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Abril/2018 – A EF-S 35mm f/2.8 Macro IS STM, apresentada em meados de 2017, é nada menos, nada mais, que a décima objetiva “35mm” que vemos no vlog do zack. Uma distância focal popular pela cobertura grande angular equivalente aos 56mm nesta versão oferecida para o formato APS-C, esta também é a objetiva “macro” mais ampla da Canon; uma curiosa adição a linha, reconhecida pela vasta oferta de modelos “macro” de alta performance. Tipicamente Canon, a nova EF-S 35mm também tenta várias coisas numa objetiva só, e traz para o formato menor uma oferta invejável de recursos, nunca vistas antes nesta faixa de preço: ela é capaz de focar no infinito, pronta para fotografar retratos e paisagens na equivalência dos 56mm do formato full-frame; o estabilizador de imagem é do tipo “Hybrid IS”, com três sensores capazes de medir os movimentos angulares das mãos; e até uma iluminação “ring” própria para macrofotografia, exclusiva dos flashes EX-MR, vem embutida através de LEDs alimentados pela câmera. Colocando em risco o legado com o mercado macro topo de linha, além da oferta redundante da distância focal na linha Canon, será a nova EF-S 35mm de US$349 a objetiva que faltava para o seu kit? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)
Em 69 x 56mm de 190g de principalmente plásticos, a primeira coisa que notamos na nova EF-S 35mm f/2.8 IS STM é de fato o tamanho; a menor objetiva “macro 1:1” da Canon, além da mais leve; própria para o formato APS-C. Ligeiramente maior que uma “cinquentinha f/1.8”, o segredo está na distância focal ampla, invariavelmente curta, que obrigará você a se aproximar do sujeito na ampliação máxima 1:1; esta que será a decisão de compra logo a partir da distância focal. Nem todos os sujeitos permitem a aproximação exigida para a fotografia macro, por exemplo os insetos que assustam e saem da composição, e esta 35mm tem a distância mínima de apenas 13cm – incluíndo a câmera – pouco ideal para objetos pequenos. Então neste caso recomendo olhar para outras “macros” mais longas, como as EF 100mm f/2.8 da série L ou não, com distâncias de foco maiores, caso seu sujeito e composição exijam perspectivas diferentes de trabalho. Por outro lado o que esta 35mm f/2.8 tem de pequeno ela tem de prático, e além de ter recebido a mesma escola de design recente da Canon com acabamento acetinado suave e focagem interna, a robustez também é incomum para uma EF-S; tudo super resistente para estar sempre com você.
Nas mãos a ergonomia é interessante pelo “tubo” razoavelmente “gordo” e gostoso de segurar, além do peso bem equilibrado contra a câmera; ela não “some” como as objetivas pancake da linha EF/EF-S; nem “puxa” a máquina para a frente, atrapalhando a composição. Os dedos tem espaço de sobra para apoiar a objetiva embaixo, sem partes protuberantes nem rebarbas na construção única do plástico externo, e ao lado as chaves de liga/desliga dos motores de foco e estabilização (IS) são embutidas no painel; feitas para não movimentarem acidentalmente na mochila. Na frente o anel de foco manual infelizmente segue a operação eletrônica do motor STM, desconectado do grupo de focagem interno e com giro impreciso, ativado eletronicamente; um ponto negativo para a macrofotografia que exige a posição certíssima de foco sobre o sujeito. Por outro lado ela deixa a operação mais segura, pelo foco automático, além de simplificada: não há nem janela de distância na EF-S 35mm, e o “macro” parece mais como um bônus neste modelo.
Do lado de dentro a Canon optou por usar o motor de foto automático STM, suave, silencioso; e surpreendentemente rápido. Apesar de usar o stepping motor pensado para transições suaves durante a gravação de vídeos, esta 35mm f/2.8 com focagem interna é relativamente ágil para mudar o foco na hora de fotografar; um passo a frente às outras STM da Canon (como EF-M 22mm, EF-S 24mm e EF 40mm), que “expandem” um tubo completo para fora da objetiva, muito mais devagar. Aqui demonstrada com a EOS Rebel SL2 com detecção “phase” pelo espelho, e Dual Pixel pelo Live View e a tela LCD, a velocidade é excelente para mudanças “curtas” de foco, quando a câmera não precisa corrigir grosseiramente a posição; certamente a máquina travará em menos de 1 segundo nos clicks do dia-a-dia. A precisão é muito boa com as câmeras da Canon, e absolutamente nenhuma foto deste review saiu fora de foco; perfeito!
