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Janeiro/2016 – A Nikon AF-S Zoom-Nikkor VR 28-300mm f/3.5-5.6G ED (english) é um paradoxo no blog do zack. Uma objetiva super zoom, ultra flexível para câmeras FX full frame, ela consegue substituir virtualmente todas as lentes de um kit, dos 28mm grande angulares, bacanas para arquitetura e paisagens, até o super telephoto 300mm, legal para brincar com a compressão da perspectiva. Num site feito para ajudá-lo a decidir qual objetiva comprar, a 28-300mm pode facilmente ser a única resposta que você precisa, de iniciantes que ainda não exijam uma prime, a viajantes que não queiram carregar um kit completo com várias distâncias focais fixas na mochila.
Integrante da família AF-S G, ela é razoavelmente bem construída e cheia de tecnologias da Nikon. O motor SWM de foco automático embutido deixa-a compatível com qualquer DSLR. O módulo de estabilização VR II promete até 3.5 stops de compensação, obrigatório para fotografar com tranquilidade no telephoto. E três peças asféricas + dois vidros ED mantém a qualidade de imagem aceitável para uma zoom tão extrema em 10.7x, por menos de US$1000. Mas ela consegue cumprir a promessa de “coringa faz tudo”? Ou é pedir muito de uma única objetiva? Boa leitura!
Em 11.6 x 8.3cm fechada e 24.9 x 11cm aberta com o parasol, tudo em 800g, a AF-S VR 28-300mm f/3.5-5.6G ED é uma gigante pesada que acompanha outras zooms “especiais”. Mas ela é grande sem ser exagerada, muito mais próximas de objetivas intermediárias como a AF-S VR 24-120mm f/4G ED (10.4 x 8.4cm em 710g) do que ferramentas profissionais como as 70-200mm f/2.8, e cabe facilmente em cases feitos para uma única câmera; uma ótima alternativa para passar o final de semana sem carregar um monte de equipamentos. Com um mix de plásticos e metais, estes no primeiro tubo do lado de dentro, ela é bem feita para uma zoom na casa dos US$1000.
Nas mãos ela fica confortável com o anel de zoom frontal e anel de foco traseiro, botões laterais para AF/VR/LOCK, no geral o layout padrão das telephotos Zoom-Nikkor. De 28mm a 300mm ela expande suavemente sem girar os tubos, muito mais suave que a AF-S 70-300mm que testamos recentemente. Aquela objetiva toda de plástico e que custa metade do preço era dura para usar, mas esta 28-300mm não é; prova que do lado de dentro os trilhos e rolamentos são de metal, como você pode sentir no toque gelado do primeiro estágio do tubo de zoom. Ela não balança quando está totalmente aberta e dificilmente se desalinhará sozinha se você cuidar.
Do lado de dentro o motor SMW do sistema AF-S é silencioso e suave, próximo das objetivas mais caras. Ele é muito mais quieto que objetivas baratas como as primes de grande abertura AF-S DX 35mm f/1.8G e 50mm f/1.8G; e faz um barulho quase ultra-sônico similar a Micro-Nikkor 105mm f/2.8G. Mas ele não é dos mais rápidos e um pouco ruim para fotografar ação, especialmente se estiver longe do ponto certo. Pode levar cerca de um segundo do infinito ao foco mínimo de 0.5m, e fica ainda mais devagar se a câmera não encontrar o ponto certo de primeira. Mas é preciso e não tenho qualquer imagem fora de foco com a Nikon FX D750 do formato full frame.
O VRII é bem implementado e, de novo, muito mais quieto que objetivas mais baratas. A minha AF-S 70-300mm faz um click alto quando o módulo liga, e exige timming perfeito antes de iniciar a operação. Esta AF-S 28-300mm ainda precisa disto mas se livra do barulho. Os 3.5 stops de compensação funcionam mas lembre de engatar o VR quando estiver apontando-o para o sujeito, para melhores resultados. Eu não o usei para compensar a velocidade do obturador, uma vez que estava fotografando com o ISO-AUTO que manteve-o em 1/100. Mas o VR ajuda inclusive na composição, o mesmo resultado que você terá na hora de gravar vídeos nas DSLRs.
Na frente os filtros de ø77mm não giram e o trilho é de plástico. O parasol incluído vai num trilho próprio e seu formato de pétala parece otimizado para o grande angular. A janela de distância em cima é fácil de ler, mas o anel de foco manual mostra um jogo entre o movimento do lado de fora e o grupo de focagem do lado de dentro. É ruim mas não necessariamente um problema, uma vez que o motor do sistema AF-S faz um bom trabalho. E atrás o mount de metal é robusto e o elemento traseiro protuberante, incompatível com teleconversores. Há ainda um anel de borracha que sela a objetiva ao corpo da câmera, mas nada é declarado sobre resistência a respingos e/ou poeira. Eu vi pedaços grandes de pó do lado de dentro da minha cópia, então cuidado.
No geral a AF-S 28-300mm é bem feita e se comporta muito melhor que outras zooms intermediárias, especialmente a AF-S 70-300mm, afinal estamos falando de US$1000. O anel de zoom da 28-300mm é mais suave, apesar de sofrer com zoom creep quando a câmera é carregada nos ombros; para isso existe uma chave de trava (LOCK) em 28mm. O motor SWM não ganhará nenhum prêmio de velocidade mas é preciso até em pouca luz, pelo menos com D750. E o VRII tem um atraso se você não acioná-lo apontando para o sujeito, apesar da excelente compensação de 3.5 stops. É uma boa objetiva de ter no kit e não desaponta como um equipamento high-end.
