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Junho/2015 – A EF 70-300mm f/4-5.6 IS USM apresentada em outubro de 2005 é a substituta da antiga 75-300mm IS de 1995; a primeira zoom telephoto do mundo com estabilizador embutido. Dotada de nova fórmula óptica que inclui um elemento UD, ela resolve o problema que grupos ópticos retos típicos do telephoto tem com a superfície lisa dos sensores digitais. As luz reflete quando os dois planos polidos são paralelos, como um espelho, registrando um fantasma; daí a necessidade de atualizar os projetos para a “era digital”. Dito e feito, as fotos da nova versão tem maior contraste e cores vibrantes, com performance óptica muito boa. É o destaque da minha experiência com a 70-300mm IS USM: não conseguir tirar uma foto ruim com ela. (english)
E o estabilizador IS também recebeu upgrade para a terceira geração, agora com até três stops de correção e dois modos, além da detecção automática de tripé. A abertura de oito blades ficou circular para desfoque mais suave em qualquer f/stop. O range no short telephoto diminuiu 5mm. E a construção totalmente de plástico foi simplificada para perder 20g, com 630g totais. Ela chegou no vlog do zack por curiosidade de experimentar mais uma 70-300mm da linha Canon, que hoje tem quatro modelos: a 75-300mm simples, esta 70-300mm IS USM intermediária, a 70-300mm DO Fresnel que vimos há algum tempo, e a high end 70-300mm L. Nem no topo da linha, nem na base da pirâmide, como será que ela se comporta? Vale a pena para o seu kit? Boa leitura!
A primeira impressão que a EF 70-300mm f/4-5.6 IS USM passa nas mãos é de solidez. Da mesma geração da EF 24-105mm f/4L IS USM, a construção é toda de plástico com mount de metal e tubo de zoom que expande num único estágio. O comprimento de 142mm fechado em 70mm sobe para 195mm aberto em 300mm, e o foco mínimo expande ainda outros 17mm, para um total de 212mm. Monte o hood ET-65B compatível, não incluído na caixa, e o tamanho pula para enormes 320mm.
Mas o tamanho não chega a ser um incomodo no dia a dia, com amplo espaço para as mãos e operação simples. No meio fica o anel de zoom gigante, leve e fácil de usar, e na frente está o anel de foco manual, também grande mas mal implementado, a principal reclamação física do modelo. A Canon optou por um motor micro-USM que não suporta o full time manual, e o anel de foco gira durante o AF. Então você deve manter os dedos longe para não esbarrar e forçar o motor, o que nem sempre é possível ao estabilizarmos uma objetiva tão longa. Até o elemento da frente gira durante o foco, tornando o uso de polarizadores um inferno.
E o AF não é tão esperto quanto eu gostaria. A precisão deixa a desejar em modo AI Servo especialmente em 300mm e f/5.6, quando a profundidade de campo é curta. A EOS 6D confirmou o foco diversas vezes, mas estava bem fora do plano quando fui rever as fotos. Tive de ajustar as Custom Function do módulo phase para diminuir a velocidade e aumentar a precisão. E na hora de focar manualmente você é obrigado a mover a alavanca AF/MF, que está lá atrás, perto do mount, para liberar o anel da frente. Só em MF ele gira livremente e tem hard stops no infinito e no foco mínimo (1.5m), movimentando o tubo interno para frente e para trás, além de girá-lo.
O destaque vai para a implementação do IS de terceira geração. Ele é extremamente suave e cumpre o que promete. Dá para fotografar tranquilamente fora da regra 1/distância focal, tipo 1/45 nos 300mm, fantástico. É o meu recurso favorito e uma mão na roda depois que o sol se põe, para não subir o ISO demais e compensar no obturador. Ele faz um barulho discreto como outras IS, e funciona durante o AE e gravação de vídeos. O modo 2 serve para panning, como seguir carros de corrida na pista. E ele detecta automaticamente o tripé, embora eu não tenha testado.
