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Agosto/2016 – A AF-S 16-80mm f/2.8-4E ED VR é uma objetiva zoom 5x feita para o formato DX (APS-C) do Nikon F-mount. Equivalente aos 24-120mm do full frame, ela é pensada como uma “walk around lens”, para levar pra passear. O alcance 16mm no grande angular é mais amplo que os 18-55mm das zooms de kit, bacana para composições dramáticas em espaços amplos. E os 80mm também vão além, para “fechar mais o quadro” no sujeito, e permitir a profundidade de campo curta. A abertura é relativamente exótica para uma zoom indo do f/2.8 até o f/4, ideal para fotos em pouca luz. E o diafragma usa a nova tecnologia Nikon “E”, com abertura eletromagnética. A 16-80mm ainda conta com as coberturas Nano Crystal (para redução de reflexos) e fluorine (para facilitar a limpeza); ambos pela primeira vez numa DX. O problema é o preço lá em cima: US$1066, o mais caro na história da linha APS-C Nikkor. Mas será que vale a pena? Boa leitura. (english)
Em 80x85mm de 480g, a 16-80mm é uma das maiores e mais pesadas objetivas para o formato DX. Embora a Nikon se gabe que ela é “a zoom 5x mais leve do mercado”, ela é grande para os padrões APS-C. Confortável em câmeras “mais sérias”, não à toa ela é oferecida como kit da nova D500. A construção em plásticos de alta qualidade equilibra bem com o corpo de metal da câmera, e as duas lembram a pegada da D800E + AF-S 24-120mm f/4G ED VR, embora menores. O design é o brega classicão da Nikon, com letras e o anel dourados para indicar o Nano Coating, com acabamento justo para o preço; nem luxo, nem lixo. A 16-80mm não tem a construção “top” de outras Zoom-Nikkor deste valor, mas para uma DX ela é bem feita, boa para ir passear.
Nas mãos a espessura do tubo é confortável para quem tem dedos longos, com anel de zoom na frente e anel de foco manual atrás. O mecanismo do zoom é feito por dual cam, com dois tubos internos que expandem a objetiva dos 16mm aos 80mm. O anel de zoom é relativamente grande e emborrachado, o suficiente para dar tração ao “abrir” a objetiva, num movimento mais pesado do que eu gostaria. Para sair dos 16-35mm a minha cópia nova está bem “dura”, e fica mais fácil dos 35-80mm; curiosamente com esta mesma facilidade para fechar dos 80-16mm. Eu queria que fosse suave como as zoom de operação interna, tipo AF-S 14-24mm e 16-35mm, mas imagino que a firmeza seja pela construção robusta dos tubos, que não balançam quando abertos.
Atrás, perto da câmera, fica o anel de foco manual com os problemas-Nikon de sempre. Ele tem um atraso entre o ajuste do lado de fora e o grupo de foco do lado de dentro, tornando quase inútil a focagem feita nas mãos. E o giro não é suave nem silencioso, com aquele “esfrega-esfrega de plástico-com-plástico” das objetivas baratas. Pelo menos o anel suporta o full time manual, com chave de seleção M/A-M, típico do motor interno SWM, quieto e razoavelmente rápido. É um prazer de usá-lo na rua: aperte o botão na câmera e o motor leva o grupo de foco ao ponto certo. Mas não é instantâneo como eu conheci na Micro-Nikkor 105mm f/2.8G; se você estiver na pressa e o ponto estiver muito longe, há chances de perder a foto. E o motor não é 100% silencioso: há um notável “ziiiiiirriiiiiun” robótico na hora de focar, mas o barulho será notado apenas pelo fotógrafo.
Do lado de dentro a Nikon incluiu também a geração mais recente do estabilizador de imagem “VR”. Taxado em 4 stops, é uma dádiva para trabalhar na distâncias longas do telephoto, sem se preocupar com a velocidade do obturador, “segurando” exposições até 1/4s. Porém, embora bom para fotos, o módulo não parece funcionar muito bem para vídeos. Em movimentos de panning ou mesmo em shots estáticos, o módulo “balança” abruptamente nos limites da correção, gravando quadros grosseiros, como se a câmera tivesse batido em alguma coisa. Não é suave como os módulos IS que estou acostumado na Canon, então tomem cuidado em sequências de muita ação. Dois modos, NORMAL e ACTIVE, podem ser escolhidos numa chave, o segundo compensando também por movimentos feitos ao fotógrafo (p. exemplo dentro de um barco). E pela primeira vez a detecção de tripé funcionou nos meus testes: em exposições longas com o VR ligado e a câmera parada, a objetiva compensou apenas por vibrações dos pés do tripé, sem borrar a foto.
