Canon EOS SL2

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Março/2018 – A Canon SL2 é a menor máquina fotográfica DSLR ”digital single lens reflex” (isto é, com espelho e viewfinder óptico central) do mundo. Quase 30% menor que a sua irmã maior EOS T7i, a SL2 é uma alternativa aos fotógrafos iniciantes em busca de uma máquina portátil e fácil de usar, sem abrir mão da ergonomia e agilidade nos controles; típicas de uma câmera Canon EOS “tradicional”. Compartilhando dos mesmos sensor APS-C de 24MP com tecnologia de focagem rápida Dual Pixel, e processador DIGIC7 rápido e eficiente, a SL2 também não deixa de fora a performance e a qualidade de imagem esperadas para o formato, apesar do preço baixo de US$549 (somente o corpo nos Estados Unidos). Mas num mercado cheio de opções ainda menores e sem o espelho (“mirrorless”), e inundado por novidades tecnológicas (vídeo 4K, altas velocidades de disparo), será a EOS SL2 a câmera certa para começar? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EOS Rebel SL2

Em 12.2 x 9.3 x 6.9cm de 406g de principalmente plásticos, de fato o tamanho e o peso da EOS SL2 impressionam; ela é a menor DSLR do mundo, apesar de não deixar de fora nada que esperamos de uma máquina fotográfica “tradicional”. Cerca de 30% menor que a EOS T7i, ou mais de 60% menor que uma série 5D, a linha “SL” faz juz ao nome small & light (leve e pequena, em inglês). Ao mesmo tempo tudo está no lugar de sempre e facilidade do uso é intacta, a maior vantagem de uma genuína DSLR hoje no mercado cheio de opções mirrorless… A generosa “pegada” direita para as mãos… O disparador em ângulo na frente… O viewfinder óptico alinhado com o flash… A baioneta completa para objetivas Canon EF/EF-S… Tudo está no lugar de sempre, e a operação é virtualmente a mesma de qualquer outra câmera EOS Rebel que já vimos por aqui. Por outro lado, enquanto a SL2 é invariavelmente grande em comparação a qualquer câmera sem espelho, sejamos francos: depois de montadas com as objetivas, todas estas máquinas ficam também grandes. Portanto a SL2 une o melhor dos dois mundos, DSLR ergonômica e mirrorless portátil, e mantém intacta a usabilidade; uma digna DSLR fácil e gostosa de usar.

Canon EOS Rebel SL2

A construção toda em policarbonato impressiona pela precisão e qualidade do acabamento, demonstrando a expertise da Canon para com estes corpos de plástico; cada vez mais duráveis. Foi-se o tempo em que as câmeras “de entrada” eram “porcarias”, piores que os modelos mais caros de metal, e na SL2 os painéis da construção seguem o mesmo “emagrecimento” das EOS recentes; aumentando a área útil para os dedos. Quem vem da antiga SL1, por exemplo, pode notar a tampa da bateria com a dobradiça agora virada para o lado (junto do pino para tripé), feita para “afundar” em quase 0.5cm a “pegada” do gatilho da mão direita. Mesmo com objetivas grandes o equilíbrio é virtualmente idêntico às câmeras maiores, e este é o grande triunfo da nova SL2. Ela é pequena, ela é Rebel, ela é de plástico e ela é barata, mas sem dúvidas ela também é uma das câmeras mais gostosas de usar. Então pensando na agilidade da operação e no conforto, será difícil recomendar uma “mirrorless” APS-C nesta faixa de preço; prefira a SL2 fácil de usar.

Canon EOS Rebel SL2 Hands

Nas mãos a ergonomia é o ponto forte da SL2, e todos os controles estão onde esperamos numa EOS; facilitando o uso como backup para um corpo principal, ou servindo de porta de entrada para o sistema de objetivas EF/EF-S. Sim, a SL2 é uma máquina portátil e várias concessões foram feitas em prol do tamanho: não há tela LCD secundária com informações de exposição (somente a partir da EOS 77D); não há o disco traseiro de controle rápido para o dedão; e os botões físicos são pequenos, provavelmente os menores já usados numa DSLR Canon. Por outro lado o disparador frontal é imenso e confortável de usar, principalmente quando comparado às máquinas sem espelho nesta faixa de preço. Junto do disco vertical de controle da exposição, e os dois botões de ISO dedicado (não programável) e DISP (para ligar as informações da tela), a agilidade nos controles está intacta. É a mesma operação “de gatilho” na mão direita das 80D/5D/6D/7D, mas ainda mais portátil na SL2. Basta apoiar a objetiva com a mão esquerda; “abraçar” a câmera com a direita; levar o viewfinder até os olhos, e “esquecer” da câmera; é tudo intuitivo de usar.

Canon EOS Rebel SL2

Atrás a Canon teve de ser criativa para abrigar na SL2 novidades sobre a SL1, e manter a ergonomia bem acertada; tudo sem crescer o corpo da menor DSLR do mundo. Os botões foram remanejados para abrigar a nova tela LCD escamotável (mais dela à seguir), que era fixa na SL1, e a estrutura da tela é fisicamente longa, para incluir o viewfinder óptico ao centro. Os botões de cotovelo “lupa”/foco automático e AE-Lock/grid ficam um em cima do outro, diferente de outras Rebel que tem um botão ao lado do outro e, repito, são os menores que já vimos numa EOS. Entre eles e o controle direcional há uma generosa área tátil para o dedão, esculpida contra o cotovelo da câmera, e mantém o equilíbrio perfeito contra a objetiva; é um show de curvas que as outras marcas parecem ignorar (Sony e Fuji são geralmente quadradonas). Embaixo o direcional também é pequeno, e talvez o mais simplificado da Canon, com uma diminuta semi-esféra com quatro botões cima/baixo e esquerda/direita, e o tradicional SET (“entra”) embutido com o botão Q (aquele de acesso ao menu rápido “quick”); excluindo os atalhos WB/drive/AF das Rebel T6i/T7i.

Canon EOS Rebel SL2

Também emprestado das EOS Rebel está o layout com botões dedicados de compensação da exposição/Av e MENU/INFO, opostos ao playback/delete; a maior diferença para quem vem de uma EOS maior. Nas câmeras grandes 77D/80D/5D/6D/7D, um disco giratório traseiro para o dedão permite a compensação da exposição instantaneamente: basta girar o disco para a esquerda ou para a direita, para então compensar a fotometria para + ou – EVs. Mas nas Rebel este comando não existe e precisamos apertar o botão “+/-“, ao mesmo tempo que giramos o disco principal de controle na frente; para então mudarmos a compensação. É desta forma que também alternamos entre a velocidade do obturador e a abertura do diafragma na exposição manual impedindo, além, a compensação do Auto-ISO (que deverá ser feita no menu principal ou no menu Q). Mas todo o restante é auto-explicativo, como o acesso imediato ao menu principal de ajustes (qualidade de imagem, funções) e ao playback, além do “delete” (lixo). Enfim, é a mesma operação das câmeras EOS Rebel, um pouco mais devagar que as câmeras maiores, e apertada na diminuta SL2.

Canon EOS Rebel SL2

De resto nós temos na SL2 um botão de Wi-Fi no topo ao lado esquerdo, junto do auto-falante para playback dos vídeos. Deste lado, na lateral, a Canon engenhosamente incluiu uma entrada para microfone (para gravação de vídeos), e um terminal para controle remoto; curioso em tempos de Bluetooth e aplicativos de disparo sem fio. Do outro lado, sob a pegada das mãos, estão as portas USB2.0 e HDMI, ambas simplificadas somente para dados; nada de carregar a bateria ou transmitir o vídeo sem compressão por aqui. Em cima a EOS SL2 mantém o flash embutido sobre o viewfinder, e tem guia 10 à ISO100, com o dobro de potência das câmeras mirrorless nesta faixa de preço. Na frente a Canon inclui a baioneta completa de montagem para objetivas EF/EF-S, bem feita e resistente, muito melhor que uma EOS M com adaptador EF/EF-M. E um diminuto botão de previsão da abertura está do lado direito, junto de uma lâmpada LED de aviso do temporizador. Do lado de baixo a bateria LP-E17 vai sob uma porta rígida embora simplificada, e tem duração para cerca de 650 fotos com o viewfinder; ou 240 com o Live View (ou ainda 02 horas de vídeo). O slot de cartão SD vai sob a mesma porta, e não notamos qualquer vedação contra poeira no corpo.

Canon EOS Rebel SL2

A Canon EOS Rebel SL2 é genuinamente tudo o que o nome diz. É uma genuína Canon, leia-se “das melhores construções do mercado”. É uma genuína EOS, leia-se “com compatibilidade nativa às objetivas EF/EF-S”. É uma genuína Rebel, com o melhor que a fabricante sabe fazer por um preço baixo, sem deixar de fora os controles e a agilidade. E é a segunda geração da linha “SL” small & light; realmente a menor DSLR do mundo, e uma das mais confortáveis de usar. A construção impressiona pela precisão e robustez, compatível com as objetivas invariavelmente grandes e pesadas do formato APS-C/135. A engenhosidade dos painéis ergonomicamente desenhados agrada as mãos, que tem espaço de sobra para segurar e até descansar; difíceis de vermos nas câmeras sem espelho. E a criatividade para manter intactas a agilidade e a oferta dos controles também impressiona. Dizem que “menos é mais”, mas talvez o mercado mirroless faça concessões demais apenas para justificar a falta do espelho. Mas como veremos a seguir, talvez a SL2 mostre que “mini é mais”: mais controles, mais ergonomia, e mais performance; apesar da portabilidade.

DESTAQUES – TELA LCD E VIEWFINDER

Canon EOS Rebel SL2 Viewfinder

Antes de falarmos da performance da EOS SL2, vamos comentar sobre o que faz “a alma” de uma DSLR: o viewfinder óptico central, “conectado” a objetiva; e a tela LCD traseira, para revisão dos arquivos ou a operação do Live View. Na SL2 o viewfinder é uma peça “pentamirror” composta por espelhos com cobertura de 95% sobre o quadro APS-C, com ampliação de 0.87x; um dos menores que já vimos numa DSLR. A imagem projetada é relativamente pequena e “distante” (não imersiva), apesar de incrivelmente clara e nítida; não há qualquer aberração cromática, exceto nas bordas, e praticamente não há distorções geométricas. É sem dúvidas melhor que os viewfinders eletrônicos das câmeras “mirrorless”, que invariavelmente mostram cores e contrastes longe da realidade. Uma ausência na SL2, porém, é a tecnologia “Intelligent Viewfinder” com LCD translúcido de informações sobre a imagem, feita para trabalhar com módulos de foco sofisticados. Então nesta Rebel tudo é “direto ao ponto”: “olhe” para o sujeito, mire um ponto de foco, e tire a foto.

