Nikon AF-S Nikkor 16-35mm f/4G ED VR

A primeira zoom grande angular FX “VR” do mundo


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 277MB).

Tempo estimado de leitura: 07 minutos.

Outubro/2014 – A Nikon AF-S 16-35mm f/4G ED VR apresentada em fevereiro de 2010, foi a segunda f/4 da linha profissional Nikon. Depois da 200-400mm e antes da 24-120mm f/4G, elas são alternativas às mais rápidas 14-24mm f/2.8G e 17-35mm f/2.8D. Diferente de um kit “low cost” como a Canon oferece o f/4 diante as f/2.8, a Nikon procura manter o desempenho óptico e a construção boas, mas com recursos extras em troca da abertura. Neste caso ganhamos o estabilizador VRII de até 4 stops, e a capacidade de usar filtros de ø77mm, que a 14-24mm f/2.8G não aceita. Com a enorme fama deste modelo (14-24mm), a 16-35mm tem muito o que provar. Será que ela entrega? Vamos descobrir! (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR

A primeira característica que chama a atenção na 16-35mm f/4G ED VR é o comprimento. Em 12.45cm, ela está na mesma classe das tops 24-70mm f/2.8G (13.21cm) e 14-24mm f/2.8G (13.21cm), e não combina com o estereótipo das f/4. Não é uma objetiva pequena nem “low cost”; pelo contrário, ela é grande, bem construída e digna do kit topo de linha Nikkor. O material externo é plástico e com a mesma pegada da 24-120mm f/4G ED VR, com a textura que não risca e a leveza; são apenas 680g no total. Dentro a estrutura é de alumínio, já que hoje em dia a maioria dos tubos externos são meramente cosméticos: eles não vão amassar se caírem no chão; mas para quem trabalha em ambientes muito frios, agradecerão a resposta tátil do plástico, que não “gela”.

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR 14-24MM F/2.8G

O layout óbvio de anéis e botões, como o restante da linha Nikkor, facilita a vida do fotógrafo. Perto da câmera fica o zoom dos 16-35mm com movimento anti-horário, que gira 80º com uma pressão boa para não parecer “liso” (como a 14-24mm), nem solto para sair do lugar sozinho. Na verdade eu até gostaria que ele fosse um pouco mais firme porque, como na 14-24mm, várias vezes fotografei em 18mm ou 20mm já que os 16mm saíram sozinhos do lugar.

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR

E na frente fica o anel de foco manual, que tem uma pegada medonha para o preço. De novo ele tem um “jogo” entre mudar de direção e movimentar os elementos internos, que torna impossível os ajustes finos por exemplo no Live View. É uma roleta russa com a Nikon porque objetivas mais baratas como a 50mm f/1.4G não tem este problema; mas esta zoom que custa 3x mais tem. Eles realmente precisam resolver isto, que não acontecia antes dos modelos “G”. Afinal as “G” são superiores as antigas? Ou projetos “modernos”, leia-se, mais baratos e de menor qualidade?

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR

Os botões laterais controlam os motores internos da 16-35mm. O primeiro é do SWM (Silent Wave Motor) e o foco automático, que é rápido, preciso e confiável. Virtualmente nenhuma foto do teste saiu fora de foco com a D800E, independente da situação de luz. E o segundo é o estabilizador VR II, que promete até 04 stops de correção de acordo com o fabricante. Por quê um estabilizador no grande angular? Para usarmos ISO baixos e obturadores mais lentos em ambientes fechados, excelente para arquitetura de interiores sem ruídos nem tripé. Ou para compensar a abertura pequena e a profundidade de campo longa, comum no grande angular; também com obturadores mais lentos. Na minha opinião é um recurso que hoje toda objetiva pode e deve ter.

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR

“Trilhos” com a D800E em f/4 1/8 ISO800 @ 16mm; exposição metade da recomendada para esta distância focal.

“Trilhos” com a D800E em f/4 1/8 ISO800 @ 16mm; exposição metade da recomendada para esta distância focal.

Crop 100%, VR segurou o quadro no lugar para evitar tremidas.

Crop 100%, VR segurou o quadro no lugar para evitar tremidas.

