Fujifilm X-A3

O básico do X-mount que pode impressionar


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 197MB).

Tempo estimado de leitura: 26 minutos e meio.

Fevereiro/2018 – A série “A” é a base da linha de câmeras “mirrorless” (sem espelho) da Fujifilm para o X-Mount. O mais básico que você pode comprar para ter compatibilidade nativa às excelentes objetivas Fujinon X, a fabricante tenta equilibrar tudo o que ela pode pôr (ou tirar) de uma máquina fotográfica moderna, sem perder espaço para os smartphones (as “câmeras” mais usadas do mundo hoje); nem competir com os outros modelos “topo de linha” Fujifilm. Tamanha concorrência é bem-vinda e, por apenas US$599 o kit com objetiva XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II, nós recebemos na X-A3 virtualmente as mesmas possibilidades criativas das câmeras mais caras (Pro2, T2, T20); mas num pacote muito mais simples e fácil de usar. Vão embora os discos de operação tátil, a construção de metal e os viewfinders dos modelos mais caros; ficam o design “retrô” e largamente a mesma “qualidade de imagem”. Já ultrapassada pela nova X-A5 (com 4K e pontos de foco “phase”), e mais cara que a ultra-básica X-A10 (com o sensor de 16MP), ganhamos em relação à X-A2 a tela sensível ao toque, uma construção melhor e os 24MP na nova A3. Uma excelente porta de entrada para o X-mount, será a câmera certa para você? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Fujifilm X-A3

Em 116.9 x 66.9 x 40.4mm de 339g (sem objetiva) de principalmente plásticos e alguns metais, vindo do review da X-A2, a X-A3 é um largo passo à frente na qualidade da construção; uma enorme vantagem do modelo novo e, aparentemente, a mesma inclusive na novíssima X-A5. Enquanto na X-A2 a impressão era claramente de um “produto porcaria”, com placas de plástico fino e peças mal encaixadas, na A3 a Fujifilm claramente ouviu as reclamações e construiu uma máquina muito mais robusta. Enquanto rebarbas nos plásticos e parafusos continuem a mostra, palpito que a fabricante tenha no mínimo duplicado a espessura dos painéis de plástico que constroem o bloco. A X-A3 praticamente não “estala” quando fazemos força na tela LCD ou levantamos objetivas pesadas, e é um alívio para a linha mais básica. Portanto “infelizmente” recomendo esquecer a X-A2, e optar somente por uma das mais novas: tanto X-A3 quanto A5 estão juntas na linha X-Mount.

Fujifilm X-A3

Nas mãos, porém, a “pegada” é largamente a mesma da X-A2 e até da X-Pro2; ou seja, praticamente inexistente. O design “quadradão” exclui a área protuberante na frente da máquina, para o “abraço” dos dedos, e todas estas câmeras são difíceis de segurar; embora mais portáteis. Atrás o dedão da mão direita “aperta” um engate agora emborrachado e que abriga o disco secundário de controle da exposição, e tudo está no mesmo lugar da A2; apenas melhor construído e “gordo”. Funciona bem com objetivas portáteis, como todas as XF “f/2” que já vimos por aqui, e as zoom XC ultra-leves; mas não é o ideal para apoiar vidros maiores, como nas zooms do topo da gama. Por outro lado o corpo compacto “une” todos os controles da câmera de um lado só, e a operação apenas pela mão direita é surpreendentemente mais rápida que os modelos topo de linha, cheios de discos. É a operação simples e repetida na base da linha Fuji X.

Fujifilm Fujinon XF 23mm f2 R WR

Começando em cima, o upgrade sobre a X-A2 já aparece antes de ligarmos a X-A3. O disquinho da chave “ON/OFF” (ligado/desligado) está mais alto e protuberante, além de muito mais firme; melhor que o “gatilho” fino da A2. Ele também perdeu a pintura cromada que implorava para descascar na câmera antiga, e o engate com o dedo indicador é mais firme; impossível de escorregar com as mãos suadas. O botão de disparo fica ao centro e tem dois estágios, embora pareçam três: uma mola longa empurra esta peça beeem para cima antes de sequer ativarmos a posição “meio apertada” (AE + AF), esta exigindo um click suave para iniciar o foco e a fotometria. Um click final mais duro dispara então o obturador e o registro da foto. Parece frágil mas na verdade este botão é melhor construído, ao mesmo tempo mais alto e fácil de encontrar, e também impossível de tirar a foto por engano com a câmera nova.

Fujifilm X-A3

Em cima o dial principal de modo de exposição parece alienígena na linha Fujifilm X, afinal todas as outras câmeras da marca optam pela operação direta da prioridade da abertura (anel na objetiva); e prioridade ao obturador e prioridade do ISO (em câmeras com discos dedicados). Nas X-A2/A3/A5/A10 este dial abriga as opções mais tradicionais PASM; uma curiosa opção C “custom”, como nas DSLR profissionais; e outros sete modos automáticos, entre cenas e filtros especiais. Este disco parece ser feito de metal (!), gelado e com uma pegada generosa, e dá uma cara mais amigável a linha A. Ao lado, no cotovelo da câmera, o disco principal de exposição gira livremente e não tem marcações, e é usado pela compensação da exposição, nos modos semi-automáticos P/S/A; ou para controle do obturador no modo manual M; junto do disco traseiro embutido no gatilho (mais dele à seguir) para controles rápidos. Na frente um diminuto botão Fn é programável para mais de 20 funções, e demonstra a boa vontade da Fujifilm. São poucas as câmeras nesta faixa de preço que permitem tal personalização, e a A3 pode virar uma máquina de backup para quem já trabalha com o X-mount. Não quer levar sua Pro2/T2 para a praia? Leve a A3.

