Canon EOS 7D Mark II

Altíssima velocidade para orçamentos apertados


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 120MB).

Tempo estimado de leitura: 20 minutos e meio.

Março/2016 – A EOS 7D Mark II é a segunda geração do topo da linha Canon para o formato APS-C. Com uma área menor, estes sensores geralmente são mais baratos de fabricar e empregados em câmeras de baixo custo, com recursos voltados ao mercado consumidor como corpos leves de plástico, telas que “giram”, especificações medianas de foco automático e qualidade de imagem inferiores ao formatão 135 full frame. Mas a Canon acredita que há espaço para ele no mercado profissional, com a mesma performance esperada das 1D: nasce então a linha EOS 7D.

Canon EOS 7D Mark II

Uma verdadeira câmera para fotografar ação, este modelo lançado em 2014 mostra também a proposta da Canon para o mercado high-end. Além da velocidade de disparo de 10 quadros por segundo; sistema de foco phase com 65 pontos, t-o-d-o-s cross-type e central sensível até -3EV e f/8; construção robusta de magnésio e weather sealing total; os controles foram igualados a 5D Mark III, permitindo que fotógrafos acostumados com o full frame trabalhem sem grandes problemas com o corpo APS-C. Ou seja, se você não pode subir numa 1D-X, tem as opções: 5DIII para o full frame, e as vantagens ópticas do formato maior; ou 7D Mark II, para velocidade.

Canon EOS 7D Mark II

Enfim um modelo que demorou a chegar no vlog do zack porque eu 1) não fotografo ação e 2) não confio na qualidade de imagem do APS-C. Então a 7D Mark II vem para eu experimentar uma câmera rápida dessas, trabalhar com um sistema de foco automático tão complexo, e ver o que a Canon tem feito com os novos chips Dual Pixel, que nasceram lá na 70D. Vindo de dois anos com a EOS 6D, voltar a ergonomia “grande” das EOS foi um prazer e com certeza me desfarei desta câmera a favor de uma 5D. Mas já aviso que o APS-C continua atrás em qualidade de imagem e a 7DII não ficará no meu kit. Mas será que vale a pena pra você? Vamos descobrir! Boa leitura.

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EOS 7D Mark II

Em 14.8 x 11.2 x 7.8cm de 910g de magnésio, alumínio, aço-inox e plást… Estes números não dizem nada até você pegar a EOS 7D Mark II nas mãos e ver como ela é uma câmera grande, pesadona, com acabamento perfeito, totalmente diferente das outras APS-C que a Canon tem na linha. A 7DII é de fato uma câmera construída para profissionais, e está do mesmo tamanho da 7D clássica e das 5DIII e S; ou seja, um tijolão de magnésio robusto, genuinamente uma SLR que grita “trabalho”. Então este review é dedicado aos profissionais, que trabalham com o equipamento.

Canon EOS 7D Mark II

Nas minhas mãos grandes a ergonomia é perfeita com o grip inteirinho em contato com a palma da mão direta. O layout é da linha profissional com o disco traseiro para o dedão e o mini direcional de 9 pontos, idêntico as 5D e 1D, e diferente das 6D, #0D e Rebel. A maior mudança sobre estas câmeras menores é o mini direcional usado para navegar os menus e pontos de foco, enquanto nas outras nós fazemos isto por botões. Quem estiver acostumado com os corpos maiores se sentirá em casa, e essa é a ideia: uma operação fluída em todo topo da linha EOS, dos APS-C da 7D, ao full frame da 5D. A 7DII é “tirar da caixa e usar”, e funciona para quem tem EOS.

Canon EOS 7D Mark II

O corpo grande da EOS 7D Mark II: todos os dedos bem apoiados e confortáveis.

Canon EOS 7D Mark II

Shoulder buttons (esquerda) perdem a função de ampliação no playback; disparador na frente tem um M-Fn.

Canon EOS 7D Mark II

Layout traseiro: controles profissionais do lado direito, com o mini direcional; e botões de playback do lado esquerdo.

Canon EOS 7D Mark II

Com T6i, 6D e 7D Mark II: a 6D perde o mini direcional, que vai para dentro da roda traseira; e a T6i perde a roda traseira totalmente.

