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Janeiro/2016 – A EOS T6i é a sexta geração de uma das câmeras mais adoradas da Canon. A primeira “HDSLR” a oferecer vídeo 1080P30 de um sensor grande por menos de US$1000, a linha “inteligente” compartilha com câmeras contemporâneas os recursos topo de linha, como mesmo processador e sensor, mas num corpo compacto, fácil de usar, de fato a maneira mais esperta de comprar os melhores chips da Canon. A T1i com o DIGIC4, idêntico ao da EOD 5D Mark II; a T4i com DIGIC5 da 5D Mark III; e agora a T6i com DIGIC6, o mesmo das 7D Mark II e EOS 5Ds. (english)
Um distanciamento ao vergonhoso approach nada inovador das T4i e T5i, que reciclaram o mesmo sensor APS-C de 18MP de seis anos e o jurássico módulo AF de 9 pontos, a Rebel T6i recebeu um update não somente no poder de processamento, mas nas suas capacidades fotográficas: um novo sensor APS-C de 24.2MP; um módulo AF de 19 pontos, todos cross-type, parecido com a excelente EOS 7D antiga; e a terceira geração do foco Hybric-CMOS III no sensor de imagem, para focagem rápida durante o Live View como as 70D e 7D Mark II com Dual Pixel.
É finalmente uma Rebel para se orgulhar, e uma ótima alternativa a outras câmeras APS-C mais caras. As 70D e 7D Mark II, ambas com 20MP Dual Pixel, custam caro em US$999 e US$1499 respectivamente, mas por US$799 A EOS T6i é tão boa que até a Canon aproveitou a oportunidade de fazer uma grana extra, oferecendo um modelo voltado a profissionais na T6s, com tela LCD em cima e o disco de controle no dedão atrás, perfeita como câmera de backup, por US$899. Deu certo? Ou ela continua uma rebelde que se recusa a amadurecer? Vamos descobrir! Boa leitura.
Em 13.2 x 10.1 x 7.8cm de 555g, o que eu mais gosto na linha Rebel é o tamanho e o peso. Ela é pequena sem tentar ser pequena demais, definitivamente mais confortável que a maioria das mirrorless que temos por aí. A pegada para a mão direita é fina em 2cm de profundidade e 6.4cm de altura, 6mm e 5mm a menos que a já compacta EOS 6D, e ela equilibra debaixo do dedo indicador ao invés de distribuir o peso para a palma da mão. Então ela é um pouco dolorosa para longas sessões de fotos, mas OK para fotografar ocasionalmente no final de semana.
Com uma estrutura de alumínio e exterior de plástico composto, ela também é construída como um tanque. O mount de metal EF/EF-S é sólido e a carcaça parece dura, com certeza sobreviverá as batidinhas do dia a dia. A T6i não estala quando apertada e não há muitas partes que possam quebrar. A tela LCD que sai do corpo também parece resistente com uma dobradiça lateral grande, bem diferente da loucura dos flat cable expostos como algumas Nikon e Sony com estruturas traseiras. A tela pode ser fechada contra a câmera para proteção, ou aberta para frente para selfies.
Nas mãos a maioria dos controles ficam do lado direito já que o esquerdo serve de apoio a objetiva. É uma traseira densamente povoada por botões, com um layout um pouco diferente das outras EOS. Ela perde o tradicional disco para o dedão da Canon, e dá lugar a quatro botões que precisam do disco da frente para funcionar, retardando ajustes básicos se você estiver acostumado com as câmeras maiores. Por exemplo a compensação da exposição precisa de dois passos, segurando o botão AV +/- e girando o dial da frente, o que pode ser confuso.
Então pela primeira vez a Canon está oferecendo uma segunda Rebel para profissionais, chamada de T6s, por US$100 a mais e que tem o anel traseiro para o dedão e o LCD em cima, excelente com câmera de backup. É a menor EOS que você pode comprar, e manter a mesma operação geral até a 1D. Ambas T6i e T6s tem o “botões de ombro” * e + para usar com o dedão, e através da customização 10, valor 1, você pode separar o AE/AF do disparador da frente. Há até um botão frontal de preview da abertura da objetiva, que falta em todas as Sony A7.
Profissionais podem considerar a linha Rebel como câmera de backup de baixo custo, para deixar na mochila em caso de algo dar errado com a máquina principal. É o que eu faço com a EOS M: uma câmera extra no caso da minha EOS 6D não funcionar. Eu perco o foco rápido por módulo phase e a ergonomia de uma DSLR, mas ganho na portabilidade. Fotografando com câmeras maiores, eu vejo uma Rebel de 24MP e DIGIC6 como EOSs compactas, então elas devem atingir o mesmo nível de qualidade dos corpos full frame; e a T6i faz isso. Daí é fácil recomendá-la.
