Nikon AF-S Nikkor 24-120mm f/4G ED VR

A opção Nikkor FX para o standard full frame intermediário


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 214MB).

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Fevereiro/2015 – A Nikon AF-S 24-120mm f/4G ED VR (2010) é sem dúvidas a objetiva “full-frame-zoom-standard-f/4-com-estabilizador” de maior desempenho óptico do mercado. ”Zoom-standard-f/4-com-estabilizador” que é uma especificação popular entre todas as fabricantes, daí a importância da Nikkor no topo da qualidade técnica: a Canon tem a EF 24-105mm f/4L IS USM (2005); a Sigma tem a 24-105mm f/4 DG OS HSM (2013). Mas nenhuma bate a Nikon em resolução e controle de aberrações, apesar dela ser a mais longa chegando até os 120mm. (english)

A Nikon AF-S Nikkor 24-120mm f/4G ED VR.

Ela chegou ao vlog do zack em 2012 como a primeira zoom testada com a então topo de linha (em resolução) D800E, com um f*deroso sensor full frame de 36MP sem os efeitos do filtro low pass, que exige as melhores objetivas para atender tantos pontos. E logo de cara eu falei no vlog que ela de fato não me agradou considerando as aberrações cromáticas das bordas, opinião equivocada. Se levarmos em consideração que este problema é menor que as zoom equivalentes e testada nos 36MP, que ampliam o defeito, a AF-S entrega um desempenho melhor que as concorrentes.

“Royal Ontario Museum” com a D800E em f/8 1/400 ISO400 @ 24mm.

“Royal Ontario Museum” com a D800E em f/8 1/400 ISO400 @ 24mm.

Foi só quando eu coloquei os arquivos lado a lado com outra lente usada com a D800E, a Sigma 24-105mm Art que eu pude comprovar a vantagem da Nikon. Temos novamente uma lente “esquecida” pelo mercado, e qualquer novidade é comparada com a jurássica (dez anos) mas excelente Canon EF 24-105mm f/4L IS USM, que não tem o mesmo desempenho destes projetos com meia década de vantagem. E a Nikkor, no topo, raramente aparece como prioridade na lista de compras para quem usa as máquinas D full frame. Mas não se enganem, esta é zoom standard f/4 VR com maior desempenho óptico do mercado. Boa leitura!

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

A Nikon AF-S Nikkor 24-120mm f/4G ED VR monta na FX D800E.

Em 710g de 17 elementos em 13 grupos, com tubos de plástico e mount de metal, a construção da AF-S 24-120mm f/4G VR está mais para a linha intermediária, como a 24-85mm, do que para a high end, como as f/2.8G 14-24mm, 24-70mm e 70-200mm. Você percebe isto principalmente pela proporção dos anéis de zoom e foco que são bem maiores no trio top, e na posição deles no intermediário: o de zoom longe da câmera fica menos equilibrado que as profissionais, e o de foco parece “desconexo” tão atrás. Não parece que você está de fato mexendo no foco manual.

Operação normal: fechada em 24mm e 10cm de comprimento, e aberta em 120mm e 15cm.

Fechada em 10.4cm e 24mm e aberta em 15cm nos 120mm, pelo menos a construção telescópica do zoom em dois estágios não balança e parece bem feita para o uso comum. Não vai durar vinte anos de uso profissional diário, mas também não vai quebrar sozinha. De qualquer maneira é uma lente grande, robusta, que casa bem com corpos FX de metal como as D7#0, D8#0 e D#; e fica pesada para frente com as D6#0 e DX D5#00 e D3#00. Alias eu não vejo motivo para usá-la com os sensores APS-C quando você tem na linha a 18-140mm f/3.5-5.6G ED VR por 1/3 do preço e 2/3 do peso. Não vale a pena carregar tanto peso só por causa da abertura constante.

A 24-120mm é uma lente grande apesar da abertura conservadora.

A 24-120mm é uma lente grande apesar da abertura conservadora.

A operação é simples com dois anéis para controle do foco e do zoom, e três botões atrás. Na frente, o anel de zoom peca no equilíbrio já que você precisa colocar as mãos lá na frente para girá-lo, tirando a palma da mão do corpo da câmera. Você acaba ”agarrando” comas mãos o anel ao redor do corpo, diferente de apenas girá-lo com os dedos. Pelo menos a fricção é mínima e bem mais suave de sair dos 24-35mm do que a tosca 24-85mm que já vimos no vlog do zack. Mas as duas são tumultuadas no grande angular, com valores próximos demais: o giro até 120mm é longo e poderia comportar um espaçamento melhor entre os valores.

