Canon EF 35mm f/2 IS USM

A primeira prime 35mm f/2 com estabilizador


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 127MB).

Tempo estimado de leitura: 10 minutos.

Outubro/2014 – A EF 35mm f/2 IS USM é uma objetiva fixa de grande abertura e distância bacana para fotografia de rua. Uma atualização de um modelo clássico da linha Canon do começo da década de 90, a 35mm f/2, enquanto aquela objetiva foi a última “old school” com micro motor e mount de metal, ao lado das 24mm f/2.8 e 28mm f/2.8, todas grande angulares apresentadas na mesma época, outras lentes “standard” mais novas ganharam o micro motor USM em meados de 1993, como a EF 50mm f/1.4 USM. 24mm, 28mm e 35mm por 22 anos (!) não tiveram a mesma sorte de um upgrade USM, passando batido pela escola de design da década de 90 da Canon. (english)

Canon EF 35mm f/2 IS USM 50mm f/1.4

A 35mm f/2 IS USM saiu junto das atualizações do kit original: EF 24mm f/2.8 IS USM e EF 28mm f/2.8 IS USM também foram anunciadas ao mesmo tempo. Todas estas lentes ganharam IS para vídeos e pouca luz, USM ultra rápido do tipo ring, construção nova com anel de foco perfeito, e agora aguardamos o mesmo tratamento para as 50mm f/1.4 e 85mm f/1.8. Enfim a f/2 IS USM chegou no vlog do zack meramente para testes já que estou cheio de 35mm primes: f/1.4L USM, f/1.4 DG HSM, f/2 clássica… Será que a EF 35mm f/2 IS USM ganhará um lugar no kit? Boa leitura!

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EF 35mm f/2 IS USM

Os 22 anos de diferença entre os modelos f/2 e IS f/2 USM se justificam num projeto óptico totalmente novo com um elemento asférico molded-glass, motor ring-USM ridiculamente rápido e a implementação do estabilizador Canon numa lente de grande abertura; só a top telephoto EF 200mm f/2L IS USM compartilha do IS em f/2. Para tanto a 35mm cresceu 63% em volume comparada a versão anterior e ganhou um preço três vezes maior no lançamento (US$849); decisão questionável já que a clássica 35mm f/2 era excelente. Hoje em dia o preço caiu para US$599, muito mais apropriado para o mercado depois da Sigma f/1.4 de US$799.

Canon EF 35mm f/2 IS USM

Como novo exemplo do design e filosofia que a Canon seguirá nos próximos lançamentos, a EF 35mm f/2 IS USM é um mix de alta qualidade e simplicidade, sem materiais exóticos. Tudo gira em torno de um tubo de plástico de alta qualidade com mount de metal bem acabado, de focagem traseira e interna, e anéis perfeitos ao toque. Enquanto algumas concorrentes parecem baratas (tipo a Nikon 50mm f/1.4G e o anel MF de plástico) ou complicadas e pesadas demais (como as Sigma Art), a Canon desenvolve produtos simples, fáceis de usar, e com excelente durabilidade.

Canon EF 35mm f/2 IS USM

Em 335g de 10 elementos em 8 grupos, podemos dizer que a f/2 IS USM é muito mais pesada que a 35mm f/2 (192g), e  bem mais complexa que os 7 elementos em 5 grupos de antes. Sim, o upgrade foi substancial no tamanho agora com 77mm de espessura contra 67mm da anterior, e 62mm de comprimento contra os 42mm (fechada) de antes. Mas ficou um equipamento mais gostoso de usar, premium, com um anel de foco manual muito maior, de toque perfeito (sem joguinho!!!), janela de distância maior, e botões AF/IS mais fáceis de operar. Ela equilibra melhor nos corpos full frame digitais da Canon que a “fantasma” f/2, que desaparecia na mochila de tão leve.

Canon EF 35mm f/2 IS USM

Do lado de dentro o destaque fica para o novo motor de foco automático do tipo USM ring, extremamente veloz e relativamente silencioso. Existe uma diferença entre estes motores e nem toda “USM” é do tipo ring. Por exemplo a EF 50mm f/1.4 é USM mas usa um sistema de micro motor + rodas dentadas, daí aquele barulho irritante. Já as topo de linha usam um motor USM circular (ring), que fica ao redor do elemento de foco. Este é muito mais rápido, virtualmente instantâneo em objetos estáticos, e foi esse o upgrade que a 35mm f/2 IS USM recebeu; é quase uma série L.