Também do lado de dentro o sistema Hybrid IS da Canon é outra vantagem da EF-S 35mm f/2.8 para o mercado iniciante, vista somente nos modelos topo de linha “macro” da série L. Apresentada pela primeira vez na EF 100mm f/2.8 L IS Macro USM de 2009, e depois na EF 24-70mm f/4L IS USM, a ideia é usar três giroscópios em eixos perpendiculares na objetiva, afim de calcular não somente os movimentos lineares do conjunto, mas também os angulares das mãos, próprios da fotografia macro. Embora a objetiva não seja capaz de “rolar” o grupo de estabilização no eixo, o que tiraria a foto de foco, a eficácia na compensação é de até 4-stops, excelente para garantir fotos livres de borrões, sem o tripé. Eu facilmente consegui longas exposições nítidas em 1/10s segurando a câmera nas mãos, e a praticidade é incomparável; esta pode ser aquela “50mm estabilizada” (pelo menos no formato APS-C) que faltava na linha da Canon. E durante a gravação de vídeos o IS também é bem-vindo, permitindo movimentos suaves e com acabamento profissional; também não visto em nenhuma fabricante. Na Canon as outras 35mm com estabilizador seriam apenas o duo f/2 e f/2.8 IS USM, e ambas custam quase o dobro desta EF-S.
Enfim na frente está uma das maiores novidades da EF-S 35mm f/2.8 IS STM: dois LEDs ao redor do primeiro grupo de lentes fornecem até 1-stop completo de luz em forma de um anel, feitos para iluminar o sujeito na curtíssima distância de foco, na ampliação máxima 1:1. A operação é feita por um botão ao alcance do dedão esquerdo, e manualmente ativada, para 1 ou 1/2 stop; infelizmente sem uma opção “automática” como um flash. A ideia é iluminar o sujeito tão próximo da objetiva no foco mínimo de apenas 13cm, e os resultados são interessantes: enquanto a 35mm f/2.8 esteja longe de substituir um “ring-flash” de verdade, os LED embutidos são mais que o suficiente para eliminar sombras e iluminar suavemente objetos pequenos. Por causa deles a tampa da objetiva é um pouco complicada do tipo pinça, e os filtros de ø49mm exigem o adaptador ES-27 feito de metal (!), e incluído na caixa; com dupla função de parasol. Mas é fácil de usar e uma adição bem-vinda, e impressiona como esta EF-S 35mm é completa para um kit de apenas US$349. Por último a baioneta de montagem é de metal e inclui a borracha do sistema EF-S (ela não monta em câmeras full-frame), e vem “pelada”, sem roscas de vedação contra água. Mas tudo é resistente e direto ao ponto: uma verdadeira macro, bem construída e completa, acessível no formato APS-C.
Com um projeto óptico ousado de 10 elementos em 6 grupos (outras 35mm usam bem menos peças), uma lente asférica “glass-molded” (feita a partir de um molde, mais barata que as polidas uma a uma), e com diafragma de 7 lâminas arredondadas (para desfoque suave), o que a EF-S 35mm f/2.8 IS STM consegue entregar opticamente é impressionante; uma das melhores objetivas “35mm” que já vimos por aqui, apesar do “pacote” descompromissado, acessível, fácil de usar… e APS-C. Também, este modelo é um dos mais baratos que já vimos, mas a designação “macro” de fato prova que a Canon não estava de brincadeira para com a fórmula óptica. Logo na abertura máxima a reprodução de detalhes e o contraste são excelentes, capazes de entregar imagens de alto impacto nos exigentes sensores APS-C de 24MP. Fechar o diafragma tem impacto mínimo na resolução, corrigindo apenas a vinheta acentuada, para iluminação uniforme do quadro. E as aberrações cromáticas são extremamente bem controladas, praticamente invisíveis inclusive nos planos axiais. Se não fosse a distorção geométrica acentuada que, junto dos reflexos internos relativamente pobres (quando acontecem), pode tirar o “brilho” desta 35mm de baixo custo, facilmente ela poderia fazer parte dos kits mais caros; dadas às qualidades da imagem. As cores são a cereja no bolo, sempre saturadas na Canon, longe da realidade porém bonitas, e tudo funciona: boas imagens, bons detalhes, e sem aberrações; uma verdadeira EF-S “Macro”.
