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Março/2015 – A EF 100mm f/2.8L IS USM é de longe uma das peças mais importantes do vlog do zack. Por três anos ela foi a objetiva usada na produção das imagens de produto dos vídeos, quando eles eram gravados com 5D Mark II; e até hoje ela é responsável por todas as fotos dos equipamentos que vocês veem aqui no blog. O estabilizador de última geração, a construção leve de plástico e o controle preciso do foco eram indispensáveis para gravar aquele camera-porn que conquistou tantos subscribers no começo do canal. E a ciência das cores do sistema EOS junto da facilidade de uso das câmeras nunca me deram motivos para mudar de kit. Boa leitura! (english)
Com 625g de 15 elementos em 12 grupos, a característica mais marcante da EF 100mm f/2.8L IS USM é sem dúvidas o peso, já que não estamos falando de uma especificação exótica como as primes f/1.# mais curtas da série L. Ela é leve porque é a primeira prime longa da Canon a ser fabricada em plástico e alumínio, conceitos que foram emprestados por lançamentos recentes como a EF 24-70mm f/2.8L II USM. Mas os projetos não deixaram de ser robustos, pelo contrário. O policarbonato é duro e resiliente, não amassa como o metal usado por exemplo na EF 24-70mm f/2.8 L USM original, e também não expande sob o calor nem fica muito gelado.
A operação é simples com um generoso anel de foco manual, feito de alumínio e coberto por borracha, alguns switches para controle do estabilizador e do foco, e um grip confortável entre o mount e o elemento da frente. Em 12.29cm ela parece longa mas combina bem com as câmeras high end EOS 1D, 5D, 6D e 7D; nas Rebel ela fica um pouco pesada para frente, mas não chega a atrapalhar. Atrás, perto do mount, fica um espaço vazio para montar o pé de tripé modelo D que não vem na caixa, e custa absurdos U$172. E na frente o lens hood ET-73, este sim incluído, aumenta mais incríveis 8cm. No total ela adiciona 21cm de projeto óptico na frente da câmera.
Do lado de dentro o principal destaque é o sistema float para macrofotografia, totalmente interno e com proporção real 1:1 na distância mínima de 30cm a partir do plano de imagem. Pois é, apenas 30cm subtraídos dos 21cm da lente e mais alguns centímetros da câmera, e você estará cerca de 6cm do sujeito a partir do hood, ruim para fotografar seres vivos ou mesmo iluminar a cena. Parte da criatividade virá do seu setup de luz. Mas pelo menos nada expande e ela inclusive funciona como uma objetiva normal no foco infinito. Então a flexibilidade deste equipamento é enorme: além da capacidade macro para insetos e produtos, você também poderá fazer retratos.
Um detalhe a se considerar no trabalho macro, é que o sistema float movimenta grosseiramente os elementos dentro da objetiva, chegando a perder luz quanto mais próximo você chegar do sujeito. Apesar dela ser f/2.8 em qualquer distância, em 1:1 você perde dois stops de luminosidade e dois stops de correção IS. Então no final das contas o estabilizador de última geração acaba nem fazendo tanta diferença nas mãos em proporção máxima, apesar de funcionar bem em distâncias menores. Para quem já está acostumado com o trabalho macro, sabe que nada substituirá um bom tripé, um trilho para focagem e luz de sobra para subir o obturador e fechar a abertura. A Canon fez o melhor que pode nesta objetiva, mas não tem como desviar das leis da física.
Outro destaque vai para o novo sistema híbrido de estabilização. No lugar de apenas um sensor de deslocamento X e Y, um segundo sensor de ângulo e um terceiro de velocidade consideram os movimentos das mãos para distâncias curtas de focagem. Não, o conjunto óptico não se movimenta com tilt, ao contrário do que algumas pessoas pensam; ele é tradicional como todos os outros, só compensando para os lados. Mas os novos sensores trazem mais informações para compensar o movimento das mãos, e faz diferença no viewfinder. Em 100mm e foco mínimo, nenhuma outra objetiva Canon fica tão estável quanto o IS híbrido.
Na frente os filtros de ø67mm não giram e são os maiores de uma 100mm macro EF até hoje, porém incompatíveis com qualquer outra série L. A janelinha de distância tem marcações em metros, pés, e proporção macro na cor amarela. O weather sealing é total: os três switches, o elemento da frente e o mount são protegidos contra água e poeira, garantindo a operação sob qualquer cenário externo. No geral é uma das lentes mais “modernas” que temos na linha e impensável há alguns anos atrás, quando o metal dominava a construção, o peso e o preço alto também. A minha cópia já tem cinco anos de uso semanal e está absolutamente intacta.
Com 15 elementos em 12 grupos, a EF 100mm f/2.8L IS Macro USM é consideravelmente mais complexa que a padrão “não L, não IS”, com um elemento UD para correção de aberrações cromáticas e uma abertura de nove lâminas redondas, que garante um desfoque mais suave independente do f/stop usado. E como uma genuína “specialty lens” da Canon, feita para fotografar sujeitos detalhados de perto, a performance óptica é espetacular com resolução de ponta a ponta do quadro, praticamente zero distorção geométrica das linhas, e CA axial baixíssimo, apesar da profundidade de campo curta inerente ao trabalho macro. Além de Macro, além do IS de última geração, além de corpo leve, esta lente é perfeita nas imagens que faz.
Em f/2.8 não há qualquer comentário além de falar da profundidade de campo curta para desfocar o fundo. Tudo é extremamente nítido do centro até as bordas, e se você acertar o foco com algum sujeito que usufrua do “efeito bokeh”, o resultado é simplesmente singular. Nenhuma outra objetiva tem a mesma capacidade deste modelo em reproduzir detalhes com o diafragma totalmente aberto nas distâncias curtas macro, e o trabalho ganha méritos além de quem fotografa, graças ao equipamento diferenciado. Pense em gotas de orvalho em plantas, nas pupilas dos olhos, ou detalhes minúsculos em produtos. Não é a mesma coisa que fotografar com um close-up lens porque outras lentes não tem a mesma resolução. Não é a mesma coisa que cortar uma foto no computador porque você jogará pixels fora. E não é a mesma coisa que a 180mm f/3.5L USM Macro, já que a perspectiva muda. A EF 100mm f/2.8L então é exclusiva nas imagens que faz.
Fechando até f/22 nem mesmo a difração faz qualquer diferença nas câmeras do formato 135 full frame de até 22MP da Canon; motivo pelo qual eu nunca mudei meu fluxo de trabalho para a Nikon D800E + AF-S 105mm f/2.8G IF-ED VR, com limite de difração menor (nem me falem da nova 5DS). O trabalho macro geralmente beira alguns milímetros na profundidade de campo do telephoto e da distância curta de foco, pedindo técnicas diferenciadas para aumentar a aparência do que está em foco, como fechar a abertura ou trabalhar com focus stacking (diversas capturas com blend no computador). