Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM C

Ultra-zoom, ultra-flexível, ultra-duvidosa


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 120MB).

Tempo estimado de leitura: 17 minutos.

Outubro/2017 – A Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM é uma das maiores objetivas zoom do mercado SLR, com proporção 16.6X. Cobrindo num único equipamento o final do grande angular equivalente aos 27mm do formato 135 “full frame”, até o começo do super-telephoto equivalente aos 450mm, é possível fotografar desde composições amplas, como arquitetura e grupos de pessoas; até sujeitos em detalhe, à distância, como paisagens, animais silvestres e esportes de ação. O foco mínimo de 39cm ainda dá a ampliação 1:3 nos 300mm, e a Sigma dá a este modelo a designação “Macro”; uma das objetivas mais flexíveis que já vimos, e talvez a única que você precisará no kit APS-C. Ainda com estabilizador embutido e nova roupagem “Sigma Global Vision Contemporary”, a fabricante repensa o design, a construção, a operação e a fórmula óptica, com as mesmas tecnologias da linha Art e Sports; mas com o preço de apenas US$399. Porém será que tanto “zoom” terá impacto na performance? Vamos descobrir! Boa leitura. (english)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

Em 10.3 x 7.8cm sem tampas, de 585g de principalmente plásticos, a Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC é uma verdadeira maravilha da engenharia; uma das menores objetivas zoom do mercado APS-C, apesar de ser uma das mais longas, em distância focal. Para nós que já vimos a Canon EF-S 18-200mm f/3.5-5.6 IS, menor em distância focal, maior em dimensões físicas, impressiona como a 18-300mm da Sigma consegue ser quase do mesmo comprimento de uma 17-55mm f/2.8 (e nós já vimos duas), apesar de ter o alcance até o super telephoto. Tamanha portabilidade se dá em razão do design “tripel-cam” nos tubos de zoom, com três câmaras distintas para movimentar as lentes: duas internas e uma externa, nos mesmos moldes da Sigma 17-70mm f/2.8-4. A fabricante aposta na robustez do composto avançando TSC “thermally stable composite”, rígido como o metal mas leve como o plástico, o que evita desalinhamentos para anos de operação. E deu certo: a 18-300 é sólida e robustas, apesar de portátil; uma das menores objetivas “300mm” do mercado.

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

Nas mãos o equilíbrio é curioso com as câmeras de entrada do formato APS-C, para não dizer ruim; um pouco pesada para frente, dado o peso; e um pouco durinha de operar, dados tantos tubos. O tamanho reduzido engana quanto ao peso, um pouco incômoda a tira-colo, e esta é daquelas objetivas que você se “compromete” a usar; não dá pra sair de casa à toa com ela, sem atrapalhar o passeio. O anel do zoom fica atrás e tem 4.8cm de comprimento total, apesar de ter só 3.7cm de área emborrachada, com uma borracha alta de 1mm, com grooves profundos e resposta tátil “grudenta”, de excelente tração. Mas ela não impede que o movimento de 90º não seja “pesado” dos 18mm aos 300mm, e até variável, mais duro dos 135mm até os 300mm; o que atrapalha o uso com câmeras pequenas. A pressão do movimento na minha cópia nova também é suficiente para desalinhar o contato do mount com a câmera, o que dá eventuais erros de comunicação. Então recomendo testá-la antes da compra, para ver se agrada: é uma objetiva muito complexa, para um projeto muito simplificado, e faltam metais na estrutura para diminuir a pressão dos tubos.