Na abertura máxima f/2.8 o que a 35mm IS STM consegue entregar é exemplar; talvez a melhor que já vimos da Canon nesta distância focal, atrás somente da top EF 35mm f/1.4L II USM. Sim, esta EF-S de US$349 é superior à EF 35mm f/2 IS USM, à clássica vintage f/2, e até a primeira série-L; todas com problemas de contraste e resolução no f/2.8, além de aberrações em excesso, dada a grande abertura. No f/2.8 esta EF-S consegue entregar principalmente o contraste intacto sob qualquer distância de foco, graças ao projeto “macro” que, unida a boa nitidez em praticamente todo o quadro (exceto nas bordas máximas), aumenta exponencialmente a resolução percebida no modelo; própria para trabalhos de precisão. Aqui demonstrada principalmente com fotos do dia-a-dia e a EOS M, a performance assusta: são todos os detalhes de sujeitos pequenos, na fotografia macro; são todos os detalhes de paisagens sob pouca luz, com o auxílio do estabilizador; e são todos os detalhes de retratos na abertura máxima, com efeitos da profundidade de campo curta e o desfoque no fundo. É uma performance semelhante ao que conhecemos na Sigma 35mm f/1.4 DG HSM, mas aqui na base da gama Canon: uma 35mm de alta performance, agora acessível.
Fechar a abertura tem a mera função de controlar a profundidade de campo curta do sensor grande, e corrigir a vinheta acentuada; para quadros com iluminação uniforme. A fotografia macro é uma das áreas mais complicadas de trabalhar, dada as distâncias curtas entre sujeito e fotógrafo, profundidade de campo e plano focal, exigindo técnicas exóticas de fotografia para manter tudo em foco. Então é impressionante vermos o pico de performance logo entre f/4-f/7.1, excelentes para trabalharmos com alta precisão na objetiva mais simples da linha, e fotógrafos de rua verão nesta 35mm uma performance semelhante às pancakes EF-S 24mm f/2.8 e EF 40mm STM. É um prazer fotografar nestas aberturas junto de velocidades mínimas de exposição, com assistência do IS, para arquivos incrivelmente detalhados em quase todo o quadro. É um novo paradigma para o formato APS-C: quem precisa de resolução bruta não precisa mais carregar uma câmera grande, nem as objetivas com aberturas insanas, e caras de fabricar; tudo pode ser feito no APS-C.
O controle das aberrações cromáticas também impressiona, principalmente pela qualidade do desfoque; um dos mais “limpos” sem distorções nas cores (aberração axial), nem vazamentos de luz; típicos das objetivas “macro” modernas da Canon. Ninguém percebe, mas a linha EF é a única realmente atualizada para fotografia de alta precisão: além das objetivas especiais MP-E 65mm 1-5X e as novas tilt/shift todas macro – exclusivas no mercado -, nem Nikon, nem Sigma, nem Fuji e nem Sony oferecem objetivas semelhantes para isto; e a Canon entrega do grande angular ao começo do telephoto, em quase dez modelos TS-E/EF/EF-S “atuais”. A Nikon AF-S VR Micro-Nikkor 105mm f/2.8G, por exemplo, é uma objetiva desatualizada: as aberrações axiais são intensas nos sensores de alta resolução da fotografia digital, não temos qualquer indício de uma atualização. Quem trabalha com Sony E-Mount, então, nem sabe para o que serve isso (rá!). Mas a Canon EF-S 35mm f/2.8 IS STM “moderna” entrega performance de ponta logo no pacote mais simples de usar, portanto ela é uma recomendação fácil inclusive para fotógrafos profissionais. Estes podem ver no formato APS-C um “backup” de baixo custo, hoje com quase a mesma performance do antigo APS-H (como a EOS 7D Mark II); mas agora com câmeras ultra portáteis, flexíveis; e até sem o espelho.