Canon EOS Rebel SL2

Já a tela LCD traseira, por outro lado, está do lado mais “premium” da balança da Canon. Com 3” de tamanho e na proporção 3:2, ela tem a mesmíssima resolução de 1.04M de pixels das EOS 6D Mark II/80D/T7i, com imagens nítidas e cores saturadas; embora os pontos sejam mais notáveis nesta SL2. A principal novidade é tecnologia “Vari-Angle Touch”, que não encontrou lugar na EOS SL1 de 2013. Este painel LCD pode “sair do corpo” e virar para frente, perfeito para auto-retratos ou a gravação de vídeos sozinho (vlog). Uma dobradiça resistente fica presa na lateral da câmera, e parece ser robusta, para anos de operação. Até hoje não vimos outra fabricante oferecer uma tela parecida, e é outra vantagem da SL2 sobre as máquinas mirrorless. Para manter as proporções diminutas, a Canon ainda fez um painel LCD incrivelmente preciso: ele é quase 40% mais fino que o da EOS 6D Mark II, e estruturalmente a placa é mais longa. E pela primeira vez a Canon usou uma peça de metal no LCD, mais gelado atrás, a fim de manter a rigidez estrutural do corpo.

Canon EOS Rebel SL2

Também, não somente este painel é sensível ao toque, mas toda a interface da Canon é interativa aos dedos. Os menus principal e rápido (“quick”, ativado pela tecla Q) podem ser navegados pelo toque na tela, aumentando drasticamente a agilidade das programações. No lugar de ficar “caçando milho” no diminuto controle direcional traseiro, basta mudar entre uma aba e outra através da tela sensível ao toque. Funções avançadas de foco automático como a troca do sujeito durante o Live View são intuitivas como nos acostumamos nos smartphones, e muito úteis também durante a gravação de vídeos. E durante o playback outros gestos conhecidos estão programados na interface, como a “pinça para zoom”, ou o deslize (swipe) para mudar de foto. Realmente a Canon estava 5 anos na frente, quando apresentou o Vari-Angle Touch na EOS T4i.

DESTAQUE – PERFORMANCE

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Do lado dentro a EOS SL2 traz largamente a mesma performance das câmeras mais caras da Canon, com concessões mínimas em prol do preço mais baixo. O principal destaque é o processador DIGIC7, mais eficiente com a bateria, e capaz de levar a câmera a até 5 quadros por segundo em disparo contínuo simples (sem AF+AE); e manter a operação ágil como qualquer outra Canon. O tempo de ligar e desligar? Não passa de 0.2 segundos para a fotografia com o viewfinder. O intervalo para rever a foto no playback? Também não passa de 0.2s. A focagem do Dual Pixel (mais dele à seguir)? É feita em até 0.03s! Sim, são dois zeros antes deste número três. A EOS SL2 traz a mesmíssima tranquilidade para fotografar “sem engasgos” de qualquer outra DSLR da Canon, e é outra vantagem sobre as câmeras “mirrorless” até do topo da linha. A mais rápida delas, a Fujifilm X-Pro2, precisa de bons 0.5s para ligar e disparar a primeira foto. É o dobro de tempo da básica Canon SL2, que usa o sistema de espelho e visor “sempre pronto”, sem enrolação.

“Ciclista” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO100 @ 300mm; crop 33%; clique para ver maior.

“Ciclista” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO100 @ 300mm; crop 33%; clique para ver maior.

O que não encontrou um lugar nesta Rebel, por outro lado, foram outras regalias que a Canon já tem incluído nas máquinas “de entrada”, logo na EOS T7i. O módulo de espelho da SL2, por exemplo, aparentemente não tem os contra-pesos que tornam suave  a operação do disparo, e faz aquele “click” característico “duro”, “seco”, ao tirar a foto. Uma função “silenciosa” até está entre os modos de disparo do obturador, “atrasando” o ciclo entre levantar o espelho; expor o sensor; e devolver a peça para o lugar; mas não é a mesma coisa. O buffer (memória interna) também é um pouco limitado para fotos sequenciais, com espaço declarado para apenas 6 arquivos raw; bem menor que os 18/22 arquivos raw das T7i/80D. Isto prejudica quem fotografa ação, esportes e eventos, apesar de ser coerente com a classe do equipamento. Curiosamente eu consegui fotografar 07 arquivos raw+JPEG com um cartão SD de velocidade 95MB/s, mas não é regra; recomendo usar o modo somente JPEG para fotos ilimitadas. Mas no dia-a-dia a EOS SL2 é a mesma câmera rápida que qualquer outra EOS: é difícil perder o momento.

O MODESTO QUE FUNCIONA – AF DE 9-PONTOS PELO VIEWFINDER

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Outro “corte” da Canon para manter a SL2 “abaixo” da EOS T7i é o módulo de foco pelo espelho: com apenas 9 pontos, um único cross-type; quase jurássico e da mesma geração da T3i de 2011 (antes da T4i, quando todos pontos “viraram” cross-type). Novamente, sejamos francos: este não é um módulo nem ruim nem lento. O ponto central, por exemplo, é de alta sensibilidade e recomendado para usar com objetivas de abertura maior que o f/2.8, a fim de garantir precisão quando a profundidade de campo for curta. A Canon declara a operação até -0.5EV, equivalente a luz ambiente de apenas uma (01) vela num metro quadrado, bacana para trabalhar virtualmente sob qualquer situação de luz. Os pontos adjacentes são melhores utilizados para “alimentar” o algoritmo de foco contínuo preditivo AI SERVO, que calcula não somente o ponto de foco, mas também o próximo ponto aonde estará o sujeito, para sequências completas em foco. E usando boa técnica, dá para se virar com a SL2: use o ponto central único e em disparo single; e os pontos adjacentes no AF contínuo. Novamente, é difícil perder o momento com a SL2.

