Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

A objetiva definitiva para a fotografia de rua no APS-C Canon


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 120MB).

Tempo estimado de leitura: 10 minutos.

Março/2015 – A 24mm f/2.8 STM é a terceira objetiva Canon com design pancake, idêntica a EF 40mm f/2.8 STM e semelhante a EF-M 22mm f/2 STM. Quando os rumores começaram a surgir sobre uma nova prime compacta, a possibilidade dela ser 24mm e grande angular animou os fotógrafos, que esperavam uma nova classe de “mini” objetivas EF com várias distâncias: 24mm, 40mm, no futuro uma 65mm… Mas depois que as primeiras imagens vazaram e nós vimos a sigla “EF-S”, caiu a ficha: a Canon apresentaria uma pancake para cada formato: EF 40mm, EF-M 22mm e agora EF-S 24mm. Nada de linha compacta-f/2.8-STM para inflar o kit. (english)

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

Porém não se enganem. Não é porque ela é EF-S que ela não seja 24mm, ela é. No formato APS-C isto não significa necessariamente “grande angular”, mas sim uma standard ideal para levar para a rua. É mais ampla que a 40mm: 59º contra 31º. Ela só não cobre a projeção completa do formato 135 (full frame), e por isso o preço caiu 25% para US$149, apesar de carregar os mesmos recursos: tamanho compacto, foco STM silencioso, e projeto óptico moderno. Na minha opinião a Canon quer na verdade matar a EF 50mm f/1.8 II para street photography, independente do formato.

“Reflexo” com a EOS M em f/6.7 1/180 ISO100; distância perfeita a fotografia de rua.

“Reflexo” com a EOS M em f/6.7 1/180 ISO100; distância perfeita a fotografia de rua.

Ela chegou no vlog do zack meramente atendendo a pedidos de vocês uma vez que eu tenho outras câmeras/lentes para fazer a mesma coisa. A EOS M + EF-M 22mm f/2 STM é um combo ainda menor (sem adaptador) e mais “luminoso”. E a Sony RX1R full frame com fixa 35mm f/2 é um monstro opticamente superior, com look diferente e também mais “luminoso”; porém bem mais caro. Mas a EF-S 24mm f/2.8 STM montará em qualquer EOS APS-C, e por US$149 os resultados são imbatíveis. Já adianto que está é umas das lentes mais legais da linha, portanto comprem sem pensar duas vezes. Vamos ler como ela se comportou numa tarde em NY? Boa leitura!

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

Em 125g de 6 elementos em 5 grupos, com 22.8mm de comprimento e 68.2mm de largura, a EF-S 24mm f/2.8 é irmã gêmea da EF 40mm f/2.8 STM que também tem 6 elementos mas em 4 grupos, e 130g. Se você já tem a 40mm pancake, se sentirá em casa com a EF-S 24mm. As duas juntas são mais finas que a EF 50mm f/1.8 II sozinha, e lembram mais tampas de proteção da câmera do que instrumentos ópticos de verdade, apesar de incorporarem motor de foco, rosca para filtros (ø52mm), anel manual e mount de metal. A maior diferença entre as duas está na borracha extra da EF-S que impede a montagem no mount EF, tornando-a incompatível com câmeras full frame. Vamos esperar alguém cortar a borracha pra ser funciona, pratica comum com a 10-22mm.

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

Por causa do tamanho curtíssimo, a construção é robusta e muito mais sólida que outras lentes low cost maiores, especialmente a cinquentinha “plastic fantastic”. Você pode deixar as pancakes montadas sem se preocupar com batidas já que provavelmente elas ficarão “escondidas” sob o módulo de flash integrado que toda EOS APS-C tem. É um sonho para carregar o tempo inteiro na frente da DSLR SL1 ou mirrorless M. Está evidente que no lugar da Canon apresentar uma compacta retrô APS-C com objetiva fixa (oi, Fuji X100!), eles apresentarão objetivas pra fazer a mesma coisa na EOS que você já tem. O negócio deles são lentes, lentes, lentes…

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

A operação da EF-S 24mm STM é simples com apenas um switch AF/MF e um anel fly-by-wire de foco manual. Ele é emborrachado e bem mais gostoso de usar que o plástico-com-plastico da 50mm f/1.8 II. E o full time manual está lá: a qualquer momento, mesmo na posição AF, você pode compensar o foco com o anel. Ele mandará um sinal para o motor STM interno movimentar totalmente o conjunto óptico, que expande quase 1 cm na distância mínima de foco. Como o sistema é elétrico, você necessariamente precisa de energia da câmera para usar o foco, portanto nada de usar com adaptadores passivos em outros sistemas. E lembre de fechar o tubo no foco infinito antes de guardar a câmera em mochilas apertadas.

