Canon EOS 6D Mark II

Tira, põe, deixa ficar…

Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 188MB).

Tempo estimado de leitura: 48 minutos.

Dezembro/2017 – A EOS 6D Mark II é a segunda geração de uma das câmeras mais importantes da Canon. Uma nova classe introduzida em 2012, menor que a 5D, e com o mesmo layout de controles da 60D, a ideia era atender os fotógrafos “viajantes” com uma DSLR leve e fácil de carregar; sem perder a ergonomia e a performance típicas de uma câmera EOS; nem o desejado sensor full frame, teoricamente mais capaz sob pouca luz. Com um novo sensor CMOS com 26MP e tecnologia Dual Pixel; um novo módulo de espelho, mais suave e silencioso; e o mesmo módulo de foco automático da 80D, com 45-pontos do tipo cross-type assistido pelo também novo fotômetro de 7560-pixels; além da primeira tela escamoteável numa câmera full frame Canon; a EOS 6D Mark II lembra muito uma “80D com sensor grande”; com as mesmas funções e as mesmas limitações. Ficam de fora os recursos das máquinas “top full frame” atuais (US$3000+), como vídeo 4K, velocidades insanas de disparo, e arquivos de diversos megapixels; e sobram a ergonomia e a agilidade na operação. Será a 6D Mark Il justa por US$2000? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EOS 6D Mark II

Em 14.4 x 11.1 x 7.4cm de 685g de principalmente plásticos, a primeira coisa que notamos na nova EOS 6D Mark II é como ela está do mesmíssimo tamanho da 6D “clássica”, de 2012; um passo a frente à linha APS-C #0D (como 70D/80D); e um passo atrás das gigantes de metal, 5D e 7D. O tamanho foi um grande diferencial do modelo em 2012, pensado nos viajantes que precisavam de uma câmera portátil, leve, fácil de usar; e continua um diferencial hoje, pelo menos na linha EOS full frame. A ergonomia ainda é boa com as enormes objetivas EF, bem equilibradas contra a câmera grande atrás; porém a 6D não deixa de ser portátil, cabendo em mochilas onde uma 5D não cabe. O que as fotos da internet não mostram, porém, é a diferença no peso: 5DIV/5DS/7DII ultrapassam as 800g com corpos pesados de magnésio, mas os 685g da 6DII são tão leves quanto a APS-C 80D (650g). Fica a construção robusta e vai embora o peso; sobra o sensor full frame.

Canon EOS 6D Mark II

Nas mãos a experiência é quase a mesma da EOS 6D clássica, e distinta das classes maiores 5D e 7D. Enquanto a “pegada” da mão direita esteja ainda mais profunda na Mark II, com 27mm de espessura na câmera nova, contra 24mm na câmera antiga, a principal característica da linha “6D” é a ausência da coluna de botões do lado esquerdo, aquela com “picture profile”, RATE, lupa, playback e lixo das 5D/7D; o que permite não somente o corpo menor, mas também a inclusão da primeira tela escamoteável numa full-frame Canon. Embora sim, Nikon D750 e Sony A7II tenham telas que “deslizam” 90º para cima/baixo, a tela da 6D II vai além e gira 175º para frente, facilitando o trabalho de quem grava um vídeo sozinho (vlog), e útil para os “millenials” interessados nas selfies. Este é um enorme diferencial da câmera nova, e quase uma exclusividade no mercado full frame; só a Sony A99 (US$3000+) tem uma tela parecida, que gira para frente.

Canon EOS 6D Mark II HANDS

A ergonomia, por outro lado, passou por uma revisão significativa em relação a 6D clássica; e agradará tanto os fotógrafos que queiram um upgrade sobre a versão original, quanto os que veem na 6D uma opção de backup de baixo custo, ao lado de uma 5DIV. A lógica é a mesma que vimos nos upgrades da 5DS (baseada na 5D Mark III) para a 5D Mark IV; e na 60D em relação a 80D: o “emagrecimento” dos painéis e curvas, e a acentuação das arestas que dividem as “zonas” de controle. O dedo indicador agora “cai” sobre uma quina mais inclinada e “dura”, dando espaço ao novo botão para mudança dos grupos de foco. A curva para a fileira de botões superiores AF, DRIVE, ISO, fotometria e iluminação está menos inclinada, mais suave e gostosa de tocar; mas os botões ganharam contornos saltados, ainda mais fáceis de encontrar no escuro. O canto da tela LCD superior está mais arredondado, e acompanha a curva do outro lado esquerdo, que agora está bem mais abaixo do disco de seleção de modo; este, que está mais protuberante e fácil de girar.

Canon EOS 6D Mark II GRIP

Porém é na traseira que praticamente tudo mudou, e você só percebe com a câmera na mãos. A principal novidade está no disco/jog dial para o dedão. A 6D foi a primeira full frame a incluir o controle direcional embutido neste disco (inventado na 60D), que toma o lugar do joystick dedicado das 5D/7D; aquele que navega pelos menus, e controla a seleção de pontos de foco. Mas onde na 6D clássica nós tínhamos um disco grande e suave, e com um direcional também grande e suave, na nova 6D Mark II o disco está consideravelmente menor e mais “saltado”; ainda com um novo chanfro texturizado “duro”, difícil de escorregar. Além de menor, eu encontrei outro problema: o disco está “abaixo” do nível do painel LCD (que sai do corpo), o que dificulta o giro. Você roda o anel facilmente para o lado direito, mas “bate” o dedo na tela LCD do lado esquerdo; o que é bem ruim! Também, o direcional embutido é menor, e está ainda mais saltado! É uma “escalada” abrupta de controles, e exige uma curva de adaptação. Portanto testem a câmera na loja antes de comprá-la, porque as mudanças foram grandes atrás; e podem não agradar à todos.

Canon EOS 6D Mark II REAR DIAL

À direita, ainda no painel traseiro, a Canon também redesenhou os controles; distintos da 6D original, e mais próximos de uma 5D. O destaque vai para o botão AF-ON, agora ao centro do sulco para o dedão direito, separado da estrela “*” (AE-LOCK), e do ajuste dos pontos de foco. É uma mudança bipolar: enquanto na 80D a Canon se deu o trabalho de projetar um botão AF-ON oblíquo, próximo do AE-LOCK, na 6DII eles colocaram o botão no meio. A lógica que é você “mentalmente” se preocupe mais com a composição além do foco automático, juntos na hora do click; e não somente com o foco, “pulsando” o botão o tempo inteiro. As composições saem “mais pensadas” com um botão AF-ON tão separado do restante do corpo, e lembra a linha 5D. Em conjunto com o novo botão frontal (no dedo indicador), os dois tiram proveito do módulo de foco avançado da 6D Mark II. Já a chave do Live View/EOS Movie, e os botões de lupa, playback, “Q” e lixo continuam no lugar de sempre, apesar de estarem todos mais fáceis de apertar.

Canon EOS 6D Mark II

Do lado esquerdo a Canon limita a 6D Mark II com os botões MENU e INFO; sem a coluna das 5D/7D, e sem a mesma flexibilidade. Quem usa muito o botão RATE, e o botão de comparação lado-a-lado, continua sem sorte na 6D. A Canon ainda não inclui estas funções nem na interface sensível ao toque, e atrasa bastante o trabalho de quem fotografa ação. Por exemplo, não dá para rapidamente escolher as fotos que serão publicadas a partir da câmera, como fazemos nas EOS 1D, 5D e 7D; e mantém a 6D na classe “intermediária” da linha EOS. O disco de seleção de modos PATM também continua “intermediário”, incluindo as funções “SCN” (cena) e “CA” (“creative assist”) – ausentes na 5D/7D – e abrigando apenas dois slots C1 e C2 (são três naquelas câmeras); e o disco dá uma volta completa 360º (ele gira só 180º na 5D). Porém ele está mais alto, e com melhorias na operação: a borracha é mais grudenta, e com chanfros em X (eram em “T” na 6D clássica).

Canon EOS 6D Mark II

Aos lados da carcaça, porém, começamos com algumas “limitações inaceitáveis” para uma máquina de US$2000; não em 2017, e não numa “Mark II”. Enquanto a Canon tenha repensado a disposição das portas à esquerda (?), não há qualquer conexão nova na 6D Mark II; e isso é um problema. O primeiro é a porta USB: ainda com o padrão 2.0, ainda lenta para transferir os arquivos; ainda pouco útil. Ambas 5DS, 5D Mark IV e 7D Mark II já estão na USB3.0 faz tempo, e fica difícil compreender uma porta USB2.0 em tempos de USB-C. A porta HDMI do tipo Mini Type C está sob a mesma borracha, e também é ruim: “mole” e fácil de escapar, e sem espaço para o “apoiador” de cabos da linha 5D/7D (que usa uma rosca para não sair do lugar). Pior: a saída HDMI não dá um feed “limpo” de vídeo, ruim para usar com um monitor externo, quiça gravar a imagem. Também, não há saída para fones de ouvido. Enquanto eu compreendia a Sony tirá-la das ultra-compactas A6#00, a Canon fazer o mesmo numa DSLR grande é ridículo. Alguns de vocês argumentam que esta câmera não foi feita para vídeo, e sim para fotos, mas francamente: EOS 80D e 7D Mark II tem saída para fones de ouvido. Ou seja, o argumento não cola. A melhor solução é gravar (e monitorar) o áudio externamente, com um gravador a parte.