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

Na frente o anel de foco manual é típico das Sigmas APS-C de zoom expansível, não interno: ele gira quando o motor de foco automático liga do lado de dentro, o que diminui a área útil de “pegada” da objetiva. O anel tem cerca de 1.8cm de espessura e uma borracha fina de 0.8cm, bem menos “protuberante” que o anel de zoom, proposital para evitar o atrito com os dedos. Porém como o anel é mecanicamente conectado ao motor de foco automático interno, assim que você aperta o botão AF-ON na câmera, ele gira o anel do lado de fora, atrapalhando o espaço das mãos; evite manter os dedos na frente, para não forçar o motor do lado de dentro. Ainda por cima este anel é incompatível com a função “full time manual”, e ele sempre deve ser desconectado do motor interno antes do uso, através da chave lateral AF/MF; atrasando ajustes rápidos de foco, caso a câmera não encontre-o automaticamente. É culpa do projeto simplificado desta classe, e esperado; a Canon EF-S 18-200mm também sofre com um anel de foco manual que gira sozinho.

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

Como o anel de foco é mecanicamente conectado ao motor, ele gira sempre na mesma posição; o que permite a inscrição de distâncias gravadas em pés e em metros, no lugar de uma janela de distância propriamente dita. Porém mais interessantes são os números impressos no tubo intermediário do zoom: 1:10.1, 1:8.4, 1:6.2, 1:4.5, 1:3.5 e 1:3. Estes valores indicam a ampliação máxima do conjunto óptico, quando na posição mínima de foco em 0.39cm, o que a Sigma chama de “macro”. Não é a proporção real “1:1” de uma objetiva macro de verdade, mas dá para brincar de “fotografar de perto”. No valor máximo um sujeito de 10cm será reproduzido em 3.3cm no sensor de imagem, o que é mais que o suficiente para ampliar detalhes de insetos e produtos; ou apenas “focar de perto” pratos de comida e selfies no dia-a-dia. Na proporção máxima a objetiva deve ser expandida até os 300mm, e o conjunto “cresce” 19cm, sobrando meros 8-9cm de espaço entre o primeiro elemento e o sujeito, subtraindo a distância flange; o que dificulta na iluminação do quadro. Mas é uma adição bem-vinda: quase todas as fotos de produto aqui do blog do zack são feitas em 1:5 com a EF 100mm f/2.8 L IS USM, e esta Sigma poderia fazer o mesmo trabalho.

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

“8 Plus” com a EOS SL2 + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC OS Macro em f/9 1/4 ISO100 @ 300mm; MFD, 1:3 macro.

“8 Plus” com a EOS SL2 + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC OS Macro em f/9 1/4 ISO100 @ 300mm; MFD, 1:3 macro.

Crop 100%, detalhes pixel a pixel da tela Retina de um iPhone.

Crop 100%, detalhes pixel a pixel da tela Retina de um iPhone.

Do lado de dentro a Sigma opta por um excelente motor de foco automático HSM, o “hypersonic motor”. Usando o mesmo princípio do USM (“ultrasonic motor”) da Canon, e do SWM (“silent wave motor”) da Nikon, o movimento é gerado pela transmissão ultrassônica de energia, o que garante quase silêncio total na operação; e absoluta suavidade. Do foco mínimo de 0.39m até o infinito, o giro de 45º é surpreendentemente rápido, e acontece em cerca de 0.5s nas câmeras EOS com foco phase pelos pontos do viewfinder; ou pelo Live View por Dual Pixel. Porém aqui testada em modo single com a EOS M, o acerto foi infelizmente de apenas 60% com sujeitos estáticos, não importa a situação de luz; o que é bem ruim! Boa parte das fotos saiu levemente fora de foco, apesar desta câmera usar o sistema de foco “Hybrid CMOS”, com dupla confirmação por pontos phase e por contraste; o que elimina qualquer chance de imprecisões. Mas pixel a pixel muitas das minhas imagens não funcionam, e ficou difícil até avaliar a performance: a óptica é ruim, ou as fotos estão fora de foco? Recomendo atenção redobrada com o auto-foco inconsistente desta 18-300mm.

