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Dezembro/2019 – A YN 50mm f/1.8 “Mark II”, apresentada em 2018, é a segunda geração da primeira objetiva lançada pela fabricante Chinesa Yongnuo; lá em 2014. Uma marca baseada em Shenzhen, e focada em oferecer uma linha alternativa de objetivas e acessórios de baixo custo, o segredo está no design “inspirado” nas fabricantes principais, Canon e Nikon; portanto sem os custos de desenvolvimento envolvidos, para equipamentos mais baratos. A primeira YN 50mm f/1.8, cópia da Canon EF 50mm f/1.8 II… A YN 35mm f/2, um clone da Canon EF 35mm f/2… A YN 85mm f/1.8, inspirada na EF 85mm f/1./8 USM. E a YN 100mm f/2, parecida com a Canon EF USM, que eu nunca usei. No caso desta 50mm Mark II, a vítima é a Canon EF 50mm f/1.8 STM, que em si foi um upgrade à objetiva mais popular do mercado, a cinquentinha plastic-fantastic EF f/1.8 II. Porém nesta chinesa ficam de fora o novo motor de passo STM, destaque do modelo novo da Canon, e as coberturas químicas anti-reflexo da japonesa. Mas entram um novo design, uma fórmula óptica revisada e um novo preço (US$71 contra US$40-60 da primeira geração); com ótimo apelo para o mercado de entrada. Será que vale a pena? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)
Em 75 x 51mm de 162gr de principalmente plásticos e dois metais, a primeira coisa que notamos na nova Yongnuo 50mm f/1.8 II é o design; simples porém robusto; com um novo acabamento mais gostoso de usar, visivelmente superior ao modelo anterior. Do lado de fora o novo tubo plástico recebeu uma textura “tipo couro”, idêntica as Canon topo de linha de meados da virada do milênio, que é suave sem ser escorregadia; anti-riscos sem agredir as mãos. Este upgrade é considerável sobre a Yongnuo 50mm original, que tinha um plástico liso do lado de fora, fácil de danificar em caso de impacto. Ainda, o tubo plástico parece mais grosso, para uma objetiva mais robusta, e nada treme ou balança quando balançamos as peças, o que garante precisão no conjunto óptico; por US$70 eu nunca usei nada tão sólido. Portanto fica fácil a recomendação: esta Yongnuo 50mm f/1.8 II é sólida e mais gostosa de usar, e um upgrade a todas as outras objetivas desta fabricante.
Nas mãos a operação é suave com um único anel de foco manual na frente, e uma chave de controle do motor de foco na lateral; uma mistura do design das Canon EF 50mm f/1.8 II, e a nova versão EF STM. Nesta Yongnuo, na verdade, nós perdemos o anel de foco emborrachado, que era mais gostoso de usar na objetiva antiga, mas por outro lado nós ganhamos o design reto do chanfro, com na EF STM; para um design mais moderno. Também, apesar deste anel não suportar a focagem manual o tempo todo, com nas objetivas STM, ou mesmo nas top USM (devemos mudar a chave MF/AF sempre que quisermos usá-lo), pelo menos ele tem a conexão direta com o conjunto interno de foco, o que aumenta a precisão; de todas cinquentinhas que já usamos por aqui (EF II/EF STM/YN original), ele é o mais preciso de focar. E por fim uma reclamação que fiz na Yongnuo original foi atendida neste modelo novo, que agora conta com uma escala de distância impressa no anel de foco; usado para prever a distância durante a focagem manual ou a gravação de vídeos.
Do lado de dentro a Yongnuo 50mm f/1.8 II ganha um novo motor de foco, mais quieto e rápido, porém bem diferente da nova Canon STM, que tem o motor de passo suave para gravações de vídeo. A novidade na Yongnuo, porém, está no silêncio e performance, agora mais quieto apesar de não totalmente mudo (só faz um barulhinho perto da câmera), e a performance bacana pela velocidade e precisão. Aqui testada com a EOS 6D, em modo phase-detection (viewfinder) e contraste (Live View), praticamente todas as fotos deste review saíram em foco, e não tive nenhum dos problemas de foco que vimos nas outras Yongnuo: AF incompatível com Live View na 100mm; AF com atraso na 85mm; AF impreciso na 35mm. Portanto este é o melhor que a Yongnuo fez até agora, e mais fácil de recomendar por US$70; é quase uma objetiva nativa, mas pela 1/2 do preço.