Fujifilm X-A3

Atrás a Fuji X-A3 é dominada pela tela LCD de 3” e 1.04M pixels, sensível ao toque e principalmente escamoteável para frente. O maior diferencial do modelo sobre o restante da linha X-Mount, este LCD é padrão para a Fujifilm: o mesmo da T2/T20 com nitidez e brilho aceitáveis, e outro um salto à A2 que tinha menos pontos (920K). Na X-A3 a tela também é mais dura que a A2, firme para suportar outra grande novidade da câmera nova: a sensibilidade ao toque dos dedos. Embora ela tenha controles limitados à área de focagem automática e alguns gestos durante o playback, a sensibilidade ao toque dá maior fluidez a nova geração de fotógrafos acostumados com os smartphones. Basta tocar na tela para que a câmera escolha o sujeito e foque sozinha, ainda com a opção de disparar o obturador; praticamente sem atrasos. E quando virada para a frente, o modo de detecção automática de rostos é ligado, perfeito para selfies de alta qualidade. É a proposta perfeita para o base da linha Fujifilm X, para amadores carregarem o dia todo e fotografarem tudo.

Fujifilm X-A3

À direita os botões traseiros abrigam os mesmos controles de praticamente todas as Fujifilm, o que é outra adição bem-vinda à linha básica. A lógica na operação é virtualmente a mesma desde a Pro2 até a A3, e tudo funciona rápido: um botão “menu” central é navegado pelas “setas” cima/baixo e esquerda/direita, com o botão OK ao centro; tudo intuitivo como qualquer câmera digital. O playback e principalmente o botão para gravação de vídeos podem ser ativados a qualquer momento, uma d-á-d-i-v-a para a linha X. Enquanto nas câmeras maiores (todas) você é obrigado a girar o disco “drive” até o ícone da video-câmera, na X-A3 a gravação pode ser iniciada instantaneamente. Abaixo os botões DISP/BACK e Q são auto-explicativos (ciclar informações do LCD; ativar o menu “quick” rápido), e em cima de tudo isto fica o disco secundário da exposição, embutido e com um click interno. Nele é possível programar a abertura do diafragma (com objetivas XC) ou mudar a exposição no modo P; e toda a lógica de operação é simplificada na X-A3.

Fujifilm X-A3

Enfim na frente a A3 ganha a chave de seleção do foco automático (único, contínuo, manual), ausente na A2, e outro motivo de nunca mais olhar para a câmera antiga. Como as objetivas XC/XF também excluem botões, é quase obrigatório ter esta chave na frente; bem-vinda agora na câmera menor. Do outro lado o botão de soltura da objetiva é firme e fácil de usar, e passa bastante segurança; você não quer a sua caríssima objetiva XF f/1.4 caindo no chão. Em cima um LED de assistência ao foco é ativado no escuro, e serve também para indicar a operação do timer. E dos lados a Fujifilm embute: um flash com guia 7 (a ISO200) em cima, do lado esquerdo, junto da sapata completa para cabeças “hot-shoe”; ambos com funções avançadas como sincronismo rápido e segunda cortina. Do lado direito, sob a pegada das mãos, os plugues HDMI e USB2.0 ficam embaixo de uma simplória porta de plástico, e tem a opção de recarga da bateria na USB; não há um carregador dedicado incluído na caixa da A3. E o cartão de memória SD (UHS I) + bateria NP-W126S vão embaixo como na X-T20, numa grossa porta “ativada” por uma mola suave.

Fujifilm X-A3

A X-A3 de US$599 de antemão parece “porcaria” na qualidade Fujifilm, que tem convencido os fotógrafos do formato APS-C a pagar US$1699 numa câmera APS-C (Pro2) e US$449 numa objetiva prime f/2 (XF 23mm/50mm f/2 R WR). Mas apesar do preço baixo, nas mãos a X-A3 é uma história diferente para a base da gama X-Mount. A construção nova é um passo largo em direção ao topo da linha, tão sólida quanto e até bem acabada; apesar do policarbonato. Enquanto a A2 fosse bem ruinzinha com placas finas e desalinhamentos na construção dos painéis, a A3 está muito mais sólida e gostosa de usar; cada vez mais próxima das intermediárias T20/E2S. É quase uma “série B” pela qualidade e facilidade de uso e, pensando na ainda mais nova A5, está difícil de ignorar a base da gama Fujifilm X A. Evidentemente, não temos o “weather sealing” nem a pletora de discos táteis das câmeras maiores. Mas continuamos com uma operação simples, direta, rápida e fácil de usar. E como veremos a seguir, a performance continua boa; será a X-A3 a Fuji ideal? Eu acho que sim.

