Nikon AF 50mm f/1.4D

Difícil não se apaixonar


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 306MB).

Tempo estimado de leitura: 06 minutos.

Maio/2015 – Lançada em 1995, a Nikon AF 50mm f/1.4D é menos antiga do que parece. Apesar do modelo mais recente AF-S f/1.4G de 2008, que ganhou foco automático interno e perdeu o anel de abertura manual, a D continua em produção e é vendida até hoje. Isto porque ela é compatível com todas as câmeras F-mount fabricadas desde 1977, seja com foco e abertura manual, ou foco automático se o corpo tiver motor interno, ou exposição automática se você travar a abertura na objetiva; coisas que o modelo G novo não faz. Ela chegou no vlog do zack como a primeira “AF” do kit. Diferente das AF-S, as AF dependem do motor de foco embutido na câmera, presente somente nas top D#, D#00, D7000; e não vai focar automaticamente nas entry-level D#0, D3#00 e D5#00. Considerando a performance óptica, a operação e o preço, ela não tem planos de sair do mercado tão cedo. Por US$369, vale a pena pela grande abertura? Vamos descobrir Boa leitura! (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

NIKON AF 50MM F/1.4 D

A primeira coisa que chama atenção na AF 50mm f/1.4D é o anel traseiro que controla o diafragma. Eliminado nas Nikkor G, Canon EF e qualquer objetiva “moderna”, ele aparece geralmente em lentes vintage, como as Ai e Ai-S, ou lentes totalmente manuais, como algumas Zeiss, Leica e Voigtländer. Na D não: o controle de exposição e abertura pode ser totalmente automatizado, com câmeras compatíveis (como as digitais), ou manual, bacana para câmeras antigas. E, principalmente hoje em dia, quando usadas com adaptadores em câmeras não-Nikon. Vai comprar uma mirrorless Sony e adaptar lentes? Boa sorte controlando a abertura das suas G e EF.

NIKON AF 50MM F/1.4 D

Segundo, o peso de apenas 230g chama atenção numa objetiva “AF”. Sim, ela faz foco automático! Mas depende do motor de foco embutido na câmera. Isso tira o peso da lente e deixa o projeto bem menor, e é interessante no sistema ultra-retro-compatível da Nikon: de novo, ela vai funcionar 100% manual em câmeras antigas e pode focar automaticamente com modelos mais novos. Porém na era digital só as topo de linha e “prosumer” tem o motor embutido; basicamente todas as full frame e D7#00. Nas básicas APS-C D#0, D3#00 e D5#00 ela não será AF. Sinceramente não vale como argumento contra, já que se está comprando uma prime é porque deseja se aproximar de outros aspectos da fotografia, e focar manualmente é mais um deles.

NIKON AF 50MM F/1.4 D

De qualquer maneira o AF é rápido e preciso, dependendo da câmera. Na D800E ele é praticamente instantâneo e relativamente quieto; dá pra ouvir um barulho mas não como uma Canon com micro motor EF (tipo 50mm f/1.8 II). E ouso dizer que é até mais rápido que a AF-S 50mm f/1.4G, apesar de muita gente pensar o contrário. A AF-D passa uma sensação de imediatismo quando aperto o botão AF-ON, que nenhuma G passou até hoje. Definitivamente é mais rápido que a Sigma 50mm f/1.4 DG Art HSM e a AF-S 85mm f/1.4G, que ainda tenho no kit.

NIKON AF 50MM F/1.4 D

Mas na hora de fazer o foco manual nós devemos controlar na câmera a alavanca “AF/M”, que mecanicamente desengata o motor da lente; não há “full time manual”. Neste caso o anel da frente gira livremente e é suave, preciso, já que é a mesma peça do lado de dentro. Por isso ele tem os hard stop no infinito e foco mínimo, mais rápidos de usar. E a janela de distância é comprida e fina, porém fácil de ler: o trilho interno está próximo do acrílico, sem sombra entre as peças. Esta lente é um prazer de usar e fiquei feliz em ter experimentado; bravo, Nikon!

NIKON AF 50MM F/1.4 D

O resto é auto explicativo como os filtros de ø52mm que não giram, apesar do anel de foco manual girar com o AF; cuidado para não bater os dedos e forçar o motor da câmera. O sistema de foco é do tipo “unidade”, e o tubo interno inteiro se movimenta no mínimo de 0.45cm; expandindo 1cm e mudando um pouco a composição (focus breathing). No geral a operação é fácil, precisa, rápida com AF, leve na câmera, compatível com adaptadores e modelos antigos. Enfim, muito positiva. Fazia tempo que um equipamento não estampava um sorriso no meu rosto e a Nikkor AF 50mm f/1.4D fez exatamente isto. Sem dúvidas testarei outras AF-D daqui pra frente.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Boeing-Stearman” em f/1.4 1/1000 ISO800.

“Boeing-Stearman” em f/1.4 1/1000 ISO800. Todas as fotos com a Nikon D800E.

Com a fórmula clássica de sete elementos em seis grupos, todos multi coated e nenhum com formato exótico, era de se esperar a performance standard da 50mm f/1.4D. O que não é ruim. Assim como a EF 50mm f/1.4 USM, as imagens são de alta resolução no centro, apesar da nitidez pobre devido ao blooming, que vai melhorando a cada stop até a excelência no f/5.6. Mas diferente da Canon e tipicamente Nikon, as fotos saem com uma personalidade fortíssima com o desfoque acentuado e escurecimento das bordas (vignetting), que são reconhecidas de longe.