A única novidade é uma alavanca ao redor do mini direcional, usada com o dedão para selecionar funções. Você “puxa” a alavanca para a direita, rente ao corpo, “pulando” as opções “para frente”, o que pode gerar um pouquinho de confusão da forma como vem programado. Como ele não é nem um botão e nem um dial, a Canon ficou em cima do muro sobre como a operação deve ser feita. Para circular entre as opções de seleção de foco automático, você deve antes apertar o botão de foco no canto da câmera; para só depois usar a alavanca. É pouco intuitivo porque eu sempre vou direto na alavanca, sem apertar o botão, como se fosse o dial de compensação da exposição, e não faz nada. Porém quando está programado para outra função (veja abaixo), funciona sozinho. Ou seja, é dial ou é botão? Ainda precisa ser aperfeiçoado, mas é bem-vindo na linha EOS.

Canon EOS 7D Mark II

Novo AF Area Lever (alavanca): controle exclusivo da 7DII, por enquanto.

Canon EOS 7D Mark II

Além da programação AF de fábrica, você pode controlar outras funções com ela.

De resto tudo continua onde estava na 7D antiga, com um leve update na resposta tátil dos botões e algumas ideias emprestadas da 5D Mark III. Na frente o botão de prévia da profundidade de campo está grandão, mais fácil de apertar como na 5DIII. Ele é programável para 12 funções diferentes, mas infelizmente continua sozinho; só a 1D-X tem vários botões na frente. O “Silent Control” dentro do dial traseiro também foi emprestado da 5DIII, e nele você pode mudar os parâmetros da exposição durante a gravação dos videos, sem fazer barulho. Infelizmente não funciona como o direcional “navegador” de menus da 6D. Então eu que venho deste corpo menor, vivo “apertando” o Silent Control, que não faz nada fora do modo vídeo. Uma pena.

Canon EOS 7D Mark II

Botão de previsão da profundidade de campo: grande e confortável como na 5D Mark III.

Canon EOS 7D Mark II

M-Fn: único botão do tipo click do corpo, os outros são com resposta tátil emborrachada.

Canon EOS 7D Mark II

Dentro do dial traseiro há um painel sensível ao toque, para controle silencioso durante a gravação de vídeos.

E todos os botões tem o afundo emborrachado e quieto quando você aperta, como na 6D; exceto o M-Fn na frente que é do tipo click. Todos recebem vedação contra água e poeira, e a marca declara o quadruplo de proteção aos elementos (weather sealing) em comparação a 7D; comprovado por outro site que já abriu a câmera. Não amolarei vocês sobre conexões, portas e outros acessórios, que funcionam como qualquer EOS. No geral este é o corpo mais gostoso que já usei na Canon, e provavelmente o mais resistente. Por causa dele eu quero voltar a classe 5D, com corpão grande, controles profissionais, e o acabamento topo de linha que a 6D não tem.

Canon EOS 7D Mark II

Slot duplo de cartão de memória: um Compact Flash e outro SD.

Canon EOS 7D Mark II

Bump da antena do GPS: novidade na linha 7D.

Canon EOS 7D Mark II

Note a vedação ao redor da porta: 4x mais proteções contra água e poeira.

Canon EOS 7D Mark II

Flash embutido tem guia 11 e pode controles unidades EX a distância.

Canon EOS 7D Mark II

Todas as conexões ficam do lado esquerdo e são protegidas por uma borracha.

A única ausência notável é falta de tela touch, que facilitaria o trabalho na gravação de vídeos (que a Canon diz tanto prestar atenção) e na operação dos menus. E não seria difícil de implementá-la; qualquer smartphone tem e, vejam só, até a 1D-X Mark II ganhou uma. É uma falha porque o sistema de menus é extenso, e só quando você estiver lá no Custom Function 3 e precisar voltar para o AF que você sentirá como as 14 (!) dedadas no mini-direcional atrasam o trabalho. E durante a gravação de vídeos, não poder tocar na tela para mudar o ponto de foco é imperdoável nesta altura do campeonato. Enfim, não é um deal breaker para quem usar a 7DII como uma DSLR típica. Mas por US$1499, era obrigação um LCD touch. Quem sabe numa próxima 7D Mark III.

O BOM - VELOCIDADE

“Raposa” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1000 ISO100 @ 200mm; 10fps.

