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Janeiro/2015 – A Nikon 50mm f/1.8G é uma das objetivas mais interessantes da linha Nikkor. Lançada em 2011, ela conta com um projeto novo de sete elementos e altíssima qualidade de imagem; características que só lançamentos mais caros chamam a atenção do mercado. O preço baixo ($216), o tamanho compacto e a facilidade no uso são todos injustamente ignorados por fotógrafos que se sentem mais seguros quando pagam um alto valor. No lugar de ostentar uma abertura simbólica como a Sigma 50mm f/1.4 DG (US$949) a f/1.8G “só” entrega resolução fantástica e bokeh bacana; desempenho típico das objetivas Nikkor 50mm dos últimos 50 anos, e motivo de orgulho para os fotógrafos F mount. Será que vale para você? Boa leitura! (english)
Com 187g de 7 elementos em 6 grupos, a AF-S 50mm f/1.8G é o primeiro upgrade óptico num projeto Nikon f/1.8 desde 1978. Além do elemento extra asférico, pela primeira vez numa 50mm Nikkor, a f/1.8G é também a primeira AF-S capaz de focar automaticamente com qualquer DSLR. O modelo que ela substitui, a super popular AF 50mm f1/.8D, depende do motor de foco automático da câmera e os parafusos de conexão que só as topo de linha D7### e D4, D6##, D7## e D8## tem; modelos de entrada D5### e D3### não tem. Então a f/1.8G é um upgrade bem vindo a modernidade, compatível com todas as câmeras digitais, para amadores e profissionais.
Projeto da linha “G” (genesis), a 50mm f/1.8G perdeu o anel de abertura da 50mm f/1.8D, e agora deve ser controlada totalmente pela câmera. Por um lado isso é bom porque a construção ficou mais robusta, com um único tubo sólido de plástico do lado de fora, sem nenhum corte na construção. Não há qualquer chance dela “dividir ao meio” se cair no chão. E com um anel de borracha no mount, dá até para palpitar que ela tem weather sealing parcial, já que dificilmente a água encontrará o caminho para o lado de dentro. Mas agora ela não é compatível com as SLR Nikon F clássicas, que não conseguem controlar a abertura no corpo.
Do lado de dentro a especificação AF-S usa um motor SWM de foco automático silencioso e rápido; típico de qualquer lente recente. Mas ela tem uma janelinha de distância relativamente grande, coisa que poucos lançamentos ainda tem. O anel de foco manual é “justo” para o nível e preço do equipamento, com movimento suave e preciso. Não há atrasos entre a posição dos dedos e das peças internas. E como a grande maioria das AF-S, suporta o full time manual. A qualquer momento você pode usá-lo sem desengatar o motor do anel (full time manual).
O desempenho AF também é “justo” e funciona durante o dia, em objetos estáticos, sem grandes novidades. Mas a noite ele fica devendo junto da D800E. Em fotos de ação, clicadas de dentro de um carro em movimento, este kit nunca chegou no foco correto e modo contínuo. Não que seja uma tarefa simples e que outras lentes da mesma classe consigam resultados muito superiores. Mas a AF-S 50mm f/1.4G definitivamente é mais esperta e exige menos do fotógrafo para acertar o foco, em qualquer situação. Pode fazer diferença pra quem exige desempenho máximo do AF.
Na caixa o kit completo vem com hood plástico e sacola para carregar. Na frente os filtros de 58mm não giram e permitem o uso com polarizadores e ND variáveis, essenciais para usá-la totalmente abertura durante o dia. E atrás o mount é de metal com uma borracha de vedação, bacana para aumentar a confiança em situações difíceis. Tudo é simples, funcional e pequeno. Não é uma lente que fica na frente do fotógrafo atrapalhando o trabalho, e pode ficar no seu kit pelo resto da vida.
O projeto de sete elementos incluiu um novo vidro asférico para corrigir a curvatura da lente e garantir arquivos nítidos nas digitais de vários megapixels, principalmente nas bordas. Além disso a f/1.8G tem tratamento em praticamente todos os vidros, que a Nikon chama de “Integrated Coating”, aumentando o contraste e saturação das cores em comparação a antiga f/1.8D. Dependendo da correção por software, até dá para comparar os resultados das duas. Mas próximo da abertura máxima e com sensores muito novos, o investimento é certo: escolha a nova 50mm f1/.8G para ficar no seu kit. * Todas as fotos com a Nikon FX D800E.