DESTAQUES – VELOCIDADE

Fujifilm X-A3

Com processador Fujifilm EXR-II abaixo do “Processor Pro” das câmeras topo de linha, a Fuji X-A3 é uma máquina curiosa de avaliar; sem grandes diferenças na performance da operação, em relação as câmeras mais caras Pro2/T2/T20. Os processos de ligar/desligar; entrar e sair dos menus; e inclusive ir/voltar do playback, são na prática semelhantes aos das outras máquinas; mais um destaque da Fujifilm “de entrada”. Entre você girar a chave para a posição “ON” e a câmera mostrar a imagem na tela leva pouco menos de 1 segundo; muito mais rápido que qualquer Sony A6300/A6500 que levam uma eternidade pra ligar. O playback das fotos também parece mais rápido que até a X-T20, e entre uma foto e outra quase não há intervalo. Apesar do sistema de foco não acompanhar sujeitos em movimento (mais sobre ele a seguir), a X-A3 oferece dois modos de disparo contínuo: um com 3 quadros por segundo, e outro rápido com 6fps; ambos de acordo com a velocidade do obturador. E o buffer (memória interna) também é apertado para apenas 5 arquivos raw; nada de fotografar as crianças correndo em formato sem compressão. Mas por US$599 – o kit! – estes números podem impressionar. Qualquer DSLR mais rápida custará cerca de US$100 a mais, somente o corpo, mas a Fuji X-A3 entrega boa performance logo na base da linha X.

Fujifilm X-A3

No dia-a-dia, é interessante vermos também as funções avançadas das câmeras mais caras na X-A3. As opções de obturador mecânico ou eletrônico (incluindo até 1/32.000 de velocidade máxima); os excelentes “Auto-ISO” programáveis com velocidade mínima do obturador e máxima do ISO, além de até três “memórias”; e as compensações “finas” de balanço de branco, que ficam de fora de todas Canon EOS Rebel, por exemplo, estão todas nas X-A3. E outras opções sofisticadas como a conexão entre o ponto de foco e a fotometria; as funções de flash “commander” direto nos menus da câmera; e até ideias novas como o estabilizador eletrônico na gravação de vídeo, coisa que não vimos em nenhuma outra Fuji X… Estão todos no base da linha X-A3. Ela é completa para o mercado mirrorless, apesar do preço baixo; e tudo funciona como nas máquinas maiores. 

O BOM E O RUIM – FOCO AUTOMÁTICO

Fujifilm X-A3

O ponto mais fraco do modelo, porém, é o sistema de foco automático medido por contraste. Enquanto nas câmeras mirrorless “melhores” as fabricantes estejam embutindo sistemas de foco “phase” nos sensores de imagem (EOSM/SonyA6300/A6500/FujiPro2/T2/T20), e esta seja inclusive a “novidade” da X-A5 (mais nova), na X-A3 a focagem é repetida da X-A2, somente por contraste; às vezes imprecisa e lenta, sem chances de fotografar ação. Sejamos francos: sob bastante luz o foco é adquirido em menos de meio segundo – sim, muito mais longo que os 0.08-0.05s das T2/T20/Pro2 – porém mais rápida que a câmera antiga em cerca de 0.8-1s. É mais que o suficiente para fotografar paisagens, produtos e retratos e, dependendo de quão estático esteja o seu sujeito, a X-A3 terá a mesma performance de um smartphone moderno. Mas sob pouca luz, por exemplo na rua a noite ou em ambientes fechados, e a X-A3 se torna pouco confiável para focar. É muito fácil a câmera se recusar a encontrar o ponto certo; travar o disparo; e você perder o momento da foto.

Fujifilm X-A3

Todas as opções de focagem automática oferecidas pela Fujifilm estão na X-A3, e ela se comporta da mesma maneira que as Pro2/T2/T20. Modos de seleção única, por zona ou por “tracking” de rostos; as seleções única e de zona oferecem opções de tamanho do ponto, para sujeitos pequenos ou grandes; as 49 zonas de contraste estão divididas numa grade 7×7 de acesso rápido; e funções avançadas como a prioridade do disparo (com a foto focada ou não); a assistência por “peaking” ao foco manual; e até as opções de acompanhamento do rosto e olhos do sujeito (com seleção entre o direito/esquerdo), estão todas embutidas na A3. Sim, sim, todos elas tem problemas: o sistema de detecção de rostos é ineficaz se o sujeito estiver de lado ou usando óculos; e a câmera não limita de fato a busca da área de contraste mesmo com pontos menores, geralmente dando preferência ao sujeito que está atrás, já em foco. Mas francamente é o sistema por contraste mais completo do mercado e, sob bastante luz e contraste, é difícil não focar com a X-A3.

Fujifilm X-A3

O que absolutamente não funciona, porém, é o foco sob pouca luz e o sistema contínuo. A noite pelas avenidas de Tokyo com a XF 50mm f/2 R WR, por exemplo, diversas vezes a X-A3 se recusou a confirmar o foco apesar do sujeito ser bem visível a olho nu; perdendo “o momento” tão importante na fotografia de rua. Mesmo que você tente desviar das limitações do sistema de contraste, por exemplo apontando a câmera para um ponto nítido de luz, se o restante do quadro estiver escuro, a câmera recusa-se a confirmar o foco. O problema segue para a focagem contínua, por exemplo para fotografar esportes ou objetos em movimento, que sequer deveria ser oferecido neste modelo. A X-A3 “vai e volta” o foco sobre o sujeito e não trava nem a pau, muito menos calcula o próximo ponto de foco, para sequências nítidas de fotos. Portanto o foco da X-A3 é limitado apenas a sujeitos estáticos, e recomendo a câmera com parcimônia.