“Raposa Comendo” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1000 ISO100 @ 200mm; 10fps.

Com um par de processadores DIGIC6 e obturador reforçado para pelo menos 200.000 clicks, a EOS 7D Mark II é a segunda câmera mais rápida dentro da linha EOS atual com até 10 quadros por segundo em resolução máxima; apenas dois a menos que a 1D-X, e a mais rápida que já vimos por aqui. Valores que há pouco eram reservados ao mercado profissional, embora soem mundanos hoje (a Sony A6300 faz 11fps), não deixam de impressionar. A 7D Mark II é uma câmera rápida, fato, e isso fez diferença na hora de eu conseguir (ou não) as fotos que queria. A diferença entre as opções de pose, situação e até enquadramento é gritante entre a minha 6D (4fps) e a 7DII, e uma vantagem enorme para a câmera APS-C. Se dependesse de mim todas as EOS seriam assim, e vale a pena investir na velocidade: as fotos são essencialmente diferentes a 10 quadros por segundo.

Canon EOS 7D Mark II

Uma SLR com 10fps: antes reservada ao mercado profissional, agora ao alcance de todos.

Porém tal velocidade vem com limitações de hardware e a câmera de US$1499 não esconde porque está na linha intermediária; e não no topo. A primeira e mais prática é a exigência de cartões de memória rápidos, usados para não entupir o fluxo da 7DII, que congela rapidinho a 10fps; especialmente com cartões SD. Ela aceita até a especificação UDMA 7 nos Compact Flash (167MB/s), e UH3 nos SD (104MB/s); rápidos o suficiente para trabalhar sem engasgos com o formato JPEG. Mas para fotografar em raw a coisa muda, e eu recomendo os CF se a ideia for usar os 10fps. Mesmo com um CF 400x de seis anos atrás, não tive qualquer problema mesmo com o buffer cheio, que esvaziava rápido para fotos novas. Mas com um SD UH1 eu tive de esperar longos cinco segundos para voltar a fotografar com o buffer cheio, o que é ruim.

Canon EOS 7D Mark II

Fluxo entre cartões pode ser ajustado; prefira usar só o Compact Flash e UDMA 7 para maior velocidade.

E a segunda limitação é no tamanho deste buffer, que armazena somente 21 arquivos raw (31 com cartões UDMA7), para sequências de cerca de 2 segundos a 10fps; curtos comparado ao que outras câmeras oferecem hoje (estou falando com você, Nikon D500 – 71 14-bit uncompressed raw), ou até mesmo a 7D clássica de 2010 (com buffer para 25 raw). Então o mínimo de técnica e antecipação são exigidos, e não vale sair “apertando botão” até a câmera travar. Em modo JPEG você não terá grandes problemas, o que é impressionante considerando a resolução e o volume de dados que os dois DIGIC6 processam. Mas em raw estamos limitados a poucas fotos. Cuidado.

O ÓTIMO - 65-POINT PHASE AF

Canon EOS 7D Mark II

Outro destaque é o módulo de foco phase com 65 pontos; o maior número na história das EOS, e exclusivo a EOS 7D Mark II. Além da cobertura de quase 80% do quadro no eixo horizontal, todos estes pontos são do tipo cross-type (com sensibilidade em dois eixos), enquanto na 1D-X e 5DIII são apenas 41 cross-type; com menos chances de focar se o seu sujeito for chapadão. O ponto central também é sensível até -3EV (como na EOS 6D), e funciona com objetivas até a abertura f/8 (ex. EF 70-200mm f/4L + EF Extender 2X). É um módulo incrivelmente complexo mas que a Canon dedicou um bom tempo para você operá-lo da maneira fácil e rápida, e na verdade ele não é nem mais preciso nem melhor que outras EOS; ele é apenas mais flexível, como veremos a seguir.

Canon EOS 7D Mark II

Todos os pontos de foco selecionáveis da 7D Mark II: 65 cross-type!