Por último, ainda do lado de dentro, esta é a primeira objetiva Nikon com a especificação E que vemos no blog do zack. Um salto a modernidade, os modelos “E” tem o controle eletromagnético da abertura, aposentando as filipetas e molas que as Nikkor usavam desde 1959. Até as objetivas G, vocês conseguem ver uma filipeta perto do mount, que controla a abertura. Uma mola segura as lâminas do diafragma na posição fechada, e a filipeta deixa-as abertas depois da montagem na câmera. Ao disparar o obturador, a câmera libera a filipeta que, por sua vez, libera a mola, e fecha a abertura no f/stop escolhido. Este processo não é nem rápido, nem preciso, e considerando as novas DSLR de altíssima velocidade, a Nikon finalmente optou por motores (ou imãs?) na abertura; como a Canon faz desde 1987 em todo o sistema EOS. Porém atentem que modelos antigos de câmeras, inclusive algumas digitais, não são compatíveis com as novas objetivas “E”: séries D1, D2, D40 e D70 e modelos D60, D80, D90, D100, D200, D3000, além de todas as câmeras de película.
Enfim na frente a 16-80mm aceita filtros de ø72mm que vão numa rosca de plástico. O primeiro e o último elemento de vidro são cobertos com fluorine para facilitar a limpeza, e atrás há um anel de vedação entre a baioneta da objetva e a câmera; nada é declarado sobre weather sealing, porém. No kit com a D500 eu recebi o gigantesco parasol HB-75, que curiosamente tem laterais achatadas e, pela primeira vez que vejo na Nikon, usa um mecanismo de botão para prender/ soltar, mais firme e fácil de usar. No geral a 16-80mm entrega o aceitável: construção em plásticos duros, foco automático preciso e razoavelmente rápido, VR de última geração e o novo diafragma eletrônico. Mas ela não não trás nenhum destaque mecânico para o justificar os US$1060, que são caros para uma zoom DX. Talvez a fórmula óptica faça valer a pena o preço lá em cima do modelo.
Com uma fórmula exotiquíssima de 17 elementos em 13 grupos, quatro ED, três asféricos, coatings Nano Crystal e Super Integrated, a Nikon estava mirando para o topo quando desenvolveu a AF-S DX 16-80mm f/2.8-4E ED VR. E atingiu o alvo em cheio (e o nosso bolso também): nunca com uma objetiva zoom eu obtive fotos tão nítidas numa câmera de “alta densidade”, e o kit com a D500, que usa um sensor sem o filtro low pass, ultrapassa facilmente qualquer full frame que eu tenha usado. EOS 6D + EF 24-70mm f/2.8L II USM… D750 + primes f/1.8G… Qualquer câmera com filtro low pass e objetiva topo de linha não chega perto do que a D500 faz sem o filtro LP e a AF-S 16-80mm. É, de novo, mais um exemplar da performance óptica que as zoom entregam hoje: idênticas ou superiores as primes em termos de resolução, contraste e cores, com aberrações fáceis de corrigir via software e performance de sobra para qualquer trabalho.
A resolução no quadro todo é o que mais chama atenção. De ponta a ponta do arquivo, mesmo nas aberturas máximas, é fácil ver em 90% da imagem a resolução alta da D500. Só nos limites das bordas, 2.5% em cada extremo, que a 16-80mm mostra a “alma zoom” com vários elementos. Na prática é mais difícil encontrar um sujeito interessante 100% plano, que mostre a perda de resolução nas bordas, p. ex. uma parede, do que encontrar defeitos nos arquivos do dia a dia. Nos 16mm em f/2.8 a profundidade de campo é grande para fotos de cidades a noite e ISOs baixos, com todos os detalhes de placas, pessoas e linhas nítidos. A abertura vai para f/3 em 24mm, f/3.3 em 35mm, f/3.5 em 50mm, e nos 80mm f/4 o sujeito fica em destaque no centro, uma vez que a profundidade de campo curta isola um “miolo de alta resolução”, rivalizando as objetivas FX.