O QUESTIONÁVEL – VÍDEO 1080P60

Fujifilm X-A3

Outra função básica da Fujifilm X-A3 é a gravação de vídeo na resolução FullHD 1920×1080, agora até 60 quadros por segundo (eram 30fps na A2), gravada internamente no cartão de memória. Adquirida ao longo do sensor APS-C por line skipping e comprimida a cerca de 40mbps, a qualidade de imagem é justa nesta faixa de preço. Na verdade, considerando esta tecnologia de aquisição (pulando linhas), a performance é até boa: as gravações são “firmes”, sem grandes problemas com artifícios na imagem como cores estranhas em detalhes finos (“moiré”), ou linhas serrilhadas no contraste horizontal (“aliasing”). Mas por outro lado a compressão do processador EXR II é alta, e o perfil de cores da Fujinon ainda é muito “pesado” com alto contraste eliminando detalhes finos, que outrora seriam visíveis mesmo no FullHD. As opções de foco automático também são limitadas; talvez até ultrapassadas em relação à algumas DSLR nesta faixa de preço (especialmente as Canon com Dual Pixel). Portanto o vídeo na X-A3 é questionável, e mais uma vez difícil de recomendar: vale usar esta câmera para vídeos ruins; ou usar logo o smartphone?

Não que as gravações do dia-a-dia com a X-A3 sejam descartáveis. As imagens na verdade tiram proveito do sensor maior e menos suscetível aos ruídos sob pouca luz e, unido as objetivas de grande abertura, as possibilidades criativas são bem-vindas. O “disparo” do vídeo é rápido pelo botão traseiro sob qualquer um dos modos de exposição, e os ajustes manual (M) ou semi-automático (PAS) serão refletidos na imagem gravada; funções que não vemos mais nas DSLR “de entrada” (ou é somente manual, ou é somente automático, como nas Canon EOS Rebel T7i e até 6D Mark II). O ISO automático da A3 faz um bom trabalho em compensar a exposição caso você mude a velocidade do obturador ou a abertura da objetiva durante a gravação, apesar desta segunda não ser “suave”; os clicks entre cada f/stop ficam bastante aparentes nas imagens. O novo modo de estabilização eletrônica pode dar outra cara às objetivas Fujinon de grandíssima abertura, sem o estabilizador interno “OIS”, e funciona com um corte (crop) leve no sensor APS-C. A imagem gravada é suave como o “Digital IS” da Canon, e funciona para usuários domésticos. É curioso a Fujifilm tê-lo colocado na X-A3, mas não em outras câmeras caras do X-Mount.

“Kamakura” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; faltam detalhes na imagem (clique para ver maior).

“Kamakura” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; faltam detalhes na imagem (clique para ver maior).

“Água” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; a compressão é alta à 40mbps (clique para ver maior).

“Água” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; a compressão é alta à 40mbps (clique para ver maior).

“Velas” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; nenhum detalhe nas sombras (clique para ver maior).

“Velas” com a Fujifilm X-A3 + XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em FullHD60; nenhum detalhe nas sombras (clique para ver maior).

“Tokyo” com a Fujifilm X-A3 + XF 50mm f/2 R WR em FullHD60; “pretos” queimados na gravação (clique para ver maior).

“Tokyo” com a Fujifilm X-A3 + XF 50mm f/2 R WR em FullHD60; “pretos” queimados na gravação (clique para ver maior).

Por outro lado a agressividade do perfil de simulação da película da Fujifilm pode “forçar demais a barra” do look nas gravações; e as opções de focagem automática estão longe das ideais. A aparência das imagens é simplesmente ruim: áreas escuras são transformadas em blocos 100% pretos sem detalhes, e mesmo as zonas mais claras perdem qualquer “textura”; não há sofisticação no processamento da imagem no chip EXR II. Comparada a um simples iPhone 5 de seis anos atrás, a resolução do vídeo da X-A3 é sofrível. E o foco automático é outra surpresa curiosa: hora extremamente “seguro” por não trocar de sujeito o tempo todo; hora seguro demais. Em takes criativos com “focus pull” – isto é, a mudança de sujeito através do foco durante a gravação – a câmera parece ignorar a distância do objeto novo; forçando o recomeço da gravação. Quem tem uma Canon EOS com Dual Pixel sabe o que é possível com este efeito, mas a Fuji ignora qualquer ideia semelhante. A seleção automática de rostos é eficaz, interessante para YouTubers, mas a X-A3 leva uma e-t-e-r-n-i-d-a-d-e para ajustar o foco; ou seja, inútil. A tela LCD sensível ao toque também não pode ser usada para “tocar” no sujeito e mudar o ponto de foco durante a gravação, e até o “peaking” desaparece enquanto o REC estiver ligado. Enfim o modo de vídeo da X-A3 é “basicão”, e recomendo outra câmera “melhor” caso você pretenda trabalhar com vídeos.

O EXTRA – Wi-Fi

Fujifilm X-A3

Mais um recurso “melhorado” sobre a X-A2 é a conexão sem fio na X-A3. As duas compartilham do mesmo aplicativo “Fujifilm CAMERA REMOTE” (EM CAPS, para iOS e Android), porém agora com a inclusão do controle total da exposição e a previsão da imagem transmitida à tela do smartphone; função que ficou de fora da A2. Um recurso praticamente inventado pela Canon na EOS 6D de 2012, e hoje em dia ainda difícil de ver nas concorrentes (pelo menos bem implementado), a Fujifilm está caminhando na direção certa; embora ainda com algumas funções no mínimo irritantes. Só para configurar a coisa toda a câmera é confusa: a X-A3 tem dois menus separados para “WIRELESS COMMUNICATION” (TAMBÉM EM CAPS) e “CONNECTION SETTINGS”, e o “settings” serve para ajustes bestas como o nome da conexão; habilitar  funções como o “geotag”; ou configurar uma impressora sem fio; e, na verdade, é a primeira opção “wireless communication” que “liga” a antena da X-A3. Mas ela mesma não indica o que fazer depois, somente um simplório “inicie o aplicativo”. Enfim a A3 criará uma rede própria Wi-Fi, e devemos conectar o smartphone a ela.

