumentar instantaneamente o dynamic range em +1.5EV, visível principalmente nas sombras recuperadas de arquivos raw sem ruídos coloridos ou impacto nas cores; vastamente superior a performance da Mark III e da EOS 6D. Apesar de ainda não se comparar ao dynamic range das outras fabricantes que – em bom português – estão pouco se lixando para a tonalidade dos pixels, a Canon se mantém fiel a palheta de cores de seus CMOS, mesmo com dynamic range menor. (detalhes do Adobe Camera Raw, como exposição, H = highlights, S = Shadows e B = Blacks)

“Dojo” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/8 1/50 ISO100 @ 31mm -0.75EV H-18 S+60 B+65.

Crop 100%, praticamente nenhum ruído extra na compensação sob ISO100, perfeito para a Canon.

Crop 100%, praticamente nenhum ruído extra na compensação sob ISO100, perfeito para a Canon.

“Laternas II” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/4 1/40 ISO250 @ 24mm +1.20EV H-20 S+63 B+59.

Crop 100%, detalhes intactos e vermelhos saturados, típicos da Canon; tente isso com a sua Nikon D810. ;-)

Crop 100%, detalhes intactos e vermelhos saturados, típicos da Canon; tente isso com a sua Nikon D810. ;-)

“PEDXING” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/10 1/8 ISO100 @ 50mm +2.50EV H-82 S+100 B+33.

Crop 100%, correção extrema, praticamente um HDR de click único, sem ruídos coloridos nas sombras.

Crop 100%, correção extrema, praticamente um HDR de click único, sem ruídos coloridos nas sombras.

“PEDXING II” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/4 1/50 ISO160 @ 105mm +2.15EV H-82 S+100 B+40.

Crop 100%, inclusão considerável de ruídos apesar do ISO160, como nas câmeras da Fuji.

Crop 100%, inclusão considerável de ruídos apesar do ISO160, como nas câmeras da Fuji.

“Néon III” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/4 1/40 ISO125 @ 70mm +1.45EV H-82 S+100 B+40.

Crop 100%, sinais de banding do conversor ADC no mesmo chip, mas as cores estão intactas.

Crop 100%, sinais de banding do conversor ADC no mesmo chip, mas as cores estão intactas.

“Néon IV” com a EF 24-105mm f/4 L II em f/4 1/50 ISO100 @ 50mm +0.30V H-34 S+100 B+100.

Crop 100%, sem qualquer sinal de aberrações nas sombras, apesar dos shadows e blacks puxados ao limite.

Crop 100%, sem qualquer sinal de aberrações nas sombras, apesar dos shadows e blacks puxados ao limite.

Ruídos em ISOs altos continuam discretos e com cada vez mais detalhes, paradigma que funda a linha 5D dentre as câmeras Canon EOS. Em valores modestos como ISO1000 e ISO2000, uma “malha” finíssima de pixels claros e escuros cai sobre os registros da Mark IV, invisíveis em impressões com qualidade fotográfica (300ppi) na resolução nativa (57x38cm). ISOs ainda mais altos como 3200 até 5000 são próprios para trabalhar sob pouca luz (imagine 1/200 em f/8 numa casa de eventos), mostrando outra “malha” um pouco mais pesada na visualização pixel a pixel, dando a aparência de película a captura digital, com uma textura complementar ao papel, ainda na resolução nativa. Só em ISOs absurdos como 8000 para cima que os detalhes não são prioridade da 5D Mark IV, apesar das cores Canon continuarem intactas, bonitas de serem vistas mesmo em ambientes com pouca luz, permitindo impressões modestas, abaixo do A3. Embora não notemos grandes vantagens nos ruídos da geração passada Mark III ou mesmo da 6D, a Mark IV faz com 50% mais pixels de resolução espacial, e ainda emprega e tecnologia Dual Pixel no sensor. Não dá para ter tudo e a Canon apostou no Dual Pixel (como o dobro de foto-células) no lugar de aumentar a performance sob pouca luz, em ISOs altos (que já era boa na Mark III).

“Telhado” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/20 ISO160 @ 85mm.

“Telhado” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/20 ISO160 @ 85mm.

Crop 100%, nenhum sinal de ruído em ISO base, “invenção” da Canon nas DSLR com sensor CMOS.

Crop 100%, nenhum sinal de ruído em ISO base, “invenção” da Canon nas DSLR com sensor CMOS.

“Templo” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO640 @ 24mm.

“Templo” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO640 @ 24mm.

Crop 100%, detalhes intactos e nenhum sinal de ruídos em ISO640, o motivo de ter uma full frame.

Crop 100%, detalhes intactos e nenhum sinal de ruídos em ISO640, o motivo de ter uma full frame.

“Guerreiros” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO2000 @ 60mm.

“Guerreiros” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/30 ISO2000 @ 60mm.

Crop 100%, ainda poucos sinais de ruídos, apesar do ISO2000 ser bem alto.

Crop 100%, ainda poucos sinais de ruídos, apesar do ISO2000 ser bem alto.

“Números” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/60 ISO5000 @ 70mm.

“Números” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/60 ISO5000 @ 70mm.

Crop 100%, valores altíssimos começam a lutar com os detalhes, mas praticamente somem em impressões modestas.

Crop 100%, valores altíssimos começam a lutar com os detalhes, mas praticamente somem em impressões modestas.

“Reclamation” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/80 ISO8000 @ 70mm.

“Reclamation” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/80 ISO8000 @ 70mm.