Canon EOS 6D Mark II

O que há de novo? O chip NFC, que poderia estar em qualquer outro lugar do corpo; e a porta para controle remoto, que agora está na frente e “pluga” para a direita (como na 5D IV). Novamente, se vocês nunca usaram estas funções, deveriam questionar por que elas estão ali. Porém é do lado direito, embaixo da “pegada” para as mãos, que a Canon definitivamente flerta com a nossa paciência: o slot de cartão SD está 1) sozinho, e 2) só aceita o padrão UHS-I (de 104MB/s); novamente, sem qualquer avanço sobre a 6D de 2012! Enquanto a Fujifilm já ofereça dois slots de cartão SD nas suas ASP-C X-Pro 2 e X-T2, ambas compatíveis também com a velocidade UHS-II de 312MB/s, e a Nikon mire o mercado “topo de linha” na APS-C D500 com slots XQD; a Canon está parada no tempo. Quem trabalha com o equipamento e faz backup dos arquivos usando dois cartões de memória simultaneamente, com certeza correrá um risco com o slot único da 6D II.

Canon EOS 6D Mark II

Na frente, a 6D Mark II também não traz grandes novidades. Além da ausência do flash, uma constante em todas Canon EOS full-frame digitais (as de película tinham), o botão da previsão da profundidade de campo (abertura do diafragma) continua dos mais desconfortáveis do mercado; embaixo da baioneta de montagem, e longe dos dedos. Eu que uso constantemente este botão na 5DS, para fazer a previsão da profundidade na fotografia de paisagem, sei o quanto faz falta na 6D; e a Mark II continua estranha. A ideia, na verdade, é que você use o botão com a mão esquerda: apoie a objetiva pelo mount, e “abrace” o botão com os dedos médio ou anelar. Até funciona com objetivas curtas, de 100mm para baixo, mas não com as mais longas. Enquanto a Nikon coloca dois botões frontais nas D750/D500, a Canon só oferece isso na linha 1D. Pelo menos o botão de liberar a objetiva continua gigante no mount EF, e é dos mais fáceis de usar: a montagem é “fluída”, sem barulhos; e muito rápida! A baioneta EF é a mais prática do mercado, para anos de operação.

Canon EOS 6D Mark II

Por fim, embaixo, a 6D Mark II aceita as mesmas baterias de sempre, LP-E6N: a melhor coisa que a Canon faz, e que absolutamente não precisa de mudanças! Taxada em 1865mAh, ela é quase 80% maior que a Sony NP-FW50 de 1020mAh (usada nas A7/A6000); porém menor que a EN-EL15 da Nikon, de 1900mAh (D500/D750/D800). Na 6D Mark II, a Canon promete até incríveis 1200 fotos com uma carga cheia (são “apenas” 900 na 5D Mark IV), e realmente a câmera entrega. Durante todo este review, ao longo de quatro semanas de uso e 3000 fotos (algumas abaixo de 0ºC), eu precisei recarregar a bateria apenas três vezes (e ela nem estava vazia). Para a função Live View a promessa também é grande: 380 fotos com a tela traseira, e até 2 horas e 40 minutos de gravação de vídeo 1080P; bem melhor que os 90 minutos de vídeo de uma A6300 (em 4K, já descontando os intervalos para esfriar). Logo após o review da 5D Mark IV, eu recebi diversas perguntas sobre a duração da bateria, ruim naquela câmera. Mas a 6D Mark II realmente está em outro patamar.

Canon EOS 6D Mark II

A 6D Mark II é um avanço natural e significativo sobre a versão clássica de 2012. Enquanto boa parte dos “fotógrafos da internet” caiam “matando” a ausência do vídeo 4K, e descartando a performance dos arquivos por causa do dynamic range (DXO, estou olhando para você), a Canon constrói de fato as melhores câmeras fotográficas da atualidade, com design de ponta, ergonomia acertada, e novidades naturais à linha EOS; todas focadas no fotógrafo. É impossível ver pela internet, mas tudo mudou: peso, equilíbrio, resistência, controle de qualidade, é tudo novo e melhor. O remanejamento dos controles abriga os novos recursos de foco, de composição pelo Live View, de performance; e a 6D Mark II cai como uma luva no line-up da Canon. Menor e “pior” que as 5D/7D, maior e “melhor” que a 80D: esta é a 6DII! Não, ela não tem slots duplos de cartão de memória, nem gatilhos rápidos de foco automático. Mas ela “ganha” a tela Vari Angle LCD, que quase nenhuma outra full-frame do mercado tem; e certamente a melhor duração de bateria da categoria. Será a câmera perfeita? Vejamos os recursos e a performance da nova 6D Mark II.

QUESTIONÁVEL – VIEWFINDER

Canon EOS 6D Mark II VIEWFINDER

Como toda DSLR, a alma da fotografia “vive” no conjunto 100% óptico, que engloba o viewfinder e o espelho móvel. Enquanto nas câmeras “mirrorless” (tradução, “sem espelho”) as fabricantes usem minúsculas telinhas LCD/OLED no que elas chamam de viewfinder eletrônico, todos com problemas nas cores e artifícios na imagem, a ideia das DSLR é manter o “trajeto” intacto da foto; dá frente da câmera, até os seus olhos. O viewfinder é “onde” você passará quase todo o tempo com a câmera, e também é nele que a 6D Mark II fez um avanço tímido. Vamos a parte boa: como uma digna full-frame, o viewfinder da 6DII é uma peça de cristal com 5 lados (penta-prisma), claro, nítido, grande; imenso até, quando comparado a uma DSLR APS-C; ou qualquer câmera mirrorless (até a Fuji X-T2, que tem o maior viewfinder OLED do mercado). O viewfinder da 6D Mark II é um salto significativo para quem vem de uma câmera pequena, tanto mirrorless quando APS-C.

Canon EOS 6D Mark II VIEWFINDER

Também, a Canon incluiu a tecnologia “Intelligent Viewfinder II” na 6D Mark II, com muito mais informações sobre os ajustes da câmera; todas ligáveis/desligáveis, de acordo com o freguês. Através de uma tela LCD translúcida que fica em cima do prisma, é possível vermos um overlay de informações interativas, sem grandes interferências na composição; e sem perder a área útil da visualização. Enquanto na 6D clássica nós tínhamos somente os 11 pontos de foco sempre a mostra, na 6D Mark II nós podemos ligar: uma grade, para facilitar composições geométricas; uma régua virtual de nível, para manter as composições retas; mostrar informações de bateria, modo de exposição, foco, picture style, drive, fotometria, flicker… Até desligar os pontos de foco, a fim de liberar a área visível para a sua composição. Por outro lado, cada dois passos que a Canon dá para frente, um é para trás: a troca de tela de focagem (“focusing screen”) não é mais compatível com a 6D Mark II. Não era um recurso muito utilizado, mas poderá fazer falta no modelo novo.

Canon EOS 6D Mark II INTELLIGENT VIEWFINDER

A parte ruim, porém, é que opticamente a Canon mudou pouco o viewfinder da 6D Mark II; e ela continua com problemas, digamos, “irritantes” por US$2000. O maior deles é a cobertura: de somente 98% do quadro, e com ampliação de 0.71x. Era 97% na 6D clássica, e só aumentou 1% na Mark II. A “cobertura” é a capacidade do viewfinder em mostrar a imagem da objetiva nos seus olhos, e varia de câmera para câmera; geralmente, de preço para preço. É profundamente frustrante compor a sua foto com carinho e precisão, cuidando para o que deva ou não aparecer no quadro; mas ser presenteado com um arquivo mais amplo, com elementos que não apareciam no viewfinder. Com uma 5DS no kit, então, fica difícil ir e voltar entre a 6DII! A cobertura é de 100% na 5DS, e notavelmente ajuda na hora de compor as fotos. E não venham em defesa da Canon: a EOS 80D APS-C de US$1199, por incrível que pareça, também tem um viewfinder com cobertura 100%. Já passou da hora da fabricante oferecer o melhor da linha EOS, também na 6D.

QUESTIONÁVEL – VARI ANGLE LCD

Canon EOS 6D Mark II LCD

Já a tela Vari Angle LCD é outra “novidade” também estranha. Na verdade andamos um passo para os lados, copiando o restante da linha da Canon; e não um passo efetivo para a frente. Aliás, nada de errado em “copiar o restante da linha”; desde que copie uma câmera boa! Vamos aos números: em 3” e com proporção 3:2, este painel tem 1.04 milhões de pixels, e finalmente a tecnologia Clear-View II; o painel TFT é laminado com o plástico externo, o que aumenta o contraste. Quem tem a 6D clássica percebe claramente o espaço entre o plástico do lado de fora, e o painel do lado de dentro, com perda de nitidez e contraste; mas não a 6D Mark II. As cores são mais saturadas na tela da câmera nova, e este painel é mais fácil de ver sob a luz do sol. Também, a resolução é boa, nítida, quase “Retina”, difícil de ver os pixels… Quem tem uma Sony A6300/A6500/A7II sabe como o LCD deixa bastante a desejar nas câmeras Alpha. Na 6D Mark II, a tela LCD é um prazer de usar.

Canon EOS 6D Mark II LCD

Porém o LCD da 6D Mark II parece injusto: é o mesmo da 80D (US$1199), da T7i (US$699!), e até da SL2 (US$549!!); todas mais baratas que a 6D. Pior, este LCD é superado pela EOS M5 (US$979), que na verdade usa o mesmo LCD da top 5D Mark IV: um painel maior, de 3.2”, e com 50% mais pontos, em 1.6 milhões de pixels. Ou seja, a 6D Mark II mira “pra baixo” (80D/T7i), e não o melhor que a Canon sabe fazer (5DIV e M5). Também, no dia-a-dia esta tela é simplesmente pequena demais em 3”, e a experiência do fotógrafo continua “de entrada”. Para acomodar a dobradiça “Vari Angle”, a Canon ainda optou por uma estrutura grosseira ao redor do LCD, ridículo em tempos de smartphone sem borda. É um painelzão grosso, e até pouco ergonômico. O disco para o dedão traseiro perdeu espaço para girar, e “esfregamos” o dedo na tela quando rodamos o anel. Enquanto os movimentos laterais sejam bem-vindas, esta tela não foi bem pensada na 6DII.