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No dia-a-dia a focagem pelo espelho é bem simples. Basta “apontar” a câmera para algum ponto de contraste no sujeito, e a SL2 focará virtualmente com a mesma velocidade de qualquer outra EOS; isto é, numa fração de segundo. Quando testada com a objetiva topo de linha como a Canon EF 50mm f/1.2 L USM, graças a amperagem da bateria idêntica as câmeras maiores (5D/6D/7D), a EOS SL2 focava na mesmíssima velocidade que qualquer outra Canon. Durante o dia é assustador ver como a objetiva “pula” de um ponto para o outro, e a precisão é muito boa; é mais fácil você balançar o corpo e tirar o ponto de foco do lugar, do que a câmera errar o ponto de foco. Sob pouca luz a performance também continua razoável, uma vez que a sensibilidade até -0.5EV é bem-vinda: num quarto fechado e iluminado apenas pela fresta de uma janela, o ponto central da SL2 foca no sujeito instantaneamente, e então confirma o foco em menos de 1 segundo. Em comparação às Sony A6300/A6500, a sensibilidade é de 0EV; ou seja, 1/2 stop de luz a mais. Por isso aquelas máquinas sofrem no escuro ou contra a luz, enquanto a mais básica das DSLR foca sem problemas.

“Ciclista II” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO100 @ 300mm; crop 50%; clique para ver maior.

“Ciclista II” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO100 @ 300mm; crop 50%; clique para ver maior.

Já em situações mais desafiadoras, como por exemplo a fotografia de ação, é interessante vermos como a Canon consegue “se virar” com o foco contínuo preditivo AI SERVO; desde que você use-o dentre as limitações do sistema. E francamente? A performance da SL2 é brilhante! =D Aqui demonstrada com a EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM, virtualmente 80% das sequências de disparo e foco contínuo dos testes estão em foco. Usando os 9 pontos como assistentes do algoritmo de previsão, é fácil seguirmos os ciclistas da Avenida Paulista vindo em direção à câmera; não importa a velocidade nem a posição inicial do sujeito. Enquanto a SL2 não ofereça qualquer opção avançada de controle do algoritmo, como a hierarquia da troca de sujeito, nem a assistência do fotômetro para seguir os sujeitos (função oferecida somente da EOS T7i para cima), a performance da SL2 é muito boa. Sim, estes ciclistas são relativamente fáceis de seguir, com trajetória previsível e mais que luz suficiente. Mas é um exemplo de como o sistema de focagem da Canon é capaz: mesmo com apenas 9 pontos e apenas 1 cross-type, é difícil errar o foco com uma DSLR.

O EXCELENTE – LIVE V. COM DUAL PIXEL

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Caso a composição e a focagem pelo viewfinder pareçam limitadas, talvez a maior novidade da Canon EOS SL2 seja a inclusão da tecnologia “Dual Pixel”; o ápice do foco automático hoje, ainda imbatível pela concorrência. Baseada no sensor CMOS de imagem com 24MP, a ideia é usar duas foto-células de leitura por pixel (daí o nome Dual Pixel), a fim de medir a distância do sujeito e, portanto, a posição do foco. Com uma área de cobertura de até 80%, e presente em todos os pontos (ou seja, são quase 20 milhões de pontos de foco!), esta “malha” de informações de distância permite a focagem instantânea durante a operação do Live View (isto é, com a composição pela tela LCD traseira e durante a gravação de vídeo), absolutamente precisa; sem erros de front/back focus. Todas as opções avançadas de acompanhamento (tracking), detecção de rostos e zona estão na SL2, junto até da função SERVO. Afinal, como se comporta a SL2?

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Absolutamente como o melhor sistema de foco automático do mercado, e ponto final. Sob bastante luz, a promessa da focagem é de 0.03segundos com objetivas topo de linha da Canon (série L, ring-type USM, ou NANO-USM); e a EOS SL2 facilmente entrega. É incrível vermos objetivas grandes “pulando” de um ponto para o outro no foco automático, e dá outra razão para a operação da DSLR; se o foco pelo espelho + viewfinder parecerem limitados, dê uma chance ao Live View! A Canon promete ainda a operação sob pouca luz até -2EV e em 80% do quadro, ou seja, 4x menos luz que a focagem pelo espelho e somente no ponto central, tornando a SL2 uma das câmeras mais flexíveis do mercado. As funções automáticas, zona e ponto único são ainda interativas com a tela sensível ao toque, agilizando a troca do sujeito. É um passo largo à frente de qualquer câmera mirrorless, até topo de linha, que já vimos por aqui. É um passo largo à frente de qualquer DSLR não-Canon. E é muito mais confiável que qualquer smartphone. É o futuro da focagem automática, mas hoje na linha EOS; agora portátil na diminuta Canon Rebel SL2.

“Ciclista III” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO200 @ 300mm; crop 33%; clique para ver maior.

“Ciclista III” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO200 @ 300mm; crop 33%; clique para ver maior.

Outra função interessante é a função SERVO com o Live View, capaz de calcular e prever o próximo ponto de foco durante o disparo contínuo; também presente na SL2. Com todas as câmeras DIGIC7 (T7i/EOS M5) a performance deste modo tem sido razoável até aqui, com chance de acerto baixa em cerca de 50% das fotos, e as máquinas parecem inseguras sobre qual sujeito focar. Mas em razão da velocidade limitada de disparo da SL2 (são apenas 3.5 quadros por segundo com o SERVO ativado), a precisão parece ser bem mais alta; quase perfeita para seguir sujeitos em movimento. Novamente testada com os ciclistas da Paulista, a chance de acerto é de quase 90% durante o Live View; desde que você use o sistema limitado de zona. Basta “seguir” a pessoa e segurar o botão de disparo até a metade (AF-ON), e a SL2 acompanhará perfeitamente a posição de foco, ao longo do tempo. E na hora da foto, você aperta o botão até o fim: uma sequência completa de fotos será registrada com nitidez, dando outra cara a usabilidade do Live View; rápido e confiável, como numa vimos nesta faixa de preço.