São incríveis sete modos de seleção, entre eles: 1) single-point spot AF, para usar uma área sensível minúscula de cada ponto, útil para fotografar por exemplo o sujeito atrás de grades e redes; 2) single-point AF, para usar uma área ainda pequena, como os olhos do sujeito; 3) AF-point expansion, que usa os pontos adjacentes (em cima, embaixo, direita, esquerda) para assistência, quando o sujeito em si for pequeno, por exemplo flores; 4) AF-point expansion (surrounding points), que usa todos os pontos ao redor, útil para acompanhar sujeitos maiores em modo contínuo; 5) Zone AF, que usa até 15 pontos juntos para sujeitos grandes, porém com a flexibilidade de movimentar a zona para vários lugares; 6) Larger Zone AF, que divide o módulo inteiro em três partes (esquerda, centro, direita), para objetos enormes como carros de corrida; 7) e 65-point auto selection AF, que a câmera seleciona sozinha um ou mais pontos.

Canon EOS 7D Mark II

As sete opções de seleção dos pontos: de uma área pequena a um grupo de 20 pontos.

Além disso, todo o algoritmo lógico da focagem contínua pode ser programado, como nas 1D-X e 5D Mark III. São três ajustes: “tracking sensitivity”, que indica o tempo que a câmera levará para mudar de sujeito se um obstáculo aparecer na frente dele, como vários corredores embaralhados numa maratona; “Accel./decel tracking”, que indica a frequência que a câmera mudará a velocidade de previsão de distância de foco, com “0” para sujeitos constantes como carros na pista; e 1 e 2 para sujeitos que aceleram/desaceleram ou param, como jogadores de futebol; e por último “AF pt auto switching”, com opções 1 e 2 para mudança mais rápida de pontos de foco quando a câmera estiver trocando sozinha os pontos (Auto AI SERVO). E ainda seis casos de esportes são sugeridos, para facilitar a vida dos fotógrafos que não queiram fuçar tanto no módulo.

Canon EOS 7D Mark II

Três ajustes do algoritmo do AI SERVO: selecionáveis, programáveis, flexíveis.

Mas a parte brilhante é que você não é obrigado a usar os 65 pontos; nem os sete modos de seleção; e nem precisa fuçar no algoritmo. Quer reduzir as opções de pontos para apenas 21 ou 9, a fim de acelerar a troca? Isto é possível nos menus. Não precisa dos sete modos o tempo todo? Desligue os que não fazem sentido para você. A própria Canon recomenda adaptar as opções do AF ao tipo de trabalho que você faz, sendo este módulo na verdade mais “flexível” do que complicado, e francamente nem mais rápido ou preciso que as outras EOS. Você tem mais opções, o que é bom para experimentar vários tipos de trabalho. Mas não precisa necessariamente depender deles, que podem encher o saco quando você quer uma câmera mais fácil de usar.

O QUESTIONÁVEL - EOS iTR AF

Canon EOS 7D Mark II

Outro avanço na 7DII e que está se tornando padrão nas EOS, é o sensor RGB + infra vermelho de “alta densidade” (150.000 pontos), usado tanto como fotômetro, para exposições consistentes, quanto na seleção automática dos pontos de foco no AI SERVO; como um 3D Tracking da Nikon. Basicamente uma filmadora inteligente embutida na sua DSLR, este sensor detecta as cores e a “resposta” infravermelha do que está na frente da câmera, para “assumir” qual cena está acontecendo e assistir o módulo de foco e a exposição; tudo numa fração de segundo.

Canon EOS 7D Mark II

Canon EOS intelligent Tracking Auto Focus: função que está se tornando padrão nas EOS.

Como fotômetro, o sensor de 150.000 pontos é dividido em 252 zonas e faz um ótimo trabalho com cenas complicadas. Por exemplo paisagens que tem o céu super claro e árvores que absorvem luz, ele consegue o equilíbrio perfeito entre os dois; sem estourar o céu por causa da mata escura. E com pouca luz, a câmera tende a não super expôr sombras, para manter o quadro mais escuro mesmo; como a cena estava na frente das lentes. Isso evita tantos inputs manuais na compensação da exposição, e deixa o fotógrafo livre para controlar outros ajustes.

“Véu” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/7.1 1/500 ISO100 @ 32mm; exposição perfeita mesmo com a mata que absorve luz.

“Véu” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/7.1 1/500 ISO100 @ 32mm; exposição perfeita mesmo com a mata que absorve luz.