E é… Só isso! Na frente a Yongnuo 50mm Mark II aceita filtros de ø58mm, maiores que a geração passada, e maior também que todos os modelos da Canon. Na caixa ela não acompanha um parasol, afinal o design com grupos ópticos “fundos” conta como um parasol embutido no tubo, e não há trilhos para este acessório extra (a Canon STM tem um trilho só para isso). Atrás a Yong Mark II recebe uma nova baioneta de montagem com acabamento de metal, mais robusta que o plástico-com-plástico do modelo anterior, e os contatos eletrônicos do sistema Canon EF garantem a transmissão de informações de foco e abertura do diafragma; ambos totalmente compatíveis com as máquinas EOS. E no geral eu não tive qualquer problema na usabilidade, como tive em todas as outras Yongnuo: não tive a construção ruim da 35mm; não tive o motor de diafragma incompatível da 85mm; nem os problemas de focagem da 100mm. Portanto será a nova Yongnuo 50mm f/1.8 II uma proposta mais confiável de produtos low-cost? Vamos ver nas fotos.
Com um projeto óptico de 06 elementos em 05 grupos, baseados numa fórmula duplo-Gauss e novos tratamentos químicos anti-reflexos; e nova distância mínima de foco, agora reduzida a 35cm, o que a segunda geração da Yongnuo 50mm f/1.8 “Mark II” entrega opticamente é bom; perfeita até para o preço de apenas US$71, e dentro das expectativas para o segmento de baixíssimo custo. Esta é simplesmente uma prime de grande abertura, e se comporta como tal: na abertura máxima as imagens podem ser suaves sim, dada a distorção esférica que não garante foco em todo o quadro; com a vinheta (escurecimento das bordas) acentuada em f/1.8, melhorando em f/2.8; as aberrações cromática são bem resolvidas, dignas de uma fórmula duplo-Gauss; com impacto negativo somente nas cores, sem vida “direto da câmera”, e a ocorrência de reflexos internos, que pode tirar todo o contraste da cena. Mas no geral são fotos que funcionam e podem surpreender, se você manter as suas expectativas baixas, coerentes com o preço de US$71.
Na abertura máxima a grande maioria dos arquivos não funciona pixel-a-pixel, e a aparência de “lente barata” domina o quadro, em detalhes ofuscados e pontos de luz distorcidos. É um problema para quem vê o arquivo de longe, com fontes de luz “explodindo” em bolhas coloridas e com má definição, com desfoque duvidoso, de linhas firmes e repetitivas; e um problema também para quem vir o arquivo de perto, com falta de detalhes no quadro todo. A vinheta acentuada também pode ser um problema para registros sob pouca luz, uma vez que escurece ainda mais o quadro, apesar de poder ser usado criativamente a favor de tons mais saturados; ou para dirigir a atenção do espectador, para um único sujeito, no centro do quadro. Portanto não dá para esperar milagres de apenas US$70 em f/1.8, e tenha em mente que suas fotos estarão em risco; somente uma fórmula com vidros melhores entregará melhores resultados, e ela custará mais caro.