Anel de zoom na frente pede as mãos fora do apoio da câmera.

E o anel de foco, atrás, foi a primeira surpresa infeliz para quem estava acostumado a usar objetivas Canon L. O que acontece é que ele tem um “jogo” entre você movimentar o anel do lado de fora e “engatar” o mecanismo do foco interno, tirando qualquer precisão do anel. Isto acontece em todas fabricantes, mas raramente em lentes que custam mais de US$1000: na Canon L nenhuma tem este problema, nem as Sigma Art. Sem contar que ele é fino demais, mal sobra espaço para os dedos. Simplesmente não parece uma objetiva high end apesar do preço alto, muito menos a qualidade Nikon que eu estava acostumado na era Ai, totalmente manual.

Disposição dos anéis da AF-S 24-120mm f/4G.

Talvez a fabricante esteja confiando no motor SWM do sistema AF-S de foco automático. Uma objetiva “G”, esta zoom é totalmente automatizada (foco e abertura), e o motor interno funciona bem, suave, quieto, relativamente rápido e preciso. Não lembro de qualquer foto fora de foco independente da situação, e de fato ela é mais confiável que por exemplo a Sigma Art 24-105mm. Mas como sempre a Nikon tem uma sombra maldita na Canon L. A 24-105mm f/4L IS USM é praticamente 2x mais rápida que a 24-120mm para focar e dá para sentir na fotografia de rua.

“Yamaha” com a D800E em f/4 1/400 ISO400 @ 120mm.

“Yamaha” com a D800E em f/4 1/400 ISO400 @ 120mm.

Crop 100%, SWM não consegue acompanhar movimento espontâneos na rua.

Crop 100%, SWM não consegue acompanhar movimento espontâneos na rua.

Os três botões pelo menos estão no lugar exato para serem usados com o polegar enquanto a mão estiver apoiando a câmera. Começamos com o M/A-M, do SMW com full time manual; descemos para o VR ON/OFF e terminamos no VR NORMAL/ACTIVE. O VR de segunda geração (não declarado na caixa) oferece até quatro stops de correção e é uma mão na roda para compensar a abertura f/4 em pouca luz, ou permitir longas exposições criativas sem o tripé, e funciona silenciosamente.

Botões ficam próximos da câmera, fáceis de operar com a mão esquerda.

Na frente os filtros de ø77mm não giram durante a operação do zoom e do foco, e são até curiosos por não serem maiores, já que a 24-105mm f/4 da Canon, menos longa, também compartilha deste tamanho. O hood incluído na caixa é otimizado para o grande angular e prende num thread próprio, próximo do anel dourado da frente, detalhe cosmético questionável da Nikon. Ele não significa nada: nem linha high end, nem elementos especiais do lado de dentro, nem funções mágicas… Está ali num toque de luxo e classe, muito importante para os resultados das fotos.

Mount de metal com borracha de proteção, mas restante do corpo não é protegido.

E atrás o mount de metal é protegido por uma borracha contra respingos e poeira, apesar do restante do corpo não ter vedações. No geral a AF-S 24-120mm f/4G ED VR é uma lente bem construída e prazerosa de usar, mas entrega a estratégia da Nikon em simplificar seus produtos com bastante plástico e anéis fora do lugar. Fica difícil não compará-la com outras marcas que oferecem projetos superiores, como a Sigma Art e sua mescla de metais, plásticos de alta qualidade e anéis perfeitos; por uma fração do preço. Ou mesmo a Canon L, que no final parece ser “melhor pensada”, ainda mais robusta e clássica, com foco mais esperto e weather sealing total.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Z4” em f/8 1/80 ISO100 @ 38mm.

“Z4” em f/8 1/80 ISO100 @ 38mm.

Com 17 elementos em 13 grupos, três deles asféricos, dois ED (de baixa dispersão), um com cobertura Nano-cystal (contra reflexos) e vários com o Nikon Super Integrated Coating (SIC), a AF-S 24-120mm é o projeto mais simples em 24-cento-e-alguma-coisa f/4 do mercado (Canon tem 18 elementos e a Sigma tem 19), mas que oferece o maior desempenho óptico. Não que as concorrentes sejam ruins, dentro das suas especificações e linhas próprias você não consegue nada melhor em termos de resolução e nitidez. Mas a Nikon é a única a oferecer um corpo full frame com 36MP que amplia qualquer defeitinho óptico da objetiva, e mesmo assim a 24-120mm se comporta melhor que a EF e a DG. Todas as fotos com a Nikon D800E.

