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Agosto/2014 – A Sigma 24-105mm f/4 DG OS HSM é a primeira zoom full frame standard “A” da nova restruturação do fabricante, pós “Global Vision”. Separadas em três linhas, as “Art” (performance otimizada para expressão artística, cores e bokeh), “Contemporary” (para câmeras modernas, compactas, de fácil operação) e “Sports” (o máximo em alcance e velocidade de foco automático) tem se provado no mercado como grandes candidatas aos primeiros lugares em desempenho óptico e custo/benefício. Uma alternativa as Canon L que demoram para atualizar. (english)
Uma especificação idêntica a popular EF 24-105mm f/4L IS USM, a Sigma 24-105mm f/4 DG OS HSM é voltada para o dia-a-dia. Se você precisa ter só uma lente consigo, esta é mais uma opção que vai do grande angular até o médio telephoto, com estabilizador e abertura constante. Ela chegou no vlog do zack meramente para testes e desta vez com mount Nikon F [é fabricada para Canon, Sigma e Sony (sem estabilizador)]. A Canon 24-105mm é minha lente favorita e não tenho qualquer motivo para substituí-la. Mas será que a Sigma alcança o mesmo valor? Vamos descobrir.
Em 885g a 24-105mm f/4 DG OS HSM é consideravelmente mais pesada que a EF 24-105mm f/4L IS USM, de 670g. Isto porque a Sigma não deixou de lado materiais nobres (metais) enquanto a Canon é praticamente toda de plástico. O projeto óptico também é diferente, com um elemento a mais (19 ele./14 gru. na Sigma contra 18 ele./13 gru. na Canon). Tudo é maior na DG e ela parece muito robusta nas mãos, equilibrando bem nos corpos full frame grandes como a Nikon D800E. É semelhante as outras lentes Sigma com mount de latão, partes de metal na base, e plásticos de alta qualidade, emborrachados do lado de fora. O design é sóbrio, sem anéis coloridos de enfeite.
A operação é simples com um anel de zoom, um de foco, e os botões para ligar/desligar o estabilizador, além do motor HSM. O zoom expande um tubo interno em dois estágios semelhante a AF-S 24-120mm f/4G ED VR, que é bem construído e não parece balançar durante o uso. A Canon EF 24-105mm f/4L IS USM tem um estágio só e aparenta ser mais confiável, na minha opinião. Os movimentos são suaves em todas estas lentes citadas mas a Sigma é notavelmente superior. O anel dos 24-105mm é mais largo e com borracha muito mais profunda que a Canon ou Nikon.
Já o anel de foco manual é risível com cerca de 6mm de espessura. É difícil de encontrá-lo e movimentá-lo porque é o oposto do zoom: fino demais, borracha lisa demais, e duro demais. Só está ali para constar porque o destaque do foco neste modelo fica mesmo para o motor HSM, silencioso, rápido e preciso. Ele é mais quieto que o Canon USM e o Nikon SWM, e tão preciso quanto; praticamente nenhuma foto do teste ficou fora de foco com a D800E. E o engate é mecânico além de suportar o full time manual: a qualquer momento em “AF” você pode compensar o foco no anel, que não tem qualquer joguinho solto para os lados.
O destaque fica com o estabilizador (OS) da Sigma que diz ser de até quatro stops. Estamos em 2014 e na minha opinião esta função deveria vir em TODAS as lentes, sem alardes de marketing ou preço mais alto. Funciona bem e é muito mais discreto que Canon ou Nikon. Diz a lenda que ele fica ligado o tempo inteiro enquanto nas objetivas EF e AF-S ele só acionado com o botão da câmera ativado; por isto não percebemos se está funcionando. É super quieto e indispensável para o dia a dia, em vídeos e para as fotos. Ele deve ser desligado quando a câmera está no tripé.
Na frente os filtros são de absurdos ø82mm e se preparem para investir em mais vidros. Eu não tenho nenhum tão grande no kit e é um dos motivos de não fazer questão da 24-105mm Sigma na minha mochila. O fabricante justificou o elemento frontal enorme por questões de vinheta reduzida, o que é verdade. Infelizmente a Sigma 24-105mm f/4 DG OS HSM não tem weather sealing e isto contribui para o preço menor (Canon e Nikon tem as vedações). Mas não deixa de ser uma excelente adição no kit de qualquer fotógrafo que simplesmente quer sair para clicar, sem se preocupar com recursos, operações e preço. É só montar na câmera e fotografar.
