Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

Super zoom, ultra flexível


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 121MB).

Tempo estimado de leitura: 07 minutos e meio.

Maio/2015 – A EF-S 18-200mm é uma super zoom com proporção 11x. Do grande angular ao médio telephoto, você consegue fotografar dentro de espaços apertados, brincando com as linhas da composição. E ao giro do anel, você fecha o quadro em detalhes. Uma flexibilidade incomum porque as compactas de verdade não chegam neste range, e numa DSLR full frame a objetiva equivalente seria enorme. No APS-C estamos no meio do caminho: a câmera já é grande e a objetiva equilibra bem, sem pesar no corpo nem encher o saco do fotógrafo. (english)

“Valparaíso wide” com a EOS 60D em f/10 1/250 ISO100@ 18mm.

“Valparaíso wide” com a EOS 60D em f/10 1/250 ISO100@ 18mm.

“Valparaíso mid” com a EOS 60D em f/7.1 1/250 ISO100 @ 110mm.

“Valparaíso mid” com a EOS 60D em f/7.1 1/250 ISO100 @ 110mm.

Esta é outra EF-S que não chegou no vlog do zack, mas ao kit da mãe do zack. :-) Junto da EOS T3i, da 10-22mm 3.5-4.5 USM e da EF 50mm f/1.8 II, desde 2011 ela não precisou de outra objetiva para fotografar viagens e alguns trabalhos. A EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS está o tempo inteiro montada na câmera dela mas peguei emprestada para um passeio até Valparaíso (Chile), e a experiência foi positiva. Na 60D a “pegada” é boa, leve, sem pesar como uma EF 70-200mm L; e as fotos funcionam, com arquivos neutros. Será que vale a pena? Vamos descobrir. Boa leitura!

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

Em 595g de 16 elementos em 12 grupos e US$699, a Canon fez alguns cortes questionáveis na EF-S 18-200mm. O primeiro e mais importante é a ausência de um motor ultrasônico de foco automático, que foi substituído por um DC semelhante a EF 50mm f/1.8 II. Apesar dele não expandir a objetiva nem rodar os filtros da frente, o anel de foco manual gira quando o motor é acionado. Então é uma boa ideia manter seus dedos longe do tubo para não encostarem nesta peça, nem forçar o motor. E quando precisamos usar o foco manual, ele não suporta o full time manual. O botão AF/MF desengata o anel num movimento grosseiro, seco, plástico com plástico. É mais suave fechar uma garrafa PET do que usar o foco manual da EF-S 18-200mm.

Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

Segundo, a construção do tubo “dual cam” (termo do fabricante) para o zoom é relativamente pobre, sem realmente balançar e parecer quebrado, mas definitivamente com um “jogo” quando você carrega a objetiva totalmente aberta. Até hoje não consegui descobrir o que está solto na objetiva: seriam os tubos? Seriam os vidros? Seriam os anéis? Mistério. Evidentemente não estamos falando de uma 70-200mm f/4L USM que, aliás, custa US$50 menos. O que me leva a pergunta: se você já tem uma 18-55mm e quer ir até os 200mm, não vale mais a pena comprar a L básica do que ficar com essa EF-S? Carregar uma objetiva só dos 18mm aos 200mm é tentador, mas ter uma série L no kit e, melhor, compatível com um futuro upgrade ao full frame, também é.

Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

E terceiro, rola uma questão sobre o real alcance destes “200mm”, que eu ouvi de um de vocês via Facebook e depois reli em outro site de review. O que acontece é que no próprio tubo de zoom, com movimento pesado dos 18mm aos 135mm e leve dos 135mm aos 170mm, realmente não há diferença entre os 170mm e os 200mm. Mas nos meus testes ao lado da top EF 70-200mm f/2.8L II IS USM, as duas montadas na EOS M e em foco no infinito, o enquadramento em 200mm é o mesmo; então não há dúvidas sobre o alcance. Mas no foco mínimo o focus breath é tão grande que, de fato, não há mudança entre 170mm e 200mm. Se você pretende usar muito os 200mm para distâncias curtas de foco, também leve isso em consideração na hora da compra.

Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

Por outro lado a operação é simples com apenas dois botões traseiros para ligar/desligar o AF/IS, e uma trava para prender o tubo de zoom em 18mm, se a sua cópia começar a “cair” daqui uns anos. O AF é bom e tipicamente Canon, relativamente rápido e preciso; bem “EF-S – linha básica”. Foca rápido mas não é uma 1D-X com série L. E o estabilizador é ótimo, taxado em até quatro stops, com movimento suave, quieto, nem parece que está lá. Ele detecta automaticamente o panning (modo 2) e é indispensável além dos 100mm. Neste caso vale como argumento contra a 70-200mm f/4L do parágrafo anterior: a EF-S custa mais, mas tem o estabilizador. Não dá pra ter tudo, não é mesmo?

Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS

Na frente os filtros de ø72mm são infelizes porque não funcionam nem com a EF-S 10-22mm nem com a EF-S 17-55mm; eles são grandes e pouco compatíveis com a linha EF-S. O bom é que não giram durante o movimento do zoom nem a focagem, bacana para polarizadores. No geral temos uma objetiva com potencial para ser a única pelo resto da vida. Mas nesta altura do campeonato eu pergunto se a EF-S 18-135mm f/3.5-5.6 IS STM com foco silencioso, interno, motor STM e projeto óptico renovado não vale um pouco mais em US$549, pensando em “APS-C only”. Eu gosto da EF-S 18-200, ela é flexível e funciona muito bem para uma super zoom. Mas você precisa justificar o preço exclusivamente nestes 200mm com IS. Se não pretende usá-los sempre, não compre.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Semilla de Color” em f/10 1/250 ISO100 @ 18mm.

“Semilla de Color” em f/10 1/250 ISO100 @ 18mm.

Com proporção de 11x no zoom e parte da linha básica EF-S, eu não estava esperando muito da performance óptica da 18-200mm. A abertura variável não exige um projeto complexo; a decisão de cortar o motor USM para baixar o custo; e o preço de US$699 não passam necessariamente confiança sobre a qualidade de imagem. Mas foi uma surpresa abrir os arquivos no computador e analisar no geral os resultados: as fotos são facilmente manipuláveis para extrair cores melhores; o contraste é neutro, nem tão forte, nem pobre; e a resolução é excelente para o formato, especialmente em f/8. É máxima de sempre: com boa exposição, sujeito bacana e composições diferentes, os probleminhas ópticos não tirarão a magia de fotografar. Fotos com a EOS 60D.

“Dignidad” em f/8 1/250 ISO100 @ 90mm.

“Dignidad” em f/8 1/250 ISO100 @ 90mm.

De 18mm a 200mm, f/3.5 a f/5.6, do foco mínimo ao infinito, nós temos uma infinidade de combinações para analisar quadro a quadro o papo chato de resolução; não irei amolá-los com isso. Mas no geral as imperfeições como aberrações cromáticas de eixo e longitudinal, relativamente bem controladas; e as distorções geométricas, principalmente do tipo bolha no grande angular, são fáceis de corrigir via software se acontecerem. De resto sobra o contraste e as cores que não sofrem com a luz passando por tantos elementos, graças a duas peças UD e duas asféricas. Se eu não soubesse que estamos falando de uma objetiva intermediária, com estes resultados talvez eu a confundisse com um equipamento mais high end.

“J” em f/5.6 1/100 ISO100 @ 18mm; três qualidades juntas: resolução, contraste e cores.

“J” em f/5.6 1/100 ISO100 @ 18mm; três qualidades juntas: resolução, contraste e cores.

A resolução não é tão ruim em visualização 100% na tela do computador, e é mais que o suficiente para reproduzir texturas, detalhes, prédios, janelas, pêlos… Qualquer item do dia a dia. Apesar dos arquivos não serem tão “limpos” como os de uma full frame, a diferença vem mais da aparência diferente pontos a ponto dos APS-C, com pixel pitch menor, do que das propriedades ópticas da objetiva. Eu realmente não tenho como criticar a resolução desta objetiva, por mais que eu procure defeitos. Ciente das limitações de abertura e trabalhando com f/stops otimizados, os meus arquivos estão ótimos: os detalhes estão lá mesmo nos sensores de alta densidade do APS-C.

“Gato” em f/3.5 1/640 ISO100 @ 18mm.

“Gato” em f/3.5 1/640 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, querem questionar a resolução totalmente aberta?

Crop 100%, querem questionar a resolução totalmente aberta?