Fechando a abertura um, dois stops, é o suficiente para a 16-80mm igualar a performance das primes. É difícil ver alguma diferença prática entre os arquivos da D750 e todas as fixas f/1.8G que testei, contra os da D500 + 16-80 nos mesmos locais. Na verdade, de novo, por conta da ausência do filtro low pass além da qualidade óptica da objetiva, a nitidez desta zoom parece maior. Tijolos nos prédios, detalhes nas roupas dos transeuntes, letras nas placas a distância… É um salto as zoom de kit padrão, e feito sem grandes esforços pela 16-80mm. Basta colocar a câmera entre f/5.6-6.3, as aberturas otimizadas do projeto e limites da difração da D500, para ter os arquivos perfeitos na rua. Considerando o tamanho diminuto e as qualidades ópticas, esta é a objetiva ideal para bloggers, viajantes e fotógrafos de rua que buscam uma única lente de alta qualidade.
Aberrações cromáticas laterais são inevitáveis e aparecem quando puxamos demais os arquivos no pós-processamento. Mas elas são discretas: mesmo sem correção, é difícil vermos as linhas coloridas em contornos de alto contraste nas bordas, que acontecem principalmente em situações contra a luz. Pra falar a verdade, apenas uma foto das escolhidas para este review mostra CA lateral, bem menos do que estou acostumado com projetos zoom. O mesmo para a distorção geométrica. Embora bem óbvia depois da correção via software, no grande angular ela aparece só no miolo do quadro, com as linhas perfeitas em cima e embaixo antes da compensação. Mas no telephoto a distorção é grave: o pincushion toma conta e as linhas “caem” no centro da foto.
Crop 100%, antes e depois do pior exemplo de CA lateral da 16-80mm.
Crop 100%, difícil de notar a correção de software uma vez que a objetiva provoca pouquíssimo CA lateral.
“Up” em f/6.3 1/320 ISO100 @ 16mm; note a linha reta no topo do prédio antes da correção.
“H&M” em f/6.3 1/200 ISO100 @ 18mm; a faixa da rua é praticamente reta, mesmo sem a correção via software.
”Progresso” em f/6.3 1/400 ISO100 @ 44mm; pincushion próximo dos 50mm.
”Cortiço” em f/5.6 1/80 ISO450 @ 52mm; as linhas caindo no centro do quadro são bem aparentes nas bordas.
”Topo” em f/6.3 1/640 ISO100 @ 80mm; e até no final do telephoto ele aparece, apesar de discreto dependendo da composição.
Por fim o bokeh é típico das zoom com muitos elementos, único motivo para investir numa prime se o look com a baixa profundidade de campo fizer parte do seu portfolio diário. Pontos de luz no segundo plano viram bolhas com contorno firme, característica que pode tomar formas estranhas com lâmpadas de neon ou fontes brilhantes contra a luz. Embora isole o sujeito no quadro, dá pra ver claramente quais eram os elementos do segundo plano (pessoas, postes, placas), quanto maior for a distância entre sujeito e fotógrafo. Na posição mínima de foco (35cm) e em 80mm, o desfoque é agradável e a ampliação máxima é de 0.22x, perto o suficiente para flores e insetos; embora longe do “macro embutido” da Sigma 17-70mm f/2.8-4 DC Macro OS HSM de 0.36x. Mas infelizmente a performance óptica cai bastante no foco mínimo: o contraste cai bastante por causa da distorção esférica e exige um boost no pós-processamento para dar mais impacto as fotos.
Sinceramente a melhor zoom para o APS-C que já usei, a Nikon AF-S DX 16-80mm f/2.8-4E ED VR entrega um projeto ousado sob todos os ângulos. A construção é justa e a operação é razoável, apesar de flertar com o tosco, uma audácia da Nikkor considerando o preço. Os recursos também são duvidosos: abertura eletromagnética incompatível com câmeras antigas, estabilizador ruim para vídeos, e AF que não ganhará nenhum prêmio de velocidade. E a performance óptica é altíssima, talvez demais: é resolução de sobra que, francamente, será inútil para quem está interessado numa objetiva “walk around” para social media (não imprimirão as fotos). Então esta é a dificuldade de recomendar a 16-80 “E” de US$1060. Opticamente ela é perfeita? Sim. Mas quem se importa? No kit da D500 ela até saiu por “apenas” US$500; uma barganha pra ter a melhor APS-C da história. Mas para comprar avulsa? Vale só para quem exige performance absolutamente impecável de uma objetiva. Os US$1060 são mais baratos que comprar todas as primes, sem dúvidas. Mas para o restante, só comprem se ela vier com desconto num kit. Boas fotos!