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Janeiro/2015 – O EF Extender 2X III é um teleconversor que monta entre a câmera e a objetiva EF compatível, para multiplicar por dois (2X) a distância focal original. Ele faz isso ampliando 25% do centro da imagem, portanto descartando parte da informação de luz; reduzindo também a exposição em 2 stops (uma f/2.8 vira uma f/5.6). Todos os outros aspectos ópticos ficam intactos: profundidade de campo, bokeh, distância mínima de foco… Mas há um impacto na resolução das fotos já que qualquer defeito óptico preexistente será ampliado. (english)
A velocidade do foco automático é reduzida em 75% para compensar a distância menor que os elementos terão de fazer para manter a precisão. E em alguns combos com abertura máxima maior que f/8, como por exemplo a EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS USM, que resulta numa 200-800m f/9.5-11, nenhuma EOS focará automaticamente com o sensor phase; nem mesmos os corpos 1D e 5D Mark III sensíveis até f/8 (e todas outras câmeras EOS são até f/5.6). Foco automático via contraste no Live View e foco manual, por outro lado, continuarão funcionando.
Ele chegou no vlog do zack logo após o lançamento em 2011 e os US$499 faziam sentido no lugar da compra de uma objetiva longa que eu não usaria muito. Fechando um ou dois stops a qualidade de imagem sinceramente é excelente com a maioria das lentes topo de linha, muito melhor que ampliar digitalmente o arquivo. E é fácil de carregar e usar, cabe na mochila ao lado de outras objetivas maiores e pode estar o tempo todo com você.
Então ele é um acessório indispensável nos kits de profissionais que trabalham de longe; quando não podemos nos aproximar do sujeito; não queremos carregar lentes maiores; ou até para multiplicar o fator de ampliação de algumas lentes macro. Vale o investimento para o dia a dia?
Com 325g de nove elementos em cinco grupos, em apenas 52mm de comprimento, o EF Extender 2X III é extremamente leve e compacto numa construção sólida, todinha de metal. Também não poderia deixar de ser, já que ele ficará entre diversos milhares de dólares de câmeras e lentes. A cor branca complementa exatamente as objetivas topo de linha da série L, geralmente as mais compatíveis, e o weather sealing estende também a proteção contra água e poeira.
Na frente o conjunto óptico estende quase 5mm a partir do mount e exige lentes especiais, com o elemento traseiro profundo; geralmente as telephotos zoom ou prime da série L. Uma lista das lentes compatíveis está neste link. Por isso ele é protegido por uma borracha e não danifica (tanto) a lente a ser montada caso você seja ruim de acertar buracos. Um tubo extensor até abre espaço para montar o teleconversor em outras objetivas não compatíveis, ou até colocar vários conversores em sequência! Mas a Canon não recomenda isso porque não dá para garantir a precisão do foco automático nem a resistência mecânica das peças.
No dia a dia a operação é simples e recomenda-se montá-lo primeiro na lente e depois o conjunto na câmera, para registrar a distância focal correta no corpo. Ele prende perfeitamente de ambos os lados e nada vibra, gira fora do lugar ou faz barulhos estranhos. É tudo justo, metal com metal mesmo. Algumas lentes ficam muito longas e vale o bom senso: se o conjunto ficar pesado demais, prenda a lente no tripé e nunca apoie muito peso diretamente na câmera. Na hora de desmontar, o switch de metal é suave e rápido, com a mesma qualidade que estamos acostumado nas EOS.
Sobre o desempenho do foco automático, vocês sabem que eu não trabalho com ação para opinar se ele fica tão mais lento com o extender. Mas a Canon deliberadamente declara que o EF 2X III reduz de propósito a velocidade AF em 75%, a fim de manter a precisão uma vez que ele percorrerá um caminho menor para focar os sujeitos na distância ampliada. Infelizmente o limite f/5.6 do sistema phase das EOS básicas, e f/8 na linha top 1D e 5D Mark III, é um problema para lentes de menor abertura como f/4 (que viram f/8) e f/5.6 (que viram f/11). Então em alguns casos você ficará com foco manual, somente. Mas o foco por contraste do Live View funciona em qualquer abertura e objetos estáticos como produtos, macro com tripé e paisagens são mais fáceis de fotografar.
Os elementos frontal e traseiro ainda são cobertos por fluorine para facilitar a limpeza de gordura e água, padrão nos produtos EF topo de linha, dignos da série L apesar do Extender não fazer parte dela. E do lado de dentro o coating Super Spectra reduz reflexos e fantasmas em fotos contra luz, junto de elementos de dispersão anômala para eliminar por completo as aberrações cromáticas desses vidros extras. Mas qual será o impacto óptico nas fotos depois da conversão?