O DE SEMPRE – VIDEO 1080P60

A gravação de vídeos também recebeu novidades na Rebel SL2, no mesmo padrão Canon EOS para as DSLR até agora: com resolução reduzida, dimensões limitadas, e pouca flexibilidade na base da gama; inexplicáveis em tempos de vídeo 4K. É a mesma ladainha de sempre: vídeo até 1080P60 gravado a 1mbpf (60fps 60mbps, 30fps 30mbps…) com compressão IPB-S e IPB-L (somente Time-lapse em ALL-I), gravado internamente no cartão de memória e sem “saída limpa” pela HDMI. A aquisição aparentemente é a mesma da EOS T7i/M5 por line-skipping no sensor completo APS-C, cheio de defeitinhos na imagem como linhas serrilhadas (aliasing) e cores falsas em detalhes finos (moiré); cada vez menos notados pela supressão do processador DIGIC7. Os perfis de imagem são os mesmos dos arquivos JPEG sem opções “flat/log”, e enquanto algumas opções avançadas estejam presentes graças ao processador novo (como o vídeo HDR), outras não estão (como o estabilizador eletrônico que conhecemos nas T7i/M5). A exposição pode ser automática ou 100% manual (não há opções semi-automáticas), e a focagem é “segura” com o Dual Pixel; embora sem opções de ajustes de velocidade do foco (só da 80D pra cima). Será a SL2 a câmera para vídeos?

“Montana” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

“Montana” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

“Folhas” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

“Folhas” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

“Glacier” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

“Glacier” com a EOS SL2 + Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye, 1080P24; clique para ver maior.

Sinceramente, não, não é. Ok, ok, ok, vocês já estão carecas de saber como eu odeio a qualidade de imagem do sistema EOS Movie como um todo (exceto as EOS C e a 5D Mark IV), e o mercado já desistiu de pedir o 4K de baixo custo na Canon (embora a nova EOS M50 traga alguma esperança). As imagens da EOS SL2 mais uma vez pecam em detalhes e resolução nativa mesmo em 1920×1080, e dificilmente elas servem para muito mais que alguns vídeos publicados no YouTube. Nesta faixa de preço até a Fuji já “apelou” para o 4K na X-A5 de US$599 (com kit de objetivas!), e fica difícil engolir a Canon para vídeo. A qualidade das imagens gravadas pela SL2 beira o tosco pela falta de nitidez e contraste duvidoso, apesar da focagem automática ser confiável, graças ao Dual Pixel. Mas até nisso a Canon pisou na bola: todas as opções de controle de velocidade de foco automático e troca de sujeito foram removidas na SL2 (EOS T7i também é culpada), tirando todo o apelo da tecnologia Dual Pixel. Portanto a SL2 serve para um ou outro “take” desesperado para registar o momento, mas é impossível de recomendar para usuários mais “sérios”. Então se você pensa em gravar com frequência, e faz questão de uma Canon, pense no mínimo numa EOS 80D.

OS EXTRAS – WI-FI E INTERFACE GUIADA

Canon EOS Rebel SL2

Mais novidades na Rebel SL2 fazem parte da “nova leva” de câmeras Canon EOS, graças ao DIGIC7 e a inclusão nativa de chips para controle sem fio; operados pelo aplicativo Camera Connect (iOS/Android). A nova “interface guiada” é a mais interessante delas: no lugar dos obscuros (porém eficazes) menus pretos com acabas cheias de texto, um menu claro e simplificado com ícones grandes indica para o que serve cada função; junto de fotos ilustrativas (onde fizer sentido), e dicas para melhorar as fotos. Funciona como as “funções assistivas” dos modos automáticos do passado, mas agora ainda mais lúdico e fácil de usar. No lugar do controle da abertura, vemos um ajuste simples de “mais ou menos desfoque”. No lugar da velocidade do obturador, exemplos claros com o sujeito congelado, ou com o rastro registrado do movimento. É uma facilidade extra para os fotógrafos que estão iniciando numa câmera tão complexa, e bem-vinda para a base da linha EOS.

Canon EOS Rebel SL2

Também a “leva” de conexões sem fio é quase completa na SL2: Wi-Fi, NFC e Bluetooth fazem a ponte entre a câmera dedicada (rápida, fácil de usar, como foco instantâneo) e o smartphone (sempre conectado, pronto para publicar as fotos), com a mesma interface simplificada (embora completa) do aplicativo Canon Camera Connect. Nele é possível transferir as fotos em alta resolução para impressão ou backup na nuvem, ou postá-las nas redes sociais; tudo sem a exigência do computador. A função “Remote” traz ainda todo o Live View da SL2 para a tela do telefone, completa com a imagem direto do sensor da câmera, e os controles dedicados de exposição; ainda com funções de ISO e até a gravação de vídeos. E uma função de GPS pode usar as informações de localização do telefone para marcar as fotos da SL2 num mapa; sem gastar a bateria. São as mesmas funções que já vimos em todas EOS, também aqui na Rebel portátil.

OS AUSENTES -  SOFTWARE LIMITADO

Canon EOS Rebel SL2

Outras funções, por outro lado, não fazem parte do software da EOS Rebel SL2, e podem limitar o uso da câmera por profissionais. Eu até compreendo a Canon: pra quê manter funções complicadas numa câmera dedicada aos iniciantes, que mais poderiam confundir do que ajudar? Então na SL2 nós não recebemos: opções de gravação raw menor que a dimensão nativa da 6000×4000; funções sem fio para controle dos flashes EX a partir da unidade integrada na SL2; não há sequer opção de modo manual, não E-TTL, do disparo do flash embutido; ajuste de balanço do branco por Kelvins; a flexibilização do algoritmo de foco automático, tanto pelo espelho quanto pelo Live View por Dual Pixel; não há opção silenciosa do disparo do Live View; não há indicação de horizonte na tela LCD; não há indicação do nível de som durante a gravação de vídeo; não há histograma RGB durante o Live View; não há sequer o “conversor” dos arquivos raw para JPEG durante o playback, esta uma big ausência para quem trabalha longe do computador. Pensando no recente review da Fujifilm X-A3 que inclui todo o software da X-T2 num corpo de US$599, a Canon poderia dedicar mais funções também para as Rebels EOS. Talvez a lógica seja de “proteger” as vendas das DSLR mais caras, mas vamos concordar: ninguém vai deixar de comprar uma 5D/6D/7D por causa da SL2. Então, acorde, Canon!

