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Dezembro/2014 – A EF 135mm f/2L USM é a telephoto de maior abertura da Canon antes de entrarmos nas super primes brancas. Com especificação f/2, ela é o máximo que você pode comprar sem abrir um rombo no orçamento (custa US$1049), porque a próxima lente deste tipo será a EF 200mm f/2L IS USM, que sai por US$5999. Também é a mais portátil (11cm) nestas especificações, se tornando ideal para jornalistas, eventos, dia-a-dia; situações quando objetivas maiores seriam inadequadas. Ela chegou no vlog do zack exatamente como alternativa a 200mm f/2L IS USM e a 70-200mm f/2.8L IS II USM; dois gigantes da Canon que acabam ficando em casa por causa do tamanho. E também veio colocar a prova se os projetos antigos da linha EF (ela é de 1996) funcionam bem nas digitais full frame, já que foi testada na 5D Mark II. Boa leitura! (english)
Os 750g da 135mm f/2 USM são um pouco pesados para o que as dimensões de comprimento (11cm) e largura (8.2cm) sugerem. Ela é inevitavelmente “massuda” por causa da abertura f/2 e relativamente frágil considerando a espessura do tubo entre os vidros e o lado de fora, pedindo cuidados na hora de usar. Pode ser uma impressão meramente subjetiva, mas não me sinto tranquilo em sequer bater a lente na mesa ao apoiá-lá, ou deixá-la solta em qualquer mochila. Parece delicada como a EF 85mm f/1.2L II USM, e não “carefree” como a 50mm f/1.2L USM.
O metal colabora para esta ideia já que o projeto antigo de 1996 não leva o materiais mais novos do acervo da Canon, como os plásticos de alta qualidade, resilientes. Você nota o design antigo também nos parafusos do lado de fora, e no grip do anel de foco manual que não é completo, com partes mistas de metal e borracha. Só os switches receberam update nos últimos anos (agora são rentes ao corpo), mas nada de weather sealing, IS, vidros novos etc… É uma objetiva vintage, apesar da qualidade. Ela é velha sim e merece o mérito de “clássica”
Talvez o projeto com 10 elementos em 8 grupos, dois deles UD, além do motor USM do tipo ring agreguem características legitimamente modernas ao modelo, e por isso a Canon não fez nada para atualizá-lo nos mais de vinte anos de mercado. A operação é simples e está tudo ao alcance do fotógrafo. O equilíbrio excelente em corpos full frame não “puxa” a lente para frente. O movimento do anel manual é muito suave e combina com o de outras lentes da linha.
Destaque vai para o foco automático que é dos mais rápidos testados no vlog do zack. Na mesma classe das top zoom 70-200mm, a 135mm f/2 está na frente de todas as lentes mais curtas anteriores: 100mm, 85mm, 50mm em diante. O público deste recurso são os jornalistas de esportes indoor: a abertura f/2 ajuda a congelar o sujeito, compensando a luminosidade com o obturador; a distância é ideal para compor os atletas dentro de quadra; e o foco automático acompanha tudo isso. É mais que o suficiente para futebol, tênis, volley… O AF é simplesmente instantâneo.
O anel MF é do tipo “full time manual” e em qualquer seleção da chave AF/MF você pode compensar girando-o para um dos lados. Não há atraso no movimento das peças internas e a 135mm f/2 funciona bem principalmente para vídeo, quando usada com um follow focus. A janelinha de distância é grande e há ainda outro grip antes do mount de metal. Sobra espaço para as mãos tanto na frente da lente quanto atrás, perto do corpo. É excelente para equilibrar o centro de gravidade com corpos da linha 1D, maiores, pesados, todos de magnésio robusto.