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

O foco automático é tipicamente STM. Silencioso, suave, não ganhará nenhum prêmio de velocidade. Funciona para fotografia de rua, grafites, arquitetura, passantes. Mas nada de apontá-lo para as crianças correndo e esperar que trave na hora. Leva cerca de 1 segundo na EOS M se ela não confundir o foco com outros elementos nítidos como bolas no bokeh, sem travar no ponto certo. Dá para julgar diretamente no LCD quando erra, porque erra feio! Porém não é motivo de alarde: em 400 fotos, aconteceu em uma. Só tirar a foto de novo.

Canon EF-S 24mm f/2.8 STM

Enfim é outra objetiva low cost Canon com construção bacana, operação perfeita, e design diferente (pancake), que levanta questionamentos positivos. Por apenas US$149, me faz pensar que pagamos muito nos US$125 da EF 50mm f/1.8 II e nos US$199 da EF 40mm f/2.8 STM. Alias, é muito também pelos US$599 da EF 35mm f/2 IS USM, que é tão bem construída e robusta quanto, da mesma escola de design; eu nunca vou superar o preço deste modelo. A EF-S 24mm f/2.8 STM é bem “premium” considerando os resultados fotográficos e não tem nada de low-cost.

QUALIDADE DE IMAGEM

“28th” em f/2.8 1/90 ISO160.

“28th” em f/2.8 1/90 ISO160. Todas as fotos com a Canon EOS M.

* Todas as fotos com a Canon EOS M. Com um conjunto óptico minúsculo no centro do mount EF e não esquecendo que estamos falando de uma grande angular, é impressionante o que a Canon conseguiu fazer com a performance da EF-S 24mm f/2.8 STM. A resolução é impecável e independente da abertura; o contraste é perfeito a partir de f/4; e as cores, como sempre, são a melhor parte das EOS depois de um tratamento bacana nos arquivos raw. Não parece que estamos dependendo só de coatings modernos e um elemento asférico para nitidez. Mas vidros puros, de alta qualidade. Os US$149 são pouco perto do que você consegue fazer com esta objetiva.

“Marcy Av” em f/2.8 1/90 ISO100.

“Marcy Av” em f/2.8 1/90 ISO100.

Em f/2.8 no dia a dia o único “problema” é a profundidade de campo curta que dificulta colocar tudo em foco; um look desejado para a fotografia de rua. A resolução continua alta no que cair no plano focal de ponta a ponta do quadro, e não temos de ficar lembrando de fechar o diafragma para conseguir detalhes a mais nos arquivos. Mas o contraste e a vinheta melhoram em f/4, algo a levar em consideração se for um problema para você. Já passamos do tempo que desempenho óptico estava associado com f/stop, então serve só como controle da profundidade de campo.

“Gelo” em f/2.8 1/500 ISO100.

“Gelo” em f/2.8 1/500 ISO100.

Crop 100%, mas em ISO100 conseguimos ver que a lente é nítida sim.

Crop 100%, mas em ISO100 conseguimos ver que a lente é nítida sim.

“Adesivos” em ISO100.

“Adesivos” em ISO100.

Crop 100%, diferença fechando a abertura está mais na correção da vinheta do que aumentar a resolução.

Crop 100%, diferença fechando a abertura está mais na correção da vinheta do que aumentar a resolução.

O importante é que as fotos saem cheias de detalhes nos corpos APS-C, rivalizando com qualquer câmera full frame para 90% das situações. São arquivos que aguentam ampliações muito além do que a maioria de vocês pretendem imprimir, e os 10% restantes ficam para o look diferenciado dos sensores maiores com pouca luz; ou a profundidade de campo super curta nas mesmas distâncias de trabalho. De resto, estas lentes compactas com câmeras compactas trazem de volta o prazer de fotografar, com resultados bem superiores as maquininhas point & shoot ou smartphones; por mais que o mercado queira insistir no contrário. Um celular não compete com o que uma APS-C consegue fazer, e esta objetiva super compacta prova isso no formato menor.