Em f/1.8 eu tive uma enorme dificuldade em acertar o foco. Não sei se por inexperiência com a Nikon D800E (foi a minha primeira semana com elas), se por limitações do sistema phase (que não garante de fato o foco preciso abaixo de f/2), ou se de fato por causa do projeto “baratinho” da lente. O fato é que são poucas as fotos que eu tenho como opinar sobre a nitidez, se é alta ou não. Em objetos estáticos e não tridimensionais, sim, a nitidez é muito boa. Mas a profundidade de campo em abertura máxima é curta demais, e as chances de você ver o blooming, o desfoque acentuado, e uma sensação de “falta de detalhes” em ampliações é muito grande.
Fechando para f/2.8 a história muda completamente. Aqui a resolução sobe exponencialmente e mesmo em fotos tridimensionais, como prédios fotografados diretamente da rua, impressionam pela definição dos detalhes. Com tanta resolução dá para ver todos os tijolos e folhas nas árvores, como era de esperar. Mas o bacana mesmo é o contraste, alto em linhas retas e sem vazamento de luz ou aberrações cromáticas nos contornos. Neste aspecto fica claro o tratamento novo nos vidros, já que as f/1.8D ou f/1.2 Ai-S só resolvem estes problemas depois do f/4.
F/3.2 pra cima e a diferença está na profundidade de campo, que é curta nos 50mm no full frame. Feche bastante a lente para garantir fotos na rua com tudo em foco, sem o risco de detalhes fora de foco. O limite que eu fotografei foi o f/8 em razão da difração em f/6.3 da D800E, mas mesmo assim os resultados são excelentes. É uma objetiva moderna e complementa estes sensores de vários megapixels da linha atual FX 36MP e DX 24MP. Não lembro de ter visto vantagem nos arquivos da 50mm f/1.4G apesar de não tê-las testado lado a lado, e nem estava esperando.
Aberrações cromáticas são bem controladas e na abertura máxima, quando eu fotografei a noite, raramente vi qualquer problema com cores estranhas no desfoque ou em pontos diferentes ao redor do quadro. Só em fotos com muita luz no final da tarde eu vi problemas com CA secundário, com bolhas roxas em pontos de contraste. Mas são difíceis de encontrar no dia a dia e certamente bem menos que outras lentes de abertura ainda maior. Aqui está o grande atrativo das f/1.8: invariavelmente uma abertura menor terá menos vidro. Então as chances destes probleminhas típicos das grande aberturas acontecerem também será menor.
Cores e bokeh são um destaque a parte e razão do meu questionamento sobre este modelo não ser “melhor falado” por aí. Estas duas características são espetaculares! O bokeh está anos luz na frente das Canon 50mm f/1.8 e Sony DT 50mm f/1.8 SAM; e só foi igualado pela nova (e cara) Sony FE 55mm f/1.8 ZA. Ele é extremamente suave e colorido, muito mais próximo da Canon 50mm f/1.2L do que qualquer outra lente. Mas estamos falando de uma objetiva de entrada, com bem menos elementos e projeto simplificado. É o mesmo raciocínio da excelente AF-S 85mm f/1.8G.
A Nikon está atualizando suas lentes para o que público em geral quer, como as imagens com profundidade de campo curta e o desfoque acentuado, o mais “cremoso” possível. E a AF-S 50mm f/1.8G foi um ótimo ponto de partida para a minha experiência com D800E, e com certeza um fator de peso para continuar investindo nesta marca. As comparações com as Canon que usei antes são inevitáveis, e francamente escancaram a “defasagem” dos projetos EF. As lentes para câmeras EOS pararam no tempo, com modelos datando duas décadas! Mas a Nikkor não, ela já atualizou toda a linha e a f/1.8G é o que devemos esperar (e exigir) de qualidade daqui pra frente. Wake up, Canon!