"Dusk II" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/15 ISO400 @ 200mm; -1EV foi o suficiente pra câmera entender a exposição com pouca luz.

“Dusk II” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/15 ISO400 @ 200mm; -1EV foi o suficiente pra câmera entender a exposição com pouca luz.

Já na função de assistir o módulo de foco para selecionar automaticamente os pontos em AI SERVO, a EOS 7D Mark II continua ruim. Ela até se sai bem dando preferência a rostos para retratos; coisa que uma EOS 6D ou 5D Mark III nem fazem ideia de como fazer. Mas ela ainda não chega aos pés de um Nikon 3D Tracking para seguir um ponto só, que é notavelmente mais preciso e “seguro” nas câmeras da concorrente. O iTR AF na 7DII pula bastante de sujeito em sujeito mesmo com a opção “AF pt auto switching” em +2 (“Locked on”), e não passa confiança. Notem que isso nada tem a ver com a performance do AI SERVO, que prevê a distância: se usado com seleção manual de pontos ou grupos, as sequências continuam perfeitas. Mas para trocar os pontos sozinhos (Auto AI SERVO), por enquanto eu não recomendo usar o iTR AF no viewfinder. É errático e pouco confiável.

O INTERESSANTE - AF DUAL PIXEL

Canon EOS Dual Pixel

Ainda falando sobre foco automático, a EOS 7D Mark II também trás outro “pela primeira vez” no vlog do zack, com o sistema Dual Pixel. Uma tecnologia extremamente sofisticada e ainda pouco explorada, ela parte do chip de imagem (o que faz as fotos) com dois foto sensores por ponto (daí o nome “Dual Pixel”), para medir a intensidade de luz em dois pontos opostos da objetiva, e medir a distância que cada ponto está da câmera; exatamente como num sistema phase. Com 20 milhões de pixels e 40 milhões de foto-diodos, 80% deles capazes de medir essa distância, a Canon essencialmente tem um sensor phase com 16 milhões de pontos. Sensacional!

Canon EOS 7D Mark II

Na hora de fotografar, o foco automático durante o Live View pode ter a mesma velocidade do foco phase com o viewfinder, uma vez que a câmera vai direto ao ponto, sem vai e volta. Digo “pode ter” porque a câmera seleciona automaticamente entre o Dual Pixel e foco por contraste padrão, dependendo da situação de luz, objetiva e se você estiver com o ampliação ligada na tela (focus zoom). Geralmente é super rápido em situações mundanas, mas a velocidade cai por exemplo em fotografia macro. Funciona bem e, de novo, gostaria que todas câmeras fossem assim. É um mundo de diferença sobre qualquer sistema que já usei até hoje, e exclusividade da Canon.

Canon EOS 7D Mark II

Focagem durante o Live View com Dual Pixel: direto ao ponto e numa fração de segundo.

Porém Canon sendo Canon, a 7DII tem lá suas limitações. A mais burra delas é a falta de AI SERVO durante o Live View, impossibilitando fotografar ação com o espelho levantado e o Dual Pixel! A câmera até oferece opções de tracking e um “Continuous AF”. Mas eles funcionam antes do click, e ela não continua acompanhando o sujeito foto após foto. O tracking durante o Live View é MUITO mais confiável que o iTR AF; mas não faz AI SERVO. Ou seja, não serve pra nada!

Sem AI SERVO no Live View, a 7D Mark II não muda o ponto de foco de foto a foto.

Sem AI SERVO no Live View, a 7D Mark II não muda o ponto de foco de foto a foto; só a primeira sai em foco.

Já na função video a Canon aproveitou o Dual Pixel para aprimorar o foco automático contínuo; este sim como “Movie Servo AF” com controles inclusive sofisticados sobre velocidade e tracking. Com objetivas de grande abertura e estabilizadas, é possível efeitos de focus pull profissionais, porém totalmente automatizados. As transições são super suaves de um ponto a outro, e um diferencial se você filma produtos com curta profundidade de campo. Praticamente todas as objetivas USM e STM são compatíveis, e outro diferencial a linha EOS. Até as filmadoras profissionais da linha Cinema receberam o Dual Pixel, e, de novo, gostaria todas EOS assim.

Canon EOS 7D Mark II

Movie Servo AF speed: ajuste exclusivo das câmeras com Dual Pixel.