Crop 100%, ruídos nas sombras porém com highlights intactos.

Crop 100%, ruídos nas sombras porém com highlights intactos.

“Offer” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/50 ISO10000 @ 43mm.

“Offer” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/50 ISO10000 @ 43mm.

Crop 100%, cores, ah, as cores da Canon, apesar do ISO extremo!

Crop 100%, cores, ah, as cores da Canon, apesar do ISO extremo!

Por fim as cores da Canon “fecham o negócio” da EOS 5D Mark IV, “intactas” em tons e saturação apesar de tantos avanços no sensor de imagem (Dual Pixel, dual pixel raw e resolução extra). É sempre o principal motivo dos fotógrafos preferirem e ficarem na Canon: as cores são teoricamente divergentes da realidade, mas são as quais o mercado está acostumado. São paisagens “vivas” com o céu mais azul que o natural. É o pôr-do-sol mais “quente” do que os olhos vem, mas agradáveis em telas digitais ou no papel depois das impressões. É o verde das árvores misturados com marrons que outras fabricantes insistem em não ver. São todos os tons de pele perfeitamente coloridos, do mais branco oriental com maquiagem (puxado para o rosa-frio), até o mais escuro africano “ao natural” (equilibrado para o amarelo). Conversando com vocês que acessam o blog e o vlog do zack, vira e mexe e alguém faz o switch para outra marca e se arrepende. A Nikon “puxa” demais os retratos para o amarelo-esverdeado; a Sony insiste no look “cara-pálida-anêmico” direto da câmera; e a Fuji brinca de “filtros do Instagram”, com arquivos publicáveis somente numa revista hipster. Mas a 5D Mark IV continua com os tons que nos acostumamos por mais de uma década no digital da linha Canon EOS.

“Feira” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/100 ISO200 @ 105mm.

“Feira” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/4 1/100 ISO200 @ 105mm.

“Bacias” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/60 ISO160 @ 76mm.

“Bacias” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/60 ISO160 @ 76mm.

“Virginia Hotel” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/30 ISO640 @ 70mm.

“Virginia Hotel” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/30 ISO640 @ 70mm.

“Hoi Loon” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/25 ISO100 @ 50mm.

“Hoi Loon” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/7.1 1/25 ISO100 @ 50mm.

“Trânsito” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/5 1/8 ISO100 @ 24mm.

“Trânsito” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/5 1/8 ISO100 @ 24mm.

“Telhado II” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/50 ISO100 @ 91mm.

“Telhado II” com a EF 24-105mm f/4 L IS II USM em f/8 1/50 ISO100 @ 91mm.

VEREDICTO

A Canon não tem uma campeã na 5D Mark IV, ela tem um novo paradigma de câmera full frame: o “Dual Pixel”, que não é uma tecnologia fácil de implementar; e a performance de cores e ISOs altos intacta da linha EOS. Um avanço natural para a marca, que experimenta no APS-C as tecnologias que veremos mais tarde nas full frame, seguindo uma lógica reversa no desenvolvimento dos produto (debaixo pra cima), para manter atual toda a família de câmeras. Quem diria que o sensor da 70D (2013) fundaria o futuro da Canon nas gerações seguintes, e que o tal Dual Pixel seria a grande aposta da linha EOS para os profissionais? Faz sentido: a ergonomia, os controles rápidos e o foco automático pela fotografia com o viewfinder tem pouco para onde caminhar, então vale a pena focar em novas maneiras de usar a câmera. Esta é a linha 5D. O Live View fundou a revolução da Mark II no mercado de vídeo, e os fotógrafos participaram da festa com os 21.1MP de resolução. Na Mark III, o vídeo FullHD por pixel binning melhorou a resolução, e os fotógrafos ganharam o módulo de 61 pontos de foco. E na Mark IV a Canon deu atenção aos dois, unindo o foco rápido do sensor phase, numa ideia muito louca no sensor de imagem (são 60 milhões de foto sensores).

Canon EOS 5D Mark IV

Deu certo? Deu. A 5D Mark IV faz o que nenhuma outra câmera já testada por este vlog faz, e tudo no full frame. A ergonomia é de chorar, comparada ao restante do mercado, vastamente superior a tudo o que temos por aí. A Nikon D800E era magra demais. A D750 tem uma tela traseira irritante. A Sony A7II é uma palhaçada de forma e função. E, sinceramente, até a linha 6D parece de brinquedo ao lado do corpo de magnésio da 5D. A Mark IV ganhou curvas e botões para viciar os fotógrafos em usá-la sem parar, e o upgrade é imediato: quem tem Mark III, compre a IV correndo. A performance é um salto significativo a geração anterior do DIGIC5, ainda com um espelho inovador e mais rápido, unido ao viewfinder inteligente e com fotômetro sofisticado, que alimenta o módulo de foco para “travar” as objetivas da série L sob qualquer situação. E o que antes era “bônus” no Live View, agora virou papo sério: o Dual Pixel deixa a focagem mais confiável até que o módulo phase, sinal de que o futuro da Canon será de voltar as raízes da linha EOS – o foco automático confiável. Para quem faz vídeo, o 4K pode não ser a implementação que gostaríamos, mas está longe de ser descartado. A captura é simples, a ergonomia de novo é perfeita e o foco é confiável. E a qualidade de imagem… Bom, são as cores de sempre na Canon agora nos 30MP e com dynamic range de sobra. Pelo preço, a Mark IV é um upgrade natural para os fotógrafos EOS. E boas fotos!