Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

A menor objetiva do vlog do zack

Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 72MB).

Tempo estimado de leitura: 08 minutos e meio.

Junho/2019 – A Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH é a primeira objetiva do formato Micro Four Thirds (MFT) do kit do vlog do zack. Comprada na Tailândia em 2011 como parte da câmera Lumix GF3, ela foi porta de entrada a dois sistemas distintos na minha fotografia digital: 1) ao das câmeras mirrorless, novidade no mercado das máquinas com troca de objetivas na época, num pacote pequeno, o menor possível, com boa qualidade de imagem; e ao formato MFT, menor que o APS-C porém grande o suficiente para entregar a mesma flexibilidade das DSLR maiores. Com design pancake e abertura conservadora f/2.5, a Lumix 14mm G é ainda uma coringa no kit pela e acessibilidade e recursos, fácil de recomendar na baioneta MFT. Mas pelo preço de US$299 fora de um kit, será que ela vale para você também? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

Em 1.9 x 5.7cm de apenas 55gr de metais, plásticos, vidros e borrachas, a primeira coisa que notamos na Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 APSH de fato é o tamanho; a menor objetiva do kit do vlog do zack. Coerente com a proposta de portabilidade das primeiras mirrorless, e com operação semelhante as câmeras maiores com a troca da objetiva, a surpresa está nas capacidades de algo tão pequeno; tão boa quanto as máquinas maiores. Quase 1/5 do volume de uma EOS T6i, ou 1/10 de uma câmera da linha 5D, este de fato é o formato ideal para quem não quer abrir mão do sensor “grande” e das objetivas dedicadas, com controles de exposição manual e alta performance óptica; ainda menor que o APS-C. Porém é a construção que agrada na Lumix por ser uma peça tão pequena e estruturalmente rígida, com mount de metal coberto num tubo de policarbonato, casando bem com a maioria das câmeras MFT ou outras mirrorless que usam da mesma baioneta (como algumas filmadoras da Blackmagic). Portanto este é o sistema ideal para “estar sempre com você”; aguenta os trancos do dia-a-dia e entrega boa perfomance, tudo no menor pacote possível.

Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

Nas mãos a 14mm G fica incrivelmente portátil porém ergonômica, com pouco espaço para pegada dos dedos apesar do apoio firme; tudo miniaturizado. O design pancake é curto e não “puxa” a câmera para a frente, bacana para aumentar a precisão das composições, além de evitar impactos quando carregado a tira-colo. A operação fica simplificada na objetiva totalmente eletrônica, com apenas um anel de foco manual do lado de fora e nada mais; sem botões ou demais anéis para quebrar. E do lado de dentro a Panasonic opera a abertura de 7-lâminas circulares pelos contatos eletrônicos da baioneta MFT, junto do motor de foco automático com sistema stepping, totalmente silencioso e interno, e sem expansão do tubo interno (como nas Canon semelhantes STM EF-M 22mm, EF-S 24mm e EF 40mm). A 14mm G de fato uma das peças mais resistentes do meu kit, e fica claro nestas imagens; apesar de 8 anos de uso, parece que comprei a objetiva ontem.

Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

A operação do foco automático é incrivelmente suave e rápida, mesmo com a câmera Panasonic Lumix GF3. No ano do lançamento em 2011, aliás, estas máquinas passaram por uma revolução. Como a operação das mirrorless depende da função “Live View” para mostrar a previsão do enquadramento; efetuar a medição de focagem automática; e registrar o quadro; as fabricantes aumentaram a taxa de atualização do sensor, para até 120fps. Esta informação permitiu a leitura do contraste para a focagem até 120Hz, tão rápida quanto as DSLR com módulo de detecção de fase. E o stepping motor da 14G entrega tal performance: sob boa luz a focagem é feita em até 0.2s, praticamente instantâneo; e sob pouca luz a velocidade é razoável entre 0.5s e 1s. A apesar da focagem manual ser um pouco imprecisa, em razão do anel de foco desconectado do grupo mecânico interno, a focagem durante a gravação de vídeos é boa, graças ao motor silencioso. Então fica o alerta para quem faz videografia com a baioneta MFT (Blackmagic): a maioria das objetivas Lumix tem focagem manual questionável pelo anel desconexo do grupo interno.

Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH

Enfim sem módulo de estabilização embutido, ou recursos extras como janela de distância e botões, na frente a Lumix 14mm G aceita filtros de ø46mm presos numa rosca plástica, sob o primeiro elemento óptico. Esta baioneta não gira com a operação do foco, bom para o uso de polarizadores ou filtros ND variáveis, porém compete pela adaptação de um parasol; não há trilho específico para um e ele deverá ser rosqueado no lugar dos filtros. Atrás a baioneta de metal dá o toque final a sensação de rigidez ao projeto, apesar de nada ser declarado sobre resistência a poeira e água. Mas o primeiro e o último elementos ópticos são fixos, dificultando a entrada deles na objetiva. A Lumix 14mm G f/2.5 parece simples, e é mesmo; portátil, leve, fácil de usar; a premissa de toda ferramenta para estar sempre com você. Mas como veremos nas imagens a seguir, talvez ela seja obrigatória no MFT; muito boa opticamente, e super fácil de usar.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Petronas” em f/2.5 1/125 iSO160; todas as fotos com a Panasonic DMC-GF3.