Canon EOS 6D Mark II

Já a interface sensível ao toque é uma enorme novidade para a 6D Mark II; outra “besta” de ler na internet, mas extremamente útil no dia-a-dia. A experiência beira o revolucionário (juro!): toda a interface é sensível ao toque, e todos os ajustes que antes levavam uma eternidade para “ir e voltar” de uma aba para a outra, agora são feitos por clicks na tela. Precisa mudar a qualidade de compressão dos arquivos? Aperte MENU, toque na primeira aba, ajuste. Logo em seguida, precisa separar o AF-ON do botão do disparador, e colocá-lo no botão traseiro? No lugar de ficar 10, 20 segundos “zanzando” pra lá e pra cá por abas infinitas, através do controlinho traseiro (quem usa, sabe), na 6D Mark II basta tocar a tela, e ajustar de acordo. Eu que tenho uma 5DS no kit, e que não tem a tela sensível ao toque, quero chorar! É uma enorme facilidade na 6D Mark II e, para quem trabalha com a câmera, um salva-vidas. Porém, repito: com uma tela pequena destas, às vezes é difícil “apertar” os ícones da interface sensível, prejudicando a experiência do fotógrafo.

DESTAQUE – DIGIC7

Canon EOS 6D Mark II

Na hora de usar a 6D Mark II, mais um novidade é o processador DIGIC7, o mais atual da linha EOS; e o mais atual numa full-frame Canon (5D Mark IV, 5DS e 1D-X Mark II são todas DIGIC6). Mais rápido e mais eficaz com a energia, o DIGIC7 é o responsável pela excelente duração da bateria para até 1200 fotos, e por novas regalias para quem trabalha direto da câmera. Aparentemente não temos nada de muito novo na performance, que sempre foi excelente nas DSLR da Canon: o processo de ligar/desligar continua tão curto quanto 0.2 segundos; o “atraso” entre apertar o botão de disparo e a câmera (já focada) tirar a foto, é de míseros 60ms; e entrar/sair dos menus, ou ativar o playback das fotos, continua praticamente instantâneo. Quem vem de uma “câmera lenta” sabe dos problemas, mas isto nunca acontece numa EOS (com excessão à M5). Porém é quando investigamos os menus, que as novas funções do DIGIC7 mostram para o que vieram.

Canon EOS 6D Mark II

Vamos começar pelas compensações na qualidade de imagem. Enquanto a EOS 6D clássica tinha somente as funções “peripheral illumination” e “chromatic aberration”, que compensam respectivamente a vinheta da objetiva (escurecimento das bordas) e as aberrações cromáticas, a nova 6D Mark II compensa também pela distorção geométrica e pela difração. O “Estilo de Imagem” (“Picture Style”) “Pormenores” (“Fine Detail”) também é novo, e vem emprestado da monstra de alta resolução 5DS (de 50.6MP). Com o novo sensor de 26MP na 6D Mark II, é possível ajustarmos a função de nitidez (“Sharpness”) com opções de “resistência” (“strenght”), “clareza” (“fineness”) e “limite” (“threshold”), a fim de aumentar a visibilidade dos detalhes só em áreas finas; e não aleatoriamente sob qualquer contorno. É o mesmo que usar a função “Smart Sharpen” do Adobe Photoshop, no computador, mas agora está diretamente na câmera.

“Montanhas” com a EOS 6D Mark II + Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/160 ISO100 @ 100mm; JPEG direto da câmera.

“Montanhas” com a EOS 6D Mark II + Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/160 ISO100 @ 100mm; JPEG direto da câmera.

Crop 100%, note como os detalhes são perfeitos no JPEG, mesmo direto da câmera.

Crop 100%, note como os detalhes são perfeitos no JPEG, mesmo direto da câmera.

Outra função do DIGIC7 também tira proveito do processamento rapidíssimo das imagens; mas para “efeitos” ainda mais sofisticados, em movimento. Durante a gravação de vídeos (EOS Movie), o novo modo “Digital IS” (estabilizador digital) usa um giroscópio embutido na câmera, para capturar os movimentos da vibração das mãos, e compensá-los contra a imagem gravada; essencialmente eliminando a “tremedeira” durante a gravação. Com duas opções “enable” (ligado) e “enhanced” (melhorado), e em conjunto com objetivas com estabilizador Hybrid IS (como EF 100mm f/2.8 L IS USM e EF 24-70mm f/4L IS USM), a compensação facilmente ultrapassa 5-stops; praticamente dispensando o uso do tripé, porém sem tirar a liberdade dos movimentos das mãos. O resultado é muito superior ao que a Sony tem feito no módulo físico de estabilização “SteadyShot”, que vira e mexe (sem trocadilhos) continua com “tremidinhas” nas gravações. A Canon não tem o módulo, mas o DIGIC7 faz um serviço melhor; sem impacto nas imagens.

DESTAQUES – VELOCIDADE & BUFFER

_MG_1951-Canon-EOS-6D-Mark-II-EF70-300mm-f-4.5-5.6-DO-IS-USM-1-1000-sec-at-f---5.6-ISO-250-300-mmOVF

Com um processador e um módulo de espelho novos, a Canon pôde aumentar também a velocidade de disparo da 6D Mark II. Enquanto a 6D clássica fotografava até 4.5 quadros por segundo, todos com foco automático SERVO acionado, e fotometria em todas as fotos, a nova 6D Mark II vai até 6.5 quadros; quase o mesmo que uma 5D Mark III, mas aqui por um preço bem mais em conta. Sim, é bem longe de uma 7D Mark II de 10fps, ou de qualquer mirrorless recente à 11fps (sem AF+AE). Levando em consideração a nova Sony A7RIII então, também com 10fps, os 6.5 da 6D Mark II parecem até “mundanos”. Mas não se enganem: toda a concorrência ou é APS-C, ou custa muito mais caro (no caso da Sony). Os 6.5 quadros da 6D Mark II são mais que o suficiente para fotografar ação, e agora numa câmera do formato 135 full frame, relativamente de baixo custo.

“Ciclista” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO250 @ 300mm.

“Ciclista” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO250 @ 300mm.

Uma limitação do projeto de US$2000 da Canon, porém, está no buffer e a na velocidade de escrita dos arquivos ao cartão de memória. Enquanto nós já tenhamos visto alternativas da Fujifilm (X-T2), da Sony (A6300/A6500), e da Nikon (D500) – todas APS-C – com memória interna para mais de 25 arquivos raw (ou até absurdos 100 raw, nas A6500/D500), além da compatibilidade com cartões de memória rápidos, baseados no recente protocolo UHS-II (até 312MB/s), a 6D Mark II armazena no buffer até 21 arquivos raw (ISO100) quando usamos cartões de memória Classe 10, com limite de velocidade à BUS UHS-I da câmera (95MB/s). Com a memória cheia, a 6DII leva até 8-9 segundos para esvaziar completamente o buffer, o que dificulta o trabalho com fotografia de ação com esportes e jornalismo. Embora a 6D Mark II dificilmente “trave” com boa técnica (nada de “descansar” o dedo sobre o botão), ela ainda não serve para trabalhar no mercado de ação.

QUESTIONÁVEL – FOCO AUTOMÁTICO DE 45-PONTOS PHASE CROSS-TYPE

Canon EOS 6D Mark II VIEWFINDER

Toda essa velocidade de disparo tira proveito de outra enorme novidade da 6D Mark II: o novo módulo de foco automático com 45-pontos do tipo cross-type. Os 45 pontos são todos “cross-type”, com sensibilidade aos eixos vertical e horizontal; praticamente infalíveis na hora de encontrar contraste até nos sujeitos mais “suaves” (tecidos, nuvens). Estes pontos também trazem cinco opções distintas de seleção, incluíndo “spot”, único, grupo e zonas flexíveis; além da seleção automática de pontos, assistida pelo fotômetro; que é sensível ainda ao infra-vermelho. O ponto central continua funcionando a até -3EV, para fotografar sob pouca luz, e agora ele é “duplo cross-type”. Além dos eixos X e Y (que formam um “+”), um segundo sensor fica na transversal, perfeito para usar objetivas entre f/1 e f/2.8, com total precisão; ou objetivas f/4 juntas de um “Extender 2X”, com sensibilidade a abertura f/8. Porém, tudo vem emprestado da EOS 80D, e aqui mora um enorme problema: a cobertura espacial (de área) dos pontos da 6D Mark II diminuiu em relação a 6D clássica, e na prática pouco mudou na flexibilidade da focagem na câmera nova.

Os pontos da EOS 6D (11) e os da 6D Mark II (45). Créditos: Canon USA.

Na 6D Mark II, os pontos de foco automático cobrem somente cerca de 50% (!) do eixo vertical; e apenas 40% (!!) do eixo horizontal do quadro; reduzindo drasticamente as possibilidades criativas. Os fotógrafos acostumados com o ponto central da 6D clássica, por exemplo, nem perderão tempo com os pontos extras: a composição é a mesma com um, dois pontos à direita ou a esquerda, de tão próximos que são. A 6D Mark II tem literalmente “um punhadinho” de pontos no centro do quadro e, na prática, eles não fazem muito mais do que a 6D antiga. Na fotografia de ação isto é particularmente ruim: ou você segue (e mantém) o seu sujeito exatamente no centro do quadro, ou a câmera perderá-o de foco. É pior que a 5DS (sem novidades aqui), mas também pior que a própria 6D clássica. Enquanto, repito, eu não tenha tido grandes problemas com a focagem da câmera original e sujeitos que se moviam em direção a câmera numa maratona, com a 6D Mark II o foco é perdido assim que o sujeito sai do centro do quadro. A flexibilidade é menor na 6DII, e fica difícil a recomendação de um upgrade. Não sobre uma 6D clássica; e nem sobre uma 80D.