Com um complexo projeto de 19 elementos em 14 grupos, três peças asféricas e dois de vidro ED, além do Super Integrated Coating da Nikon, a AF-S 28-300mm f/3.5-5.6G empurra os limites do que a Nikkor consegue fazer no formato FX, seguindo os passos da famosa AF-S DX 18-200mm. É uma variedade de distâncias focais difícil de conseguir com qualidade e eu tenho de admitir que não esperava milagres de uma zoom 10.7x. Mas sinceramente os resultados me surpreenderam.
Mesmo na abertura máxima f/3.5 em 28mm, f/3.8 em 35mm, f/4.5 em 50mm, f/5 em 70mm, f/5.3 em 105 e f/5.6 de 200mm a 300mm, estou satisfeito com os resultados. Ok, ok, ela não é mais nítida nas bordas e o contraste pede ajustes saudáveis no computador para fotos impactantes. Mas na boa, qual objetiva que não se beneficia disto? Este é daqueles casos de custo/benefício com um flerte em resultados: você leva um set completo de distâncias focais numa única objetiva que grita “criatividade”; mas em troca não terá os arquivos ultra nítidos, clínicos, como das objetivas fixas. As fotos da AF-S 28-300mm funcionam com cores, detalhes bem renderizados e, de novo, resultados bacanas o suficiente para não riscá-la totalmente da lista de recomendações.
Por mais que eu tenha tentado fazê-la parecer ruim, a AF-S 28-300mm simplesmente entregou bons resultados na abertura f/8. As bordas são aceitáveis por todo o range zoom se você manter o sujeito nos limites da profundidade de campo, que é bem curta no final de telephoto. As fotos são outro paradoxo uma vez que eu as fiz no Inhotim, um dos maiores espaços de arte contemporânea do mundo, e vi quatro exposições fotográficas no mesmo dia. E adivinhem só: nenhuma das fotos mostradas precisavam de nitidez nas bordas para serem consideradas obras-primas. Então veja a performance do equipamento como um bonus, e não como exigência para a fotografia.
Os interessados em aberrações ficarão mais que felizes em saber que a AF-S 28-300mm mostra um monte delas. A distorção geométrica é enorme em 28mm, com uma bolha notável nos quatro lados do quadro; desaparece em 35mm; e volta como “botão na almofada” (pincushion) dos 50mm aos 300mm. Aberrações cromáticas estão presentes como linhas coloridas nas bordas em contornos de alto contraste, visíveis virtualmente em todas as zoom (exceto talvez a Canon EF 24-70mm f/2.8L II USM). E algumas aberrações de eixo em distâncias próximas de foco também são visíveis, fazendo os detalhes parecerem sob uma lupa de ampliação em 300mm.
Finalmente o bokeh é interessante no telephoto, quando a profundidade de campo é curta e isola o sujeito do segundo plano. A abertura de nove lâminas não é necessariamente circular nem gera boas estrelas de luz em longas exposições noturnas. Mas as áreas de desfoque podem ser suaves, criando um fundo difuso para composições de cores com flores e outros objetos pequenos, um dos usos do telephoto. As bolhas de luz não são das mais suaves com o efeito “prato de bacteria”, mas aceitáveis para a maioria das situações. Até algumas primes topo de linha mostram esta característica, então não exigirei perfeição de uma super zoom 10.7x do formato FX.
A Nikon AF-S VR Zoom-Nikkor 70-300mm f/4.5-5.6G ED de US$499 é uma opção para fotógrafos do telephoto que não precisam da construção robusta e altíssima performance das zooms de mais de US$1899. Uma objetiva popular entre amadores e profissionais com orçamento apertado, às vezes rola a dúvida se a 28-300mm não é melhor, uma vez que faz a mesma coisa. Porém apesar do sistema de foco e do estabilizador semelhantes, não há como desviar das leis da física: opticamente a 70-300mm 4.3x é muito superior a 28-300mm 10.7x. (clique para maior)
Na distância mínima de foco 0.5m e no telephoto a AF-S 28-300mm também se mostra muito mais ampla que a 70-300mm. A super zoom se parece uma objetiva 150mm apesar de dizer 300mm, e fará diferença para quem fotografa detalhes. Com o foco no infinito, porém, as duas são iguais.
Sinceramente a AF-S 28-300mm f/3.5-5.6G ED foi a minha primeira ultra-zoom no full frame e estou satisfeito com os resultados. A flexibilidade mais que supera os defeitos ópticos e até estes são pequenos depois de alguns ajustes no computador. A construção é ótima para uma zoom, sem qualquer jogo nos tubos com aplicação de metais nos lugares certos. Ela é pesada e feita para equilibrar com câmeras full frame, mas um prazer de usar, fácil de carregar. A verdade está nas fotos e, desculpe desapontá-los, elas simplesmente funcionam. Talvez não seja uma pérola de performance óptica bruta, mas esta não é a ideia. Para ser uma única objetiva para acompanhá-lo em viagens sem encher o saco, ela mais que cumpre a promessa. Portanto divirta-se e boas fotos!