“Pagode” com a EOS M + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM em f/6.3 1/160 ISO100 @ 113mm; a foto parece em foco…

“Pagode” com a EOS M + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM em f/6.3 1/160 ISO100 @ 113mm; a foto parece em foco…

Crop 100%, mas numa análise mais de perto, notamos que a nitidez não é das melhores.

Crop 100%, mas numa análise mais de perto, notamos que a nitidez não é das melhores.

Mas testada em modo contínuo AI SERVO com a EOS T7i e pelo viewfinder, os resultados foram interessantes para esta classe de objetiva: cerca de 50% das fotos estão em foco preciso com sujeitos em movimento, flertando com a fotografia de ação. Eu não esperava 100% de precisão como uma objetiva topo de linha, portanto 50% já impressiona. Como a profundidade de campo não é tão curta em f/6.3 e 300mm, dependendo da saída que você der aos arquivos (como web para Instagram ou Facebook) nem dá pra notar a falta de nitidez nas imagens. Pensando na tendência das fabricantes em encher as câmeras de entrada com pontos de foco phase, e todas com pelo menos 5 quadros por segundo de velocidade no disparo contínuo, é possível recomendá-la para amadores, que abraçarão a fotografia de ação como hobby. Enquanto os resultados possam variar, no geral o foco a 18-300mm é aceitável: funciona rapidamente, em silêncio, com relativa precisão.

“Ciclista II” com a EOS T7i + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM C em f/6.3 1/1000 ISO1600 @ 200mm.

“Ciclista II” com a EOS T7i + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM C em f/6.3 1/1000 ISO1600 @ 200mm.

Crop 66%, TODAS as fotos em foco, só não estão mais nítidas por limitação da objetiva. (clique para ver maior)

Crop 66%, TODAS as fotos em foco, só não estão mais nítidas por limitação da objetiva. (clique para ver maior)

Ainda do lado de dentro a Sigma oferece o estabilizador de imagem OS, o “optical stabilizer”. Uma função quase obrigatória nestas distâncias focais longas, infelizmente ele não é “taxado” a algum número específico de f/stops, dificultando a avaliação sobre a eficácia. O módulo também tem a mesma operação estranha da 150-600mm f/5-6.3 DG Contemporary, sem estabilizar de fato a composição do viewfinder, mas somente a exposição na hora do click; uma lógica distinta do sistema Canon IS (“image stabilizer”) que “segura” também a imagem antes de tirar a foto, facilitando a composição. O OS da 18-300mm também faz um barulho alto na hora de ativar e desativar o módulo, dando a impressão de estar quebrado. Mas não está: consegui resultados até 3-stops de compensação, como 1/5 em 18mm, e dá pra deixar o tripé em casa. É uma enorme facilidade para fotografia sob pouca luz e com ISOs baixos, apenas segurando a câmera nas mãos.

“Ponte” com a EOS M + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM em f/3.5 1/5 ISO100 @ 18mm.

“Ponte” com a EOS M + Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM em f/3.5 1/5 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, apesar da longa exposição, o estabilizador “segurou” tranquilamente a estrutura imóvel, sem borrar.

Crop 100%, apesar da longa exposição, o estabilizador “segurou” tranquilamente a estrutura imóvel, sem borrar.

Porém no modo de gravação de vídeos o estabilizador é inútil: treme bastante no grande angular; faz barulho quando está ativado; e praticamente não funciona a partir de 135mm; péssimo! Na contra-mão de um dos recursos mais populares das DSLR – a gravação de vídeos – a 18-300mm poderia ser usada até em câmeras mais sérias, como a linha EOS C ou uma Blackmagic com sensor menor que o APS-C, do grande angular ao mais longo dos telephotos. Mas nem em distâncias focais curtas como os 18-50mm o estabilizador funciona, tremendo a imagem durante a gravação; coisa que não vemos em nenhuma objetiva oficial “IS” da Canon. E nas distâncias a partir de 135mm, tive a mesma impressão da composição das fotos pelo viewfinder: parece que o módulo nem está ligado! A Canon EF-S 18-200mm IS claramente se sai muito melhor na estabilização, bem mais suave durante a gravação de vídeos. Portanto infelizmente não recomendo o OS da Sigma 18-300mm para o EOS Movie. Prefira usar a câmera num tripé, para os melhores resultados.