UM ALERTA – FOTOMETRIA DUVIDOSA

“Ciclista” com a EOS SL2 + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM em f/5.6 1/1000 ISO100 @ 300mm; registro original e arquivo raw recuperado.

Um último “alerta” sobre a operação e usabilidade da Rebel SL2 fica sobre a fotometria também simplificada, atrás de todas as EOS mais atuais (exceto a T7). Grosso modo, quanto mais cara a câmera, mais avançada a fotometria: um sensor de 150.000 pixels garante exposições perfeitas nas 7D Mark II, 5DS e 5D Mark IV; um sensor de 7560 pixels mantém parte da precisão nas T7i/80D/6D Mark II, embora todas estas máquinas mostrem erros grosseiros de super-exposição quando elementos escuros participam da composição; e na EOS SL2 a Canon optou por um sistema antigo de apenas 63 zonas “de dupla camada”, com resultados assustadores! Nos testes de foco na Av. Paulista, por exemplo, TODAS as fotos saíram com quase -3EV de sub-exposição, praticamente inúteis no formato JPEG (são arquivos totalmente pretos). Nas paisagens de Montana para testar a qualidade de imagem, o oposto acontecia: zonas grandes de árvores escuras confundiam a SL2, para fotos “estouradas”, se detalhes no céu. É uma performance distinta da EOS 5DS, por exemplo, usada lado-a-lado com a SL2. Somente durante a operação do Live View a fotometria é calculada pelo DIGIC7, e sobre toda a imagem do sensor; para resultados melhores. Mas recomendo atenção com a fotografia pelo espelho: o fotômetro é impreciso, e as você perderá fotos por causa disto.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Montana” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/320 ISO100 @ 17mm; todas as fotos com a EOS SL2.

“Montana” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/320 ISO100 @ 17mm; todas as fotos com a EOS SL2.

Com um sensor CMOS de 24MP e tecnologia Dual Pixel, com arquivos raw de resolução nativa 6000×4000 gravados no formato .CR2 à 14-bit, é fácil suspeitar que talvez a Canon esteja repetindo na SL2 o mesmo imager que já vimos na EOS 80D; EOS T7i; e talvez EOS M5; o que é uma coisa boa. Atualmente o melhor chip APS-C da linha da Canon (melhor que a EOS 7D Mark II), a SL2 mantém virtualmente a mesma “qualidade de imagem” das câmeras mais caras; apenas num pacote mais simplificado, assim como a Fujifilm fez na brilhante mirrorless X-A3 (o melhor APS-C do mercado). A Canon EOS Rebel SL2 é capaz de gerar arquivos incrivelmente nítidos com detalhes passíveis de impressões imensas, com informações de sobra para ajustes razoáveis de exposição nos arquivos raw; tanto para “recuperar” sombras escuras quanto “luzes” estouradas (o famosinho “dynamic range”). A performance sob ISOs mais altos também é boa, com alcance nativo até 25.600, apesar das cores irem embora logo no ISO12.800. Os arquivos JPEG também são um pouco pobres direto da câmera, exigindo boost de saturação, nitidez e contraste, pensados na pós-produção; isto quando a fotometria não os manda diretamente para o lixo. No geral a SL2 tem a performance esperada de uma APS-C, e vale como o melhor que a Canon tem a oferecer neste formato.

“Glacier” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/500 ISO100 @ 14mm.

“Glacier” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/500 ISO100 @ 14mm.

Entre ISO-base 100 e ISO400 a capacidade de gerar detalhes do sensor CMOS de 24MP da EOS SL2 impressiona. Seja para fazer impressões imensas do tamanho de galeria, ou para dar “saída web” à redes sociais ou sites de alta qualidade, o formato APS-C está “estagnado” nos arquivos de dimensão 6000×4000; flexíveis e “justos” sobre a resolução e a qualidade de imagem bruta final. Na verdade, boa parte do mercado está “feliz” com esta resolução: no formato full frame de “baixo custo” só a EOS 6D Mark II ousou dar um salto aos 26MP, e só câmeras muito mais caras (US$3000+) ultrapassam os 30MP (eu, particularmente, sosseguei somente com a EOS 5DS de 50MP). Então a EOS Rebel SL2 entrega a mesmíssima “performance” da grande maioria das outras câmeras, e vale para tudo: como primeira câmera, como backup para profissionais; ou como a única opção leve/para espaço pequenos. Vejo fotógrafos de astrofotografia “sofrendo” com máquinas cheias de recursos sub-utilizados pelo telescópio, e a Canon foi feliz em manter a mesma qualidade na SL2; abaixo dela, as T7 e a mais recente 4000D (mercado Europeu) mantém o chip de 18MP. Portanto a SL2 é um pacote completo: o melhor APS-C da Canon, pelo menor preço possível.

“Folhas” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/160 ISO100 @ 10mm.

“Folhas” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/160 ISO100 @ 10mm.

Crop 100%, a resolução nativa dos 24MP desta geração do APS-C, cheia de detalhes.

Crop 100%, a resolução nativa dos 24MP desta geração do APS-C, cheia de detalhes.

“Glacier Ntnl” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/8 1/200 ISO100 @ 10mm.

