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Maio/2016 – A Fujinon XF 35mm f/2 R WR é a mais nova prime da Fuji para o X mount. Parte da linha XF, ela é feita com a melhor qualidade e tecnologia que o fabricante oferece, no mesmo nível das Canon “série L”. Lançada junto da X-Pro 2, ambas com “weather resistance” (WR) declarado e para o formato APS-C, a equivalência é dos 53mm do full frame, um pouco mais longo que o normal e perfeito para quem sempre dá aquela cortadinha (crop) nas fotos. Pequenas, leves e fáceis de usar, me impressiona como a Fuji não as ofereça juntas num kit. Mas por US$399 numa objetiva “aspherical”, com maior performance nas bordas apesar do formato menor, ela é a prime perfeita para levar este corpo de 24MP ao limite. Foram as minhas 1ª experiências com a Fuji e fui para a rua testá-las. Será que funcionou? Vamos descobrir! (english)
Em 5.5 x 4.5 cm na base (4.5 cm na ponta com rosca de ø43mm para filtros) e 170g, a Fujinon XF 35mm f/2 é uma pequena notável que casa perfeitamente com a X-Pro 2. As duas de metal e as duas com weather sealing, é a “proposta 2016″ da Fuji para a fotografia de rua “pro” do sistema X, ambas discretas com acabamento preto e letras gravadas no metal. Embora maiores que uma X100, é o preço que se paga para ter os 35mm nativos; na câmera menor a Fujinon usada é uma 23mm f/2, mais ampla. Lindas de ver, porém, o kit da Pro2+35 me preocupa quanto a durabilidade: qualquer batidinha e estas peças riscam, diferente das Canon e Nikon mais recentes, feitas de plástico, inclusive no topo da gama. A Fuji não é aquela câmera pra jogar na mochila, mas ficará linda com capa de couro para o #look-do-dia #hipster dos fotógrafos da geração Instagram.
Nas mãos a ergonomia é perfeita com design em camadas que ficam mais estreitas na frente. Não há muito o que segurar na objetiva: as suas mãos devem apoiar os lados da câmera, e só os dedos chegam nos anéis da lente, diferente das f/1.4 maiores que pedem o apoio da mão esquerda. Na base o X-mount é firme e sem “jogo” (sem desalinhamento com a câmera), seguido pelo anel de controle eletrônico da abertura. Este é feito de metal não emborrachado, o que pode ser ruim quando as mãos começam a suar, apesar de eu não ter tido grandes problemas para mudar os valores nas ruas, com clicks firmes em cada stop cheio (f/2, f/2.8, f/4…), e suaves nos 1/3 (f/2.2, f/2.5…). Mas a posição “Auto” na minha opinião está do lado errado: junto do f/16, é um inferno ir rapidamente de “A” para f/2 quando você quer forçar aquele look de baixa profundidade de campo com a abertura máxima. O ideal seria um modo “Auto” dos dois lados, mas entendo a Fujifilm: não dá para oferecer tudo num equipamento só, e temos o modo manual de um único lado.
Na frente o anel de foco manual também é de metal não emborrachado. O giro é suave e com “peso” intermediário: nem tão leve como uma Canon STM, nem tão pesado como uma Sigma Art. E é mais um ajuste eletrônico: você precisa programar na câmera quando usar o foco automático ou o manual, uma vez que não há botões/chaves de programação na XF35F2. De novo, funciona mas não é a mesma coisa que um anel mecânico. Quem for por exemplo usá-la para gravar vídeos com focus pull e gears de follow focus, esqueça. O movimento parece desconectado da peça interna e há pouca precisão. Por isso prefira o foco automático que é silencioso e instantâneo, pelo menos com a nova X-Pro 2. Taxado em cerca de 0.08s, praticamente não há intervalo entre a câmera buscar o foco e o motor da objetiva responder, e impressiona pela discrição. Esta é uma das objetivas com foco automático mais rápido já testado, apesar de nada ser declarado.
E é só… Isso! Sem estabilizador ou outras firúlas, o “R” da nomenclatura indica o “ring” de anel de abertura, e o WR vem do “weather resistance” com borrachas de proteção a água e poeira. Ela vem na caixa com um parasol metálico do tipo rosca, que impossibilita o uso conjunto com alguns filtros; prefira os que tenham ainda uma segunda rosca para prender então o parasol da Fuji. O mount é de metal como esperamos de uma objetiva de US$399, e tudo funciona de fato com apelo premium. Esta não é a sua “lente faz-tudo-low-cost chinesa” (hello, Yongnuo 35mm f/2!) mas uma peça delicada, bem feita, como um relógio suíço que você usará com orgulho. Considerando as imagens que entrega, a XF 35mm f/2 é isso mesmo: uma jóia da Fujinon para o X-mount.
