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Setembro/2015 – A EF 100-300mm f/4.5-5.6 USM é uma das objetivas mais curiosas que já vimos no vlog do zack. Ela é curiosa porque eu sempre falo de equipamentos high end, e fica a impressão que os low end são inferiores. Mas não são. Lançada em 1990 por US$270, a 100-300mm vem de um tempo quando a Canon não podava os produtos para encaixá-los ao apetite do mercado. Apesar do preço baixo, ela tem sistema de foco interno USM, com suporte ao full time manual; mount de metal, filtros que não giram… O segredo do preço é a construção dependente do plástico e especificação com abertura variável, além da óptica simplificada. Vamos ver? (english)
Em 121x69mm de 540 gramas, a 100-300mm chama a atenção pela dimensão fechada. Ela é 2cm mais curta que a atual EF 70-300mm IS USM (144mm) e os “300mm” mais simples que eu tenho no kit. Ela chama menos atenção que a “pompa” da IS USM, menos atenção que a gorducha DO (diffractive optics), e nem precisamos comentar da L IS USM branca que eu nunca nem tive coragem de usar. Quando não quero “carregar nada” no telephoto, a 100-300mm é a minha opção.
A construção é feita com plásticos duros e mount de metal. Os tubos não balançam quando a objetiva está totalmente aberta, em 17cm nos 300mm, e passa a impressão de solidez. O anel de zoom é enorme, quase o tubo externo inteiro além da parte emborrachada. Mas o movimento não é tão suave, uma vez que o projeto antigo não contava com os rolamentos gigantes de hoje. O que é até bom para evitar o zoom creep, sem a necessidade do LOCK pra segurar tudo no lugar.
Do lado de dentro o sistema de foco USM é destaque no projeto. Ele é instantâneo porque é “ring type”, aquele motor que vai ao redor do grupo de foco, e não ao lado. E é silencioso, uma vez que não usa engrenagens como a 70-300mm USM, que tem um “micro motor” USM. São estes detalhes internos que a Canon aproveita pra tirar do equipamento no “dumb down” que o mercado está hoje, e beira o “irritante”. Se tem quem compre uma STM e ache um bom negócio, pra quê fazer uma objetiva USM ring-type, não é mesmo? We’re doomed.
O anel de foco da 100-300mm, traseiro e próximo da câmera, não mexe durante o AF, também superior a 70-300mm IS USM. Ele pode ser usado a qualquer momento e não depende do desengate do botão AF/MF, como na objetiva nova. E o grupo interno da 100-300mm tem design parfocal: depois de ajustado no lugar certo, os movimentos negativos no zoom (300>100) não mudarão o foco de lugar. Isso evita o “focus breathing”, útil para a gravação de vídeos sem mudança de enquadramento, e é outro recurso interessante do passado.
A EF 100-300mm tem até janela de distância com escala para filme infra-vermelho, que as 75-300mm básicas e 70-300mm IS USM não tem. Ela aceita filtros de ø58mm na frente com uma rosca profunda para acomodar também o lens hood, este que não vai num trilho próprio. E há um pedaço de borracha macia na ponta, que só posso imaginar estar ali por proteção. Se a objetiva bater em alguma coisa, o impacto será menor.
No geral a 100-300mm tem o look de uma objetiva antiga porque o plástico não é texturizado, mas sinceramente se comporta melhor que as equivalentes novas. A EF 70-300mm f/4-5.6 IS USM tem a estética atual mas na pratica faz menos: o anel de foco gira com o motor, expande o tubo interno e roda o elemento da frente, tornando o uso com polarizadores um inferno. As EF 75-300mm III e III USM são toscas com construção porca e operação medíocre, sem comparação. E pra quem está no APS-C, a EF-S 55-250mm IS STM fica devendo no AF “mole” do stepping motor, bem mais devagar.
Então a EF 100-300mm USM vale pela usabilidade e simplicidade, atributos que a Canon não sabe cobrar pouco hoje. Quem está com o orçamento apertado, vale olhar para o mercado de usadas e as opções “vintage”, que eu prometo trazer mais por aqui. Elas são opções de peso na escolha de uma objetiva pro kit e não devem ser mal vistas. Fica a dica!
Com uma fórmula de 13 elementos em 10 grupos, sem vidros especiais, a Canon não prometia nada além de uma zoom telephoto com abertura variável por US$270. Baixas expectativas = altas chances de surpreender. E deu certo! A performance é justa: resolução perfeita no centro em 100mm f/4.5; caindo em 300mm f/5.6. Nas bordas um ou dois stops fechados ajudam bastante, até o f/11. E as cores são neutras, com contraste bacana para pós-processar.
Testada na EOS 20D, com apenas 8MP e pixels tão grandes quanto uma EOS 5D Mark II, a difração não foi um problema. Resultado: fotos extremamente nítidas num pacote simples e, repito, barato no mercado de usadas. Não vou nem me preocupar em “analisar” aberrações porque a proposta não é essa: ela é uma lente acessível, para fotografar sem frescuras. Se a saída for prints modestos até A3, ou web como aqui no blog/Instagram, dá pra se divertir no telephoto gastando pouco.
Um objetiva acessível e simples, mas com operação de ponta. Esta é a EF 100-300mm f/4.5-5.6 USM. Parece “qualquer porcaria” no mercado de usadas, inclusive o brasileiro por R$500 (vejam no Mercado Livre). Porém observando as fotos, o alcance e a flexibilidade, fica difícil argumentar contra a performance e as imagens que entrega. Está é daquelas objetivas que me fazem questionar a essência do vlog do zack: o high end entrega fotos melhores? Quantas objetivas eu terei de mostrar para convencê-los “qualquer uma” faz o trabalho? Boas fotos!