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Setembro/2014 – As objetivas Sigma Art tem sido dos lançamentos mais aguardados no mercado desde a apresentação da 35mm f/1.4 DG HSM. Com construção inovadora e design sóbrio, as “Global Vision” tem conquistado o mercado como opções as marcas tradicionais, por causa da qualidade de imagem superior e preço fantástico considerando os resultados. A Sigma 50mm f/1.4 é um novo objeto de desejo com várias expectativas a serem cumpridas, para amadores e profissionais. Mas será que ela entrega? Vamos descobrir. Boa leitura! (english)
Em 815g a f/1.4 DG HSM é a 50mm mais pesada que eu já usei, e compatível com os projetos recentes de lentes com grande abertura. Com elementos maiores e círculo de projeção proporcional, é mais fácil conseguir desempenho óptico nas bordas do sistema 135 full frame, e reduzir vinheta, mesmo que seja um saco de carregá-las por aí. Diz a lenda que a Zeiss Otus 55mm f/1.4 é na verdade um projeto médio formato adaptado, e só ela é maior que esta Sigma atendendo as DSLR comuns. Mais vidro é igual a mais custos, e as duas (Zeiss US$3990, Sigma US$949) estão em outra classe, diferentes de Canon (US$399) e Nikon (US$425) no f/1.4.
Dito e feito: o prazer de usar foi pro saco nestas objetivas porque o peso incomoda demais. Ela até equilibra bem no corpo grande de metal da D800E, e imagino que se sinta em casa numa EOS 1D-X. Mas não é a mesma coisa num corpo APS-C de entrada como uma EOS Rebel ou 60/70D, até D7100. A construção é feita de metais no mount, tubos do novo termoplástico da Sigma Global Vision (que não expande nem é pesado como ligas metálicas), e tudo é emborrachado do lado de fora. Isso ajuda na firmeza da pegada e é fácil tirar o conjunto da mesa/mochila sem nada escorregar. É virtualmente as outras Art que já vimos por aqui (35mm f/1.4, 18-35mm f/1.8 e 24-105mm f/4).
Já a operação é perfeita com apenas um anel de foco manual e o switch A/M para controle do motor automático. O movimento do anel manual é suave e lembra projetos bem mais caros como as Zeiss ou Nikon vintage. A pressão é suficiente para passar segurança no ajuste fino sem ser duro demais, e a borracha profunda é muito mais fácil de usar que as Canon L. Não tem joguinho na mudança de direção, como é o caso na Canon f/1.4 USM. E o motor interno AF é HSM, semelhante aos USM (Canon) e SWM (Nikon), apesar de eu nunca ter conseguido confirmar seu design (ring type?). De qualquer maneira ele é silencioso e preciso, embora não seja dos mais rápidos.
Na rua eu tive dificuldade com o AF da D800E, independente da quantidade de luz e o ponto central. A Sigma pede contraste alto para travar o foco e nem sempre isso é possível dependendo do sujeito. Numa foto do obelisco de Buenos Aires (branco) contra o céu azul claro, a câmera simplesmente não travou o foco nas cinco tentativas que eu apertei o botão. Eu tive de mirar num prédio preto contra o fundo branco para funcionar, e ficou uma impressão estranha da Sigma. O máximo que vai acontecer nestas situações é você usar o manual override para corrigir a distância nas mãos, ou procurar outro ponto próximo de contraste. Nunca tive este problema com uma AF-S.
Na frente o elemento frontal gigante está no meio de um thread de ø72mm para filtros, que não giram. E o hood (incluído na caixa) é preso do lado de fora. Tudo cabe numa sacola de zíper do mesmo tamanho da 24-105mm f/4 DG OS HSM (eu disse que a 50mm era grande) e completa o kit Art da Sigma por enquanto. Infelizmente nenhuma tem weather sealing e nenhuma compartilha do mesmo tamanho de filtro, pedindo um investimento ainda maior pelo fotógrafo. O importante é ressaltar a nova classe que estes equipamentos estão criando: objetivas gigantes e de alta performance, que podem encher o saco para trabalhar. Pegue-as nas mãos antes de comprar.
A réason d’étre das 50mm de grande abertura está na fotografia com pouca luz e os efeitos da curta profundidade de campo. Enquanto elas são fáceis e baratas de fabricar com boa qualidade de imagem, qualquer coisa próximo dos f/2 resulta em desafios ópticos difíceis de serem contornados. Resolução no quadro todo e controles de aberrações cromáticas em pontos de luz nas zonas de contraste são especialmente complicados de corrigir. E é exatamente isto que estas lentes novas top tem tentado solucionar: a Zeiss com um projeto APO (apochromatic) na Otus e a Sigma cheia de vidros especiais SLD de formatos diferenciados. Todas as fotos com a Nikon D800E.