Fujifilm X-A3

O Fujifilm CAMERA REMOTE é uma genuína volta ao passado em interface e interação com o usuário (UX). Botões gigantes… Textos espalhados com pesos diferentes… O logotipo da fabricante sempre à mostra… É um verdadeiro “PowerPoint® da firma” feito para copiar as fotos da câmera no celular. A opção “browse camera” mostra as fotos no cartão de memória dá máquina, fácil e intuitivo, mas infelizmente um pouco lento: para gerar os ícones de cada imagem leva cerca de 10 segundos por grupo de 9 fotos, e navegar por uma tarde inteira de clicks pode ser tedioso. O download dos arquivos é mais rápido depois de selecionadas as imagens, mas por uma razão: as fotos tem a dimensão reduzida dos 6000X4000 nativos para 1776×1184, com cerca de 300kB cada uma. A câmera converte automaticamente os arquivos raw para JPEG, e você não precisa fotografar os dois ao mesmo tempo. E os vídeos, por outro lado, são transferidos na resolução máxima; portanto demoram mais para descarregar. Eles são compatíveis com o iOS 11, e também servem para postagem. É simples e direto ao ponto, como esperamos dos dois aparelhos.

Fujifilm X-A3

O maior problema, porém, é voltar entre uma e outra função do aplicativo CAMERA REMOTE. Apertou “voltar” para entrar no modo “controle remoto”? O app recomenda um “desconnect?” obrigatório, e a câmera desliga sozinha; à distância! “Mas que porra é essa?” Pois é, de novo, é trágico para não dizer cômico. Se você estiver com a câmera “no colo” e quiser mudar de aplicativo como 1) Fuji, para baixar as fotos e 2) Instagram, para postá-las; na hora de voltar para o app da câmera, provavelmente terá de começar a configuração do zero. Outro exemplo: se você estiver controlando a câmera à distância, para fotografar um grupo de amigos, e colocar o smartphone em stand-by, a X-A3 também desligará sozinha; mesmo com a chave ON/OFF na posição “ON”. É ruim para trabalhar também no estúdio, você com a câmera nas mãos e o seu cliente com o tablet acompanhando as fotos à distância… É ruim para fotografar ângulos criativos com a câmera à distância, já que ela desligará sozinha. A Fuji precisa atualizar esta lógica do aplicativo.

Fujifilm X-A3

Já a interface do controle remoto à distância é a mesma entre todas as câmeras mais recentes e compatíveis com esta versão do CAMERA REMOTE (como a T20, mas não a A2), e faz jus ao nome do aplicativo. Toda a imagem da tela LCD da X-A3 é reproduzida na tela do smartdevice (telefone ou tablet), e você pode configurar toda a exposição (velocidade do obturador, abertura, ISO); os perfis de simulação de película; balanço do branco; modo do flash e self-timer; até mudar “de longe” entre a função de tirar fotos ou gravar vídeos. Os avisos de duração da bateria, espaço no cartão de memória e exposição são claros e fáceis de ler, e a conexão é estável entre as duas partes; com uma imagem fluída nos smartphones mais recentes. Basta tocar na tela do aparelho para mudar também o ponto de foco, e você terá uma experiência idêntica à X-A3; apenas móvel no celular. Ainda por cima um botão de playback dedicado aparece nesta interface, e não precisamos desconectar a câmera completamente para rever algumas fotos. Enfim é um aplicativo simples e feliz nas funções oferecidas, idênticas à todas das câmeras compatíveis; do topo à base da linha X.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Tori” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/1500 ISO200 @ 37.1mm.

“Tori” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/1500 ISO200 @ 37.1mm.

Com um novo sensor de 24MP CMOS e formato APS-C com saída para arquivos raw de dimensão 6000×4000 pixels, o grande diferencial da Fujifilm X-A3 é o arranjo de cores tradicional Bayer ante o sistema “X-Trans III” das câmeras mais caras (explicado em detalhes no review da Pro2). Um sistema controverso no mercado, diz a Fuji que o X-Trans é responsável pelas cores agradáveis e a simulação de película fiel a realidade; “função” que conquistou fãs para o sistema “Fuji X” desde a primeira geração. Mas há quem não goste: a padronagem especial do sensor pode reduzir (ao invés de aumentar) a nitidez de detalhes muito finos, e fotógrafos de paisagens e produtos vivem reclamando na internet; alguns amam, outros odeiam. Então é curiosa a decisão da Fujifilm: somente a linha básica X-A3 usa o Bayer tradicional, e tem o potencial de agradar quem precisa deste sensor. Ao mesmo tempo, a A3 entrega a mesma performance para recuperação de sombras dos arquivos raw das câmeras mais caras, apesar de excluir algumas opções de simulação de película. E o ISO máximo é 6400; bem menor que o X-Trans III até 51.200. Afinal, qual é a da Fujifilm X-A3: a câmera X-Mount com maior qualidade de imagem, ou a pior delas?