Na frente os filtros de ø72mm são compatíveis com as EF 35mm f/1.4L USM, 50mm f/1.2L USM, EF 85mm f/1.2L II USM. Então todos os seus filtros polarizadores, graduados, ND, funcionarão na 135mm f/2L USM. E atrás vai um plus: o elemento traseiro é tão profundo que o projeto aceita os teleconversores EF 1.4X e EF 2X, respectivamente ampliando o alcance para 189mm f/2.8 e 270mm f/4! A popularidade desta lente é justificada pela flexibilidade da operação e da abertura f/2.
A distância de 135mm é clássica para retratos no sistema 135 “full frame” porque a distância de trabalho entre fotógrafo e sujeito é grande, garantindo uma perspectiva agradável as facetas humanas. E a abertura f/2 permite o controle da profundidade de campo garantindo atenção ao centro do quadro, e o segundo plano em desfoque. A 135mm f/2L USM nasceu como a primeira prime deste tipo na linha EF e alternativa as zoom de “média performance”, como as 70-200mm f/4. São dois stops a mais de luz e a vantagem óbvia das primes: qualidade de imagem imbatível.
Logo em f/2 notamos que a Canon não estava de brincadeira lá em 1996. Até hoje nos sensores de altíssima resolução nós conseguimos ultrapassar as exigências de informações das digitais, com arquivos extremamente detalhados, nítidos apesar do contraste às vezes pobre. É tanta resolução que há quem diga que a 135mm f/2 trabalha “contra” o sujeito já que os defeitos na pele serão ampliados na foto, relevando aqueles anos sem filtro solar. Lógico que qualquer trabalho bem feito com pré-produção, maquiagem e luz indireta resolvem os problemas. Mas não tem como duvidar: esta lente é o bicho em termos de resolução. Todas as fotos com a EOS 5D Mark II.
Fechando a abertura, o look nas fotos custa a mudar porque resolução, contraste e até a profundidade de campo continuam característicos. O diafragma vai até f/32, incomum nas outras lentes, meramente para controlar a exposição. Durante os meus testes acho que a 5D Mark II só mudou mesmo de f/2 para cima (número maior) quando o limite de 1/8000 do obturador levou o “aperture priority” a abrir mão de alguns stops. Eu não escolhi fechá-lo.
Reclamações vão para as clássicas aberrações cromáticas que, francamente, nem são tão ruins assim. Um detalhe curioso: enquanto a AF-S 85mm f/1.8G do artigo passado não tinha vidros especiais, e mostrava CAs altíssimos, quase incorrigíveis; na 135mm f/2 Canon, por causa de dois vidros UD, eles acontecem bem menos, mesmo no segundo plano ou em áreas de contraste. Sim, as bolhas de cor continuam lá em f/2 e vão sumindo até o f/4. Mas é menor que outras lentes low-cost e “fica a dica” do valor (literalmente) das objetivas mais caras: o tratamento nos vidros é diferente, e o desempenho óptico é maior, com menos aberrações visíveis nos arquivos.
Distorções geométricas são ignoráveis assim como a vinheta que é extremamente bem controlada no f/2. As cores são típicas da série L, e outro grande motivo para colocar uma lente desta no kit. Se você usa muito, por exemplo, a distância final de uma EF-S 18-135mm, esta prime f/2 com certeza representará um boost a qualidade do trabalho. As fotos são extremamente características, o que eu chamo de “personalidade”. É quando você consegue ver de longe que as imagens foram feitas com uma objetiva específica, e disso a 135mm f/2 tem de sobra nas fotos.
A 135mm f/2 é uma lente “esquecida” da linha EF por quem busca qualidade de imagem e resultados verdadeiramente exclusivos. O fetiche ainda está no combo 50mm f/1.4 e 85mm f/1.8 USM “low cost”, que juntas e mais um pouco dariam para comprar a 135mm f/2, que tem bem mais personalidade. Talvez seja de fato este look único, que “limita” o portfolio, que tire este modelo da prioridade entre os fotógrafos. Mas sinceramente isto pode trabalhar por você: um único tipo de foto facilita a vida na hora de clicar, e, vamos concordar, que ótimo “um tipo de foto” ela faz. :-)