Enfim na frente a 18-300mm aceita filtros de ø72mm, um padrão relativamente grande e caro, usado por objetivas já topo de linha. Eles vão num trilho de plástico robusto, bem acima do primeiro elemento óptico, o que permite a compatibilidade com filtros grossos, como polarizadores e ND variáveis. A Sigma ainda dá no kit o para-sol LH780-07, tão bem acabado quanto os para-sois da linha Art, com proteção de borracha na área tátil dos dedos e uma textura difícil de riscar; a Canon, por outro lado, oferece o para-sol como um acessório à parte na EF-S 18-200mm, que já é mais cara. Atrás o mount de metal da Sigma é rígido e suave de montar no sistema EOS, e não tem aquele pedação de borracha das objetivas EF-S, que impede de montá-las em câmeras full frame; até é possível montar esta 18-300mm numa EOS 5D/6D, apesar de nenhuma distância focal cobrir o círculo de projeção do formato 135. A Sigma também não declara qualquer forma de proteção à respingos e poeira, e eu já vejo pó dentro da minha cópia nova; uma pena.

Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM Contemporary

A 18-300mm é uma objetiva interessante vindo da Sigma, que é das poucas a ousar entregar uma zoom tão complexa (16.6X), num equipamento tão acessível ($399). A Canon, por exemplo, não tem qualquer alternativa semelhante na linha “oficial” EF-S, e outras marcas oferecem projetos ainda mais extremos, como a nova Tamron 18-400mm mais longa. Mas esta Contemporary faz jus a nova filosofia Global Vision da Sigma, com produtos redesenhados, reprojetados, com maior controle de qualidade, apesar do preço acessível; as mesmas vantagens das agora “famosas” linhas Art e Sports no mercado profissional, mas ao alcance de todos na linha C. E pensando na flexibilidade das distâncias focais, da ampliação “macro”, do estabilizador, da portabilidade, do foco automático e das fotos que veremos a seguir, ela é potencialmente a melhor alternativa do mercado, para fotógrafos APS-C que buscam uma única objetiva no kit. Só dependerá da qualidade das imagens para “fechar o negócio” numa objetiva tão completa, como veremos a seguir.

QUALIDADE DE IMAGEM

“Pagode II” em f/6.3 1/320 ISO100 @ 100mm; todas as fotos com a Canon EOS M.

“Pagode II” em f/6.3 1/320 ISO100 @ 100mm; todas as fotos com a Canon EOS M.

Com um incrível projeto óptico de 17 elementos em 13 grupos, uma peça SLD de baixa dispersão, 4 (q-u-a-t-r-o!) peças FLD quais a Sigma declara ter a mesma perfomance do fluorite, 3 asféricas e ainda com coatings integrados nos elementos, a 18-300mm f/3.5-6.3 infelizmente também é bastante inconsistente na performance óptica; hora muito boa, impressionante até; hora péssima, difícil de recomendar. Sejamos francos: eu não estava esperando grande coisa de uma zoom 16.6X, que é complexa demais para garantir resultados ópticos perfeitos. E enquanto  “nitidez” não faça necessariamente fotos melhores – dependendo da saída dos arquivos, como Instagram/Facebook, você nem notará os defeitos – eu tinha esperanças de resultados melhores, coisa que esta 18-300mm só entrega entre f/6.3 e f/11. E talvez esta seja a ideia: ela “não funciona” pixel-a-pixel na abertura máxima, mas se sai bem nas aberturas otimizadas. Portanto a decisão de compra vem daqui: se você fotografa sob bastante luz, ou usa as aberturas menores com um tripé, os resultados são razoáveis. Apenas não espere a mesma performance de uma objetiva topo de linha.