“Kimono” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO1250.

“Kimono” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO1250.

A resolução do sensor CMOS “Bayer” tradicional da X-A3 é absolutamente insana; beirando a líder no mercado, notavelmente à frente de câmeras semelhantes como as duas Sony A6300/A6500; e todas as Canon APS-C desde a T6i (T7i, 80D, M5). Sim, todas estas máquinas usam sensores de 24MP e arquivos idênticos com a dimensão 6000×4000, então qual é a diferença? A quase total ausência de vazamentos de luz entre os pixels na Fujifilm, para um micro-contraste afiadíssimo no ISO-base 200. O que acontece, na verdade, é a que a Fuji “rouba” o valor base de todas as suas câmeras. Enquanto o restante do mercado ofereça no mínimo o ISO100 como opção, a Fuji começa no ISO200 e faz, obrigatoriamente, a interpolação do sinal entre duas exposições; garantindo maior “veracidade” aos detalhes. É difícil de explicar mas fácil de entender: em ISO200-base a Fuji tem a vantagem de 1-stop comparado ao ISO100-base das outras fabricantes, com o dobro de valores (numéricos) possíveis para cada pixel. Os detalhes são “ricos” em nuances de cinzas e cores, e todo o arquivo parece diferente. É um alerta para quem fotografa em alta resolução: novamente a Fuji está a frente do mercado, e a ideia do ISO200-base funciona bem na X-A3.

“Militares” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/850 ISO200 @ 22.2mm.

“Militares” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/850 ISO200 @ 22.2mm.

Crop 100%, detalhes sólidos nos 24MP do APS-C Bayer da Fujifilm.

Crop 100%, detalhes sólidos nos 24MP do APS-C Bayer da Fujifilm.

“Trilhos” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/750 ISO200 @ 28.2mm.

“Trilhos” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/750 ISO200 @ 28.2mm.

Crop 100%, a nitidez dos detalhes impressiona; este é um exemplo claro da mágica do ISO200 da Fuji X-A3.

Crop 100%, a nitidez dos detalhes impressiona; este é um exemplo claro da mágica do ISO200 da Fuji X-A3.

“Folhagem” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/50 ISO200 @ 32.5mm.

“Folhagem” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/50 ISO200 @ 32.5mm.

Crop 100%, degradês variados e orgânicos, muito mais densos que as outras marcas.

Crop 100%, degradês variados e orgânicos, muito mais densos que as outras marcas.

“Telhado” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/25 ISO200 @ 25.6mm.

“Telhado” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/7.1 1/25 ISO200 @ 25.6mm.

Crop 100%, texturas perfeitas reproduzidas pelo kit da X-A3.

Crop 100%, texturas perfeitas reproduzidas pelo kit da X-A3.

A capacidade de recuperar as informações de sombras dos arquivos raw da X-A3 também é insana; novamente com maior qualidade que as concorrentes. Enquanto os arquivos das Sonys A6300/A6500 tenham dificuldades para “recuperar” as sombras de zonas sub-expostas em ISO100, com ruídos coloridos à mostra e até alguns casos de “banding” (linhas paralelas), novamente em razão do ISO200-base a recuperação é virtualmente perfeita na X-A3; palpito até à frente das câmeras mais caras com o sensor especial X-Trans III. Nas Pro2/T2/T20 às vezes notamos uma padronagem colorida sob tratamentos intensos no pós-processamento, como +100 “shadows” e +100 “blacks” no Adobe Camera Raw, ainda com um +2.00 no sliderexposure”; mas não na X-A3. As mesmas compensações são praticamente livres de ruídos coloridos, com detalhes em zonas escuras. Até sob ISOs mais altos como 640 e 1250 é possível tratarmos os arquivos com qualidade, uma tranquilidade para trabalhar sob pouca luz. Por outro lado a capacidade de recuperar as luzes (“highlights”) parece menor que as câmeras X-Trans III. Compensações “para baixo” mal mostram diferença na exposição além de -2EV, e inclusive a fotometria da X-A3 está programada para evitar qualquer super-exposição (como veremos a seguir). Mas no geral a performance é impressionante: sem dúvidas a X-A3 APS-C rivaliza os melhores sensores full-frame desta geração.

“Telhado II” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/400 ISO200 @ 31mm.

Crop 100%, novos ruídos sim, mas absolutamente sem bolhas coloridas; incrível!

Crop 100%, novos ruídos sim, mas absolutamente sem bolhas coloridas; incrível!

“Telhado III” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/600 ISO200 @ 31mm.

Crop 100%, tons de vermelho e degradês “recuperados” do arquivo raw.

Crop 100%, tons de vermelho e degradês “recuperados” do arquivo raw.

“Telhado IV” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/8 1/1000 ISO200 @ 50mm.

Crop 100%, sombras perfeitamente “sombrias”, com cinzas e sem bolhas coloridas. =)

Crop 100%, sombras perfeitamente “sombrias”, com cinzas e sem bolhas coloridas. =)

“Rua” com a XF 50mm f/2 R WR em f/4 1/250 ISO200.

Crop 100%, sem ruídos coloridos; já vimos uma recuperação parecida no review da X-Pro2.

Crop 100%, sem ruídos coloridos.