MAS, de novo, evidente que o Dual Pixel no modo vídeo não veio sem limitações. Por exemplo a 7D sem tela touch fica presa a um quadradinho no meio do frame, e depende do botão para mudar o foco de durante a gravação. Você até pode se virar com o mini direcional pra cima e pra baixo com o REC ligado, o que é bem menos prático que tocar na tela como as 70D/80D/1D-XII. E outra “curiosidade”: o Movie Servo AF desaparece do menu quando a câmera está em modo 1080P60. Funciona só até 1080P30, e o efeito é lindo. Mas para os 60fps, não faz. Tosco.

Canon EOS 7D Mark II

Note o Movie Servo AF em cinza escuro quando a gravação está em FHD 59.94P.

DESTAQUES – SILENT MODE

Canon EOS 7D Mark II

E um último detalhe que eu tenho apreciado nos modelos mais recentes da Canon é a atenção que eles tem dado aos módulos de obturador e espelho. Já que não oferecem uma mirrorless bacana, pelo menos estão fazendo o melhor sistema de espelho que uma câmera pode ter. A 7D Mark II vem com um obturador taxado em pelo menos 200.000 clicks; parte da exigência para atingir os 10 quadros por segundo, e também para prolongar a vida útil do equipamento. Lembrando: este não é um valor absoluto e a sua câmera poderá deixar de funcionar antes ou depois disso. Mas eles colocaram rolamentos maiores nos braços das cortinas do obturador, mais resistentes.

Canon EOS 7D Mark II

E a atenção foi dada também ao mecanismo do espelho, semelhante a 1D-X, que agora na 7DII é operado por um motor e contras pesos, diferente dos sistemas antigos que liberam molas. Porém o bacana mesmo é o modo Silent realmente eficaz, que uma vez ligado, lentamente sobe e desce o espelho fazendo bem menos barulho, além de não vibrar e evitar que as fotos saiam tremidas. Para quem trabalha com newborn, que não pode assustar com a câmera; eventos com discurso; ou fotografia de teatro, a 7DII é a primeira câmera SLR que eu realmente recomendo e um dos meus recursos favoritos do modelo.

QUALIDADE DE IMAGEM

"Camadas" com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/250 ISO100 @ 200mm.

“Camadas” com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/250 ISO100 @ 200mm.

Enfim na alma da EOS 7D Mark II está a “primeira geração e meia” do imager de APS-C de 20MP com Dual Pixel da 70D, que recebeu uma leve modificação nas microlentes para absorver um pouquinho mais de luz, um diferencial entre estes modelos. Os arquivos saem com 5472×3648, aumento praticamente invisível sobre os 5184×3456 da 7D clássica de 18MP e inferior até a T6i de 24MP (6000×4000); e o ISO nativo está entre 100 e 16000, com expansão até 51200 (era ISO100-6400 com expansão a 12.800 na 7D clássica; e só vai até 25.600 na 70D). Grosso modo a Canon não trás nada de novo no segmento, tipicamente EOS, e chegamos ao meu principal problema com esta câmera: qualidade de imagem, especialmente em ISOs não tão altos, além do 400.

"Camadas II" com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/400 ISO100 @ 70mm.

“Camadas II” com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/400 ISO100 @ 70mm.

Nos ISOs básicos 100 até 400, a performance é a esperada de um sensor CMOS. Os arquivos são nítidos e com excelente definição, próprio para fotografar detalhes e trabalhar com os arquivos grandes, que sairão para impressão. O limite da difração é baixo em f/7.1, com o f/5.6 o ideal para evitar distorções na imagem; qualquer coisa além do f/8 já perderá definição. O “look” suave da Canon com ruídos bem espalhados mesmo em ISO100 está presente, e as cores também são impecáveis. Em conjunto com objetivas de alta performance da série L, dá pra viver com uma 7D em ISOs baixos, praticamente com a mesma utilidade e flexibilidade de uma 5D/6D.

“Raposa II” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1000 ISO100 @ 200mm.

“Raposa II” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1000 ISO100 @ 200mm.

Crop 100%, ISO100, o seu valor para sujeitos detalhados como animais silvestres.

Crop 100%, ISO100, o seu valor para sujeitos detalhados como animais silvestres.