Em cima, o disco de modo da T6i fica a direita, oposto a maior das EOS. Uma vez que é uma câmera para iniciantes, há duas zonas para escolher: básica, para seleção de cena e operação automática; e “criativa”, para controle de abertura, obturador, manual ou Program. Não há tela LCD para informações em cima, e tudo deve ser mostrado na tela traseira maior; algo que provavelmente consumirá bateria. Um novo botão de seleção do modo de foco foi adicionado ao lado dos tradicionais ISO e DISP, todos ao alcance do dedo indicador como em qualquer Canon.
Atrás a tela LCD de 3.0″ é do tipo Vari-Angle Clear View II e sensível ao toque, com 1.04k pontos e do mesmo tipo das EOS recentes. O painel TFT fica próximo do plástico externo, evitando reflexos e aumentando a visibilidade contra o sol. Ela aceita uma série de gestos por toque, como clique, pinça para zoom, arrasto; como num smartphone. E todo o menu EOS aceita toques também, algo que eu adoraria ver inclusive nos corpos topo de linha. Aqueles que fotografam com Live View podem clicar para focar e disparar, algo que soa amador mas é bastante útil no estúdio.
Outro ponto das DSLR contras as mirrorless é o viewfinder óptico, que na T6i é também o mais avançado até hoje numa Rebel. Apesar de ainda ser um design pentamirror com ampliação .82x e apenas 95% de cobertura, irritante quando usado com objetivas telephoto que parecem muito mais próximas do que realmente estão, o que chama a atenção é o overlay LCD do lado de dentro. Você consegue ligar e desligar informações como os pontos de foco, limpando a área visível do óculo. Ou você pode ligar e desligar uma grade de guia. É um recurso topo de linha para os padrões SLR e de longe o meu recurso favorito da câmera. Não é high-tech, mas excelente na hora de usar.
A esquerda estão as portas HDMI, USB2.0, entrada para microfone e saída para fones de ouvido. Infelizmente a HDMI não dá saída para vídeo sem compressão para gravadores externos, decisão ruim para videomakers com orçamento apertado. A única maneira de conseguir uma imagem “limpa” é 1) desligar o foco automático, para sumir com a caixa branca na tela; 2), desligar a gravação interna, para que não apareça a bolinha vermelha e 3) rezar para que não apareça nenhum aviso de bateria fraca ou temperatura alta. Por quê diabos uma câmera com DIGIC6 não vem com vídeo sem compressão via HDMI está além da minha compreensão.
A direita fica o compartimento de cartão SD com uma porta super simples, sem a mola para abertura rápida ou proteção contra água e poeira. Pelo menos ela não abre com facilidade como a Sony A7II. Embaixo do corpo a tampa da bateria é tão simples quanto, e aceita a nova bateria LP-E17, incompatível com o modelo antigo LP-E8 que atendeu da T2i até a T5i. Mas veja só: ela ainda está taxada em 440 fotos! Novamente, por quê diabos matar a compatibilidade da bateria se o modelo novo não tem maior capacidade? Vai se f*der, Canon!
Finalmente na frente o flash embutido levanta 9cm do centro do plano de imagem para evitar olhos vermelhos. Esta unidade tem guia 12 e é melhor empregada para disparar cabeças externas a distância. A sapata padrão aceita flashes EX e o adaptador de GPS da Canon, e é feita de metal robusto, bacana para segurar acessórios pesados. No geral é mais do mesmo para a linha Rebel, mas bem feita. É uma câmera interessante nas mãos e considerando a performance do foco automático e qualidade de imagem, ela poderia ser a minha EOS para objetivas EF-S.
As T6i/T6s são as primeiras Rebel a receber um update no sistema de foco desde a XTi de 2006 com 9-pontos phase. A T4i “todos cross” não vale porque depende da objetiva para funcionar, mas a Canon fez algo interessante na T6i, colocando o mesmo módulo de 19-pontos da EOS 7D de 2009. Ela não somente é abençoada com mais pontos, mas eles são assistidos por um sensor de medição RGB de 7560-pontos que faz tracking e prioriza tons de pele, apesar de não reconhecer faces; e o módulo pode agrupar pontos juntos, para maiores chances de focagem.