O princípio de funcionamento do EF Extender 2X III é muito simples. Ele pega o centro da imagem projetada pela lente e amplia de volta para o círculo full frame. E nesta ampliação qualquer defeito óptico pré-existente ficará maior, se houver. Portanto em lentes de alto desempenho, como as primes ou zoom de grande abertura em stops otimizados, o impacto é praticamente invisível. Já com as lentes totalmente abertas, em especial as zoom, dá para notar a perda de resolução dependendo da saída do arquivo (pense impressões gigantes). Se você precisa de luz, f/stop baixo e qualidade, o melhor é investir noutra objetiva com distância e abertura nativas.
Esta fantástica prime foi a minha primeira lente a sugerir a compra do EF Extender 2X III. Considerando a qualidade de imagem topo de linha e a conversão para 400mm com abertura máxima f/4, especificação igualada só pela também top EF 400mm f/4 DO IS USM, foi o meu primeiro experimento além dos 300mm, que eu só tinha usado na zoom EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM. Com a prime totalmente aberta, os impactos visíveis ficam no contraste geral da cena e na perda de resolução. E fechando para f/8 os dois sobem, com resolução e contrastes aceitáveis. Mas não dá para descartar a compra de uma 400mm nativa se você trabalha muito com esta distância.
Minha segunda objetiva testada com o 2X III, serviu de justificativa para a compra da EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS USM. Também com a zoom 70-200mm topo de linha fica visível a perda de nitidez e detalhes em abertura máxima (f/5.6), apesar da diferença diminuir em f/8. Dá para dizer qual é o arquivo da 70-200mm e qual é o arquivo da 100-400mm em 400mm de longe, infelizmente. Interessante é que o Extender não elimina o IS de quatro stops nem o weather sealing da 70-200mm; novidades que só temos agora na 100-400mm L II. Ou seja, vale a pena a conversão para adicionar estabilização e proteção a chuva se você usar os 400mm esporadicamente.
Outra prime fantástica do vlog do zack que é compatível com o EF Extender 2X III, resultando numa exótica 270mm f/4; próxima da EF 300mm f/4L IS USM. O desempenho da 135mm f/2 é tão alto que o mesmo raciocínio da 200mm f/2 se aplica: em lentes perfeitas, a ampliação será perfeita, exceto por uma leve perda no contraste que poderá ser corrigida depois via software. Mas o projeto antigo da 135mm não leva coatings modernos para aumentar a diferença entre claros e escuros, portanto uma “névoa” toma conta das fotos ampliadas nos 270mm em abertura máxima. A resolução continua lá mesmo totalmente aberta, e fechando para f/8 os arquivos impressionam nas bordas.
A EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS USM monta no EF Extender 2XIII para uma gigante 800mm f/11! Sim, a abertura é tosca e o foco somente manual na 6D (aparece “M FOCUS” no top LCD), exceto para o Live View. Mas vale totalmente a pena se você quiser o alcance absurdo num orçamento apertado. Monte no APS-C e a equivalência é de 1280mm, para quase preencher o quadro com a lua. O impacto na qualidade de imagem é óbvio mas relativo se você fechar o arquivo para web ou impressões modestas. Fechando para f/22 os detalhes ficam bem mais nítidos e dá para trabalhar bem com bastante luz, além de um sujeito estático para usar o foco por contraste no Live View.
Embora não seja oficialmente suportada pela Canon no Extender 2X, a super specialty macro 1-5X pode sim ser montada no teleconversor já que há espaço de sobra no elemento traseiro. O resultado? Uma macro 2-10X! O viewfinder fica praticamente preto com a lente inteira aberta (5X) mas nada que um Live View com exposure simulation não resolva. E esqueça a fotometria da câmera: ela erra vários stops para baixo, por isso a Canon não recomenda o uso. Mas com exposição manual podemos chegar tão perto dos sujeito quanto os olhos de uma mosca.
Enfim um acessório simples mas óptica e mecanicamente perfeito. Ele faz o que promete e na minha opinião Extender 2X III não “degrada” a qualidade de imagem; somente amplia o que já era bom ou ruim. Com objetivas topo de linha a conversão vale muito mais que uma ampliação digital do arquivo. E em aberturas máximas ou lentes antigas, vai depender da saída que você precisa.
Impressões do dia a dia e até alguns trabalhos profissionais aguentam bem o impacto na perda de resolução já que os arquivos atuais tem megapixels de sobra para interpolar pra baixo uma foto a 300dpi; limite prático para percebemos os detalhes no papel. Mas fine art, galeria, ou quem não quer abrir da perfeição, não tem jeito: os US$499 do 2X III não substituem uma lente nativa.