Fechar a abertura melhora significativamente a qualidade de imagem da Yongnuo 50mm Mark II, e logo em f/2.8, a óptica do novo modelo chinês impressiona; é melhor que a versão anterior, apesar de ainda atrás da Canon em termos de cores e contraste. Na visualização no computador, nós podemos ver grandes saltos em detalhes, micro-contraste, nitidez e flexibilidade dos arquivos, dignos de uma objetiva prime e, como melhor recomendação, muito, muito superiores a qualquer objetiva zoom. Fica fácil apreciarmos a resolução das câmeras full-frame atuais de 24MP até 65MP e, repito, impressiona vindo de uma objetiva tão acessível. A resolução segue altíssima até o f/11, onde começamos a perder nitidez aqui no review com a EOS 6D, dada a difração deste sensor. Mas nestas fotos feitas na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, a vantagem das fotos feitas na DSLR são óbvias, mesmo na objetiva acessível. Tenho estes mesmos arquivos clicados com um iPhone 8 Plus em modo raw .DNG (app Lightroom) que, apesar de impressionar pela qualidade, não se comparam ao sensorzão de uma DSLR, mesmo com esta objetiva de baixo custo.
Outras aberrações são bem controladas, notavelmente as cromáticas laterais, inexistentes nesta fórmula duplo-Gauss, e até as de eixo são discretas. Também impressiona a geometria do quadro, quase perfeito sob distâncias típicas de trabalho, além dos 2m de distância, bacanas para usarmos linhas arquitetônicas para dirigir a atenção ao sujeito do quadro, em fotos de rua com grafites, paisagens, produtos e retratos. O único problema são os reflexos internos, grosseiros em qualquer situação onde houver luz-lateral incidente na câmera, que “mata” qualquer chance de contraste e adiciona bolhas roxas que tiram a atenção do sujeito que, se por um lado podem ser usadas como efeito criativo, especialmente durante a gravação de vídeos, por outro são o exemplo mais descarados das dificuldades em produzir uma objetiva tão barata; não há tratamento adequado ao vidro das lentes, e elas refletem entre si, causando distorções.
Por fim o tratamento inadequado nas lentes também impacta nas cores e na aparência geral das imagens, que também não tem dos desfoques mais suaves que já vimos. As cores são esperadas, embora vá de gosto: aqui são opacas e “puxadas” para o verde, exigindo compensações grosseiras no pós-processamento para extrairmos resultados agradáveis no dia-a-dia; funcionam se você for adepto aos perfis/looks/filtros do Lightroom, mas não funcionam se você trabalha com precisão no estúdio. Porém a qualidade de desfoque é curiosa vindo de uma prime, muito mais natural que qualquer smartphone, porém sem a suavidade que conseguimos ver em lentes mais caras; talvez um motivo de alerta para amadores mais sérios, que esperam este look de uma objetiva de grande abertura. O bokeh é pouco suave, com linhas repetitivas e confusas, e raramente “isola” de fato o sujeito. Portanto tome cuidado com as suas composições, para eliminar/esconder fisicamente as distrações do segundo plano. Não estamos falando de uma prime tão longa, e mesmo no f/1.8 a profundidade de campo não é curta o suficiente, com o segundo plano ainda em evidência.
Por US$70 a Yongnuo 50mm f/1.8 “Mark II” traz novidades ao segmento de baixo custo, numa nova construção mais robusta, nova operação mais suave com motor de foco ligeiramente mais silencioso, e todas as regalias de objetivas mais duradouras, como a baioneta de montagem em metal, e o acabamento justo, apesar do preço. As fotos também funcionam para uma prime de grande abertura, com comportamento típico do diafragma em aumentar/reduzir resolução e vinheta; detalhes de sobra logo em f/2.8; e a aparência em desfoque do segundo plano; os motivos para adicioná-la ao kit, não importa o orçamento. O interessante é que ela cai como uma luva no mercado: pior que a Canon EF 50mm f/1.8 STM, uma vez que não tem o mesmo motor de foco nem a qualidade de imagem; mas é melhor sim que a Yongnuo 50mm f/1.8 original e a Canon f/1.8 II. E como o preço é compatível entre estas três opções, a Yongnuo serve como um meio termo: nem tão ruim, nem tão boa. Para quem não pode comprar a Canon STM, sem dúvidas esta é a melhor “cinquentinha” f/1.8 atual. Fará um bom trabalho junto da sua criatividade, e boas fotos!