“Petronas” em f/2.5 1/125 iSO160; todas as fotos com a Panasonic DMC-GF3.

Com uma fórmula óptica de apenas 6 elementos em 5 grupos, tratamentos anti-reflexo nos vidros, incríveis três peças asféricas para resolução no quadro todo e abertura de 7-lâminas arredondadas para desfoque suave, a performance óptica da Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 “aspherical” é justa. Sejamos francos: não somente esta é uma das menores objetivas do vlog do zack, como também o conjunto óptico é dos menores que tenho no kit (o primeiro elemento mede menos de 5mm de raio); difícil de exigir alta qualidade mesmo no diminuto formato Micro Four Thirds. O uso de três peças asféricas até garante boa resolução em quase todo o quadro, mas somente 1-2/stops fechados; comportamento típico das primeis de grande abertura. E esta objetiva foi a primeira a exigir correções eletrônicas obrigatórias, que compensam por vinheta, aberração cromática e geometria; dadas as limitações físicas do formato MFT. Por fim o desfoque é suave em distâncias mais curtas de foco, assistido pela focagem mínima de 18cm e a abertura circular. Por isso as imagens são neutras para pós-processamento, bacanas para as fotografias do dia-a-dia.

“Hong Kong” em f/3.5 1/1600 ISO160.

“Hong Kong” em f/3.5 1/1600 ISO160.

Na abertura máxima a performance da 14mm G f/2.5 não é das melhores. O centro do quadro é bom com detalhes de sobra aqui testada com a Panasonic GF3 e seus modestos 12 megapixels (4000×3000), suficientes para impressões de alta qualidade até o formato A4. Mas o problema maior fica nas bordas do quadro, que não entregam de fato a resolução exigida pelo sensor; curioso de ver no formato MFT 100% digital, projetado para objetivas “telecêntricas”. Este é um detalhe técnico interessante. Como o MFT não tem um legado com objetivas de filme e planos focais côncavos, com compensação da distância de foco nas bordas, as objetivas Lumix levam em consideração o plano focal 100% plano dos sensores e deveríamos ver alta performance óptica nas bordas; coisa que a 14G não entrega. Então cenas de paisagens, arquitetura, arte ou fotografia de rua em f/2.5 perdem os detalhes nas bordas, e esta é daquelas objetivas primes que exigem 1-2/stops fechados para maior qualidade de imagem, especialmente se os arquivos forem impressos.

“KT5276” em f/2.5 1/15 ISO800.

“KT5276” em f/2.5 1/15 ISO800.

Crop 100%, detalhes de sobra no centro, sob pouca luz na abertura máxima.

Crop 100%, detalhes de sobra no centro, sob pouca luz na abertura máxima.

“Mercado” em f/2.5 1/60 ISO320.

“Mercado” em f/2.5 1/60 ISO320.

Crop 100%, centro do quadro agrada e profundidade de campo é longa no formato.

Crop 100%, centro do quadro agrada e profundidade de campo é longa no formato.

“Quintal” em f/2.5 1/200 ISO160.

“Quintal” em f/2.5 1/200 ISO160.

Crop 100%, texturas bem reproduzidas no centro do quadro.

Crop 100%, texturas bem reproduzidas no centro do quadro.

Fechar a abertura é um processo bem-vindo para nitidez máxima no quadro, junto da correção da vinheta acentuada em f/2.5; com achatamento da profundidade de campo para fotografia de rua “tudo em foco”. Este é um dos pontos fortes do sistema no meu kit até hoje: a portabilidade da Panasonic GF3 junto da discrição da 14mm G, e a operação do foco automático rápido, são o motivo de mantê-la no kit por todos estes anos. Com o disparo instantâneo da câmera mirrorless e a flexibilidade nativa dos arquivos raw, eu consigo registros ainda impossíveis nos smartphones; mesmo nos modelos topo de linha. Entre f/4 e f/6.3 finalmente vemos detalhes finos de janelas, grama, folhas e texturas que, apesar de nunca serem tão bons quanto um formato maior (a partir do APS-C) são, de novo, competitivos pela portabilidade do sistema. A vinheta também é invisível nestas aberturas, ideal para fotografar paisagens e arquitetura com exposições uniformes, e fica possível recomendar a 14G como backup de kit profissionais, sem ocupar espaço na mochila.

“Wat” em f/6.3 1/500 ISO160.

“Wat” em f/6.3 1/500 ISO160.

Crop 100%, arquivos detalhados dos 12MP da DMC-GF3.

Crop 100%, arquivos detalhados dos 12MP da DMC-GF3.

“HKII” em f/4.5 1/400 ISO160.

“HKII” em f/4.5 1/400 ISO160.

Crop 100%, impressões grandes a partir da diminuta câmera.