“Empire State Building” em f/6.7 1/500 ISO100.

“Empire State Building” em f/6.7 1/500 ISO100.

Crop 100%, detalhes impecáveis do centro…

Crop 100%, detalhes impecáveis do centro…

“Range Rover” em f/8 1/180 ISO100.

“Range Rover” em f/8 1/180 ISO100.

Crop 100%, reprodução de linhas finas em pontos de contraste.

Crop 100%, reprodução de linhas finas em pontos de contraste.

“Williamsburg” em f/8 1/350 ISO100.

“Williamsburg” em f/8 1/350 ISO100.

Crop 100%, moiré na EOS M com tanta nitidez.

Crop 100%, moiré na EOS M com tanta nitidez.

Aberrações cromáticas são super discretas e arrisco dizer que nunca usei uma prime 24mm da Canon com CA tão bem controlado. Os contornos coloridos em áreas de contraste não ultrapassam 01 pixel nos 18MP da EOS M, performance muito (muito!) superior a EF 24mm f/1.4L II USM (!), a TS-E 24mm f/3.5L II; ou a zoom top “crop” Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM, que foi testada na mesma cidade e com resultados ruins de CA lateral. Não precisamos nem ligar a correção via software ou compensação por DIGIC5 nas EOS mais novas; realmente impressionante. E no segundo plano, as aberrações de eixo não acontecem. Vocês já sabem: elementos minúsculos, aberrações invisíveis. É bem diferente de usar uma lente de grande abertura em stops otimizados.

“Neve no parque” em f/8 1/250 ISO100.

“Neve no parque” em f/8 1/250 ISO100.

Crop 100%, CA lateral está lá, mas é extremamente discreto mesmo em situações extremas.

Crop 100%, CA lateral está lá, mas é extremamente discreto mesmo em situações extremas.

“36 Seventh Avenue” em f/6.7 1/750 ISO100.

“36 Seventh Avenue” em f/6.7 1/750 ISO100.

Crop 100%, resultado sem correção, ela é praticamente desnecessária.

Crop 100%, resultado sem correção, ela é praticamente desnecessária.

“36 7th Ave” em f/6.7 1/1000 ISO100.

“36 7th Ave” em f/6.7 1/1000 ISO100.

Crop 100%, aonde está o CA lateral? O_o

Crop 100%, aonde está o CA lateral? O_o

A distorção geométrica atrapalha de leve as fotos urbanas com linhas retas. Parece uma “bolha” no eixo horizontal e próximo do perímetro do quadro, pedindo composições diferentes para esconder o problema. Se não der para evitar, ligue a compensação na câmera. De novo, é muito menos que qualquer zoom com 24mm no começo do range e não é um problema de fato. Flaring, por outro lado, por acontecer em cenas extremas com a luz contra o sujeito, e vinda do perímetro do quadro. Mas o contraste se mantém alto e não vemos tantos reflexos coloridos como nas zoom.

“TBA” em f/8 1/250 ISO100; o máximo de distorção geométrica que pode acontecer.

“TBA” em f/8 1/250 ISO100; o máximo de distorção geométrica que pode acontecer.

“Rail” em f/4 1/60 ISO100.

“Rail” em f/4 1/60 ISO100.

“Village” em f/8 1/250 ISO100; leve distorção do tipo bolha.

“Village” em f/8 1/250 ISO100; leve distorção do tipo bolha.

Já o bokeh não é destaque em nenhuma 24mm f/2.8. A distância focal curta e a abertura pequena não são ideais para quem curte um desfoque acentuado. Você até consegue fazer em distâncias curtas de foco (o mínimo é 16cm), bacana para isolar o sujeito do fundo. Mas é curto demais, só funcionará com objetos pequenos, e, mesmo assim, não é tão suave quanto lentes mais complexas. As linhas ficam um pouco repetitivas e pontos de highlight ganham um contorno mais claro, parece um tubo néon; culpa do elemento asférico. Ela simplesmente não foi feita para “bokeh”; é para “fotografia com tudo em foco”, e num corpo pequeno.

“Fire Police” em f/2.8 1/1000 ISO100.

“Fire Police” em f/2.8 1/1000 ISO100.

Crop 100%, bokeh é um pouco confuso, com círculos repetitivos.

Crop 100%, bokeh é um pouco confuso, com círculos repetitivos.