“Glacier Ntnl” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/8 1/200 ISO100 @ 10mm.

Crop 100%, todas as árvores perfeitas reproduzidas, limitadas apenas pela óptica da objetiva zoom.

Crop 100%, todas as árvores perfeitas reproduzidas, limitadas apenas pela óptica da objetiva zoom.

“G. Ntnl” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/125 ISO100 @ 10mm.

“G. Ntnl” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/125 ISO100 @ 10mm.

Crop 100%, prepare-se para investir em objetivas de alta performance, com menos aberrações cromáticas.

Crop 100%, prepare-se para investir em objetivas de alta performance, com menos aberrações cromáticas.

“NYT” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/5 1.6s ISO100 @ 10mm.

“NYT” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/5 1.6s ISO100 @ 10mm.

Crop 100%, e prepare também o tripé para exposições noturnas de alta qualidade.

Crop 100%, e prepare também o tripé para exposições noturnas de alta qualidade.

A capacidade desta geração da Canon em manter informações de luzes e sombras nos arquivos raw (“dynamic range”) também é boa; não líder no mercado, mas capaz de competir tranquilamente com os modelos bem mais caros da concorrência. Vamos encarar a realidade: o formato APS-C está longe de estar “apto” a manter o dynamic range visto no formato maior 135 “full frame” de quase cinco atrás (como a Nikon D800E), e até agora só vimos uma única câmera (Fuji X-A3) capaz de recuperar além de +4EV sem perda de qualidade. As duas Sony A6300 e A6500 (US$989 e US$1389) e todas as Fuji X-Trans III (X-Pro2, X-T2, X-T20) sofrem com informações de cor além do +3EV, e a Canon faz a mesmíssima coisa em todas as APS-C atuais; 80D, T7i, EOS M5, e agora SL2. Para compensações “mundanas”, meramente a fim de processar o arquivo mais fiel a realidade, esta Rebel é mais que o suficiente. Fotos de paisagens são “fáceis” de manipular e dar aquele “look” publicitário com tons saturados e aparência realista ao contraste. Fotos de produtos são simples de fazer com apenas um único click, sem a exigência da técnica do bracketing para expor zonas diferentes de luz. E até os arquivos “corrompidos” pela fotometria duvidosa são fáceis de recuperar com este dynamic range. Una a isso a compressão à 14-bit do formato Canon .CR2, e a performance é excelente. Fotografe sempre em raw e trate os arquivos para os melhores resultados.

“Montana II” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/8 1/160 ISO100 @ 15mm; antes e depois do tratamento no raw.

“Viewpoint” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/200 ISO100 @ 10mm; antes e depois do tratamento no raw.

“Grand Canyon” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/125 ISO100 @ 10mm; antes e depois do tratamento no raw.

“Monument Valley” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/5.6 8s ISO100 @ 10mm; antes e depois do tratamento no raw.

Sob ISOs mais altos a performance é virtualmente idêntica ao restante das câmeras do mercado APS-C; todas com ruídos visíveis a partir de ISO800, e com detalhes relativamente intactos até ISO2000; com perda então das cores a partir do ISO6400. A SL2 é perfeita para trabalhar com as diminutas objetivas 18-55mm zoom de kit da Canon, que tem aberturas f/3.5-5.6, “escuras” em razão da portabilidade, facilmente “jogando” a exposição para valores altos do ISO. O interessante é vermos como o formato APS-C avançou no tratamento das cores até ISOs razoavelmente altos, com tons intactos entre 2000-4000; bem além do limite útil da geração anterior (70D/7D Mark II) que mostrava sombras magentas logo em ISO1600. Na verdade, até o valor nativo 25.600 é usável na SL2: os arquivos raw são fáceis de tratar contra os ruídos coloridos da padronagem Bayer do sensor, e geralmente os detalhes saem intactos sob zonas de boa exposição; somente as sombras perdem nitidez. É uma performance muito superior à qualquer smartphone moderno, que sofre logo em ISO640, inúteis dentro de ambientes fechados, e a SL2 é uma alternativa muito mais sensata para trabalharmos sob pouca luz; perfeita para carregar em qualquer passeio.

“Antelope Canyon” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/3.5 1/40 ISO1250 @ 10mm.

“Antelope Canyon” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/3.5 1/40 ISO1250 @ 10mm.

Crop 100%, a textura fina do sensor CMOS, com cores e detalhes quase intactos.

Crop 100%, a textura fina do sensor CMOS, com cores e detalhes quase intactos.

“Via” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/4.5 30s ISO1600 @ 11mm.

“Via” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/4.5 30s ISO1600 @ 11mm.

Crop 100%, a compensação exagerada da exposição revela muito mais ruídos que o normal.

Crop 100%, a compensação exagerada da exposição revela muito mais ruídos que o normal.

“LNLS” com a EF 8-15mm f/4L USM Fisheye em f/4 1/40 ISO2500 @ 13mm.

“LNLS” com a EF 8-15mm f/4L USM Fisheye em f/4 1/40 ISO2500 @ 13mm.

Crop 100%, zonas com boa exposição naturalmente mostram menos ruídos.

Crop 100%, zonas com boa exposição naturalmente mostram menos ruídos.

“Instrumento” com a EF 100mm f/2.8 USM em f/2.8 1/60 ISO25600.

“Instrumento” com a EF 100mm f/2.8 USM em f/2.8 1/60 ISO25600.

Crop 100%, cores, detalhes e nitidez perdidos no valor máximo nativo do ISO.

Crop 100%, cores, detalhes e nitidez perdidos no valor máximo nativo do ISO.