“Pink” em f/8 1/100 ISO400 @ 120mm.

“Pink” em f/8 1/100 ISO400 @ 120mm.

A resolução nas bordas é muito boa e o controle de aberrações é exemplar. Distorções geométricas são esperadas mas fáceis de corrigir via software. O desfoque é suave e próprio para trabalhar com a baixa profundidade de campo do f/4 em 120mm. É uma lente que tranquilamente pode ir do estúdio para a rua, atendendo profissionais e amadores. Eu já disse isso sobre a Canon EF 24-105mm f/4L IS USM e posso repetir sobre a AF-S 24-120mm f/4G ED VR: se eu tivesse apenas uma lente zoom no kit full frame, sem dúvidas eu ficaria com esta Nikkor 24-120mm.

“Flor” em f/4 1/1000 ISO400 @ 120mm.

“Flor” em f/4 1/1000 ISO400 @ 120mm.

Crop 100%, nitidez impecável no centro do quadro.

Crop 100%, nitidez impecável no centro do quadro.

Logo em f/4 a nitidez é excelente em 90% do quadro, principalmente o que estiver no centro e nas bordas dos eixos X e Y, mas cai drasticamente nos cantos extremos, onde nenhuma lente zoom de fato entrega resolução máxima totalmente aberta. É mais que o suficiente para trabalhar a composição com elementos no centro ou na regra dos três terços, já que desconheço qualquer foto bacana na qual o sujeito fique nesta pontinha sem qualidade das bordas. Não há qualquer sinal de blooming, nem motivos significativos para fechar a abertura e aumentar a qualidade.

“Vitrô” em f/4 1/4000 ISO400 @ 24mm.

“Vitrô” em f/4 1/4000 ISO400 @ 24mm.

Crop 100%, contraste e cores perfeitas em abertura máxima.

Crop 100%, contraste e cores perfeitas em abertura máxima.

“Dufferin” em f/4 1/1250 ISO800 @ 24mm.

“Dufferin” em f/4 1/1250 ISO800 @ 24mm.

Crop 100%, de novo, nitidez impecável no centro em f/4.

Crop 100%, de novo, nitidez impecável no centro em f/4.

“MACK” em f/4 1/1600 ISO800 @ 70mm.

“MACK” em f/4 1/1600 ISO800 @ 70mm.

Crop 100%, detalhes de sobra.

Crop 100%, detalhes de sobra.

Em f/5.6 a resolução sobe bastante nas pontas e é abertura otimizada na relação qualidade/stop, muito superior as equivalentes de kit com abertura máxima f/5.6. É própria para reprodução de elementos bidimensionais com detalhes no quadro todo, e casa bem com os 36MP full frame da D800E. Você consegue ver cada ponto dos mais de 7000 pixels com informações próprias, bacana para letreiros, fotos de grupo, fotografia de rua e alguns landscapes. A profundidade de campo continua curta neste último caso, e o melhor é continuar subindo até o f/8.

“ZANZIBAR” em f/5.6 1/1600 ISO800 @ 58mm.

“ZANZIBAR” em f/5.6 1/1600 ISO800 @ 58mm.

Crop 100%, centro rivaliza com as primes.

Crop 100%, centro rivaliza com as primes.

Crop 100%, canto melhora bastante em f/5.6.

Crop 100%, canto melhora bastante em f/5.6.

“Super Mario Chess” em f/6.3 1/1000 ISO800 @ 38mm.

“Super Mario Chess” em f/6.3 1/1000 ISO800 @ 38mm.

Crop 100%, resolução é alta em todos os detalhes para uma zoom.

Crop 100%, resolução é alta em todos os detalhes para uma zoom.

Aqui já ultrapassamos o limite de difração da D800E (f/6.3) e você começa a notar uma perda leve de nitidez, sentida na aparência dos pixels em visualização 100%. Se eu não contasse para vocês, talvez nem perceberiam a diferença. Mas dá pra ver que o micro contraste perde aquela “tridimensionalidade” das aberturas anteriores e é o limite usável dos sensores full frame. Pior que tem fabricante que pretende subir além dos 50MP no full frame, que vai dar aquela cara “APS-C” suave aos arquivos; e tem gente achando isso super legal…

“Elevador” em f/8 1/2000 ISO400 @ 24mm.