Canon EF 35mm f/2 IS USM

Depois de testar várias Sigmas e Nikon é absurda a diferença na velocidade de foco que a Canon coloca no mercado. As outras marcas são rápidas, mas as lentes EF são muito, muito mais rápidas. Pense 0.4 segundos para ir de uma ponta a outra, o que é incrível. Mas ele não é totalmente silencioso como as nova STM, tipo EF 40mm e 50mm: dá para ouvir um “deslize” do lado de dentro e até uns clicks quando trava rápido demais. De qualquer maneira é totalmente preciso e funciona praticamente no escuro. Em algumas fotos com a 5D Mark II + ponto central eu mal conseguia enxergar por onde andava, e o conjunto travou o foco em menos de 1 segundo. Espetacular!

Canon EF 35mm f/2 IS USM

“Chistoph Draeger / Le Radeau de la Macumba” em f/2 1/6 ISO400; esta foto foi feita praticamente no escuro e o foco travou sem problemas com o ponto central da 5D Mark II. O_o

“Chistoph Draeger / Le Radeau de la Macumba” em f/2 1/6 ISO400; esta foto foi feita no escuro e o foco travou com o ponto central da 5D Mark II.

Outra novidade está no IS, que a Canon adiciona para atender o pessoal que faz vídeos. Ele é indispensável para tomadas nas mãos, sem tripé, já que os corpos EOS não tem estabilizador no sensor. Na 35mm f/2 o módulo é taxado em até 4 stops e, se compatível com a câmera, detecta automaticamente o “modo panning” para desativar um dos eixos de correção. Por causa dele que o elemento frontal cresceu tanto, e esta é a maior 35mm f/2 que já vi. A vinheta não melhorou tanto, argumento de outras fabricantes para elementos gigantes. Mas, de novo, tudo funciona. Deixe o IS ligado para compensar os movimentos das mãos sem borrar as fotos.

“Escada” em f/2 1/13 ISO100; IS segurou a composição no lugar e pude usar o ISO100 em pouca luz.

“Escada” em f/2 1/13 ISO100; IS segurou a composição no lugar e pude usar o ISO100 em pouca luz.

Enfim na frente os filtros de ø67mm não giram e a lente não cresce durante a focagem. Isto contribui para a impressão de robustez e, apesar dela não suportar o weather sealing, não parece ter grandes espaços para poeira e água entrarem na câmera. Gostei da EF 35mm f/2 IS USM porque a construção é mais “adulta” e serve de exemplo para futuros upgrades na linha. Com a chegada deste modelo morreu o design “old school” da 35mm f/2; portanto 50mm f/1.4 USM e 85mm f/1.8 USM viraram as “novas old school”. Se a Canon nos fizer esperar mais alguns anos para melhorar aqueles projetos como a f/2 IS USM melhorou a f/2 nos 35mm, vale a pena esperar.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Arne Quinze / Escultura” em f/8 1/100 ISO100.

“Arne Quinze / Escultura” em f/8 1/100 ISO100.

Acompanhar o desempenho óptico de outras 35mm f/2 (ou de maior abertura) não é uma tarefa fácil porque esta especificação já faz parte das lentes “normais” (standard), fáceis de fabricar sem o preço nas alturas. EF f/2, EF f/1.4L USM e f/1.4 DG HSM sempre foram boas com diferenças pequenas nos resultados: todas com resolução excelente no centro, um pouco de perda nas bordas (menos a Sigma), e bokeh interessante em distâncias próximas de foco (menor que um metro). Tem como a Canon melhorar muito na f/2 IS USM? Todas as fotos com a Canon EOS 5D Mark II.

“Ermelino Matarazzo” em f/2.5 1/30 ISO100.

“Ermelino Matarazzo” em f/2.5 1/30 ISO100.

Enquanto o novo modelo consegue sim resolver os problemas no bokeh, e melhorar a resolução nas bordas e contraste do modelo anterior, ela ainda não está no mesmo patamar da f/1.4L USM e bem longe da Sigma Art DG HSM. Vou repetir: nenhuma destas objetivas é ruim e mesmo a f/2 antiga é reconhecida pelas qualidades de uma prime: nitidez melhor que uma zoom num projeto menor. Mas a f/2 IS USM não mira para a perfeição apesar do preço salgado, e outras características como IS e USM terão de justificar a compra; não o desempenho óptico sozinho, que é justo.

“Tunga / Sem Título” em f/2 1/400 ISO100.

“Tunga / Sem Título” em f/2 1/400 ISO100.

Crop 100%, resolução perfeita no centro em f/2.

Crop 100%, resolução perfeita no centro em f/2.