Eu não sou fã de testar lentes semelhantes porque a internet está cheia de gente preocupada com detalhes ridículos, que não fazem qualquer diferença na vida real. Evidente, nem preciso começar a falar que já sabem que a Sigma é superior opticamente a Canon: o projeto é mais novo, a fabricação é diferente, a marca é outra… Mas por uma margem muito pequena. E a Nikkor 24-120mm é superior a Sigma, ponto final. Então esta parte serve mais de “auto-afirmação” para futuros compradores do que um parâmetro para qualidade da lente. A Sigma 24-105mm f/4 DG OS HSM é excelente, assim como Canon EF 24-105mm f/4L IS USM e Nikon AF-S 24-120mm f/4G ED VR.
Mesmo em f/4 o desempenho é típico das zoom 24-“algumacoisa”. É absolutamente impecável no centro do quadro ultrapassando até o sensor de 36MP da D800E, gerando moiré em linhas repetitivas como grades, janelas e tecidos. É uma lente fácil de trabalhar porque não precisamos ficar lembrando de fechá-la para conseguir contraste ou aumento de nitidez, que é fantástico em qualquer ajuste. Só nas bordas que o desempenho cai e vale a pena lembrar de colocar o sujeito no centro se a resolução for indispensável, evidente em impressões de grande formato como A2.
Fechando para f/8 as bordas melhoram um pouco e a profundidade de campo também aumenta, própria para cenas urbanas tridimensionais quando queremos tudo em foco. É um prazer de fotografar na rua durante o dia porque os arquivos saem com os mínimos detalhes, desde placas na distância até o rosto das pessoas. Estamos realmente numa época em que o nível técnico destes equipamentos ultrapassa qualquer necessidade do fotógrafo, e as fotos só serão ruins por culpa de quem está atrás da câmera. Entre prime e zoom, não há diferença de resolução no f/8.
A diferença de 24mm para 105mm em resolução é bem menos notável do que alguns sites (aqueles que “fotografam” gráficos) dizem por aí. Tenho uma foto em 105mm do Empire State Building a partir da rua em que claramente podemos ver as pessoas no topo do prédio com a ampliação 100% dos 36MP da Nikon. Ou seja, não importa o ajuste do zoom, o projeto como um todo é bem acertado, ótimo para carregar uma objetiva só e passear. Missão cumprida da Sigma Art.
CA lateral é alto em zonas de contraste nas bordas e super colorido com contornos rosas e verdes. Está no mesmo nível da Canon e mais alto que a Nikon AF-S. E distorções geométricas são acentuadas como em outras zoom além da proporção 3x (105/24=4.3x) e do tipo bolha no grande angular e ponto no telephoto. É muito fácil de vê-la nas fotos dos dois extremos e exige correção via software antes de dar saída nos arquivos. É um problema de toda lente deste tipo, infelizmente.
O bokeh é uma promessa da linha “Art” da Global Vision e difícil de ser bem feito numa zoom. Como vimos na 18-35mm f/1.8 DC “A” HSM, ele pode ser péssimo e não tem nada de “artístico”; deixe isto para as primes. Mas nesta zoom eles cumpriram a promessa com suavidade e blend de cores excelente. Em fotos no foco mínimo (45cm), f/4 e 105mm, é possível distorcer o segundo plano num borrão colorido, próprio para composições com foco no sujeito. As cores são naturais e difíceis de julgar na D800E. Vocês sabem que eu sou um fotógrafo da Canon e um pouco viciado com a ciência de cores deles. Não chega a ser ruim mas também não chamou a minha atenção.
Enfim mais uma Global Vision da Sigma que empolga pelas especificações e preço, rivalizando bem com as opções mais populares do mercado. Sem dúvida vale como alternativa as marcas principais se você puder viver sem o weather sealing e os filtros maiores. Quem está montando um kit Sigma, coloque a 24-105mm f/4 na lista de compras ao lado da 35mm f/1.4 e 50mm f/1.4. Com certeza não ficará decepcionado e poupará alguns tostões no lugar das first party. Boas fotos!