“Piper J-3 CUB” em f/1.4 1/750 ISO800.

“Piper J-3 CUB” em f/1.4 1/750 ISO800.

Em f/1.4 há resolução de sobra no centro do quadro. Detalhes finos como a trama de uma linha ou texturas em geral são reproduzidos no curtíssimo espaço da profundidade de campo. Não cheguei a fotografar cenas planas para testar a performance nas bordas, mas evidente que se forem importantes para você, feche a abertura até os valores otimizados. O problema fica mesmo para a perda de nitidez causada pelo blooming, que é um vazamento de luz em zonas de contraste. É fácil de ver em gráficos definidos que ganham a aparência de um sonho. E a aberração cromática secundária com bolhas roxas entre claro e escuro. Logo em f/2 o problema já é resolvido.

“São Paulo” em f/2 1/180 ISO800.

“São Paulo” em f/2 1/180 ISO800.

Crop 100%, em f/2 o blooming continua alto.

Crop 100%, em f/2 o blooming continua alto.

“Caminhão dos bombeiros” em f/1.4 1/500 ISO800.

“Caminhão dos bombeiros” em f/1.4 1/500 ISO800.

Crop 100%, notem a aparência de “sonho” em abertura máxima e muita luz.

Crop 100%, notem a aparência de “sonho” em abertura máxima e muita luz.

“Mikoyan-Gurevich MiG-17 Fresco” em f/1.4 1/750 ISO800.

“Mikoyan-Gurevich MiG-17 Fresco” em f/1.4 1/750 ISO800.

Crop 100%, detalhe da textura perfeita.

Crop 100%, detalhe da textura perfeita.

Destaque vai para o desfoque acentuado que funciona em qualquer distância, razão para comprar uma 50mm. Tanto objetos pequenos fotografados de perto, quanto os maiores de longe, é fácil transformar o fundo num borrão colorido, suave, destacando o sujeito. Não, a qualidade do bokeh não é das melhores com algumas linhas repetitivas, contornos marcados nos círculos fora de foco e aberração cromática de eixo em f/1.4, que deixa zonas mais claras com uma mancha verde. Mas é o suficiente para dar um look marcante as fotos, típicas dos formatos maiores 135 full frame ou APS-C. Câmeras compactas e smartphones nunca farão a mesma coisa.

“Globe Swift II” em f/1.4 1/500 ISO800.

“Globe Swift II” em f/1.4 1/500 ISO800.

“Cessna 150” em f/1.4 1/350 ISO800.

“Cessna 150” em f/1.4 1/350 ISO800.

“WWII” em f/1.4 1/500 ISO800.

“WWII” em f/1.4 1/500 ISO800.

“Lockheed L-049 Constellation” em f/1.4 1/3000 ISO800.

“Lockheed L-049 Constellation” em f/1.4 1/3000 ISO800.

“Isotta Fraschini” f/1.4 1/500 ISO800.

“Isotta Fraschini” f/1.4 1/500 ISO800.

Em stops otimizados como f/5.6 e f/8 a resolução da D800E salta na tela. Só fiz dois clicks para “testar” este tipo de coisa mas foram suficientes para ler placas a distância, resolver qualquer problema no contraste e aberrações cromáticas, além da vinheta e da profundidade de campo. São “as” aberturas para paisagens e impressões gigantes imersivas, detalhadas, para apreciação de perto. CA lateral não existe nesta objetiva e não vi aquelas linhas coloridas em contornos gráficos ao redor da tela. Um comportamento muito superior as zoom e razão para uma prime.

“Miniatura” em f/4 1/1250 ISO800.

“Miniatura” em f/4 1/1250 ISO800.

Crop 100%, blooming quase todo resolvido, nitidez muito maior em f/4.

Crop 100%, blooming quase todo resolvido, nitidez muito maior em f/4.

“EAY-201 Ypiranga” em f/2.8 1/180 ISO800.

“EAY-201 Ypiranga” em f/2.8 1/180 ISO800.

Crop 100%, contraste perfeito em f/2.8.

Crop 100%, contraste perfeito em f/2.8.

“Bücker CASA Bü1131-E Jungmann (A)” em f/2.8 1/180 ISO800.

“Bücker CASA Bü1131-E Jungmann (A)” em f/2.8 1/180 ISO800.

Crop 100%, perfeição para gráficos.

Crop 100%, perfeição para gráficos.

VEREDICTO

Eu não entendo qual magia a Nikon faz nas objetivas para os arquivos da D800E saírem quase prontos direto da câmera, com contraste alto apesar do blooming, cores vibrantes embora puxadas para o verde, e um look fortíssimo que raramente tenho na Canon; certamente não nesta faixa de preço. Considerando a popularidade das objetivas Nikkor no vlog do zack, já era pra ter deixado a marca de lado faz tempo. Mas são fotos simples como as deste review que me fazem continuar testando as lentes da marca. Desfoque suave… Resolução alta… Por US$300? Estou me convencendo que as fotos são “melhores” na Nikon. Boas fotos!