Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM

E-x-t-r-e-m-a grande angular para o APS-C!


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 120MB).

Tempo estimado de leitura: 07 minutos.

Abril/2015 – A Sigma 8-16mm DC é para o formato APS-C o que a 12-24mm DG é para o formato 135 full frame: a objetiva zoom “mais grande” angular do mercado com 122º de projeção retilínea, sem distorção esférica. Para tanto o complexo projeto óptico de 15 elementos em 11 grupos depende exclusivamente de vidros especiais, com três peças asféricas, uma híbrida e duas glass mold, para correção de distorção e astigmatismo; e quatro “FLD”, que usam uma fórmula artificial para ter performance semelhante ao vidro fluorite natural. Em US$699 ela não é necessariamente um equipamento barato para a linha APS-C, e considerando a oferta de tantas 10-alguma coisa que temos por aí, será que a Sigma vale os 2mm a mais? Vamos descobrir! (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

A Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM.

A 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM apresentada em fevereiro de 2010 é a segunda e última objetiva que veremos no blog do zack “pré-Global Vision”, quando a Sigma não tinha as linhas Art, Sports, Contemporary. Ao lado da 12-24mm DG II HSM, nós temos dois designs “híbridos” livres dos anéis dourados do passado mas ainda sem o look emborrachado de hoje. Eles ficaram em cima do muro sobre a aplicação do logotipo, placas douradas em relevo, e o logo branco impresso. No mercado você encontra até dois acabamentos diferentes da 8-16mm: um preto texturizado e outro cinza liso. O modelo vendido pela B&H é o segundo e vem com a tampa “Global” na frente, diferente da tampa gordinha de antes. São detalhes cosméticos e opticamente todas 8-16mm são iguais.

Três gerações: 12-24mm DG II, 8-16mm DC e 18-35mm f/1.8 “Art”.

Nas mãos a impressão é de solidez e os 555g pesam na hora de carregar, não estamos falando dos kits de plástico da Canon e da Nikon. Mas isto é bom: a Sigma parece ser a única fabricante dando carinho para o formato APS-C, seja nos projetos ópticos ousados (como 8-16mm, 18-35mm f/1.8) quanto na construção bacana. A pegada tem um mix de borrachas perto do mount e nos anéis, e o hood embutido na frente, tipicamente ultra grande angular, é de metal. Você sente a resposta tátil diferente em parte mais “grudentas”, com grip maior, e partes mais geladas, onde as suas mãos não deveriam estar. Tudo é bem equilibrado e não pesa mais para frente ou para trás.

Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM

Emprestados da 12-24mm também estão, além do acabamento, a operação simples com anéis suaves mas pesados, precisos, e a “tampa” de dupla função na frente. Você consegue tirar só a cobertura revelando uma rosca de ø72mm para filtros, úteis no grande angular mas com o mesmo problema da DG: esta rosca cobre a projeção em 8mm (some em 16mm) e cria uma vinheta até na Blackmagic Cinema Camera. Por isso eu prefiro continuar usando a Canon EF-S 10-22mm com filtros de ø77mm. Mas o anel da rosca pode e deve ser retirado e revela os 8mm do grande angular, sem chance de filtros. Atrás não tem espaço para géis como a EF 14mm f/2.8L II USM.

Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM

O foco automático do tipo HSM é silencioso e rápido, ainda mais considerando todos os modelos wide angle que já testei. O lag bizarro da 12-24mm não acontece na 8-16mm e dá até para trabalhar sem antecipar ao sujeito. Nos testes com a EOS M o AF foi esperto e preciso na rua; simplesmente nenhuma foto do teste está fora. E como ele suporta o full time manual, deixe a alavanca em AF que o anel continua engatado no mecanismo. Em cima a janela de distância tem uma escala longa do foco mínimo de 0.24m a 0.8m, e mais curta até o infinito.

Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM

No geral a 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM tem o DNA das Global Vision mas nasceu prematura. O projeto óptico é de 2010, o design é de 2011, e o acabamento é de 2012. Como o projeto é novo, com menos de meia década de vida, a chance de receber um upgrade óptico ou operacional é zero; simplesmente não tem nada de errado com o modelo para justificar o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Mas se fosse relançada hoje, quase seria a classificação? “Art” por causa da construção e operação, ou “Contemporary” por causa da abertura variável e preço?