“Pagode III” em f/6.3 1/200 ISO100 @ 63mm.

“Pagode III” em f/6.3 1/200 ISO100 @ 63mm.

Em abertura máxima a 18-300mm é bem difícil de trabalhar: problemas com o foco automático, problemas com reflexos internos, problemas com falta de nitidez e ainda por cima a profundidade de campo curta, dado o formato APS-C, contribuem para a arquitetura do desastre. Enquanto alguns sites até declarem resolução bruta aceitável no centro, na abertura máxima, eles esquecem de mencionar a falta de contraste, que reduz consideravelmente a nitidez. E a abertura máxima é bem “breve” na maioria das distâncias focais, seguindo a escala: f/3.5 só em 18mm; f/4 20-30mm; f/4.5 30-40mm; f/5 40-70mm; f/5.6 70-135mm; e f/6.3 logo em 135-300mm; está aí a explicação da Canon EF-S 18-200mm ser maior, com f/5.6 em 200mm. Nestes valores os arquivos não entregam os detalhes esperados da geração atual do APS-C, que está em exigentes 18-24MP; maior resolução por centímetro quadrado que até os full frame mais caros. Então é difícil pensar em performance bruta de um projeto tão ousado como esta Sigma na abertura máxima, pelo menos para ampliarmos os arquivos ponto-a-ponto, por exemplo em impressões de grande formato.

“All Beef” em f/4 1/60 ISO1000 @ 24mm.

“All Beef” em f/4 1/60 ISO1000 @ 24mm.

Crop 100%, todas as letras em detalhes de fotografia de rua.

Crop 100%, todas as letras em detalhes de fotografia de rua.

“Lower Manhattan” em f/5 1/15 ISO3200 @ 37mm.

“Lower Manhattan” em f/5 1/15 ISO3200 @ 37mm.

Crop 100%, linhas finas facilmente reproduzidas no centro, mesmo na abertura máxima.

Crop 100%, linhas finas facilmente reproduzidas no centro, mesmo na abertura máxima.

“Portal” em f/6.3 1/160 ISO400 @ 90mm.

“Portal” em f/6.3 1/160 ISO400 @ 90mm.

Crop 100%, os detalhes está lá, mas falta contraste; portanto, a nitidez é reduzida.

Crop 100%, os detalhes está lá, mas falta contraste; portanto, a nitidez é reduzida.

“Detalhes” em f/6.3 1/40 ISO400 @ 113mm.

“Detalhes” em f/6.3 1/40 ISO400 @ 113mm.

Crop 100%, note o leve embaçamento no contraste geral pixel-a-pixel.

Crop 100%, note o leve embaçamento no contraste geral pixel-a-pixel.

Fechar a abertura nem aumenta de fato a resolução bruta do projeto, mas sim o contraste geral do quadro; portanto, a nitidez percebida. Entre f/6.3 e f/8 é possível vermos detalhes de tijolos, maquiagem, cabelos, folhas e texturas do dia-a-dia, tanto do grande angular nos 18mm, até o longo telephoto em 300mm; desde que, repito, você tenha cuidado com o foco. Mesmo nestas especificações otimizadas eu tive arquivos com nitidez ruim pixel-a-pixel, muito provavelmente porque o algoritmo de focagem da EOS M aceitou os “contornos fora de foco” como “contraste em foco”; resultando em imprecisões. Mas repetindo os testes com a EOS T7i em AI SERVO, ou até mesmo a EOS SL2 em foco manual, é possível vermos como a 18-300mm entrega arquivos praticamente perfeitos 2-3 stops fechada. É o poder dos 4 elementos FLD tão puros quanto o fluorite, mas aqui acessíveis numa zoom “de entrada”, graças a mágica do preço da Sigma.

“Tokyo” em f/8 1/200 ISO100 @ 100mm; através do vidro do mirante.