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“Ciclista II” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO160 @ 300mm; note como o foco é perdido, no início.

“Ciclista II” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO160 @ 300mm; note como o foco é perdido no início do ciclo de disparo contínuo.

Também, os menus de ajuste do módulo de foco da 6D Mark II continuam “escondidos” na aba de “ajustes customizáveis” (“C.FN II”); assim como na 6D clássica e na 80D. Nas câmeras topo-de-linha 5DIII/IV, 5DS, 7DII e 1D-X/II, o sistema “AF SERVO III” tem um menu inteiro dedicado a ele, com interface gráfica e cincos modos pré-estabelecidos; coisa que a 6D Mark II não tem. Nesta câmera a configuração do módulo fica “escondida”, e com menos opções: algoritmo de sensibilidade (“Locked on/Responsive”), predição (movimento de aceleração ou desaceleração) e prioridade de foco/disparo; opções de mudança automática de pontos (mais rápida ou estável); opções de seleção de zona (é possível desligar os modos menos usados); ajuste da funções dos botões, etc; e uma nova opção “Auto AF pt sel.: Color Tracking”, que usa informações de cor do fotômetro para auxiliar na seleção automática do ponto. Esta última função é particularmente avançada: acima do viewfinder fica um sensor de fotometria com 7560 pixels (mais sobre ele no final deste artigo), que consegue “detectar” pessoas a partir da reflexibilidade da pele humana. Isto é útil, por exemplo, para distinguir entre uma bola de futebol e a cabeça do jogador; e garantir o foco no lugar certo.

DESTAQUE – LIVE VIEW COM DUAL PIXEL

Quando a fotografia pelo espelho parece limitada, a tela traseira também pode ser usada para a composição e a focagem das fotos; uma função chamada de “Live View” nas máquinas EOS. Baseada no legado do foco automático da fabricante, a ideia do “Dual Pixel” é implementar duas foto-células por pixel do sensor de imagem (daí o nome), com cada foto-célula ligeiramente apontada para um lado diferente da imagem; como um sensor phase tradicional (aquele que fica sob o espelho e usado na fotografia pelo viewfinder). Esta “visão dupla” (tecnicamente, paralaxe) permite calcularmos a profundidade do sujeito e, portanto, a posição em que a objetiva deveria estar em foco; tudo numa fração de segundo, assim como nos pontos do viewfinder. É muito mais rápido que a focagem por contraste, e funciona brilhantemente: as Canon EOS com a tecnologia Dual Pixel (todas, nesta altura do campeonato) tem a focagem automática mais rápida do mercado, durante o Live View; e a 6D Mark II parece ser a que melhor tira proveito disto.

Canon EOS 6D Mark II FACE TRACKING

Primeiro, a área de focagem do sistema Dual Pixel é de mais de 80% do quadro full frame, divida em 81 “pontos interativos”, acionados através da tela traseira sensível ao toque. Ou seja, se a sua composição não couber embaixo dos apertados pontos do viewfinder, dê uma chance ao Live View! É possível focarmos tão próximo quanto as laterais da foto, o que elimina o problema de cobertura do viewfinder. A opção de “seleção automática” dá prioridade a rostos humanos, particularmente útil em retratos e selfies, e até acompanha os movimentos pelo quadro, caso a pessoa mude de lugar. Se o sujeito não for humano, você pode ativar o “tracking” (seguimento) a partir das cores e forma do objeto, apenas tocando na tela para selecioná-lo, eliminando a técnica do “foco e recompor”. E uma segunda opção “zona flexível” une 9 dos 81 “pontos interativos”, melhores utilizados na função contínua SERVO (mais a seguir); além de uma última opção “1-point Live”, que reduz a área a menos de 3% do quadro; excelente para fotografar sujeitos pequenos. É tudo fácil e intuitivo, como nos acostumamos nos smartphones: toque na tela, e a câmera focará.

Canon EOS 6D Mark II

Segundo, a velocidade do sistema Dual Pixel é líder no mercado; ainda sem concorrentes. A promessa da Canon é de menos de 0.05 segundos para aquisição de foco, e realmente a 6D Mark II entrega. Basta “tocar” no sujeito e a câmera “trava” na posição certa, dependente exclusivamente da velocidade do motor de foco da sua objetiva. Aqui demonstrada com a EF 100mm f/2.8 L IS USM, o foco é absolutamente instantâneo. Terceiro, a sensibilidade e a precisão do Dual Pixel também é líder no mercado: até -2.5EV na EOS 6D Mark II, e em toda área útil de focagem; muito mais flexível que qualquer módulo phase usado pelo espelho. Repito, é uma mudança de paradigma para o mercado fotográfico, como eu disse no review da 5D Mark IV que usa da mesma tecnologia (e sensível até -4EV, em 80% do quadro do Live View). Se você estiver com dificuldades para focar com os pontos do espelho, dê uma chance à fotografia pela tela LCD, e o novo Dual Pixel.

QUESTIONÁVEL – DUAL PIXEL SERVO

_MG_1702 Canon EOS 6D Mark II EF70-300mm f-4.5-5.6 DO IS USM 1-1000 sec at f - 5.6 ISO 1250 185 mmLIVEVIEW

Por outro lado, nem tudo são flores com o Dual Pixel no Live View, e a fotografia com disparo e focagem contínuos ainda tem muito o que melhorar. Ok, é fácil focar uma única foto de um sujeito estático (ONE SHOT), mas e a fotografia de ação, e os disparos em sequência (SERVO)? Durante o Live View, a 6D Mark II ainda é capaz de clicar 6.5 fotos por segundo em modo “High” (alto), porém sem o foco automático; útil somente para sujeitos que não mudem de distância, como um jogador de golfe na hora do swing. Caso o foco automático contínuo SERVO seja ativado, duas velocidades de disparo dão prioridades distintas a precisão do foco: em modo “H”, a 6D Mark II fotografa no máximo à 4 fotos por segundo, e prioriza o disparo (não o foco); e no modo contínuo normal (não-“High”), a velocidade máxima é de apenas 3 quadros por segundo; esta com prioridade ao foco. É bem mais devagar que a fotografia pelo espelho (6.5fps + foco), e bem atrás das câmeras mirrorless novas (que chegam à 8fps + foco). Para fotografar ação, o Live View ainda não é ideal.

“Skatista” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO1250 @ 185mm.

“Skatista” com a EOS 6D Mark II + EF 70-300mm f/4.5-5.6 DO IS USM f/5.6 1/1000 ISO1250 @ 185mm.

Os valores declarados sobre a velocidade do disparo contínuo também são inconsistentes; longe da velocidade máxima que a Canon promete no manual de instruções. Em modo “High” (até 4 fotos por segundo), a prioridade ao disparo (e não ao foco) entrega sequências geralmente em “back focus”, com o foco um pouco atrás do sujeito. Não raro fotografamos um sujeito vindo em direção a câmera, e notamos que a face não está 100% nítida; mas sim as orelhas, ou o cabelo atrás. É muito pior que a fotografia pelo espelho, e realmente a câmera não dá prioridade à focagem. Já em modo contínuo “normal” (não-“High”), com prioridade ao foco, outro problema acontece: a velocidade máxima de 3 quadros raramente é atingida. Embora as sequências em modo “normal” (não-“High”) sejam absolutamente em foco, é difícil recomendá-la em momentos decisivos: a câmera só dispara a foto quando o foco estiver confirmado, e em velocidade variável. Um quadro dispara, dois quadros não… Tudo de acordo com a confirmação do foco. Portanto ainda recomendo usar o espelho para fotografar ação: é mais rápido, apesar de apertado.

CANON_EOS_6D_MARKII_29_DUAL_PIXEL

Além da velocidade, outro problema é a seleção automática de sujeito. Enquanto na fotografia pelo espelho a EOS 6D Mark II use a assistência do fotômetro (mais dele a seguir), para detectar e decidir sozinha entre o sujeito humano, no modo Live View SERVO o processador DIGIC7 é pouco eficaz entre distinguir uma pessoa e um objeto colorido; constantemente escolhendo o sujeito errado. É cômico para não dizer trágico: você tenta fotografar um ciclista vindo em direção a câmera, mas a câmera confortavelmente (e, rapidamente) foca na bicicleta, na grade lateral da via, na árvore atrás… Geralmente no sujeito com maior contraste. Vindo dos reviews das A6300 e A6500, por exemplo, é uma vergonha para a Canon. Aquelas máquinas tem o sistema “4D Focus” da Sony, e percebem rostos rapidamente, mesmo vindo em direção a câmera. Enquanto elas não sejam infalíveis e às vezes tenha dificuldades para perceber um sujeito usando por exemplo um capacete (como ciclistas), elas dão um banho nas Canon para encontrar sujeitos com o rosto a vista (como corredores). A Canon precisa dar mais do que preferência às cores do SERVO no Live View, e de fato programar o DIGIC7 para seguir tons que lembrem a pele humana.