QUALIDADE DE IMAGEM

“Top of the Rock” com a EOS M em f/8 1/250 ISO100 @ 13mm.

“Top of the Rock” com a EOS M em f/8 1/250 ISO100 @ 13mm. Todas as fotos com a EOS M.

Com abertura f/4.5-5.6 e especificação DC, a 8-16mm não é uma lente “rápida” e encosta no limite de difração da maioria dos sensores APS-C atuais, com mais de 18MP. Então eles trataram de fazê-la funcionar logo totalmente aberta e cuidaram do restante do quadro para corrigir aberrações cromáticas e astigmatismo. E francamente? Conseguiram lá em 2010 o que a Canon só fez em 2014 na 10-18mm. Os arquivos da Sigma tem resolução de sobra para impressões gigantes, a distorção é bem controlada e o contraste é altíssimo mesmo com as fontes de luz presentes no quadro.

“Empire State Building” em f/8 1/60 ISO100 @ 16mm.

“Empire State Building” em f/8 1/60 ISO100 @ 16mm.

Logo em f/4.5 a resolução no centro do quadro é excelente revelando os detalhes e a texturas do que estiver no plano focal. Tijolos e janelas de prédios distantes, placas e o rosto das pessoas em cenas urbanas, árvores na natureza… Todos aparecem com muito mais fidelidade que por exemplo a EF-S 10-22mm na mesma abertura, e dá nova vida ao formato APS-C. Sinceramente os resultados que eu consigo nos 12mm na 6D não ficam muito a frente dos 8mm da EOS M e dependendo da posição que você estiver, faz muito mais sentido usar o formato menor, compacto, leve, do que o pesadão e barulhento full frame. * Todas as fotos com a EOS M.

“3rd floor” em f/4.5 1/60 ISO800 @ 8mm.

“3rd floor” em f/4.5 1/60 ISO800 @ 8mm.

Crop 100%, contraste e resolução impecáveis no centro em f/4.5.

Crop 100%, contraste e resolução impecáveis no centro em f/4.5.

“Leitura” em f/4.5 1/10 ISO800 @ 8mm.

“Leitura” em f/4.5 1/10 ISO800 @ 8mm.

Crop 100%, nitidez para registrar gráficos.

Crop 100%, nitidez para registrar gráficos.

“Igreja” em f/4.5 1/15 ISO1600 @ 8mm.

“Igreja” em f/4.5 1/15 ISO1600 @ 8mm.

Crop 100%, mais fácil os detalhes irem embora por causa do ISO alto do que pela óptica da objetiva.

Crop 100%, mais fácil os detalhes irem embora por causa do ISO alto do que pela óptica da objetiva.

Até nas bordas a resolução continua “ok” nos f/4.5-5.6 de 8mm a 16mm, mas anos luz a frente da EF-S 10-22mm. O astigmatismo por exemplo é bem melhor controlado e não tira a nitidez de letreiros e pontos de luz. É mais fácil você perder resolução na Sigma por culpa do ponto de foco errado, que posicionará o plano focal a frente ou atrás da cena, do que por culpa da objetiva. São nestes casos que os sites que fotografam “tabelas de resolução” erram feio: sim, a 8-16mm tem ótima resolução de ponta a ponta em abertura máxima, mas é mais difícil do que parece conseguir a foto totalmente nítida com objetos tridimensionais, que exigem profundidade de campo longa.

“Grand Central IV” em f/4.5 1/60 ISO1600 @ 8mm.

“Grand Central IV” em f/4.5 1/60 ISO1600 @ 8mm.

Crop 100%, nunca vi esta nitidez nas bordas de uma UAW em abertura máxima!

Crop 100%, nunca vi esta nitidez nas bordas de uma UAW em abertura máxima!

“Grand Centra V” em f/4.5 1/30 ISO1600 @ 8mm.

“Grand Centra V” em f/4.5 1/30 ISO1600 @ 8mm.

Crop 100%, resolução impecável no centro…

Crop 100%, resolução impecável no centro…

“N Manhanttan” em f/5.6 1/500 ISO100 @ 13mm.

“N Manhanttan” em f/5.6 1/500 ISO100 @ 13mm.

Crop 100%, centro perfeito em f/5.6, abertura máxima dos 13mm.