“Tokyo” em f/8 1/200 ISO100 @ 100mm; através do vidro do mirante.

Crop 100%, detalhes impressionam nas aberturas otimizadas.

Crop 100%, detalhes impressionam nas aberturas otimizadas.

“Tokyo II” em f/8 1/200 ISO100 @ 45mm; através do vidro do mirante.

“Tokyo II” em f/8 1/200 ISO100 @ 45mm; através do vidro do mirante.

Crop 100%, detalhes de sobra para prints imensos, a partir do equipamento de entrada.

Crop 100%, detalhes de sobra para prints imensos, a partir do equipamento de entrada.

“Copa” em f/6.3 1/640 ISO100 @ 18mm.

“Copa” em f/6.3 1/640 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, grande angular incrivelmente nítido, típico das objetivas zoom.

Crop 100%, grande angular incrivelmente nítido, típico das objetivas zoom.

“Portal II” em f/6.3 1/80 ISO400 @ 59mm.

“Portal II” em f/6.3 1/80 ISO400 @ 59mm.

Crop 100%, contraste aumenta bastante entre 2-3 stops fechados no diafragma.

Crop 100%, contraste aumenta bastante entre 2-3 stops fechados no diafragma.

Aberrações cromáticas, por outro lado, são bem controladas no modelo; ruins comparadas às primes, mas boas numa zoom tão complexa. Todas elas está lá: laterais nas bordas, com contornos magenta e verde à direita, e azul e lilás à esquerda; axial primário, com bolhas coloridas em pontos de muita luz, que “brilham” sob pouco contraste; e axial secundário, nas zonas de desfoque do primeiro plano (verde) e segundo plano (roxo). Por outro lado, elas são muito mais discretas do que a Canon EF-S 18-135mm f/3.5-5.6 IS USM que acabamos de conhecer. Como aquela objetiva é focada em resolução, apesar de falhar em entregá-la, são bem mais notáveis as aberrações laterais na EF-S apesar do projeto menos “exótico”. Mas na Sigma todas as aberrações tem correção simples: saídas web não mostrarão os problemas, e qualquer software atualizado tem perfil eletrônico de compensação. Porém nas gravações de vídeo notamos novamente o bom controle óptico das aberrações: em câmeras sem correção eletrônica, como as da Blackmagic, praticamente não vemos problemas com bolhas coloridas, não importa a situação de luz. Muito bom!

“Estudantes” em f/6.3 1/500 ISO320 @ 260mm.

“Estudantes” em f/6.3 1/500 ISO320 @ 260mm.

Crop 100%, linhas coloridas estão lá e são fortes, mas discretas para esta categoria de objetiva.

Crop 100%, linhas coloridas estão lá e são fortes, mas discretas para esta categoria de objetiva.

“Copa II” em f/7.1 1/160 ISO100 @ 18mm.

“Copa II” em f/7.1 1/160 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, linhas coloridas nos contornos contra a luz.

Crop 100%, linhas coloridas nos contornos contra a luz.

“BB” em f/2.5 1/50 ISO160 @ 18mm.

“BB” em f/2.5 1/50 ISO160 @ 18mm.

Crop 100%, aberrações de todos os tipos nas bordas, mas fáceis de corrigir via software.

Crop 100%, aberrações de todos os tipos nas bordas, mas fáceis de corrigir via software.

“Gráficos” em f/7.1 1/250 ISO160 @ 142mm.

“Gráficos” em f/7.1 1/250 ISO160 @ 142mm.

Crop 100%, nada de aberrações em algumas distâncias do range.

Crop 100%, nada de aberrações em algumas distâncias do range.