Em modo de ponto único e disparo único, a T6i trava instantaneamente com boa luz e em menos de 1 segundo sob pouca luz. É um belo upgrade a qualquer câmera compacta e smartphones que dependem de sistemas híbridos de foco, que podem se confundir entre usar os sensores phase ou por contraste, perdendo tempo. Em modo viewfinder a T6i é tão rápida como uma 1D-X, e líder em foco automático como qualquer Canon. O ponto central pode inclusive ser usado para alta precisão com objetivas de grande abertura de f/2.8 para baixo, o que também ativa o modo “cross-type” nos pontos periféricos; eles não o são de f/3.5 para cima.
A performance do modo contínuo AI SERVO também é aceitável para um corpo de baixo custo, e prevê a posição do sujeito antes do disparo. É rápido o suficiente para seguir até os motoqueiros de São Paulo, que passam em alta velocidade. São sujeitos complicados de seguir apenas com o ponto central, mas a T6i consegue entregar sequências quase completas em foco.
O maior “porém” fica na programação dos modos automáticos e de zona, e se a decisão de colocar um módulo tão complexo numa câmera tão “amadora” foi boa. Em modo zona, a câmera agrupa alguns pontos juntos, e a idéia é aumentar as chances de travar o foco. Mas algumas pessoas estão usando as “zonas” da mesma maneira que usavam pontos, gerando erros consistentes de “front focus”, quando a câmera foca na frente de onde deveria. You’re doing it wrong!
O que acontece é que a maioria das DSLR com foco automático estão programadas para travar no objeto que estiver mais próximo da câmera, a única maneira que os fabricantes encontraram para criar um sistema que atendesse a maioria das situações. A cena tem três objetos no quadro, todos cobertos por pontos de foco? A câmera focará no que estiver mais perto. E as zonas fazem exatamente isso. Mas os pontos de foco são tão amplos, cobrindo 1/3 do quadro de cima a baixo, fazendo que ela trave o foco mais próximo de onde deveria, gerando fotos sem nitidez.
Eu já perdi a conta de quantas pessoas me mandaram mensagem relatando que o sistema de foco da T6i, T6s e 70D (que usa o mesmo módulo) está “quebrado”, quando na verdade elas estão usando da maneira errada. Se você quer focar num único sujeito, use o ponto único. O manual de instruções avisa isso mas as pessoas se recusam a ler. Então eu repito: se você quer focar num único sujeito, use o modo de ponto único. É fácil e rápido. Problema resolvido!
O modo de seleção automática de pontos da T6i também é algo que a Canon deveria reconsiderar numa próxima EOS, uma vez que a Nikon está fazendo muito melhor com o incrível 3D Tracking mesmo no modelo básico D5500. A T6i inicia o “auto – AI SERVO” com um único ponto de foco e tenta mudá-lo automaticamente para seguir o sujeito, auxiliado pelo sensor de 7560 pontos RGB. Mas ela está programada para priorizar tons de pele, e não qualquer cor ou ponto de contraste, tornando o sistema praticamente inútil para a técnica do “foco e recompor”.
O engraçado é que a Nikon D5500 com 39-pontos, auxiliada por um sensor muito mais simples com apenas 2048 pontos RGB, consegue uma performance melhor. E a Sony A6000 de dois anos atrás faz um trabalho tão bom que os amadores começaram a prestar atenção neste recurso, agora obrigatório até em smartphones. A Canon oferece funções parecidas e de alta performance, mas restrita aos modelos topo de linha como 7D Mark II ou 5Ds. Nas Rebels ela deixou o recurso bem meia boca. Se for para ter um modo ruim, melhor nem ter, não acham?
A T6i também ganhou um update no Live View com o Hybrid CMOS AF III, que usa pontos phase escondidos no sensor de imagem para acelerar o foco. É um número não declarado de pontos mas cobre uma área grande do quadro, e faz um bom trabalho. A T6i trava instantaneamente até com opção de detecção de rostos, com foco por toque instantâneo no Live View. A performance é tão boa quanto as EOS 70D e 7D Mark II que usam o sensor Dual Pixel, mais complexo. É uma ótima experiência na hora de usar e um enorme motivo para fazer upgrade da T4i ou T5i.
Mas como a Canon não poderia deixar de ser a Canon, eles aproveitaram outra oportunidade de f*der com os usuários removendo funções de uma câmera, e colocando-as num modelo idêntico, mas por US$100 a mais. Em modo Live View, apesar da T6i com DIGIC6 + Hybrid CMOS AF III ser totalmente capaz de fazer tracking de objetos e ajustar o foco continuamente, ela não oferece o AI SERVO para prever a posição do sujeito de uma foto a outra; só a T6s faz isso!