NIKON AF-S NIKKOR 16-35MM F/4G ED VR 14-24mm f/2.8G

Enfim na frente o destaque fica para os filtros de ø77mm, padrão nas top FX, que é o maior diferencial físico entre a 14-24mm f/2.8G. O ultra grande angular se beneficia do polarizadores em fotos de arquitetura, ou ND graduados em paisagens, e uma dor de cabeça na 14-24mm que exige kits específicos. Se depender de mim um filtro protetor ficará montado o tempo inteiro na 16-35mm, que também completa o weather sealing junto da borracha traseira ao redor do mount de metal, apesar da Nikon não confirmar esta proteção. É uma objetiva bem feita, fácil de trabalhar, e com a vantagem do estabilizador. Em comparação a 14-24mm, a 16-35 é melhor para o dia a dia.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Bienal” em f/4 1/15 ISO400 @ 16mm

“Bienal” em f/4 1/15 ISO400 @ 16mm.

Com o desempenho absolutamente perfeito da AF-S 14-24mm f/2.8G, muito é esperado da AF-S 16-35mm f/4G ED VR. Aquela é uma lente praticamente livre de distorções cromáticas e pouco geométricas, e mesmo totalmente aberta os resultados impressionam na top FX D800E de 36MP. Não é uma tarefa fácil tal ângulo de abertura, tal abertura máxima, tal resolução; e tudo isto numa zoom! Então é natural as grandes expectativas de uma lente adjacente na linha, com outra proposta de operação e um preço não muito menor. Todas as fotos com a Nikon D800E.

“Bienal 2” em f/4 1/15 ISO400 @ 35mm.

“Bienal 2” em f/4 1/15 ISO400 @ 35mm.

Sinceramente não encontrei motivos para comemorar a 16-35mm f/4G ED VR depois de ter testado a 14-24mm f/2.8G. Vamos deixar uma coisa bem clara: a f/4G não é ruim, bem longe disto. Os arquivos são detalhados no centro em abertura máxima e ela é muito mais flexível de trabalhar com o estabilizador. Mas não é perfeita como a 14-24mm anterior, que é impressionante nas bordas em qualquer situação. Por isso fiquei com o sentimento que a 16-35mm é sem graça. É só uma ferramenta normal com qualidades e defeitos que completam o kit, mas não impressiona.

“Sem título” em f/4 1/45 ISO400 @ 16mm.

“Sem título” em f/4 1/45 ISO400 @ 16mm.

Sobre as qualidades, o projeto é adequado para o sensor de altíssima resolução da full frame D800E, entregando detalhes de sobra no centro do quadro. Digo “adequado” porque não está no mesmo nível das primes mas também não tem do que reclamar: o centro é bom, nítido, detalhado. O mesmo para o contraste geral no quadro, que é excelente mesmo em f/4. Afinal não temos uma abertura extrema, com muito vidro e reflexos internos, então normal este resultado. É o mesmo caso de qualquer outra f/4, e ficará pior nas próximas câmeras com mais resolução.

“Zenital” em f/4 1/350 ISO800 @ 16mm; contraste excelente como qualquer zoom f/4.

“Zenital” em f/4 1/350 ISO800 @ 16mm; contraste excelente como qualquer zoom f/4.

Crop 100%, nitidez impecável no centro do quadro.

Crop 100%, nitidez impecável no centro do quadro.

“Janelas” em f/4 1/500 ISO400 @ 35mm; abertura é fácil de trabalhar com boa qualidade de imagem.

“Janelas” em f/4 1/500 ISO400 @ 35mm; abertura é fácil de trabalhar com boa qualidade de imagem.

“Rosa” em f/4 1/20 ISO400 @ 16mm.

“Rosa” em f/4 1/20 ISO400 @ 16mm.

Crop 100%, resolução de sobra em f/4 no que estiver no centro e no plano focal.

Crop 100%, resolução de sobra em f/4 no que estiver no centro e no plano focal.

“FR” em f/4 1/45 ISO400 @ 35mm.

“FR” em f/4 1/45 ISO400 @ 35mm.

Os problemas aparecem nas bordas do full frame e o grande diferencial da gigante 14-24mm. Aquela outra objetiva simplesmente entrega mais detalhes na foto inteira enquanto esta daqui não. E não que eu me preocupe muito com isto, afinal sou da opinião que o sujeito tem de ficar no centro mesmo. Mas tira a 16-35mm f/4G ED VR como opção as primes para quem trabalha com arquitetura e exige um plano de imagem uniforme, onde o sujeito geralmente preenche todo o quadro. Lógico, desconheço qualquer cliente que vá reclamar destas coisas e em impressões até A3 não dá pra ver diferença. Mas ela existe e a conclusão é simples: a AF-S 16-35mm Nikon é míope nas bordas do full frame enquanto a 14-24mm, com 1 stop na abertura e 50% mais cara, não.

“Escadas” em f/4 1/30 ISO800 @ 16mm.

“Escadas” em f/4 1/30 ISO800 @ 16mm.