Crop 100%, impressões grandes a partir da diminuta câmera.

“Phuket” em f/6.3 1/800 ISO160.

“Phuket” em f/6.3 1/800 ISO160.

Crop 100%, texturas distantes na abertura otimizada.

Crop 100%, texturas distantes na abertura otimizada.

Demais aberrações são controladas artificialmente nos arquivos, com o aplique de um perfil eletrônico e obrigatório mesmo nos arquivos raw; um “segredo sujo” da maioria das câmeras sem espelho em prol da qualidade de imagem, que não é verdadeiramente óptica. Sinceramente não há aberração cromática para comentar: linhas firmes coloridas nas bordas não são visíveis nem em contraste de paisagens ou demais elementos gráficos criados pelo homem e, mesmo se fossem vistos, não fariam parte do plano realmente nítido (que não existe nas bordas dessa objetiva). E interessante é vermos a planificação das linhas do quadro (distorção geométrica) na equivalência aos 28mm (no formato 135 “full-frame”), que não é entregue pelas zoom alternativas do formato APS-C (como 18-55). Isto é útil para quem faz gravações de vídeo, dada a dificuldade da correção nas imagens em movimento, e aumenta a qualidade de imagem final das fotos. No geral é uma “performance de gente grande”, graças a fórmula com três elementos asféricos e correções eletrônicas.

“Market” em f/5.6 1/400 ISO160.

“Market” em f/5.6 1/400 ISO160.

Crop 100%, aberrações quase completamente eliminadas nas bordas do quadro.

Crop 100%, aberrações quase completamente eliminadas nas bordas do quadro.

“Condo” em f/2.8 1/1000 ISO160.

“Condo” em f/2.8 1/1000 ISO160.

Crop 100%, linhas de alto contraste sem contornos coloridos.

Crop 100%, linhas de alto contraste sem contornos coloridos.

“Horizonte” em f/3.2 1/1250 ISO160, geometria plana vinda da compensação eletrônica.

“Horizonte” em f/3.2 1/1250 ISO160, geometria plana vinda da compensação eletrônica.

Por fim as cores, a qualidade do desfoque e o controle de reflexos internos tem resultados mistos; hora interessantes pela portabilidade, hora limitantes no formato MFT. As cores são a pior parte: eletrônicas, saturadas demais, com misturas bizarras de verdes, amarelos e vermelhos, não importa a tecnologia da câmera (já usei esta objetiva na Yi-M1 com resultados semelhantes); e tons de pele horríveis. Daí a conversão P&B da maioria dos arquivos deste review: eu me recuso a publicar as cores originais da GF3 com a 14G. O desfoque também é difícil de acontecer, dado o formato menor do MFT e a abertura máxima pouco exótica, apesar de agradável quando forçamos a distância mínima de foco; sem dúvidas é mais suave e crível do que os “bokeh falsos” dos smartphones por aí. E os reflexos internos podem ser feios. Talvez pelo legado da Panasonic com o mercado de vídeo, talvez pelas dimensões diminutas das lentes da objetiva, a fórmula óptica da 14G “estoura” fontes de luz forte com uma bolha sem formatos ao redor das lâmpadas que, embora não emitam reflexos ao redor do quadro, também não parecem agradáveis de seres olhadas.

“Croc” em f/2.5 1/250 ISO160; desfoque na abertura máxima.

“Croc” em f/2.5 1/250 ISO160; desfoque na abertura máxima.

“Sinos” em f/2.5 1/320 ISO160; highlights discretos no segundo plano.

“Sinos” em f/2.5 1/320 ISO160; highlights discretos no segundo plano.

“Starliner” em f/2.5 1/60 ISO800; cores dependerão de sujeitos ultra-saturados.

“Starliner” em f/2.5 1/60 ISO800; cores dependerão de sujeitos ultra-saturados.

“5” em f/2.5 1/20 ISO800; performance sob pouca luz do formato MFT.

“5” em f/2.5 1/20 ISO800; performance sob pouca luz do formato MFT.

VEREDICTO

A Panasonic Lumix G 14mm f/2.5 ASPH fascina pela portabilidade, construção e performance óptica, como um kit prime “de entrada” no formato Micro Four Thirds; para fotos do dia-a-dia com flexibilidade de “câmera grande”. A operação é simples e a confiabilidade é alta, com um review oito anos depois da inclusão no meu kit; e até hoje sem problemas mecânicos ou marcas de uso; difícil de dizer de outros kits maiores (e mais caros) por aí. A qualidade de imagem também pode ser interessante, desde que você use dentro das limitações do formato. Para fotografia de rua e gravações de vídeo descompromissadas, ela é um coringa no kit, superior a qualquer smartphone lançado neste intervalo, e com performance digna do mercado profissional. O preço parece alto mas a Panasonic entrega: boa construção, boa operação, boas imagens na 14G. Ela é daquelas peças que você pode sempre ter no kit, sem precisar vendê-la ou trocá-la por “algo melhor”. Menos é mais e esta é a premissa do Micro Four Thirds. Monte a Lumix na câmera e boas fotos!