Apesar de haver um modo “AF continuo” nos menus, que serve para deixar o foco pronto e acelerar as coisas, ela muda a distância antes da foto; não de foto a foto em disparo contínuo (AI SERVO). Ou seja, esqueça-a para fotografar crianças e animais de estimação em Live View, apesar da câmera ser totalmente capaz de fazer isso.
As T6i/T6s também são as primeiras Rebel a vir com Wi-Fi + NFC embutidos, usados para controlar a câmera a distância ou descarregar as fotos para postagem imediata. Se o seu smartphone for compatível com NFC, uma leve batida entre os dois é o suficiente para configurar tudo. Eu com um iPhone 5 tive de manualmente seguir alguns passos ditados pela câmera para conectar a rede sem fio da câmera e baixar o aplicativo proprietário Canon Connect, para Android e iOS.
Uma vez conectado o aplicativo Canon Connect é rápido e bastante útil. Você pode transferir as fotos entre a câmera e o celular, em sequência ou por arquivo. Não há limite de resolução e você pode descarregar as fotos em 6000×4000, excelente para backups na rua ou posts de alta qualidade no Instagram. Até os vídeos podem ser transferidos e o iOS toca os arquivos MP4. Apesar do mimimi a favor do app antigo EOS Remote, o novo Connect é mais leve e faz as mesmas coisas.
Ele também oferece um modo “remoto” para controlar a câmera a distância e sem fios, e é ótimo! Todos os ajustes de exposição podem ser feitos de longe como um Live View de bolso. O atraso entre a imagem da câmera e o celular é mínimo, e permite usos interessantes como um display sem fio nas mãos dos seus clientes. Infelizmente ele não permite o disparo de vídeos, então nada de colocar a T6i num drone por enquanto. Mas é mais um recurso que eu gostaria de ver em todas EOS, inclusive nas topo de linha como as próximas 1D-XII e 5DIV.
A Canon se recusa a atualizar a qualidade do vídeo HD das câmeras EOS desde o lançamento da 5D Mark III e a linha Cinema. De 2008 a 2016 a única opção das HDSLRs EOS é o sensor que pula linhas e gera moiré e aliasing; a velocidade máxima de 30 quadros por segundo em 1080P; e nada de assistentes como zebra, níveis de áudio ou peaking. A T6i segue esta inércia apesar do sensor completamente novo e processador topo de linha. Você se sairá melhor filmando com o celular.
Para ser justo a Canon adicionou dois novos recursos: uma simulação do efeito miniatura, graças ao processador DIGIC6; e uma nova opção “light” de compressão. A primeira seletivamente borra a imagem para parecer uma objetiva com movimentos tilt-shift, e você pode fazer o quadro parecer um Mini Mundo; divertido nos primeiros 15 segundos. Mas o efeito não é em tempo real, então a Canon sabiamente disponibilizou-o apenas com opções de timelapse, entre 5x e 20x.
E a opção de vídeo “light” não diz nada sobre bitrate e método de compressão (como ALL-I ou IPB). Mas de novo não há nada de vídeo sem compressão na HDMI, nada de perfis flat ou Log; nem a opção de crop em 640×480 no centro do sensor como os modelos anteriores faziam. É irritante porque a Nikon D5500 faz 1080P60 e algumas mirrorless já estão no 4K. Eu já desisti de vídeo com as DSLR da Canon em favor das câmeras da Blackmagic Design. Fica a dica!
E misteriosamente faltando nas EOS Rebel e M estão duas funções de software que eu uso diariamente para trabalhar. Uma é a opção de ajustes em Kelvin do balanço do branco, apesar do bracketing e do shift bem mais complexos estarem lá. Tente equilibrar fotos diferentes de câmeras diferentes com sensores diferentes e é quase impossível; isso deve ser feito na câmera. E a segunda é a opção de salvar um arquivo raw + JPEG em outro tamanho além do grande, indisponível na T6i. Funções avançadas como incluir dados de Copyright e nome do fotógrafo no EXIF estão lá, mas os ajustes de Kelvin e JPEG não. Vai entender… ¯\_(ツ)_/¯
Com um sensor APS-C de 24.2MP totalmente novo, a T6i e a T6s são as câmeras DSLR de maior densidade que a Canon já colocou no mercado. Com um tamanho de pixel de 3.7µm, os pontos são menores que até o monstro full frame 5Ds de 50MP, em 4.14µm; e menores até que as também APS-C de 20.02MP 70D e 7D Mark II, com 4.1µm; ou seja, nada de reciclagem de sensor antigo. Então não importa o resultado, estamos num território novo para a linha EOS e a Canon.