Crop 100%. Direita: centro impecável, super nítido. Esquerda: bordas perdem resolução em abertura máxima.

Crop 100%. Direita: centro impecável, super nítido. Esquerda: bordas perdem resolução em abertura máxima.

“Zenital 2” em f/4 1/90 ISO100 @ 16mm.

“Zenital 2” em f/4 1/90 ISO100 @ 16mm.

Crop 100%. Direita: centro impecável, super nítido. Esquerda: bordas perdem resolução em abertura máxima.

Crop 100%. Direita: centro impecável, super nítido. Esquerda: bordas perdem resolução em abertura máxima.

Outro problema crônico é a distorção geométrica nos 16mm. É tão forte que comprova que a Nikon não projetou esta lente para arquitetura. Em qualquer composição com linhas retas ao redor do quadro, elas ficam curvas em quase 7% de distorção positiva (bolha). Até dá para corrigir via software e sumir sem deixar resquícios. Mas a 14-24mm ainda mais grande angular mostrava só 3% em 14mm sumia em 16mm; a 16-35mm só é perfeita entre 24-30mm, porque nos 35mm já dá ver pincushion no centro do quadro, com linhas tortas em paredes, colunas e outros sujeitos planos. 

“Delta” em f/4 1/4 ISO400 @ 16mm. Note nas colunas no topo do quadro como estão completamente tortas. O_o

“Delta” em f/4 1/4 ISO400 @ 16mm. Note nas colunas no topo do quadro como estão completamente tortas. O_o

“Reflexo” em f/8 1/125 ISO100 @ 32mm. E próximo dos 35m a distorção é para dentro do quadro, do tipo pincushion.

“Reflexo” em f/8 1/125 ISO100 @ 32mm. E próximo dos 35m a distorção é para dentro do quadro, do tipo pincushion.

“Metro” em f/4 1/15 ISO1600 @ 16mm; mas dependendo da composição nenhuma distorção será notada.

“Metro” em f/4 1/15 ISO1600 @ 16mm; mas dependendo da composição nenhuma distorção será notada.

“Brastemp” em f/4 1/15 ISO200 @ 16mm; sério, nenhuma distorção será notada. :-)

“Brastemp” em f/4 1/15 ISO200 @ 16mm; sério, nenhuma distorção será notada. :-)

Crop 100%, resolução em f/4 é boa para a maioria dos trabalhos.

Crop 100%, resolução em f/4 é boa para a maioria dos trabalhos.

Enfim as aberrações cromáticas e flaring são discretos, no mesmo nível entre as duas lentes. Não vemos linhas coloridas no contorno de prédios nem reflexos nos pontos de luz, e tudo é saturado em todas as cores, sem surpresas. E por isso eu não entendo o posicionamento da Nikon em algumas lentes: eles não corrigem problemas crônicos como a distorção geométrica, mas controlam bem aberrações cromáticas. Por que não mirar para a perfeição? Por que não ser melhor que a 14-24mm? A 16-35mm é uma ferramenta comum e nada mais.

“UP” em f/8 1/500 ISO100 @ 16mm; resistência a flaring graças ao Nano Crystal Coating.

“UP” em f/8 1/500 ISO100 @ 16mm; resistência a flaring graças ao Nano Crystal Coating.

Crop 100%, CA lateral é baixo considerando a resolução da D800E.

Crop 100%, CA lateral é baixo considerando a resolução da D800E.

")” em f/4 1/20 ISO400 @ 35mm.

“)” em f/4 1/20 ISO400 @ 35mm.

Crop 100%, CA lateral é virtualmente zero.

Crop 100%, CA lateral é virtualmente zero.

“Instituto Tomie Ohtake” em f/8 1/350 ISO100 @ 26mm.

“Instituto Tomie Ohtake” em f/8 1/350 ISO100 @ 26mm.

VEREDICTO

A Nikon AF-S Nikkor 16-35mm f/4G ED VR é uma alternativa ultra grande angular zoom mais simples de usar que a exótica 14-24mm f/2.8G. Sendo a primeira lente deste tipo com estabilizador e da mesma família da melhor grande angular do mundo, eu esperava resultados surpreendentes. Mas não dá para ter tudo e este projeto fica devendo nas bordas e na distorção geométrica. Pelo menos você ganha o estabilizador para vídeos e deixar o tripé em casa, além de usar filtros tradicionais na frente. Ela completa a linha da Nikon em preço e recursos, mas não eleva a marca nem o trabalho do fotógrafo. É meramente uma ferramenta, e assim ela funciona muito bem. :-)