A performance sob ISOs altos novamente impressiona, apesar de vir com um enorme “porém”. Os ruídos só dão as caras depois do ISO3200, com capturas absolutamente “limpas” até valores já altos como 640, 1250, 2500… Realmente é difícil entender esta nova geração de sensores fantásticos logo 1) na base da gama; 2) nos ISOs mais usados e 3) úteis com virtualmente qualquer objetiva. Neste review, principalmente com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II oferecida no kit (US$399 avulsa), é fácil trabalhar mesmo em ambientes fechados, sob praticamente nenhuma luz; só o estabilizador embutido na objetiva e o ISO médio-alto nas situações mais desafiadoras. O “porém” é o limite nativo ao ISO6400; sem expansão à outros valores. Enquanto nas Pro2/T2/T20 o ISO máximo bata em 51.200, na A3 o limite está 3-stops abaixo. E, francamente, uma boa decisão por parte da fabricante. Sob ISOs 4000, 5000 e o máximo 6400 já notamos uma leve mudança nas cores tanto dos arquivos raw quanto os JPEG diretos da câmera, e não seria difícil imaginar a lambança que um 12.5000 faria às imagens da X-A3. Então é uma limitação “saudável” na base da gama, e fica a dica para quem trabalha sem luz: somente outras câmeras da Fuji ultrapassam o ISO6400.

“Ornamento” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/8 ISO640 @ 28.2mm.

“Ornamento” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/8 ISO640 @ 28.2mm.

Crop 100%, texturas incríveis no ISO640; cadê os ruídos? Impressionante para o APS-C.

Crop 100%, texturas incríveis no ISO640; cadê os ruídos? Impressionante para o APS-C.

“Altar” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/8 ISO1250 @ 40.2mm.

“Altar” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/8 ISO1250 @ 40.2mm.

Crop 100%, ruídos leves sob ISO1250, num ambiente (não parece) escuro; quem é o smartphone na file do pão?

Crop 100%, ruídos leves sob ISO1250, num ambiente (não parece) escuro; quem é o smartphone na file do pão?

“Sapatos” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/8 ISO2500 @ 50mm.

“Sapatos” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/8 ISO2500 @ 50mm.

Crop 100%, sério, nem parece APS-C. Estamos na sombra e mal notamos os ruídos.

Crop 100%, sério, nem parece APS-C. Estamos na sombra e mal notamos os ruídos.

“Rua” com a com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO4000 @ 50mm.

“Rua” com a com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO4000 @ 50mm.

Crop 100%, finalmente os ruídos começaram a aparecer, mas orgânicos e sem de fato “matar” os detalhes.

Crop 100%, finalmente os ruídos começaram a aparecer, mas orgânicos e sem de fato “matar” os detalhes.

“Lustre” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/20 ISO6400.

“Lustre” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/20 ISO6400.

Crop 100%, o máximo da X-A3; ruídos poucos visíveis e sem cores estranhas.

Crop 100%, o máximo da X-A3; ruídos poucos visíveis e sem cores estranhas.

Interessante também é a performance da fotometria da X-A3; “pior” que as outras Fujifilm X. O fotômetro confiável foi inclusive o destaque no review da X-T20: absolutamente todas as fotos daquele saíram perfeitas direito da câmera, exigindo ajustes mínimos na exposição do arquivo raw. Uma fotometria bem equilibrada é primordial para agilizar o trabalho no dia-a-dia, e imprescindível para capturar imagens prontas para publicação. Mas nada disto acontece na X-A3, que é de longe uma das câmeras mais “foto-fóbicas” que já vimos no vlog do zack. Mesmo durante o dia, não é raro a X-A3 sub-expor as sombras, para garantir qualidade na reprodução das luzes. A noite a câmera também tem a tendência a sub-expor as composições, especialmente as que tenham alguma fonte de luz no quadro. Beira o trágico para não dizer irritante: quem trabalha só com arquivos JPEG verá fotos praticamente pretas com faróis de carros, lanternas de anúncios, backlights publicitários ou mesmo o flash rebatido no sujeito; exigindo ou 1) a compensação maciça da exposição o tempo todo (para “cima”, pelo menos +2EV); ou 2) o tratamento “pesado” do arquivo raw (no computador). Daí a boa recuperação das sombras é bem-vinda: ela é a única salvação para a fotometria da X-A3. Recomendo sempre fotografar em raw com esta câmera.

“gift for u” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/350 ISO200 @ 16mm; arquivo da câmera vs. raw tratado.

“Tokyo II” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO400; arquivo péssimo direto da câmera vs. raw tratado.

“Kimono II” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO800; arquivo direto da câmera vs. raw tratado.

Parte do problema das fotos escuras também está no perfil de tons e cores nativos da simulação de película da X-A3; um dos mais “agressivos” dentre as câmeras Fujifilm X. Na A3 o processador EXR II não parece ter qualquer sofisticação no tratamento das imagens como vemos no “Processor Pro” das câmeras mais caras, e blocos de luzes e sombras são completamente “chapados” sem texturas e nuances dos degradês de luzes e sombras; tudo parece bastante “eletrônico”. A câmera em si também é confusa sobre a customização do perfil de cores e tratamentos aos arquivos JPEG gravados no cartão, com opções diferentes para sombras, luzes e “dynamic range”, além de valores “invertidos”: um “+2” em sombras deixa a foto mais escura, não mais clara. Ainda, as opções fantásticas do X-Trans como o efeito de grânulo, e alguns perfis de simulação de película (como “ACROS”) ficaram de fora da X-A3, e vale a sugestão de fotografar sempre em raw com esta câmera. Depois de bem tratados no computador, aí sim o resultado dos arquivos poderá impressionar.