Por fim, as cores “seal the deal” de mais uma EF-S. Pessoalmente uma das coisas mais interessantes do vlog do zack é testar várias marcas e ver descaradamente a diferença nas fotos que cada uma faz. E p*ta m*rda, a Canon é a única que sabe reproduzir cores fantásticas para telas ou para o papel! Direto no LCD da EOS M já dava pra perceber os tons saturados das cores primárias amarelo, azul e vermelho; que são capturados em RGGB num arranjo Bayer nos sensores deles. Ou seja, não é fácil registrar um amarelo puro, um vermelho puro, e um azul puro dessa forma; mas eles conseguem. É perfeito para grafismos ou realmente exagerar um clima bonito. Se você é desses que sai para fotografar pichação, esta lente é para você.

“OPEN” em f/8 1/350 ISO100.

“OPEN” em f/8 1/350 ISO100.

“Lagerfeld” em f/6.7 1/250 ISO100.

“Lagerfeld” em f/6.7 1/250 ISO100.

“Eduardo Kobra” em f/8 1/90 ISO100.

“Eduardo Kobra” em f/8 1/90 ISO100.

O resultado é tão “feliz” que eu tive de abandonar a “fase preto e branca” que comecei na EF-S 17-55mm f/2.8 IS USM. :-) Não dava para evitar as cores nas paredes de Williamsburg no Brooklyn, e não poderia ter pedido por um último dia melhor de viagem, depois de chuva, neve, e lentes não-Canon. Não encontro outra marca que faça algo parecido, ponto final.

Comparada a outras objetivas com 24mm

“São Paulo” em f/6.7 1/350 ISO100 @ 24mm.

“São Paulo” em f/6.7 1/350 ISO100 @ 24mm.

Só para ilustrar a performance óptica pixel a pixel da EF-S 24mm f/2.8 STM, coloquei-a lado a lado com outras objetivas populares do mercado, todas high-end e “especiais”. Da esquerda para a direita: EF 24-105mm f/4L IS USM, Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM, EF 24mm f/1.4L II USM e a EF-S 24mm f/2.8 STM. Fotograficamente? Todas fazem a mesma coisa de US$1649 a US$149.

No canto inferior direito, a EF 24-105mm f/4L IS USM é a pior de todas com menos resolução e mais aberrações cromáticas. Em penúltimo, a top EF 24mm f/1.4L II USM é projeto especial da Canon, para pouca luz; nunca mostra muita resolução e também sofre com mais aberração cromática que a nova EF-S 24mm f/2.8 STM. E a vencedora é a Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM, com mais resolução e menos aberrações de todas elas; mas porque não estamos em contra luz. Em áreas de muito contraste, o CA lateral da Sigma é pior que a EF-S.

No canto inferior direito, a EF 24-105mm f/4L IS USM é a pior de todas com menos resolução e mais aberrações cromáticas. Em penúltimo, a top EF 24mm f/1.4L II USM é projeto especial da Canon, para pouca luz; nunca mostra muita resolução e também sofre com mais aberração cromática que a nova EF-S 24mm f/2.8 STM. E a vencedora é a Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM, com mais resolução e menos aberrações de todas elas; mas porque não estamos em contra luz. Em áreas de muito contraste, o CA lateral da Sigma é pior que a EF-S.

No centro não há nada o que comentar: todas as objetivas são idênticas em f/6.7. Apenas o projeto mais complexo da Sigma é 1/3 de stop mais escuro com os mesmos valores de exposição.

No centro todas as objetivas são idênticas em f/6.7. Apenas o projeto mais complexo da Sigma é 1/3 de stop mais escuro com os mesmos valores de exposição.

VEREDICTO

Enfim uma objetiva que me impressionou muito, talvez porque eu não estava esperando nada dos US$149; talvez porque eu queria uma EF no lugar de uma EF-S. Mas a Canon novamente acertou em cheio: temos outra vencedora para o seu kit “crop”. Foi a mesma diversão da EF-S 55-250mm f/4-5.6 IS STM que testei ano passado numa viagem idêntica: EOS M + objetiva acessível, o dia todo sob o sol de Manhattan no inverno. As cores saltam na tela, trabalhar em f/8 é fácil com tanta luz, e os arquivos saem perfeitos da menor APS-C que eles tem na linha. Não tem como não se apaixonar e como não recomendar. É outra objetiva obrigatória para fotografia de rua. Boa fotos!