“Elevador” em f/8 1/2000 ISO400 @ 24mm.

Crop 100%, difração tira um pouco do micro contraste dos detalhes.

Crop 100%, difração tira um pouco do micro contraste dos detalhes.

“Pirâmide” em f/8 1/800 ISO400 @ 24mm.

“Pirâmide” em f/8 1/800 ISO400 @ 24mm.

Sobre as aberrações a 24-120mm está na mesma classe das concorrentes: um monte de distorção geométrica no grande angular; zero CA axial no primeiro e segundo plano; e um monte de CA lateral independente da abertura. Ninguém até hoje corrigiu isso nos projetos zoom exceto a Canon EF 24-70mm f/2.8L II USM, que custa US$1000 a mais que qualquer coisa. Mas vamos concordar que tudo isso é fácil de resolver via software? Inclusive pretendo parar de comentar sobre estas aberrações já que algumas câmeras recentes (Sony A7) tem corrigido o CA e a distorção sem a intervenção do fotógrafo, mesmo na saída raw!

“Eaton” em f/8 1/125 ISO400 @ 24mm; note as colunas tortas por causa da distorção geométrica no grande angular.

“Eaton” em f/8 1/125 ISO400 @ 24mm; note as colunas tortas por causa da distorção geométrica no grande angular.

Crop 100%, e o CA lateral é caótico em linhas com muito contraste.

Crop 100%, e o CA lateral é caótico em linhas com muito contraste.

“Indu Chess” em f/5.6 1/1600 ISO800 @ 24mm.

“Indu Chess” em f/5.6 1/1600 ISO800 @ 24mm.

Crop 100%, CA lateral em linhas de contraste.

Crop 100%, CA lateral em linhas de contraste.

“Bonde” em f/8 1/1000 ISO800 @ 24mm.

“Bonde” em f/8 1/1000 ISO800 @ 24mm.

Crop 100%, problema deve ser corrigido via software antes das impressões.

Crop 100%, problema deve ser corrigido via software antes das impressões.

As cores são típicas da Nikon com mais amarelos e verdes do que azuis e vermelhos, e um bom ponto de partida para pós-processamento via software; tudo neutro e fácil de equilibrar. O aspecto geral das imagens casa bem com os corpos digitais: muitos detalhes, contraste perfeito e poucas distorções. É uma lente pra ficar na câmera o tempo todo, para todas as situações.

“Echinacea” em f/4 1/250 ISO400 @ 120mm.

“Echinacea” em f/4 1/250 ISO400 @ 120mm.

Crop 100%, bokeh é bom para a complexidade de uma zoom.

Crop 100%, bokeh é bom para a complexidade de uma zoom.

“Discovery walk” em f/4 1/1250 ISO400 @ 70mm.

“Discovery walk” em f/4 1/1250 ISO400 @ 70mm.

Crop 100%, contraste excelente em abertura máxima, ao centro.

Crop 100%, contraste excelente em abertura máxima, ao centro.

“GT-R” em f/8 1/60 ISO400 @ 35mm.

“GT-R” em f/8 1/60 ISO400 @ 35mm.

Crop 100%, tons levemente puxados para o azul.

Crop 100%, tons levemente puxados para o azul.

VEREDICTO

Enfim a alternativa da Nikon num mercado importantíssimo para qualquer fabricante: uma zoom standard f/4 com estabilizador e preço por volta dos US$1000. E eles entregam opticamente um produto casado as exigências técnicas dos corpos mais modernos. A construção é bacana, robusta e fácil de usar apesar umas decisões ruins, como o anel de foco tosco e “barato”. Nas fotos do dia a dia ela surpreende com resolução suficiente para a D800E e controle superior de aberrações em comparação as concorrentes. Mas questiono se não anda cara demais e se a Nikon não poderia popularizar o modelo com programas de “rebate” (uns US$200 de desconto). A verdade é que eles não tem nada entre a 24-85mm (US$596) e a 24-70mm (US$1886), e US$1296 pela 24-120mm soa um pouco alto demais por uma f/4, independente do desempenho óptico. Boas fotos!