EOS MOVIE 1080P60 – A PARTE BOA

Canon EOS 6D Mark II

Com o preview da imagem do sensor na tela do Live View, uma última função popularizada pela Canon na EOS 5D Mark II foi o EOS Movie; a capacidade de “gravarmos o vídeo” a partir de um sensor grande. A gravação de vídeo na 6D Mark II ganha todas as regalias já citadas até aqui, e elas sozinhas devem justificar a compra. Construção de ponta… Duração da bateria para até 2h40min de gravação… Tela escamoteável que “sai” do corpo, e vira para cima, baixo e, principalmente, para a frente (especialmente útil para vlogs)… Controle manual de exposição… E a tal focagem pelo sistema Dual Pixel. Tudo o que foi citado até aqui atende também a “função vídeo”, e a facilidade no uso de uma Canon EOS continua imbatível. Ainda, em comparação a 6D clássica, a 6D Mark II ganhou uma nova velocidade de gravação, até 60 quadros por segundo na dimensão 1920×1080 (na câmera anterior, só a dimensão 1280×720 rodava à 60fps); o novo estabilizador “Digital IS”, a partir do processador DIGIC7; a nova função “HDR Movie”, que une duas exposições diferentes num único arquivo 1080P30; e o controle à distância pela rede Wi-Fi.

A gravação em 1080P60 dispensa comentários. É o dobro (dã) de quadros da câmera antiga, e deixa os vídeos 1) ou muito mais vívidos, interessantes para quem grava depoimentos (vlogueiros); 2) ou mais suaves, perfeitos para trabalha com sequências em slow-motion. O “Digital IS” também merece menção, já que é a terceira vez que vemos numa câmera EOS (T7i e M5 também tem), mas a primeira no formato 135 “full frame”. O “Digital IS” dispensa o módulo estabilizador físico, móvel através de motores, e opta por estabilizar eletronicamente uma área menor do sensor de imagem. São 2 modos distintos, “enable” (ligado) e “enhanced” (melhorado), que cortam cerca de 1.2x e 1.5x da área de gravação, respectivamente, para então compensar os movimentos capturados por um giroscópio; resultando numa imagem estabilizada. Enquanto alguns sistemas semelhantes resultem em distorções na imagem, o sistema da Canon é praticamente perfeito, sem impacto na qualidade final da gravação. Unido ao estabilizador óptico das objetivas EF “IS” (mas não obrigatório), a estabilização é suave e eficaz, ainda sem perder os movimentos com as mãos (como o “panning”). O resultado final fica muito profissional, e dispensa o uso do tripé.

Canon EOS 6D Mark II HDR Movie

Já a função “Movie HDR” é outra função nova na EOS 6D Mark II, e também vista pela primeira vez no full frame. Uma ideia emprestada do firmware alternativo Magic Lantern, ela usa o poder do processador DIGIC7 para unir duas exposições num único arquivo de vídeo. Escondida em um modo automatizado de “cena” (posição “SCN” do disco de exposição), a câmera filmará “em tempo real” dois ISOs diferentes, um para cada quadro à 60 quadros por segundo; misturando as duas exposições escura e clara, num único arquivo 1080P30. Desta forma conseguimos aumentar a quantidade de detalhes percebidos nas sombras mais escuras, junto da luzes mais claras (daí o nome HDR “High Dynamic Range” – alta amplitude dinâmica), dando à imagem uma aparência mais realista, suave; agradável aos olhos. Este modo é especialmente útil para quem filma em ambientes sem o controle da luz (por exemplo, fora do estúdio), e dá outra qualidade às imagens de vídeo. Embora a Canon EOS 6D Mark II não tenha um perfil de gravação “Log”, é possível adquirir uma imagem neutra no modo Movie HDR, para pós-processamento no computador.

Também, as possibilidades criativas do Dual Pixel são interessantes na 6D Mark II. Com 80% da área do sensor medindo a distância, e ainda com uma tela LCD sensível ao toque, é fácil selecionar, “seguir” e manter o foco num único sujeito; útil para gravar um vídeo sozinho em casa (como, de novo, um vlog); ou para criarmos efeitos especiais, de alta qualidade. Com a opção “Movie SERVO AF” acionada, a 6D Mark II dá ao “filmmaker” a mesma flexibilidade da 5D Mark IV: 07 níveis de sensibilidade a troca do sujeito (travado numa pessoa só; ou com prioridade ao que estiver mais próximo do câmera); e 10 (!) opções de velocidade; 7 devagar, 1 padrão, e 2 rápidas. Os menus são interativos com escalas gráficas, e fáceis de acessar, antes ou durante a gravação do vídeo. O nível de sensibilidade é útil na rua, quando temos diversas pessoas passando na frente e atrás do sujeito principal; e não queremos que a câmera mude freneticamente de pessoa. Quem já filmou com o foco automático, sabe como é pouco confiável depender da “decisão” da câmera sobre qual sujeito focar; mas o algoritmo do “Dual Pixel” é inteligente, para não mudar a posição de foco. 

EOS MOVIE 1080P60 – A PARTE RUIM

Canon EOS 6D Mark II 1080P

Por outro lado, nenhuma destas funções será realmente útil se os arquivos gravados forem ruins; e aqui a Canon EOS 6D Mark II ainda peca bastante. “Gravar o vídeo” de um sensor tão grande não é das tarefas tecnicamente mais fáceis e, em uma câmera híbrida, voltada principalmente para fotografia, os recursos de vídeo acabam ficando em segundo plano. Também, com sete anos de “vlog do zack”, eu conheço e já mostrei à vocês câmeras híbridas melhores e mais baratas, tanto full frame (Sony A7II) quanto APS-C (Sony A6300, A6500, Fuji X-T2, Nikon D500 – todas 4K); e fica difícil engolir o que a Canon faz na linha “DSLR EOS”. Não, eu não estou falando do “vídeo 4K”, da “saída HDMI” e dos plugues para fones de ouvido. Estou falando do básico 1080P mesmo, que nem ele se safa na 6D Mark II. Não dá mais para fazer “vista grossa” as porcarias de vídeo que Canon entrega nas EOS DSLR hoje, e eu não as recomendo (com excessão à EOS 5D Mark IV). Mas vamos “nerdear” juntos, e entender por que você deve ficar longe da EOS 6D Mark II, para vídeo.

Canon EOS 6D Mark II vs. Blackmagic Cinema Camera, ambas em 1080p; note a falta de clareza nos detalhes da Canon (clique para ver maior).

Canon EOS 6D Mark II vs. Blackmagic Cinema Camera, ambas em 1080p; note a falta de clareza nos detalhes da Canon (clique para ver maior).

A aquisição do vídeo na 6D Mark II continua por uma técnica chamada “line skipping” – tradução literal “pular linhas”. Com um sensor de 26.2 megapixels capaz de gerar fotografias na resolução 6240×4160, como a Canon faz para gerar um video com a dimensão 1920 x 1080? Literalmente “pulando linhas”. A 6D Mark II usa a informação de apenas uma a cada três linhas de imagem do sensor, reduzindo os detalhes à 1/3. Desta forma o sensor grande “full frame” esquenta menos, útil numa câmera sem exaustores como a 6DII; e o processador de fotos não precisa lidar com muito mais do que arquivos de 2080×1386. Notamos a perda de definição em sujeitos muito detalhados, como paisagens e produtos; e até incluímos artifícios indesejados na imagem, como o “moiré” (cores falsas) e “aliasing” (linhas serrilhadas). É muito diferente das câmeras de vídeo “de verdade”, que ou usam um sensor com a exata definição do arquivo prometido (Blackmagic); ou usam outra técnica chamada “pixel binning” (tradução “combinação de pontos”), como nas EOS C, 5D Mark III/IV/S; e Sony Alpha. Nestas câmeras o vídeo é adquirido da mesma forma como reduzimos as fotografias no Photoshop, sem perda de qualidade; mas não na 6D Mark II.

Moiré (padronagem com cores falsas) na gravação da EOS 6D Mark II (clique para ver maior).

Moiré (padronagem com cores falsas) na gravação da EOS 6D Mark II (clique para ver maior).

Ainda por cima, a quantidade de bits utilizados na compressão (“bitrate”) é baixa na 6D Mark II, impactando ainda mais a qualidade de imagem. Agora somente com a compressão “IPB”, os arquivos 1080P60 rodam à 60mb/s; 1080P30 e P24 à 30mb/s; e ainda há uma opção “1080P30 Light-IPB”, à míseros 12mb/s; todos inaceitáveis para broadcast ou projeção profissional. São valores, mais uma vez, inferiores ao que a 6D clássica entregava à 1080P30 ALL-i (72mb/s), e anos luz atrás ao que a Sony faz em 1080P (pelo menos 50mb/s nas Alpha 7/A6#00). Você notará o vídeo comprimido em cenas de muita ação, que ganham quadriculados em zonas de movimento; ou a perda de detalhes sob ISOs altos, quando o ruído do sensor CMOS vira um borrão colorido. Uma solução seria usar um gravador externo, mas a porta HDMI da 6D Mark II não oferece saída “limpa”, sem overlays da interface; como faz a EOS 7D Mark II (mais barata), e a maioria das mirrorless topo de linha. Seria a 6D Mark II uma câmera “exclusiva para fotos”? Cai nessa historia quem quer.

O bitrate baixo gera “quadradinhos” na compressão, visíveis em zonas de alto contraste e detalhes (clique para ver maior).

O bitrate baixo gera “quadradinhos” na compressão, visíveis em zonas de alto contraste e detalhes (clique para ver maior).