“Cabelo azul” em f/7.1 1/250 ISO100 @ 80mm.

“Cabelo azul” em f/7.1 1/250 ISO100 @ 80mm.

Crop 100%, e também funciona nas aberturas otimizadas.

Crop 100%, e também funciona nas aberturas otimizadas.

“Trolebuses” em f/6.3 1/200 ISO100 @ 80mm.

“Trolebuses” em f/6.3 1/200 ISO100 @ 80mm.

Crop 100%, pode confiar que os detalhes estão lá.

Crop 100%, pode confiar que os detalhes estão lá.

Os “problemas” acontecem nas bordas quando nós vemos contornos coloridos em pontos de contraste, típico das zoom; a EF 24-105mm f/4L IS USM que custa o dobro está no mesmo nível. Com estas bolhas coloridas nós sabemos que o conjunto não está focando todos os espectros de luz no lugar certo, então é de se esperar uma leve perda de nitidez nos detalhes. Mas esta perda é muito, muito menor que as grande angulares EF-S 10-22mm e EF 16-35mm L. E a distorção geométrica do tipo bolha é bem forte no começo do grande angular, porém fácil de corrigir via DIGIC5 ou software. Ou seja, não há nada de bizarro ou novo nas imperfeições.

“Armada” em f/9 1/200 ISO100 @ 18mm.

“Armada” em f/9 1/200 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, CA lateral como qualquer zoom.

Crop 100%, CA lateral como qualquer zoom.

“Gabriel” em f/7.1 1/125 ISO100 @ 24mm.

“Gabriel” em f/7.1 1/125 ISO100 @ 24mm.

Crop 100%, depois (esquerda) e antes da correção, precisa ser muito chato pra reclamar disso.

Crop 100%, depois (esquerda) e antes da correção, precisa ser muito chato pra reclamar disso.

“Otimo” em f/5 1/80 ISO160 @ 60mm.

“Otimo” em f/5 1/80 ISO160 @ 60mm.

Crop 100%, dependendo das cores, da posição da luz e contraste, nada acontece.

Crop 100%, dependendo das cores, da posição da luz e contraste, nada acontece.

E por fim as cores foram uma surpresa no kit APS-C, que costuma ser pobre, sem vida, com menos amarelos e vermelhos a favor de azuis e verdes. Com ajustes de saturação e contraste no Photoshop os sujeitos saltam na tela, bacana para aproveitar um dia de sol, especialmente em cidades turísticas. As sombras (tons médios) saem um pouco azulados se você exagerar no slider “vibrance”, mas nada que uma contraposição de vermelho não resolva. Dá para se divertir com grafites, paisagens, natureza, flores, o céu com polarizadores etc. Até o bokeh é suave dependendo da distância focal, de trabalho e abertura. Flexibilidade é o nome do meio desta objetiva, e virtualmente qualquer ideia que você tiver na cabeça poderá ser fotografada.

“Fogosa” em f/5.6 1/80 ISO100 @ 18mm.

“Fogosa” em f/5.6 1/80 ISO100 @ 18mm.

“Vuela” em f/9 1/60 ISO100 @ 18mm.

“Vuela” em f/9 1/60 ISO100 @ 18mm.

“Naramos” em f/6.3 1/125 ISO100 @ 18mm.

“Naramos” em f/6.3 1/125 ISO100 @ 18mm.

VEREDICTO

As super zoom são equipamentos curiosos. O pessoal que tem, defende a flexibilidade e não posso contra argumentar a respeito; desconheço ferramenta mais simples para fazer praticamente todas as fotos que preciso. E o pessoal que acredita nas primes de grande abertura faz vista grossa para os equipamentos “tudo em 1”. Até usar e perceber que não elas ficam muito atrás do que estamos acostumados em kits mais caros. Afinal, quem está com a razão? Sinceramente, os dois. A flexibilidade é fenomenal: do grande angular ao telephoto, com tudo em foco ou com baixa profundidade da campo, a 18-200mm f/3.5-5.6 faz. Ao mesmo tempo, as primes high end tem a vantagem em cada distância específica; evidente, a 18-200 não faz “50mm f/1.4”. Mas o que você precisa mais? Mais objetivas para menos situações, ou uma zoom para mais situações? Boas fotos!