Não precisa de olhos bem treinados, nem de belas fotos, para avaliar o desempenho óptico da Sigma 50mm f/1.4 DG HSM “Art”. Ela é simplesmente a melhor 50mm full frame do mercado (a Otus é 55m!) e ficará no meu kit ao lado da D800E; pretendo me desfazer da Nikon G e da Canon 50mm f/1.4 porque não dá para voltar aqueles arquivos sem resolução. E olha que a Nikkor era uma das minhas favoritas! Mas a nitidez, resolução e bokeh da “Art” são impressionantes e “a” lente para quem precisa de qualidade de imagem bruta, independente da abertura.
Em f/1.4 ela realmente não parece perfeita como a Otus 55mm f/1.4 de US$3990. Mas é só colocar arquivos da Canon 50mm f/1.4 USM e Nikon 50mm f/1.4G ao lado que você percebe o salto no contraste a partir da abertura máxima. Não tem como negar: a resolução é impecável num plano de imagem curtíssimo, e a nitidez revela detalhes que as outras objetivas não conseguem “ver”. Fazia tempo que eu não encontrava este nível de desempenho abaixo dos US$1000 e, repito, nenhuma 50mm tinha feito isto antes. É um game changer na distância standard f/1.4.
As fotos em f/1.4 são totalmente usáveis dependendo da situação de luz, e só em elementos muito específicos que eu fecharia para f/2. São eles produtos cromados e artigos tridimensionais, que também pedem aberturas menores para maior profundidade de campo. Mas estou sendo chato. Na rua, em f/1.4, eu não encontrei problemas. E em testes específicos vemos que ela é muito superior as concorrentes. É uma nova filosofia de fotografar, não importa a abertura, impossível nas Canon e Nikon: deixe o diafragma aberto o tempo todo and have fun!
F/2 pra cima tem um salto exponencial em resolução e contraste, que só vi parecido na top telephoto EF 200mm f/2L IS USM. Não há qualquer sinal de blooming (vazamento de luz em linhas de contraste), perda de resolução nas bordas ou bolhas roxas em pontos de luz. CA lateral não existe nas imagens e a primeira vez que vejo isto na D800E, que geralmente amplia esta imperfeição. CA longitudinal está lá mas os softwares de edição recentes conseguem eliminá-lo completamente. É a perfeição em arquivos nesta distância, um desempenho que não tinha-mos visto antes. Vinheta é invisível em f/2 e não há distorção geométrica para contar história.
Fechando ainda mais e vemos arquivos incrivelmente detalhados, pela primeira vez na D800E. É uma nova era de objetivas topo de linha que finalmente casam bem com sensores extremos como os novos APS-C de 24MP e os full frame de 36MP. Ouso dizer que é um ponto de virada na tecnologia e ficará ainda mais difícil de engolir qualquer coisa “menos” que isto. Os arquivos são detalhados como nos formatos maiores, tipo médio formato digital para cima ou sensores Foveon. Finalmente uma objetiva que faz jus a designação “Art”; Canon e Nikon que se cuidem.
Por outro lado o que a maioria destas lentes third party ficam atrás, é o equilíbrio das cores e a suavidade do bokeh. Mas a Sigma 50mm f/1.4 DG HSM com a distância focal longa entrega resolução que a f/1.2L USM não consegue, porém o desfoque ainda mais suave. São elementos sem linhas repetitivas como das lentes mais baratas (neste caso estou falando as próprias f/1.4, nem perdi meu tempo com as f/1.8) e sem a perda de resolução das mais caras (como a L que cuida mais do bokeh). É o melhor de dois mundos num equipamento só, mais barato que Canon L.
A Sigma 50mm f/1.4 DG HSM “Art” é a melhor cinquenta milímetros do mercado e ponto final. Aqui testada na D800E podemos ver (ver MESMO nos 36MP!) como ela entrega resolução muito superior as outras f/1.4 first party, e quase chega na Zeiss Otus de US$3990. É impressionante o que esta fabricante tem colocado no mercado pós Global Vision, e um produto que está se tornando indispensável nos kits profissionais, que exigem perfeição. Quem diria que precisaríamos de Sigma no trabalho, e acho que este é o “valor em dobro” que comentei no começo do artigo. Faça um favor a você mesmo e só fotografe com objetivas “Art” daqui pra frente. :-) E boas fotos!