Na prática a T6i é capaz de arquivos extremamente detalhados em ISO base 100, nunca antes vistos numa Rebel; boa performance em altos ISOs, com menos problemas nas cores e banding que antes; e a mesma “latitude” que a internet ama odiar. Com uma resolução tão alta, ela sofre com difração mais cedo em f/5.9, e exige as melhores objetivas para mostrar os melhores resultados. Aqui testada com as EF 24-70mm f/4L IS USM e 70-200mm f/2.8L IS II USM, ambas mais caras que câmera em si, se preparem: é a menor EOS para a maior resolução da história.
Em ISOs baixos de 100 a 800 você estará mais limitado pela técnica e a óptica do que pelo sensor da T6i para nítidez. Ela se sai muito bem para impressões gigantes e cortes posteriores via software, pela primeira vez numa Rebel. As cores da Canon estão todas lá com vermelhos e amarelos saturados, feitos para tons de pele vivos. Apenas lembre que o sensor é de altíssima densidade e algumas regras como a velocidade no obturador 1/distância_focal não funcionam aqui. Pelo menos duplique esta velocidade para evitar borrões em cada pixel; ou use uma objetiva estabilizada para compensar a tremedeira da câmera. No geral este sensor é fantástico!
De ISO1000 a ISO6400 a Canon arrumou parte dos notórios problemas de banding e sombras roxas; mas não todos eles. A geração da T2i-T5i/60D/7D/M não funcionava muito bem a partir de ISO3200 mostrando bolhas roxas em zonas de meio tons, um dos principais motivos para migrar a uma câmera full frame. Mas em ISOs altos a T6i mantém as cores intactas para a maioria das aplicações, e não há nada de banding. Esse é o lance com ISOs altos: se usados durante a noite em pouca luz, é lógico que os arquivos terão muitos ruídos. Mas durante o dia para fotografia de velocidade a performance é excelente, muito parecida as full frame na qualidade das cores.
A chamada “latitude” ou “dynamic range” do sensor também melhorou apesar do avanço ser pequeno. Puxe os sliders a níveis altos no Adobe Camera Raw ou Lightroom e você verá bolhas de cor nas sombras, como todas EOS. A Canon não tem escutado a internet, que encontra ofertas melhores na Nikon e na Sony para pós-processamento extremo nas fotos. Mas, de novo, os arquivos da T6i são usáveis se você tomar cuidado para não puxá-los longe demais.
No geral os arquivos da T6i melhoraram muito sob dois aspectos que eu precisava mais: resolução e cores em ISOs altos. Os arquivos são bem mais detalhados para impressões gigantes ou crop posterior, e muito mais próximos das cores das full frame, demonstrando que a Canon tem melhorado seus sensores de cima para baixo. Mas não é um salto exponencial em “dynamic range”, e teremos de esperar a próxima geração para vermos algo parecido aos Exmor da Sony.
Ao lado da geração passada de sensores APS-C de 18MP da Canon, as novas T6i/T6s são: 1) superiores para gerar detalhes; 2) bem menos propensas a mostrar banding e problemas nas cores e; 3) com o mesmo nível de ruídos. É um avanço ao imager de seis anos que empregaram as Rebel + EOS M desde 2010, e vale como upgrade das câmeras antigas. As full frame continuam superiores em ISOs altos com menos ruídos, e o formato de escolha para fotógrafos da pouca luz.
No geral eu adorei a T6i. Eu sempre quis uma Rebel para colocar no kit mas nunca engoli a construção da T3i, a performance ruim do foco híbrido da T4i (para isso eu comprei uma EOS M de US$299), nem a falta de inovação da T5i. Mas a T6i conserta tudo isso e oferece até uma versão “pro” na T6s com o disco traseiro para o dedão. A performance é ótima: ela liga instantaneamente, o foco por phase é rápido, o AI SERVO é bom e o viewfinder com overlay, a experiência com o Live View e a qualidade de imagem no geral são ótimos. A Rebel ainda é a melhor porta de entrada para as objetivas EF/EF-S, e pode funcionar até como uma câmera de backup para profissionais.
Eu sei que ela não está sozinha no mercado e a competição é acirrada entre quem oferece mais por menos. A Nikon tem a excelente D5500 com AF melhor, vídeo melhor e melhor qualidade de imagem bruta no raw dos sensores Exmor da Sony. E o mercado mirrorless está armado com a Sony A6000 mais barata e câmeras Micro Four Thirds com maior velocidade de disparo, foco com tracking e até vídeo 4K. Mas elas não são da Canon. Elas não tem a mesma oferta de objetivas nem a operação e velocidades no geral mais “classudas”, não importa as especificações. A T6i é um grande passo para as Rebels, e a câmera perfeita para novos viciados na Canon. Boas fotos!