Já as distorções geométricas são evidentes na 18-300, problema já esperado para tantos elementos. E elas são bem complexas: uma discreta saliência anelar acontece em 18mm, sem distorcer necessariamente as bordas do quadro, porém notável no centro; ela se transforma suavemente de um bigode entre 50mm e 200mm, para um pinchusion em 300mm; quando todas as linhas paralelas “caem” das bordas para o centro, comportamento típico das zoom grande-angular > telephoto. Enquanto estas distorção não serão notadas na maioria das composições do dia-a-dia, com pessoas, paisagens e objetos tridimensionais, elas são óbvias em imagens geométricas como arquitetura e desenhos gráficos. Mas graças a distância flange longa das DSLR, a imagens no geral sofrem pouco: de novo, basta ativar também o perfil de correção eletrônica no software, que a compensação terá pouco impacto na qualidade de imagem. Já vimos coisas bem pior no mercado mirrorless, como as Fujis XF 18-135mm e XC 16-50mm, e Sony E 16-50mm PZ.

“R.F.” em f/3.5 1/10 ISO500 @ 18mm; antes e depois da correção; notem que este teto é uma abóbada.

“Downtown” em f/4.5 1/50 ISO1250 @ 37mm; antes e depois da correção.

“Janelas” em f/5.6 1/20 ISO5000 @ 70mm; antes e depois da correção.

”Prédios” em f/5.6 1/50 ISO2000 @ 95mm; antes e depois da correção.

”Prédios II” em f/6.3 1/400 ISO200 @ 300mm; antes e depois da correção.

Com ampliação até 1:3, parte da fotografia macro também é possível com a 18-300mm da Sigma. Mas a performance óptica, como era de se esperar, não é das melhores. Novamente, não é uma falta de resolução: detalhes e linhas finas são visíveis no centro do quadro, permitindo-nos explorar novos mundos de objetos mundanos, texturas e insetos. Porém além do contraste pobre de 17 elementos da fórmula óptica barata, que tira boa parte da nitidez dos arquivos e deve ser corrigidos via software, as aberrações cromáticas são “ampliadas” na focagem mínima dos 0.39cm; difícil de comparar os resultados com uma prime macro “de verdade”. O efeito lembra muito as “lentes de ampliação” de outrora, para ler jornal: o centro é até nítido, apesar do contraste pobre, e nas bordas os contornos firmes de letras ganham linhas coloridas, que não existem na realidade. N-o-v-a-m-e-n-t-e, não é um problema que será percebido numa saída web para Instagram, mas obviamente não serve para trabalhar com fotografia de produto. Portanto se macrofotografia for importante para você, invista numa objetiva fixa de acordo; não numa zoom.

“Folha” em f/6.3 1/30 ISO400 @ 300mm; distância mínima de foco.

“Folha” em f/6.3 1/30 ISO400 @ 300mm; distância mínima de foco.

Crop 100%, a nitidez na posição “macro” não é das melhores, mas dá para brincar.

Crop 100%, a nitidez na posição “macro” não é das melhores, mas dá para brincar.

“Folhas” em f/6.3 1/500 ISO200 @ 300mm; distância mínima de foco.

“Folhas” em f/6.3 1/500 ISO200 @ 300mm; distância mínima de foco.

Crop 100%, nitidez pobre dos 17 elementos no foco mínimo.

Crop 100%, nitidez pobre dos 17 elementos no foco mínimo.

“Incenso” em f/6.3 1/1000 ISO100 @ 100mm; distâncias mínima de foco, mas em 100mm.

“Incenso” em f/6.3 1/1000 ISO100 @ 100mm; distâncias mínima de foco, mas em 100mm.

Crop 100%, performance aumenta um pouco, fora da distância focal máxima.

Crop 100%, performance aumenta um pouco, fora da distância focal máxima.

“Incenso II” em f/6.3 1/125 ISO160 @ 76mm.

“Incenso II” em f/6.3 1/125 ISO160 @ 76mm.

Crop 100%, falta nitidez, mas a performance é aceitável para esta classe de equipamento.

Crop 100%, falta nitidez, mas a performance é aceitável para esta classe de equipamento.