”Folhas” em f/4 1/640 ISO100; antes e depois da correção de contraste.Por outro lado a geometria geral do quadro é um pouco mal resolvida na EF-S 35mm f/2.8 IS STM, e mostra bolhas distorcidas nas linhas máximas do eixo X; exigindo correções eletrônicas via software. É uma distorção esperada: a geometria perfeita precisa de elementos maiores na fórmula óptica, e eles já foram usados para permitir a estabilização (veja o último elemento de vidro), com boa resolução quase no quadro todo. Portanto as fotos de arquitetura e paisagens mostram um claro (d)efeito côncavo ao redor do quadro, que exige correção nas câmeras com DIGIC6 ou superiores; ou no pós-processamento do computador. O mesmo pode ser dito para a qualidade dos reflexos internos (flaring), também mal resolvidos apesar de difíceis de acontecer: uma única foto contra a forte luz do sol forçou os elementos ópticos a refletirem entre si, reduzindo gravemente o contraste, difícil de recuperar sem boa técnica no Photoshop. Portanto esta EF-S 35mm pode não ser uma objetiva “faz tudo”: lembre de posicionar cuidadosamente a luz no quadro, caso faça parte da direção criativa da imagem, ou use o parasol incluído na caixa.
Por fim as cores dos arquivos entregues pela EF-S 35mm f/2.8 Macro IS STM são, pela milésima vez, as mais saturadas – felizes! – coloridas! – vibrantes! – vividas! – de um review do vlog do zack. É simplesmente bizarro manter um canal de reviews no qual eu testo todas as fabricantes: Nikon, Sigma, Tamron, Tokina, Fuji e Sony não chegam aos pés do que a Canon faz com as cores, e sempre recebemos os álbuns mais coloridos desta fabricante; fáceis de manipular via software, e incríveis de vermos na tela ou no papel. Os tons de amarelo são puros e tem pouca influência no azul e no verde “brutos” das paisagens, todos com valores sutis de vermelho para aumentar a saturação; sem parecerem laranjas como a Fuji; nem néon com a Sony; nem opacos como a Nikon. Os vermelhos são talvez os únicos problemas, às vezes “clipados” em sujeitos ultra-coloridos como flores. Mas são os tons de pele que sempre levam a cereja do bolo da Canon, e tal performance está repetida nesta 35mm (lembrem, equivalente aos 56mm, própria para retratos): as facetas humanas são detalhadas junto do desfoque suave do fundo na abertura máxima, e independente da iluminação do ambiente (blue hour, golden hour, eletrônica…), a pele parece natural e suave.
A Canon EF-S 35mm f/2.8 Macro IS STM é, como sempre nesta fabricante, uma sopa de letrinhas que tenta muito num pacote só e; felizmente, entrega virtualmente todas as promessas, sem grandes dificuldades. A distância focal em si já é interessante: faltava uma 35mm específica para o formato APS-C, com equivalência os 56mm própria para retratos, e o custo reduzido em relação as alternativas do full-frame é sempre bem-vinda no mercado “de entrada”. Enquanto a Nikon optou por uma 35mm DX f/1.8G de qualidade duvidosa e meros 1-stop e meio de vantagem na abertura, a Canon preferiu aumentar o valor do projeto ao incluir o motor de foto silencioso; o estabilizador de última geração; a construção de ponta da nova geração de objetivas EF-S; e o bônus da focagem macro 1:1; além dos LEDs para facilitar a iluminação; novidades inesperadas na fabricante.
Enquanto a EF-S 35mm não faça tudo melhor como outros modelos maiores e mais caros (as EF 35mm USM são notavelmente mais espertas para focar), é fácil recomendar a IS STM: prática, portátil, robusta e acessível; e mais importante, com as mesmas capacidades fotográficas. A fórmula óptica é um enorme destaque oculto com peças tecnológicas e qualidade de imagem “de ponta”, assim como conhecemos nas também portáteis “pancake” EF-S 24mm e EF 40mm; duas favoritas do mercado Canon para fotografia de rua, full-frame e APS-C. Então a EF-S 35mm cai como uma luva entre elas na linha, e sem dúvidas esta será mais uma “queridinha” dos fotógrafos iniciantes. Não precisamos da objetiva mais cara para as melhores imagens, e a 35mm STM é uma prova disto. Adicione-a ao seu kit para a equivalência aos 56mm estabilizados, e boas fotos!