Crop 100%, centro perfeito em f/5.6, abertura máxima dos 13mm.

Fechando até f/8 as bordas beiram a excelência e é a grande surpresa em relação aos formatos maiores: a 8-16mm pode tranquilamente substituir o full frame. Fotógrafos de arquitetura de interiores podem carregar a EOS M para registros fáceis, diferente da “parafernalha” do full frame. Dependendo da iluminação, dá até para convencer os clientes que as fotos exigirão o mínimo de equipamentos e intervenção a cena. Já acompanhei sessões de retail photography que aconteciam na madrugada, com a loja vazia, para não atrapalhar o fluxo. Resultado: fotos de lojas-fantasma. Esta Sigma APS-C não: o look é extremo mas a dificuldade é muito menor.

“The Tower” em f/8 1/350 ISO100 @ 16mm.

“The Tower” em f/8 1/350 ISO100 @ 16mm.

Crop 100%, detalhes no centro…

Crop 100%, detalhes no centro…

Crop 100%, performance de uma zoom, sério. O_o

Crop 100%, performance de uma zoom, sério. O_o

“S 2.35:1 Manhattan” em f/8 1/100 ISO100 @ 8mm.

“S 2.35:1 Manhattan” em f/8 1/100 ISO100 @ 8mm.

Crop 100%, resolução de sobra para impressões gigantes direto do APS-C.

Crop 100%, resolução de sobra para impressões gigantes direto do APS-C.

“One” em f/8 1/250 ISO100 @ 8mm.

“One” em f/8 1/250 ISO100 @ 8mm.

Crop 100%, bacana no centro…

Crop 100%, bacana no centro…

Crop 100%, perfeita nas bordas em f/8.

Crop 100%, perfeita nas bordas em f/8.

Também a distorção geométrica é bem controlada o que permite o trabalho em vídeo, que nem todo mundo sabe corrigir via software. Para fotos não é um problema: qualquer programa de edição tem o perfil da Sigma e tira o barrel nos 8mm e o pincushion em 16mm. E, lógico, só as piores composições mostrarão o problema: aponte a câmera para uma parede e foque de perto para “fazer” ele acontecer. E as cores são tipicamente “não Canon”, e, pior, APS-C: arquivos sem vida direto da câmera e que exigem ajustes de contraste e saturação no pós-processamento.

“One WTC” em f/8 1/750 ISO100 @ 8mm; pior caso de distorção no dia a dia.

“One WTC” em f/8 1/750 ISO100 @ 8mm; pior caso de distorção no dia a dia.

“S Pool” em f/8 1/90 ISO100 @ 8mm; pouca distorção em 8mm.

“S Pool” em f/8 1/90 ISO100 @ 8mm; pouca distorção em 8mm.

“TOTR I” em f/8 1/500 ISO100 @ 8mm; note os vidros entortando nas bordas do quadro.

“TOTR I” em f/8 1/500 ISO100 @ 8mm; note os vidros entortando nas bordas do quadro.

“ITTC” em f/8 1/45 ISO100 @ 8mm; see what I mean?

“ITTC” em f/8 1/45 ISO100 @ 8mm; see what I mean?

VEREDICTO

Construção bacana? Sim. Operação suave? Check. Qualidade de imagem? Está lá. Considerando o look extremo e os resultados, a Sigma só poderia encaixá-la na linha “Art” se fosse lançada hoje. Mas e este preço de US$699, dá pra engolir? Sinceramente eu não sei. Os 8mm não são muito mais extremos que os 10mm e só a Canon tem duas EF-S: a 10-22mm de dez anos atrás e US$50 a menos, mais luminosa e que aceita filtros; e a excelente 10-18mm, por menos da metade do preço em US$299 e única APS-C UWA com IS. Ou seja, você precisa escolher e-xa-ta-men-te o que vai fazer e se quer pagar mesmo pelos 2mm de vantagem. Não me levem a mal, eu adorei a Sigma 8-16mm f/4.5-5.6 DC HSM e as fotos valeram a pena. Mas os 2mm a mais são apenas para se gabar, e no APS-C Canon nada bate os US$299 da a nova STM, que tem estabilizador e é muito mais leve pra carregar. No final, bem-vindos ao futuro: nenhuma compra será realmente errada. Boas fotos!