Também, as funções de “Time code” e fotografia durante a gravação de vídeo foram eliminadas da 6D Mark II. O “time code” é um sinal gravado no vídeo, que inclui especificamente informações de hora, minuto, segundo e quadro em cada quadro da gravação; usados para identificar o tempo na linha de edição. Fundamental no antigo processo de gravação com fitas, ele ainda é usado nas câmeras “tapeless” (sem fita) como índice de sincronismo entre diversas máquinas diferentes. Mas existia na 6D clássica; e ainda existe nas 5D/7D; porém sumiu na 6D Mark II! E por último, a opção de fotografar em alta resolução durante a função “EOS Movie” também foi completamente removida. O botão de disparo do obturador agora só pode acionar o foco e a exposição automática, ou a gravação em si; mas não mais a fotografia. É um passo a mais para ir/voltar entre a fotografia e aquisição do vídeo, complicando a vida de quem faz os dois, com o mesmo equipamento.

DESTAQUE – TIME-LAPSE 4K

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Ainda falando de vídeo, outra novidade na EOS 6D Mark II é a função “time-lapse” embutida. Cada vez mais popular entre os fotógrafos e filmmakers, o “time-lapse” é a técnica de fotografar vários quadros da mesma cena, em intervalos pré-estabelecidos, a fim de uni-los numa sequência de vídeo; “acelerando o tempo” de um evento mundano. Muito utilizados pelo efeitos visuais atrativos, os time-lapses são capturados em laboriosos processos clique-após-clique, usando controles programáveis a distância; e muita paciência do fotógrafo. Mas nas câmeras mais modernas as fabricantes tem simplificado o processo, dispensando os controles externos, e programando-os na própria interface da máquina. Apresentado pela primeira vez na 5DS/5DSR, e emprestado à 5D Mark IV, na 6D Mark II ele chega com uma novidade  chocante: o 4KUHD!

Pois é, vocês leram certo: a 6D Mark II faz sim “vídeo 4K”, mas somente na função “time-lapse”. Na frente até das 5DS e 5D Mark IV – ambas com time-lapse à 1920×1080 – curiosamente a 6D Mark II tem uma opção 4K 3840×2160 no sub-menu “time-lapse”, com compressão MJPEG (Motion JPEG) à incríveis 500mbits; o mesmo que o vídeo 4K gravado pela 5D Mark IV. A programação do time-lapse também é mais avançada na 6D Mark II, com opções de quantos quadros queremos fotografar (até 3600); o intervalo entre os clicks (até 99 horas, 59 minutos e 59 segundos); e uma calculadora instantânea de tempo de captura (comicamente 14996 dias, nestes valores máximos); e o tempo de playback em tempo real (02 minutos totais; ou seja, o time-lapse “toca” à 30fps). A exposição ainda pode ser automática e fixada a partir do primeiro quadro (para evitar mudanças ao longo do tempo), ou mesmo quadro-a-quadro (com mudança de brilho). A câmera usará um obturador eletrônico para fazer a captura, como um vídeo, sem impacto na vida útil do módulo do espelho, e o processo é silencioso; apenas o LCD superior indica o funcionamento da função.

Screenshot do time-lapse 4K da Canon EOS 6D Mark II (clique para ver maior).

Screenshot do time-lapse 4K da Canon EOS 6D Mark II (clique para ver maior).

E o arquivo resultante pode impressionar. Em dimensão 3840×2160, a qualidade de imagem do vídeo tem time-lapse da 6D Mark II tem praticamente a mesma definição de um “feito a mão”, e dispensa grandes planejamentos por parte do fotógrafo; basta programar tudo na câmera, e deixá-la trabalhar sozinha. Enquanto somente o arquivo final de vídeo seja gravado no cartão de memória (ou seja, todas as fotos usadas são descartadas), limitando bastante a flexibilidade no pós-processamento, a compressão do codec MJPEG é tão baixa que vale a pena. Os usuários mais experientes, porém, utilizarão uma segunda opção de “intervalêmetro”, também embutido nos menus, este com a mesma programação de intervalo e número de disparos do time-lapse (ainda com opção ilimitada, até encher o cartão); mas que grava todas as fotos no cartão (raw ou JPEG). Enfim são duas facilidades da 6D Mark II, e que não estavam disponíveis na câmera anterior.

EXTRAS – WI-FI, GPS, BLUETOOTH, NFC

Canon EOS 6D Mark II WIFI

Pioneira nas conexões sem fio, a linha 6D foi a primeira câmera EOS a vir com o Wi-Fi e o GPS integrados, casando com a proposta da Canon em criar uma câmera “para os viajantes”: toda conectada, fácil de usar; e apta a transmitir as fotos diretamente para um smart device. Uma função que também acompanhou o avanço da tecnologia e o uso dos fotógrafos amadores e profissionais, na 6D Mark II ela chega novamente a mais completa da linha, com suporte a redes Wi-Fi (embora sem declarar a especificação, a/b/n/ac), Bluetooth (também sem especificação 4/5/LE), NFC (para pareamento instantâneo com smartphones Android) e GPS; todos no mesmo corpo. A 6D antiga tem Wi-Fi e GPS, mas não tem BT nem NFC; a 5D Mark IV tem Wi-Fi/GPS/NFC, mas não tem BT; e as 80D/T7i tem Wi-Fi/BT/NFC; mas não GPS. A 6D Mark II é a mais completa.

Canon EOS 6D Mark II IOS CAMERA CONNECT

O primeiro exemplo de uso, e provavelmente o mais popular, é o Wi-Fi + o telefone celular; usado para transferir as fotos da 6D para o smartphone. A conexão é feita manualmente através do aplicativo próprio da Canon “Camera Connect” (para iOS e Android), que gerencia a interface da câmera e facilita a mudança entre o Wi-Fi da rede local, e a rede criada pela própria 6D Mark II. Neste aplicativo também é possível baixar as fotos do cartão da câmera, em tamanho grande (até 26.2MP) e em tamanho reduzido (2400×1600), porém somente no formato JPEG; ou seja, nada de transferir os arquivos raw. Isto é ruim porque tanto o iOS quanto o Android já conseguem lidar com fotos deste formato, e limita bastante o uso para profissionais; nada de sair para trabalhar somente com o seu iPad Pro e o Adobe Lightroom CC. A transmissão dos arquivos fica mais rápida em JPEG, o que é bom, mas se estivéssemos na pressa mesmo, fotografaríamos com a câmera do celular, não é mesmo? Portanto a transmissão dos arquivos ainda é um pouco limitada, apesar de funcionar para backups imediatos das fotos da câmera; ou postar fotos da 6D II nas redes sociais.

Canon EOS 6D Mark II IOS CAMERA CONNECT

O segundo e mais sofisticado uso entre o celular e a câmera é o controle à distância; este incrivelmente avançado nas Canon EOS. Usando a alta velocidade da rede Wi-Fi, é possível transmitir sem fio toda a interface da função Live View, e ver na tela do smart device a previsão em tempo real do que acontece na frente da 6D; com todos os ajustes de exposição, white balance, foco automático por Dual Pixel e até o foco manual; além de uma novidade na Mark II: a operação do EOS Movie. Enquanto a 6D clássica já transmitia o Live View para a tela do celular, ela não permitia a gravação de vídeos a distância. Mas na câmera nova nós podemos ajustar todos os parâmetros de gravação, focagem e disparo, talvez até substituir o apertado painel LCD Vari Angle por uma tela ainda mais variável; com total mobilidade. Novamente, esta função é particularmente útil para quem grava sozinho (YouTubers?), e quer maior qualidade a partir de uma objetiva longa, com compressão da perspectiva a partir da distância focal. Deixe a câmera montada no tripé, e dispare a gravação de vídeo a partir do aplicativo no seu smartphone; funciona e é incrível!

Canon EOS 6D Mark II EOS UTILITY

Um terceiro e último caso interessante da função Wi-Fi é mais voltada aos profissionais, e para os que trabalham dentro do estúdio. Na 6D Mark II, o software de desktop EOS Utility (Mac e Windows) pode se conectar a rede Wi-Fi da câmera, e reproduzir as mesmas funções da conexão cabeada via USB (“tethering”); mas, evidentemente, sem fio. Além da função Live View, com transmissão em tempo real da fotografia e dos vídeos diretamente para a tela do computador (uma maravilha da engenharia, na minha opinião de “tiozão da geração Y”), os arquivos raw (YAY!) são transmitidos da câmera para o desktop, logo após o click; inclusive em boa velocidade. Funciona assim: faça o mesmo pareamento entre a câmera e o smartphone, mas desta vez na frente do computador. O software EOS Utility então reconhecerá a máquina à distância, e funcionará da mesma forma que o tethering USB; exceto que desta vez, sem fio! É incrível ficar com a câmera nas mãos no estúdio, e ver os arquivos “voarem” para a pasta no computador, cada raw em cerca de 5 segundos em transmissão. É uma mão na roda para quem trabalha, e outra novidade da 6D Mark II.

Canon EOS 6D Mark II GPS

Já a função GPS também recebeu atualizações, tornando-a mais útil na câmera nova. Enquanto a 6D clássica já tinha a antena integrada e a capacidade de incluir tags de posição geográfica nos arquivos das fotos, além da função “GPS Logger” que gravava a localização do fotógrafo de tempos em tempos, a duração da bateria era limitada com esta função ativada. Na Mark II, dois modos novos de GPS são oferecidos, um (1) com a antena ativa o tempo todo, mesmo com a câmera desligada (que ainda gasta bateria), e outro (2) com a antena intermitente, ativada somente quando a câmera for desligada automaticamente e periodicamente. Embora a Canon não declare de quanto em quanto tempo o GPS busque por sinal no “Modo 2”, o impacto na duração da bateria é mínimo; e pode dar nova vida a uma função que antes deixávamos desligada na câmera antiga.