Partindo de f/2 os resultados ópticos são praticamente perfeitos em qualquer sentido. Resolução de sobra no centro do quadro, onde o sujeito deveria estar; contraste excelente em áreas duras entre luz e sombra; e cores tipicamente Canon, mais puxadas para o amarelo e vermelho. A única imperfeição está na vinheta acentuada em abertura máxima que exige correção de acordo com o motivo da foto, mas que nos meus exemplos mais colaborou para o efeito “voyeur”, dando personalidade as fotos. A profundidade de campo não é tão curta em 35mm e você precisa de aberturas maiores para isolar de fato o sujeito do fundo; ou fazer o enquadramento próximo do sujeito, incluindo a distorção na imagem (o que estiver mais próximo da lente ficará maior).

“Valter Lano / Complexa Criação” em f/2 1/320 ISO100; look perfeito! O_o

“Valter Lano / Complexa Criação” em f/2 1/320 ISO100; look perfeito! O_o

Crop 100%, resolução impecável no centro, níveis mínimos de CA axial.

Crop 100%, resolução impecável no centro, níveis mínimos de CA axial.

Crop 100%, bokeh ruim em distâncias longas de foco.

Crop 100%, bokeh ruim em distâncias longas de foco.

“Wang Du / La Folie 2” em f/2 1/40 ISO250.

“Wang Du / La Folie 2” em f/2 1/40 ISO250.

Crop 100%, contraste perfeito no centro da foto.

Crop 100%, contraste perfeito no centro da foto.

“Studio Drift / Fragile Future” em f/2 1/30 ISO200; vinheta acentuada em abertura máxima.

“Studio Drift / Fragile Future” em f/2 1/30 ISO200; vinheta acentuada em abertura máxima.

“Nino Cais / Anunciação” em f/2 1/100 ISO200; outro exemplo de vinheta alta em f/2.

“Nino Cais / Anunciação” em f/2 1/100 ISO200; outro exemplo de vinheta alta em f/2.

“Joana Vasconcelos / Valquíria Matarazzo” em f/2 1/100 ISO200.

“Joana Vasconcelos / Valquíria Matarazzo” em f/2 1/100 ISO200.

Crop 100%, astigmatismo óbvio em pontos de luz nas bordas do quadro em f/2.

Crop 100%, astigmatismo óbvio em pontos de luz nas bordas do quadro em f/2.

É só nas bordas mesmo que a resolução cai um pouco mas na minha opinião nunca deixa de ser usável. Dá para ver todos os tijolos, nomes impressos, detalhes das texturas, o que estiver no plano focal sem problema de nitidez. Na verdade o que cai é o contraste, indicando astigmatismo; mas que dá para ser melhorado via software. Os detalhes estão lá e é isso que importa. Penso que este argumento só existe porque as outras lentes de maior abertura tem maior desempenho em f/2; não quer dizer que a 35mm f/2 IS USM seja ruim de fato. Por isso sou um pouco contra testar equipamentos diferentes lado a lado já que os projetos são muito diferentes.

“Wang Du / La Folie 2” em f/2 1/100 ISO100.

“Wang Du / La Folie 2” em f/2 1/100 ISO100.

Crop 100%, a esquerda é a borda do quadro, a direita é o centro; não tem muita diferença, viu?

Crop 100%, a esquerda é a borda do quadro, a direita é o centro; não tem muita diferença, viu?

Fechando para f/2.8 e f/4 o que mais notamos é a diferença na vinheta, que some do quadro. As fotos ficam mais claras e é até esquisito de raciocinar: você fecha a abertura para ter fotos mais claras?! Pois é. Lógico que a exposição muda como um todo (obturador e ISO podem compensar), mas a diferença é gritante nas bordas, que ficam melhores iluminadas. A resolução e contraste sobem um pouco mas nada que realmente faça diferença na maioria dos trabalhos. Dá para usar a 35mm f/2 IS USM em qualquer abertura que os resultados serão ótimos. Use este controle do diafragma para o que ele foi feito: controlar a profundidade de campo e só.

Jean-Michel Othoniel / Les 9 colliers de liberté” em f/2 e em f/5, 1/100-1/20 ISO100; exposição sem vinheta em f/5.

“Wang Du / La Folie 2” em f/2 1/100 e f/4 1/25, ISO100.

“Charley Case / Seringueira” em f/8 1/8 ISO1250.

“Charley Case / Seringueira” em f/8 1/8 ISO1250.

Crop 100%, excelente nitidez em f/8.

Crop 100%, excelente nitidez em f/8.

“Arne Quinze / Escultura” em f/8 1/100 ISO100.

“Arne Quinze / Escultura” em f/8 1/100 ISO100.

Crop 100%, desempenho óptico perfeito, zero aberrações.

Crop 100%, desempenho óptico perfeito, zero aberrações.