Com uma fórmula de 9 elementos em 6 grupos, dois asféricos, dois de baixa dispersão e cobertura Super EBC, além do combo “formato APS-C + abertura conservadora f/2”, a XF 35mm R WR é no mínimo exótica: não é ousada demais mas tem peças de sobra para lidar com qualidade de imagem. Os dois vidros asféricos, por exemplo, são obrigatórios nas mirrorless com a curta distância flange entre o mount e o sensor; só eles garantem um plano focal realmente “plano” para resolução do centro as bordas. Mas o par de lentes de baixa dispersão parecem até excesso: a abertura não é tão grande assim para a luz espalhar e gerar aberrações. Então com tantas peças, dito e feito: esta é uma das melhores 35mm do mercado para resolução e contraste.
Tudo o que eu comentei de positivo sobre a performance do sensor X-Trans CMOS III da X-Pro 2 veio sem um detalhe: aquela qualidade de imagem foi em conjunto da XF 35mm f/2 R WR. A resolução alta do APS-C de 24MP da Fuji não é com qualquer objetiva: montada com a XF 18-135, a X-Pro nova não entrega muito mais detalhes que uma T6i. É só com primes topo de linha que o X-Trans brilha, e essa 35mm é uma delas. Quando eu disse “não são os tijolos nas fachadas dos prédios, mas os detalhes nas cortinas do lado de dentro”, eu não comentei a respeito da abertura: a XF 35mm f/2 faz isso totalmente aberta. A resolução é muito alta, não importa o f/stop, e ela se torna compra obrigatória para quem tem as Fuji de nova geração, com sensores de alta densidade.
Fechar para f/5.6-f/8 no máximo aumenta a profundidade de campo, que não é tão curta nos 35mm mesmo em f/2. Por exemplo a noite em Times Square, é tranquilo deixar a XF 35mm f/2 totalmente aberta para fotografar o cenário urbano sem subir o ISO. Tudo é nítido e e com aberrações mínimas, como bolhas roxas em pontos muito fortes de luz que eu só ví resolvidos na Canon 35mm f/1.4L II com Blue Refractive Optics. Mas aquela é uma objetiva que compra quatro dessas Fujinon, além de ser muito maior e mais pesada. É uma performance impressionante para o X-Mount que, de novo, justifica a Fuji como adição no kit de quem tem uma DSLR: deixe a em casa e vá para a rua com a compacta Fuji, mais discreta e com a mesma performance óptica.
Aberrações cromáticas laterais? Não há. Distorção geométrica? É zero! A única redução de performance está na distância mínima de foco (35cm) quando usada em conjunto com a abertura máxima, que perde o contraste e a resolução por causa do astigmatismo. A objetiva não consegue “enxergar” tão de perto e os highlights espalham no quadro, sem definição. Pode funcionar para alguns efeitos criativos uma vez que as fotos parecem um sonho. Mas evidentemente é um uso extremo desta objetiva: ela não é macro e você não precisa fotografar tão de perto. Se for necessário, feche pelo menos até f/4 para devolver o contraste perfeito da Fujinon.
Por fim o bokeh resultante da baixa profundidade de campo não é fácil de conseguir nos 35mm. Na maioria das distâncias normais de foco, o desfoque não é acentuado na XF f/2 e linhas firmes do segundo planos ganham o efeito “tubo de neon”, com contornos mais claros que o miolo do traço. Só em distâncias super próximas o efeito fica difuso, em especial as fontes de luz que ganham círculos suaves, sem linhas concêntricas como algumas primes asféricas mostram. Não é uma característica muito forte desta objetiva, mas funciona. Para efeitos de profundidade de campo curtíssima e o fundo super desfocado, melhor investir numa XF 56mm f/1.2 mais longa.
A Fuji já estava mandando bem no X-mount com grande oferta de objetivas e o sensor X-Trans de output diferenciado para cores. Apesar de um sistema novo, não demorou mais que três anos para eles completarem praticamente todas as distâncias focais. Porém o foco no início foram as primes de grande abertura: 23mm e 35mm f/1.4, 56mm f/1.2… Todas aquém dos US$899 (pelo menos no lançamento) e tirando as “X-cam” do mercado mainstream. Com o amadurecimento do sistema, começaram os lançamentos mais modestos, e esta XF 35mm f/2 R WR está na mesma classe das Nikons f/1.8G: performance óptica incrível, facilidade no uso e preço razoável. Considerando a equivalência aos 53mm, ela é a “cinquentinha que todo mundo tem” do X-Mount. Mas parte da família-rica XF, ela não tem nada de “plastic fantastic”: é robusta, cheia de personalidade e com arquivos incríveis no mirrorless. Uma compra obrigatória pra quem tem Fujifilm. Boas fotos!