ÚLTIMA QUESTÃO – FOTÔMETRIA

Canon EOS 6D Mark II

A tecnologia do fotômetro da EOS 6D Mark II é nova e a mesma da T7i/77D e da 80D: um sensor de dupla camada, uma RGB e outra IR (“infra-red”, infra-vermelho), com 7560 pixels divididos em 63 zonas de leitura de brilho e cor, ainda com assistência do módulo de foco para fornecer informações de distância; um sistema que a Canon chama de iFCL (“Intelligent Focus Colour Luminance”). Nestas câmeras a fotometria é relativamente complexa, unindo todos estes fatores e garantindo exposições consistentes no dia-a-dia, além de garantir a medição adequada dos valores de white balance e potência do flash. Por outro lado, em situações mais complicadas por exemplo com a fonte de luz presente no quadro (como um retrato durante o pôr do sol), ou fotografando sujeitos de alto contraste (como as passarelas da Pinacoteca), a exposição vira uma lambança. Basta aparecer um objeto escuro na frente da câmera, e a foto sai “estourada”.

“MRL” com a EOS 6D Mark II + Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO320 @ 176mm; note a super-exposição do trem preto. JPEG direto da câmera.

“MRL” com a EOS 6D Mark II + Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO320 @ 176mm; super-exposição do trem. JPEG direto da câmera.

Esta performance é bem diferente das câmeras mais avançadas. Nas EOS 5DS, 5D Mark IV e curiosamente na 7D Mark II (mais barata que a 6D Mark II), a Canon opta por um sistema muito mais sofisticado, chamado de iSA. O hardware do “iSA” é parecido com “iFCL”, mas muito mais preciso: um sensor de 150.000 pixels (e não somente 7560) alimenta um algoritmo de análise de cena (daí o nome iSA, “intelligent scene analysis”), que então compara o que há na frente da câmera à um banco de dados com mais de 30.000 fotos (!); para então propor a exposição correta. Com uma resolução tão alta, a câmera consegue seguir os rostos dos sujeitos humanos (e não somente a pele), permitindo uma focagem contínua ainda mais precisa. Ao mesmo tempo em que testei a 6D Mark II, eu também usei a minha EOS 5DS nas mesmíssimas paisagens; e esta câmera mais cara absolutamente nunca errou a exposição. É uma diferença bem grande entre as classes, e a 6D Mark II definitivamente não faz parte do topo da linha da Canon; apesar de custar bem caro.

Canon EOS 6D Mark II FLICKER

Por fim, algumas regalias foram adicionadas a 6D Mark II, graças ao fotômetro novo. A mais interessante delas é a detecção automática do flicker, que “lê” e sincroniza a câmera para a mesma frequência da rede elétrica local; a fim de garantir exposições uniformes, mesmo quando não temos controle do ambiente. Comum em estádios, ginásios, galerias de arte e salas de eventos, o flicker “acontece” quando a câmera captura uma “barra” de luz mais clara que o restante do quadro, o que pode destruir a exposição. Mas na 6D Mark II o fotômetro consegue ver e medir a frequência da luz, e sincroniza o disparo, garantido fotos perfeitas. E por último, este fotômetro dá assistência ao módulo de foco automático, como nós vimos na descrição do foto contínuo SERVO. A 6D Mark II consegue “ver” e seguir blocos de cores com o sensor RGB de 7560 pixels, a fim de mudar os pontos de foco automaticamente. Os “quadradinhos” parecem seguros em se manter sobre o sujeito humano, graças as detecção das cores (informação do fotômetro) e calculam à distância sem erros (informação do módulo de foco); para sequências perfeitas, em foco. 

QUALIDADE DE IMAGEM

“Montanhas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/640 ISO100 @ 400mm.

“Montanhas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/640 ISO100 @ 400mm.

Com um novo sensor CMOS Dual Pixel de 26.2MP capaz de gerar arquivos fotográficos na dimensão 6240×4160 pixels, a 6D Mark II chega num mercado muito diferente do que a 6D clássica chegou em 2012: muito mais atento à qualidade de imagem, e muito mais “educado” quanto a performance bruta de cada câmera. Enquanto em 2012 a 6D original “jogou a toalha” na corrida dos megapixels, parando nos 20MP, 2MP a menos que a contemporânea 5D Mark III de 22MP, por acaso a boa performance daquela câmera sob pouca luz e ISOs altos conquistou uma legião de fãs; e rapidamente ela se tornou uma favorita dos fotógrafos “sem controle da luz”. Um grupo paradoxal de pessoas, afinal o papel do fotógrafo é controlar a luz, as fabricantes começaram a atendê-los com sensores capazes de expor no mesmo quadro vários níveis de luminosidade, feitos para correção no arquivo raw depois do click (o queridíssimo “dynamic range”); além de aumentar a performance das câmeras sob ISOs astronômicos (a Nikon D5 oferece ISO 3.280.000).

“Half” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO500 @ 400mm.

“Half” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO500 @ 400mm.

A Canon seguiu outro caminho, embutindo o tal Dual Pixel em todas as suas máquinas, liderando o mercado de foco automático, pelo menos em disparo ONE SHOT no Live View. Mas por outro lado, ela se colocou num beco sem saída: com sensores com o dobro de pixels, como fica o dynamic range e a aparência dos ruídos nos ISOs mais altos? Pois é, nestes aspectos, as câmeras EOS pouco mudaram. A 6D Mark II chega com maior resolução que a 6D clássica (26.2MP vs 20MP), e ainda o sensor Dual Pixel (portanto um total de 52.4 milhões de foto-células); mas praticamente a mesma qualidade de imagem para manipularmos os arquivos raw no computador (grosso modo, o “dynamic range”); e a mesma aparência dos ruídos sob ISOs mais altos. E aqui mora a grande questão sobre a qualidade de imagem de uma DSLR Canon hoje: ou você quer uma máquina com maior dynamic range, e você simplesmente não compra Canon; ou você quer uma máquina quase infalível no foco automático, porém com a mesma qualidade de imagem da geração passada.

“Meio” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO250 @ 181mm.

“Meio” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO250 @ 181mm.

A nova resolução de 26.2MP da 6D Mark II é uma surpresa bem-vinda. Eu só fui perceber o aumento da dimensão dos arquivos com a câmera em mãos (eu estava esperando 24MP), e na prática eles tem uma clara vantagem sobre a câmera antiga. A máquina nova entrega detalhes de sobra para impressões imensas, com cerca de 105x70cm à 150 ppi, confortavelmente atendendo todo o mercado editorial, e até os profissionais de fine art. Estas impressões são notavelmente maiores que a 6D anterior (92x60cm à 150 ppi), e ultrapassam o “1 metro” desejado por fotógrafos que imprimem em grande formato. É possível vermos praticamente todas as árvores em cenários naturais, todos os pêlos de animais silvestres, e detalhes em rochedos e folhas; um passo à frente dos APS-C atuais de 24MP (6000×4000) e; repito, um avanço sobre a 6D anterior. Embora a resolução da 6D Mark II não encoste na clareza de detalhes de uma EOS 5DS de 50.6MP, ela é bem menos exigente com a óptica das objetivas; portanto, adequada para com o público-alvo.

“Ondas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO400 @ 400mm.

“Ondas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO400 @ 400mm.

Crop 100%, detalhes, detalhes, e mais detalhes para impressões imensas!

Crop 100%, detalhes, detalhes, e mais detalhes para impressões imensas!

“Camadas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO500 @ 361mm.

“Camadas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO500 @ 361mm.

Crop 100%, qualidade do sensor CMOS é excelente, sem vazamento de luz entre os pixels.

Crop 100%, qualidade do sensor CMOS é excelente, sem vazamento de luz entre os pixels.

“WWONDERland” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO400 @ 400mm.

“WWONDERland” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/400 ISO400 @ 400mm.

Crop 100%, cada árvore é reproduzida com perfeição na EOS 6D Mark II.

Crop 100%, cada árvore é reproduzida com perfeição na EOS 6D Mark II.

O dynamic range foi uma reclamação que eu fiz sobre a EOS 6D passada, e na verdade ele melhorou sim na câmera nova; apesar de curiosamente estar na “mesma classe” da APS-C 80D; e também com um grande “porém”. A 6D antiga ainda flertava com o “passado magenta” da Canon, quando qualquer ajuste “saudável” nas sombras (além de +2EV no Adobe Camera Raw) adicionava ruídos coloridos nas imagens. Na 6D Mark II, os ajustes vão até +3EV (1-stop de vantagem) sem grandes perdas de qualidade de imagem, o que é um avanço natural para a Canon. Mas esta é quase a mesma performance da 80D, e alguns fotógrafos estão questionando: afinal, qual é a vantagem de um sensor full frame na Canon? O que poucos notam, é a definição dos detalhes da 6D Mark II, muito maior que a 80D. Provavelmente em razão dos pixels menores naquela câmera APS-C, os detalhes geralmente saem “embaçados” na 80D, depois da correção do arquivo raw; e isto simplesmente não acontece na 6D Mark II. Portanto sim, as duas recuperam os mesmos “+3EV” nas sombras do arquivo raw, mas a 6DII full frame o faz com maior nitidez.

“Transversal” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/6.3 1/320 ISO250 @ 400mm; antes e depois do tratamento raw.

Crop 100%, ruídos aparecem sim, mas os detalhes são bem nítidos, de acordo com a objetiva.

Crop 100%, ruídos aparecem sim, mas os detalhes são bem nítidos, de acordo com a objetiva.

“NYellowstone” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/100 ISO250 @ 126mm; antes e depois do tratamento raw.

Crop 100%, qualidade das sombras recuperadas é a mesma da câmera antiga.

Crop 100%, qualidade das sombras recuperadas é a mesma da câmera antiga.

“Peak” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/400 ISO125 @ 186mm; antes e depois do tratamento raw.