Por fim as cores, o bokeh e o flaring são uma surpresa feliz no projeto da Sigma 18-300mm; bons para uma zoom, e úteis para efeitos criativos. A saturação dos tons de amarelo, vermelho, verde e azul são interessantes nos testes com uma câmera Canon (EOS M), fabricante reconhecida pela qualidade dos arquivos vívidos em reprodução de cultura, natureza e tons de pele; entregues principalmente pelas objetivas EF/EF-S/EF-M, mas aqui numa alternativa third-party, de baixo custo. Enquanto o desfoque não seja dos mais suaves com segundos planos “nervosos”, que não perdoam linhas retas firmes, que saem repetitivas e “infladas” (o efeito “lente de ampliação” ataca novamente), é possível suavizarmos o bokeh com bolhas de luzes orgânicas, que não ganham contornos firmes, nem linhas concêntricas. E o flaring é até bem controlado: o diafragma de 7 lâminas arredondadas gera “explosões” com diversas pontas e cores, longe de “estrelas” perfeitas; mas que só acontecem quando apontamos propositalmente a objetiva em direção a luz. No geral é uma performance bacana para efeitos de profundidade de campo curta e composições com cores complementares, com a mesma performance das objetivas oficiais, aqui por uma fração do preço.

“Flaring” em f/6.3 1/320 ISO400 @ 251mm; flaring proposital, causado pela composição.

“Flaring” em f/6.3 1/320 ISO400 @ 251mm; flaring proposital, causado pela composição.

“Tori” em f/7.1 1/80 ISO320 @ 18mm; o flaring pode ser usado para efeitos criativos.

“Tori” em f/7.1 1/80 ISO320 @ 18mm; o flaring pode ser usado para efeitos criativos.

“Market” em f/6.3 1/13 ISO100 @ 18mm.

“Market” em f/6.3 1/13 ISO100 @ 18mm.

Crop 100%, reflexos um pouco indesejados, a partir dos 17 elementos da fórmula.

Crop 100%, reflexos um pouco indesejados, a partir dos 17 elementos da fórmula.

“Flores” em f/6.3 1/80 ISO100 @ 95mm; desfoque suave.

“Flores” em f/6.3 1/80 ISO100 @ 95mm; desfoque suave.

“Lanternas” em f/7.1 1/320 ISO2000 @ 221mm; o desfoque não perdoa linhas firmes.

“Lanternas” em f/7.1 1/320 ISO2000 @ 221mm; o desfoque não perdoa linhas firmes.

“Gizo” em f/7.1 1/200 ISO250 @ 135mm; mas pode isolar o sujeito, dependendo das distâncias de trabalho.

“Gizo” em f/7.1 1/200 ISO250 @ 135mm; mas pode isolar o sujeito, dependendo das distâncias de trabalho.

VEREDICTO

A Sigma 18-300mm f/3.5-6.3 DC Macro OS HSM tenta muitas coisas numa objetiva só, e entrega boa parte delas. A construção é um ponto positivo, sólida, robusta, bem acabada e equilibrada, apesar da minha cópia nova estar um pouquinho dura de usar. A oferta de recursos impressiona para o preço, e agradará os fotógrafos do mercado de entrada, no formato APS-C: foco automático rápido e silencioso, embora impreciso; um estabilizador eficaz até pelo menos 3-stops, embora inútil para a gravação de vídeos; e a focagem curta com ampliação quase-macro em 1:3, embora com qualidade de imagem questionável. Mas a performance óptica é muito, muito justa para uma zoom tão ampla, e esta é a ideia do projeto: cobrir todas as distâncias focais num único equipamento, com arquivos que simplesmente funcionam; não importa a falta de resolução quando verificamos os arquivos pixel-a-pixel. Se você precisa de todas as distâncias numa objetiva só, ela não fica muito mais flexível que isso. Divirta-se com uma única objetiva no seu kit, e boas fotos!