“Raposa” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/4 1/200 ISO100 @ 105mm.

“Quati” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/4 1/200 ISO100 @ 105mm.

Crop 100%, todos os pêlos e nada de ruídos em ISO100.

Crop 100%, todos os pêlos e nada de ruídos em ISO100.

“Serra do Rio do Rastro” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/7.1 1/100 ISO100 @ 24mm.

“Serra do Rio do Rastro” com a EF 24-105mm f/4L IS USM em f/7.1 1/100 ISO100 @ 24mm.

“SP II” com a Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 em f/8 1/400 ISO100 @ 8mm.

“SP II” com a Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 em f/8 1/400 ISO100 @ 8mm.

Crop 100%, abertura f/8 já tira parte da nitidez por causa da difração.

Crop 100%, abertura f/8 já tira parte da nitidez por causa da difração.

Quando você começa a fuçar nos arquivos raw, o que mais avançou foi o banding. Ele está praticamente invisível quando puxamos os sliders de sombras e exposição nos softwares da Adobe, performance melhor até que as full frame 5D Mark III e 6D, com imagers datados lá de 2012; e um salto enorme em relação ao APS-C de 18MP anterior, vergonhosamente empregado até hoje na recém anunciada T6. O ruído colorido da Canon continua aparecendo: “suba” demais o arquivo e ele não se compara a um Exmor da Sony. Mas dá pra trabalhar bem entre +1 ou +2EV, e se você precisasse mais do que isso a culpa é sua de não ter iluminado a cena direito. Fica a dica.

"Céu" com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/400 ISO100 @ 70mm.

“Céu” com a EF 70-200mm f/2.8L IS II USM em f/6.3 1/400 ISO100 @ 70mm.

Crop 100%, o arquivo puxado leves +0.40 de exposição mostra ruídos discretos, sem banding.

Crop 100%, o arquivo puxado leves +0.40 de exposição mostra ruídos discretos, sem banding.

"Mata de Araucária" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1600 ISO100 @ 200mm.

“Mata de Araucária” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/1600 ISO100 @ 200mm.

Crop 100%, puxando +0.25 na exposição e +90 nas sombras (!), praticamente não vemos banding; ruídos aparecem.

Crop 100%, puxando +0.25 na exposição e +90 nas sombras (!), praticamente não vemos banding; ruídos aparecem.

"Voo" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/2500 ISO100 @ 200mm.

“Voo” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/2500 ISO100 @ 200mm.

Crop 100%, até puxando +100 nas sombras não revela banding; uso deste sensor é flexível.

Crop 100%, até puxando +100 nas sombras não revela banding; uso deste sensor é flexível.

O tal dynamic range, que engloba as sombras e as luzes numa exposição única e o que você consegue “recuperar” dela no raw, continua igual. Você tem flexibilidade razoável para recuperar luzes até - 1EV, e sombras até -4EV (!), que é o mesmo que eu vejo nas full frame 5DII e 6D. Não é comparável ao que a Sony faz com os Exmor: os arquivos da Sony A7II e RX1r, embora full frame, são muito mais tolerantes com até -4EV ou +4EV entre luzes e sombras. O avanço não é grande como eu espero de uma 1D-X Mark II, mas no APS-C é o melhor que a Canon consegue fazer.

"Voo" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/7.1 1/800 ISO100 @ 121mm.

“Sol” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/7.1 1/800 ISO100 @ 121mm.

Crop 100%, limite para recuperar highlights é bem curto; fiquem atentos.

Crop 100%, limite para recuperar highlights é bem curto; fiquem atentos.

"Mata de Araucária II" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/400 ISO100 @ 70mm.

“Mata de Araucária II” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/400 ISO100 @ 70mm.

Crop 100%, já para meio tons a recuperação é razoável, aqui em -1.90 no Adobe Camera Raw.

Crop 100%, já para meio tons a recuperação é razoável, aqui em -1.90 no Adobe Camera Raw.

"Plano" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/7.1 1/125 ISO100 @ 180mm.

“Plano” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/7.1 1/125 ISO100 @ 180mm.