Crop 100%, note a definição dos detalhes depois da recuperação das sombras.

Crop 100%, note a definição dos detalhes depois da recuperação das sombras.

“Navajo” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/6.3 1/100 ISO100 @ 129mm; antes e depois do tratamento raw.

Crop 100%, todos os arbustos “aparecem” de volta, no arquivo raw.

Crop 100%, todos os arbustos “aparecem” de volta, no arquivo raw.

Já sob ISOs mais altos, a 6D clássica era quase líder pela clareza dos detalhes em exposições mais escuras, e praticamente perfeita na reprodução de cores até ISO20.000; tudo o que a 6D Mark II repete. As exposições até ISO3200 praticamente não tem impacto na reprodução dos detalhes, e demonstra novamente a vantagem do sensor maior full frame, em comparação ao mercado APS-C “de entrada” (o que não inclui a excelente Nikon D500, “topo de linha” naquele formato). A partir de ISO5000, enquanto os detalhes vão sumindo exponencialmente quanto mais aumentamos o ISO, o que impressiona na 6D Mark II é qualidade da reprodução das cores: praticamente intactas até o ISO25.600; desde que você use um software de processamento adequado. O Adobe Camera Raw, por exemplo, já liga automaticamente a supressão de ruídos coloridos na conversão raw, e notamos a excelente performance da 6D. É a mesma da câmera clássica, porém agora com o Dual Pixel. Por outro lado, no limite nativo de ISO40.000, a 6D Mark II joga a toalha: um tom roxo domina as zonas de sombras, e os detalhes desaparecem da imagem. Funciona para uma ou outra exposição emergencial “no escuro”, mas não serve para trabalhar com boa qualidade de imagem.

“Pina” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/40 ISO400 @ 24mm.

“Pina” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/40 ISO400 @ 24mm.

Crop 100%, um modesto ISO400 revela a textura suave do sensor CMOS.

Crop 100%, um modesto ISO400 revela a textura suave do sensor CMOS.

“Cima” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO1600 @ 24mm.

“Cima” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO1600 @ 24mm.

Crop 100%, gradução dos ruídos é perfeita, mesmo em itens vermelhos.

Crop 100%, gradução dos ruídos é perfeita, mesmo em itens vermelhos.

“Sala” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/40 ISO4000 @ 24mm.

“Sala” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/40 ISO4000 @ 24mm.

Crop 100%, sombras e luzes suaves, com ruídos orgânicos.

Crop 100%, sombras e luzes suaves, com ruídos orgânicos.

“Auto” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/4 1/100 ISO8000 @ 27mm; perfeita reprodução de tom de pele.

“Auto” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/4 1/100 ISO8000 @ 27mm; perfeita reprodução de tom de pele.

Crop 100%, textura da pele e cores intactas são mantidas, mesmo em ISOs já altíssimos.

Crop 100%, textura da pele e cores intactas são mantidas, mesmo em ISOs já altíssimos.

“Sala II” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO10000 @ 24mm.

“Sala II” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO10000 @ 24mm.

Crop 100%, sem distorção nas cores apesar do ISO insano.

Crop 100%, sem distorção nas cores apesar do ISO insano.

“Arte I” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO12800 @ 24mm.

“Arte I” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO12800 @ 24mm.

Crop 100%, impressiona a linha com contraste perfeito sob ISO12800!

Crop 100%, impressiona a linha com contraste perfeito sob ISO12800!

“Canto” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO16000 @ 24mm.

“Canto” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/100 ISO16000 @ 24mm.

Crop 100%, impressionante reprodução de detalhes sob ISO16000!

Crop 100%, impressionante reprodução de detalhes sob ISO16000!

“Arte II” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/400 ISO20000 @ 50mm; exposição proposital.

“Arte II” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/400 ISO20000 @ 50mm; exposição proposital.

Crop 100%, o mix de grânulos lembra a película ASA800; mas aqui estamos em ISO20000.

Crop 100%, o mix de grânulos lembra a película ASA800; mas aqui estamos em ISO20000.

As cores da 6D Mark II continuam com os tons quentes que fazem o sucesso da Canon, e são longe da realidade; apesar de agradáveis aos olhos, tanto impressas no papel, quanto projetadas na tela do computador. A Canon é reconhecida e adotada no mercado publicitário em razão das cores “saturadas”, e eles fizeram um excelente trabalho em mantê-las nesta geração nova, apesar do aumento significativo de foto-células nos sensores Dual Pixel. Os arquivos são ricos em tons puros de azul, vermelho e verde, e a ciência de cores do processador DIGIC interpola amarelos, rosas, laranjas e marrons, com prioridade a um equilíbrio mais “quente”. As fotos de paisagem são claramente mais “vividas” que as concorrentes, com as folhas das árvores realmente “verdes”, e não o néon-radioativo-fluor da Sony; azuis profundos e vividos, não escuros como os da Nikon; e tons de rosa e laranja opacos; distintos da “viagem no ácido” dos sensores Fuji “X-Trans”. É a mesma performance de sempre na Canon, agora com 26MP e Dual Pixel, na 6D Mark II.

“Somewhere” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO100 @ 176mm.

“Somewhere” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO100 @ 176mm.

“Nuvens” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/6.3 1/250 ISO320 @ 269mm.

“Nuvens” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/6.3 1/250 ISO320 @ 269mm.

“Queimada” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/5.6 1/125 ISO1250 @ 176mm.

“Queimada” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/5.6 1/125 ISO1250 @ 176mm.

“Arrows” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO400 @ 186mm.

“Arrows” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/7.1 1/200 ISO400 @ 186mm.

“Fall” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO250 @ 400mm.

“Fall” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO250 @ 400mm.

“Lama” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/1000 ISO1000 @ 279mm.

“Lama” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/1000 ISO1000 @ 279mm.

“Ondas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/640 ISO500 @ 400mm.

“Ondas” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/640 ISO500 @ 400mm.

Por fim o processamento JPEG direto da 6D Mark II tira clara vantagem do processador DIGIC7, em relação ao antigo DIGIC5 (6D clássica), e até ao DIGIC6 (5DS/5DIV/7DII). Os arquivos estão mais detalhados do que nunca em ISOs base 100-400, sem “invenção” de detalhes e grânulos artificiais como a Fuji faz nas conversões de película das câmeras “X” (“grain effect”); e até sem grandes blocos “opacos” de cor, como fez a EOS M5 (que curiosamente compartilha do mesmo processador). A função “Picture Style” “auto” (automática) faz um excelente trabalho em distinguir entre uma paisagem com muitos detalhes e o céu, e ambos ganham uma textura suave do sensor CMOS, próprias para impressão direto da câmera. E sob ISOs mais altos, a qualidade de imagem dos arquivos JPEG da 6D Mark II traz uma última surpresa: a partir de ISO3200, somente o canal de cores (“chroma noise”) é tratado, e não o de luz (“luma noise”); resultando numa bonita textura aleatória “orgânica” no arquivo, assim como esperamos de uma foto tratada no computador. Nas câmeras Canon anteriores o ruído era impiedosamente combatido eletronicamente e substituído por bolhas coloridas de luz, dando a impressão de uma “aquarela” às fotos direto da câmera; mas não a 6D Mark II. É uma qualidade de imagem maior até que as EOS 5DS e 5D Mark IV.

“S” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/400 ISO100 @ 400mm.

“S” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/400 ISO100 @ 400mm.

Crop 100%, antes e depois do tratamento raw; arquivo JPEG é muito bom!

“Palitos” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/400 ISO100 @ 291mm.

“Palitos” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/400 ISO100 @ 291mm.

Crop 100%, antes e depois do tratamento raw.

“Layers” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO125 @ 400mm.

“Layers” com a Sigma 100-400mm f/5-6.3 DG OS HSM C em f/8 1/320 ISO125 @ 400mm.

Crop 100%, antes e depois do tratamento raw; mal dá para distinguir entre qual é qual.

“Arte III” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/250 ISO10000 @ 70mm.

“Arte III” com a EF 24-70mm f/4L IS USM em f/8 1/250 ISO10000 @ 70mm.

Crop 100%, antes e depois do tratamento raw; texturas e detalhes mantidos no JPEG.

VEREDICTO

Uma sucessora espiritual da 5D Mark III? Ou apenas uma EOS 80Dfull frame”? Uma câmera que já chega datada sem vídeo 4K? Ou uma escrava de Jó do tira, põe, deixa ficar da Canon? Nada disto. A EOS 6D Mark II é a melhor câmera já testada pelo vlog do zack, na faixa dos US$2000. É fácil vermos o avanço natural da Canon: nova construção toda em plástico, agora mais leve; nova ergonomia nos botões e discos, mais robustos do que nunca; avanços significativos no módulo de espelho, no processador, no foco automático… E novas ideias ao redor do maior destaque desta fabricante no mercado fotográfico; o Dual Pixel. Por causa dele a fotografia pela tela LCD ganha outro sentido, e a 6D Mark II ganhou uma tela giratória, e ainda sensível ao toque. Se valeu a pena? Absolutamente. É fácil ignorarmos todos estes avanços, e nos prendermos somente a qualidade de imagem (que nunca foi realmente ruim nesta fabricante). Enquanto ela não esteja sozinha no mercado, a concorrência ainda não “faz tudo” o que a 6D Mark II faz; não nesta faixa de preço. Desconheço alguma câmera “full frame”, “4K”, e com a mesma performance do foco da Canon. Nem a mesma performance para ligar. Nem a mesma duração da bateria… Não por US$2000. Portanto no mercado intermediário, temos uma nova vencedora. E ela é a 6D Mark II. Boas fotos!