Os arquivos JPEG direto da SL2 infelizmente são um pouco ruins; difíceis de recomendar quando a opção de gravação raw é tão simples e fácil de tratar no computador (para os fotógrafos com o mínimo de experiência, pelo menos). O perfil automático de processamento do DIGIC7 não é muito inteligente para detectar cenas com muito detalhes e zonas de alta frequência, dando preferência a arquivos JPEG “suaves”; pensados talvez no pós-processamento do próprio JPEG (não raw). Acabamos de ver a Fuji X-A3 nítida demais, e até a Sony sofre com arquivos JPEG cheios de defeitos em linhas serrilhadas, dado o tratamento grosseiro do chip BIONZ X. O redutor de ruídos também é bastante agressivo na SL2, eliminando não somente os ruídos mas também os detalhes e aumentando o contraste da imagem; sem nitidez nas zonas sub-expostas, portanto prefira deixá-lo desligado. Ainda considerando a ausência do “conversor” raw para JPEG direto na câmera, a recomendação é simples: fotografe tudo em raw + JPEG, para flexibilidade máxima para com os arquivos depois no computador. Pode parecer complicado de primeira mão, mas não é tão difícil assim tratar as fotos antes da publicação. É a única maneira de extrair o melhor de sua SL2.

”Yellowstone” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/200 ISO100 @ 10mm; JPEG vs. raw tratado.

Crop 100%, detalhes do arquivo raw são bem mais nítidos que o JPEG.

“Instrumento II” com a EF 100mm f/2.8 USM em f/2.8 1/60 ISO25600. JPEG vs. raw tratado.

Crop 100%, redutor de ruído desligado na câmera mantém pontos coloridos, apagados no tratamento raw.

”Times Square” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/10 1/8 ISO100 @ 10mm; JPEG vs. raw tratado.

Crop 100%, texturas mantidas no arquivo raw, além da exposição corrigida.

”Cabana” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/3.5 1/40 ISO800 @ 10mm; JPEG vs. raw tratado.

Crop 100%, prefira sempre os arquivos raw para preservar toda a performance do sensor da EOS SL2.

Por fim as cores da Rebel SL2 repetem a “ciência” de tons famosa das Canon EOS digitais: fáceis de processar, fáceis de manipular; longe da realidade, mas muito bonitas de ver na tela ou no papel. É o último detalhe sempre curioso de um review da Canon. Vindo dos artigos das Fujifilm X-T20 e X-A3, com nuances “forçadas” de vermelhos, amarelos e laranjas – embora agradáveis – é interessante vermos como uma câmera EOS tem de fato valores próprios de verde, azul e rosa; para arquivos mais vívidos, porém sem estourar os canais de captura RGB. Apesar de ruim para com a exposição automática, o fotometria é coerente para com o balanço do branco, agora com duas opções de equilíbrio – o branco puro ou a iluminação natural – garantindo fotos perfeitas sob situações mistas de luz. Os azuis são “densos” do nascer ao pôr-do-sol, e os verdes são misturados com marrom e amarelo, próximos do verde-bandeira mas não eletrônicos-neón (como a Sony faz). Os tons de pele também são naturais, melhores equilibrados com o balanço de branco suave. Então Unida as objetivas EF/EF-S, as cores da SL2 são agradáveis, e idêntica as outras Canon.

”Antelope Canyon II” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/5.6 1/40 ISO1250 @ 10mm.

”Antelope Canyon II” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/5.6 1/40 ISO1250 @ 10mm.

”Folhas II” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/160 ISO100 @ 10mm.

”Folhas II” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/160 ISO100 @ 10mm.

”Flor” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/3.5 1/30 ISO800 @ 10mm.

”Flor” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/3.5 1/30 ISO800 @ 10mm.

”Pós-Polebridge” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/50 ISO100 @ 12mm.

”Pós-Polebridge” com a Tokina AT-X DX 10-17mm f/3.5-4.5 Fisheye em f/7.1 1/50 ISO100 @ 12mm.

VEREDICTO

A Rebel EOS SL2 é, como toda câmera da Canon, muitas coisas num equipamento só. Uma DSLR completa com viewfinder óptico “central”, “gatilho” ergonômico para a mão direita, e a operação “sempre pronta”; são as vantagens de ter uma máquina fotográfica tradicional. As dimensões de fato diminutas são o “selling point” do modelo, o menor do mercado “SLR” com operação idêntica a qualquer máquina maior no segmento, perfeita para fotógrafos que cansaram de carregar um equipamento grande; mas ainda fazem questão da performance garantida pelo conjunto óptico maior (sensor e objetiva) e a usabilidade nativa da fotografia pelo espelho. É uma ponte entre o mercado “mirrorless” que anda em cima do muro sobre tamanho vs. funcionalidade, e que tem tentado resolver problemas que já foram solucionados por uma DSLR: duração da bateria, AF ágil, flexibilidade nas objetivas, gravação de vídeos… Tudo o que a Rebel EOS SL2 já faz. 

Canon EOS Rebel SL2

O que não podemos esquecer, por outro lado, é que a SL2 é uma genuína “Rebel”, portanto voltada aos iniciantes e a classe mais acessível de máquinas fotográficas; longe do topo da linha. Então a performance é razoável para 90% das situações fotográficas possíveis, e não cobre os 10% restantes, atendidos pelo mercado profissional. A Canon até foi brilhante em incluir processadores, sensores e a tecnologia Dual Pixel no modelo, mas por apenas US$549 há um limite de até onde você irá com uma DSLR. Fora isso, a SL2 é tudo o que faltava numa máquina com espelho: a portabilidade acima de tudo, unida ao preço baixo; finalmente juntos numa câmera. Por isso ela é a melhor opção para quem está começando, e está a procura de um equipamento fácil de usar. Trabalhe dentro das limitações, e carregue a SL2 sempre com você e; boas fotos!