Crop 100%, dá pra fazer milagres com estes arquivos; notem os "halos" ao redor dos sujeitos. :-D

Crop 100%, dá pra fazer milagres com estes arquivos; notem os “halos” ao redor dos sujeitos. :-D

E por fim a performance em ISOs altos continua ruim em relação as full frame; calcanhar de Aquíles do APS-C e principal motivo da 7DII não ficar no meu kit. Até ISO 400 as sombras são limpas em exposições com pouca luz, e o mínimo aceitável para preservar os detalhes. Retratos, produtos e paisagens tem este valor como limite. Mas logo a partir de ISO800 os ruídos são visíveis em crop 100%, e “comem” os detalhes de stop a stop; performance praticamente inaceitável para quem já usou uma full frame. Embora haja uma melhora sobre a geração passada, ela ainda é pequena. Eu que fotografo na rua e não sei qual situação de luz encontrarei, não consigo trabalhar limitado até o ISO400. Então essa performance da 7DII não serve pra mim, simples assim.

“R” em f/4 1/50 ISO800 @ 85mm.

“R” em f/4 1/50 ISO800 @ 85mm.

Crop 100%, ruído já é bastante aparente em arquivos com ISO800 e sub-exposição.

Crop 100%, ruído já é bastante aparente em arquivos com ISO800 e +0.40 no Adobe Lightroom.

“Molheira” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/160 ISO1600 @ 127mm.

Crop 100%, a quantidade de ruídos logo em ISO1600 + 0.70 no ACR assusta.

Crop 100%, a quantidade de ruídos logo em ISO1600 + 0.70 no ACR assusta.

"Olho" com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/250 ISO2500 @ 200mm.

“Olho” com a EF 70-200mm f/4L IS USM em f/4 1/250 ISO2500 @ 200mm.

Crop 100%, ISO2500 +1.30 no Adobe Camera Raw enche de ruídos.

Crop 100%, ISO2500 +1.30 no Adobe Camera Raw enche de ruídos.

Progressão dos ruídos em cada câmera; fotômetro zerado; sem Noise Reduction no Adobe Camera Raw.

Progressão dos ruídos em cada câmera; fotômetro zerado; sem Noise Reduction no Adobe Camera Raw. Clique para ver maior.

UMA ÚLTIMA PALAVRA SOBRE VIDEO

Canon EOS 7D Mark II

A imagem acima (clique para ver maior) exemplifica porque eu abandonei o vídeo nas DSLR EOS, e porquê ele não é muito comentado no vlog do zack. Por mais que a 7D Mark II tenha recebido melhorias para gravação de vídeos, a Canon continua com o line skipping nesse APS-C de 20MP e a resolução na imagem é péssima, coisa que até um iPhone 5 faz melhor. Focus peaking, audio meters e até um simples zebra ainda não estão presentes nas DSLR EOS, e por enquanto não há apoio do software alternativo Magic Lantern na 7DII. Entendendo que alguns de vocês adotaram as DSLR da Canon para produções low cost, mas isso foi há muito tempo atrás. O mundo mudou, a qualidade aumentou, e eu não consigo recomendar essa porcaria que vocês veem acima.

VEREDICTO

A EOS 7D Mark II é uma câmera digna do topo de linha da Canon, com o formato APS-C sendo na prática o único diferencial entre ela e uma 1D-X. Também por US$1499 (março/2016) não poderia deixar de ser, e você leva uma das EOS de construção mais robusta, controles fáceis de usar, AF extremamente flexível e a velocidade insana, feita para fotografar ação. Se a minha vida dependesse de fotografar esportes, sem dúvidas a 7DII estaria na minha lista de prioridades.

Canon EOS

O problema é que a performance destes sensores APS-C da Canon é muito ruim além de ISO400, e eu não me sinto confortável fotografando com uma câmera destas. Sim, “dá pra viver” com ela se o seu estilo de trabalho tiver bastante luz, e sem duvidas este modelo é capaz de gerar fotos únicas. Porém vindo de seis anos com uma full frame (5DII, 6D, D800E, RX1R e D750), fica impossível aceitar os arquivos do APS-C, e por isso a 7DII não ficará no meu kit. Funciona pra quem fotografa ação e não pode subir numa 1D-X; mas só isso. Para todo o restante, conhecendo o que eu conheço, eu só posso recomendar uma full frame. :-) Pelo preço, vão de 6D. Boas fotos!