“more gifts for u” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/70 ISO200 @ 16mm.

“more gifts for u” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/70 ISO200 @ 16mm.

Crop 100%, arquivo JPEG direto da câmera vs. raw tratado; note a agressividade do EXR-II.

“chinelos for u” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/60 ISO200 @ 45.2mm.

“chinelos for u” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/60 ISO200 @ 45.2mm.

Crop 100%, arquivo JPEG direto da câmera vs. raw tratado; faltam detalhes nestes JPEG.

“Lucky Charm” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/4 1/8 ISO1600 @ 21.1mm.

“Lucky Charm” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/4 1/8 ISO1600 @ 21.1mm.

Crop 100%, arquivo JPEG direto da câmera vs. raw tratado; um “bloco” escuro no lugar das texturas do ISO alto.

“Kyoto” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO5000.

“Kyoto” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO5000.

Crop 100%, arquivo JPEG direto da câmera vs. raw tratado; detalhes recuperados do arquivo raw.

Por fim as cores são o mais interessante da Fujifilm X-A3; afinal como se sai a Fuji sem o mirabolante sensor X-Trans? Se sai muito bem, obrigado! O perfil de tons de amarelo, laranja, vermelho, rosa, verde, azul, ciano e roxo são bem mais sutis que o X-Trans III “alaranjado”, e as fotos “saem” muito mais reais; parece até que estamos falando de outra fabricante. Foram cômicos os comentários numa sequência de posts sobre o assunto no meu Instagram: realmente a Fujifilm (e a Sony) não sabem reproduzir a cor amarela. Hora laranja demais (Fuji), hora puxada para o verde (Sony), a Canon é a única a entregar o mix 100% saturado de verde e vermelho (portanto, amarelo). Mas a Fujifilm X-A3 faz exatamente isto. As fotos do dia-a-dia saem bem mais “mundanas” como o perfil bruto de qualquer sensor CMOS, sem a aparência de “apliquei um preset no Lightroom” em todas as fotos. Flores rosas são saturadas, sem “sangrar” o canal vermelho como no X-Trans. E só os tons de pele exigem atenção: um pouco opacos, sem vida, e com sombras marrons; parece a primeira geração EXMOR da Sony. Neste caso o tratamento com “gradient map” e balanço do branco é obrigatório no Photoshop, para dar vida aos retratos da A3.

“Amarelo” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/8 1/2200 ISO200 @ 50mm.

“Amarelo” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/8 1/2200 ISO200 @ 50mm.

“Lilás” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/600 ISO200.

“Lilás” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/600 ISO200.

“RGGB” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/150 ISO200 @ 37.1mm.

“RGGB” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/6.4 1/150 ISO200 @ 37.1mm.

“Vermelho” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/320 ISO200 @ 16mm.

“Vermelho” com a XC 16-50mm f/3.5-5.6 OIS II em f/5.6 1/320 ISO200 @ 16mm.

“Multi” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO2000; cores sob ISOs altos.

“Multi” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/125 ISO2000; cores sob ISOs altos.

“Koyasan” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/140 ISO200.

“Koyasan” com a XF 50mm f/2 R WR em f/2 1/140 ISO200.

VEREDICTO

A Fujifilm X-A3 é, como sempre, um review curioso no blog e no vlog do zack. (quase) O mais básico da linha X-Mount hoje, junto da nova X-A5 (as duas estão em estoque), a Fuji praticamente não deixou nada de fora do modelo: a construção é justa, toda de plástico, e muito melhorada sobre a geração passada X-A2; a operação deixa sim de lado os discos táteis das Pro2/T2/T20 mas, pensando nesta faixa de preço, nenhuma outra mirrorless entrega uma operação tão rápida da exposição, com dois discos físicos para o dedão atrás. E funções sofisticadas como o obturador eletrônico; o flash à distância; ajustes finos de balanço de branco; link dos pontos de foco com a fotometria; foco com prioridade aos olhos… Enfim, novidades que não vemos em nenhuma DSLR, estão todos na A3. Não, ela não serve para fotografar ação e eu recomendo até verificar o foco das fotos mesmo em sujeitos estáticos. Mas talvez isto tenha sido “corrigido” na X-A5.

Fujifilm X-A3

O mais interessante, porém, é este sensor de 24MP com arranjo de cores tradicional “Bayer”. O ISO-base 200 garante capturas muito mais “firmes” de detalhes nos arquivos raw, e o dynamic range é absolutamente o melhor do mercado APS-C; sim, melhor que as Sony A6300/A6500 e a Nikon D500 (Canon nem entre na conta). Não, as cores não tem a mesma “graça” do X-Trans III mas, para quem não gosta desta brincadeira da Fuji, a X-A3 entrega um CMOS “padrão” impressionante. E não, embora os arquivos JPEG direto da câmera também não funcionem bem, com contraste alto e falta de detalhes; ainda sem todos os perfis de películas das outras máquinas; quem fotografa paisagens, produtos, e quer usar as objetivas Fujinon, pode ver X-A3 como porta de entrada para o sistema X-Mount. Ela serve para as fotos do dia-a-dia e como backup para quem já tem uma Fujifilm mais cara e, repito, pensando nas excelentes objetivas, esta é a maquininha perfeita para começar. Cuidado com o foco e os arquivos JPEG e trate bem os raw. Depois disso, boas fotos!