Distorção geométrica é praticamente nula e excelente para uma standard mais próxima do grande angular que do telephoto. Aqui vive a razão de ser de uma prime: na maioria das zoom com o 35mm no final e a distorção é do tipo pincushion; o que não acontece nas lentes fixas. E problemas com aberrações cromáticas, tanto axiais quando laterais são invisíveis na IS USM. Você teria de testar com objetos preto e branco, no foco mínimo, para notar problemas, como os outros sites fazem. No dia a dia o desempenho é excelente e fácil de corrigir se acontecer.

“Jack Pierson / Título indisponível” em f/2 1/80 ISO100; distorção geométrica discreta…

“Jack Pierson / Título indisponível” em f/2 1/80 ISO100; distorção geométrica discreta…

“_” em f/2 1/125 ISO400, ou praticamente nula dependendo do sujeito.

“_” em f/2 1/125 ISO400, ou praticamente nula dependendo do sujeito.

“Dias e Riedweg / Amnesia Anesthesia” em f/2 1/800 ISO250.

“Dias e Riedweg / Amnesia Anesthesia” em f/2 1/800 ISO250.

Crop 100%, sério, o CA lateral é nulo nesta lente. O_o

Crop 100%, sério, o CA lateral é nulo nesta lente. O_o

Crop 100%, e a resolução em f/2 impressiona para uma Canon.

Crop 100%, e a resolução em f/2 impressiona para uma Canon.

“_” em f/4 1/6 ISO250.

“_” em f/4 1/6 ISO250.

Crop 100%, focagem perfeita de gráficos e linhas, sem CA lateral.

Crop 100%, focagem perfeita de gráficos e linhas, sem CA lateral.

“Veronika Kelldorfer / Marbeled Haze” em f/2 1/100 ISO100.

“Veronika Kelldorfer / Marbeled Haze” em f/2 1/100 ISO100.

Crop 100%, desempenho absolutamente impecável desta objetiva.

Crop 100%, desempenho absolutamente impecável desta objetiva.

Enfim o bokeh recebeu um upgrade comparado a EF 35mm f/2 que apresentava um desfoque confuso em distâncias além do 1m, entre fotógrafo e sujeito. Isto melhorou na f/2 IS USM que consegue misturar melhor as cores, mas continua um pouco confuso na tela do computador; ele não fica tão ruim impresso. Mas acho que bokeh/baixa profundidade de campo não é o forte de nenhuma 35mm e se o efeito for importante pra você, pense em distâncias focais mais longas, com pelo menos 50mm ou mais; ou fotografar bem de perto do sujeito, isolando-o do segundo plano.

“Myriam Mechita / The wonderful world that already was ou Sleeping at red cloud” em f/2 1/1600 ISO100.

“Myriam Mechita / The wonderful world that already was ou Sleeping at red cloud” em f/2 1/1600 ISO100.

Crop 100%, bokeh é ruim em distâncias longas de foco; até CA axial aparece. :-(

Crop 100%, bokeh é ruim em distâncias longas de foco; até CA axial aparece. :-(

“Janaina Tschäpe / Gush” em f/2 1/40 ISO400; a profundidade de campo é longa mesmo em f/2 nos 35mm.

“Janaina Tschäpe / Gush” em f/2 1/40 ISO400; a profundidade de campo é longa mesmo em f/2 nos 35mm.

“Veronika Kelldorfer / Marbeled Haze” em f/2 1/50 ISO100; só em distâncias mínimas de foco que o desfoque fica suave.

“Veronika Kelldorfer / Marbeled Haze” em f/2 1/50 ISO100; só em distâncias mínimas de foco que o desfoque fica suave.

“Lucas Simões / Tudo deixará de existir” em f/5 1/50 ISO1600.

“Lucas Simões / Tudo deixará de existir” em f/5 1/50 ISO1600.

VEREDICTO

A Canon EF 35mm f/2 IS USM é um ótimo upgrade a antiga f/2 porque a qualidade de imagem aumentou, a construção melhorou muito e o foco automático é simplesmente fantástico. Além disto a implementação do estabilizador é bem-vinda em qualquer projeto e vocês já sabem que na minha opinião deveria fazer parte de todo lançamento. Não influencia no preço, no tamanho e no peso, nem na qualidade de imagem, e é útil para quem faz vídeos sem tripé ou fotografia em pouca luz. Se a 35mm f/2 IS USM ficará no kit? Ainda não sei. Não estou insatisfeito com as 35mm f/1.4 por causa do tamanho nem fotografo com tão pouca luz para justificar o IS em f/2. Talvez eu me livre das duas f/2 35mm Canon, e fique só com o kit f/1.4. E ainda estou para testar a Nikkor AF-S 35mm f/1.4G, que dizem ser um espetáculo a parte. Vamos ver o que a Nikon reserva. Boas fotos!