Na frente os filtros de ø58mm não custam caro mas giram durante a operação do foco. ND graduados e polarizadores, úteis no telephoto, terão de ser ajustados o tempo inteiro. E como o projeto não é parfocal, a distância de foco muda com a posição do zoom, piorando as coisas. Entendo que estamos abaixo dos US$700 e alguns cortes teriam de ser feitos, mas não precisava jogar tudo no foco automático, com estas peças que giram. Duvido que a Canon fará um upgrade STM no futuro, mas sim USM, cobrando os dólares a mais como fez na EF 35mm f/2 IS USM.
Com 15 elementos em 10 grupos, um deles UD, a performance óptica da EF 70-300mm f/4-5.6 IS USM é muito boa. São fotos com contraste acentuado e cores vibrantes que exigem pouco pós-processamento para saltar na tela; indícios do projeto “novo”, com pouco mais de uma década e vidros de alta qualidade. É difícil lançar “qualquer porcaria” hoje em dia e este modelo deve ser tratado como tal: uma objetiva moderna, de alto desempenho, com ótima relação custo/benefício nas imagens que entrega. As dificuldades estarão na operação do telephoto, com profundidade de campo baixa e exigência de foco preciso. * Todas as fotos com a Canon EOS 6D.
Independente da abertura e distância focal, os arquivos saíram nítidos, cheios de detalhes e com alto contraste. É diferente de algumas objetivas low cost como a EF 100-300mm USM de 1995, que produz fotos sem graça e sem cores na distância máxima. A 70-300mm IS USM não. Quem compra uma zoom longa provavelmente pretende usá-la no final do range, e a ela se comporta bem apesar de não fazer parte da linha Luxury. Sim, você percebe alguns sinais de aberração cromática nos planos fora de foco, afinal não temos vidros high end como peças fluorite ou Super UD. Mas também não dá para reclamar da performance quando as foto saem bacanas repetidas vezes.
Elogios vão para o desfoque acentuado que é difuso e vibrante, excelente para isolar o sujeito em composições de cores opostas. Não, a abertura não é extrema como a primes L f/2.8 ou f/4, mas os 300mm f/5.6 fazem mais que o suficiente para gerar profundidade de campo curtíssima e o bokeh agrada aos olhos. O diafragma circular elimina highlights com formas alienígenas inclusive fora da abertura máxima, e vale fotografar em f/8 e f/13 para conseguir sujeitos com mais impressão de foco, sem perder o look que os sensores grandes fazem. A vinheta é discreta nas bordas do full frame, deixando livre sua inclusão via software, com arquivos neutros direto da câmera.
De negativo são alguns contornos coloridos em áreas fora de foco contra luz, com bolhas roxas na frente e verdes atrás. É difícil de ver porque é difícil de acontecer, só no plano imediato do foco mesmo como alguns centímetros pra frente e atrás; não a metros de distância do sujeito. E a maior dificuldade é conseguir objetos tridimensionais completamente em foco, já que a profundidade de campo em 300mm é curtíssima, lembre sempre disso. Por não ser uma objetiva de grande abertura, é fácil esquecer que o foco beira os milímetros. Então a principal razão para não vermos testes de borda a borda do quadro é porque os meus sujeitos estavam em distâncias diferentes e simplesmente fora do foco, sem chances para definição no quadro todo.
No final o resultado das fotos é excelente e a EF 70-300mm f/4-5.6 IS USM não deveu em nada para outras objetivas mais caras que já usei. O álbum saiu colorido e com alto contraste, as imagens são de grande impacto não importa a saída (web ou print), e ela não exigiu muito para isso, apesar da chatísse com o anel da frente que gira. Para um projeto de US$699 eu não esperava muito, mas ela é prova da expertise Canon no telephoto. Se vale para o seu kit? Com certeza. Foi a mesma diversão que eu tive com a “básica” EF 70-200mm f/4L USM que fará jus ao seu sujeito se ele for interessante, colorido e estiver longe. Minha próxima vítima será a série L topo de linha, mas francamente? Duvido que ela entregará fotos muito melhores. Abraços!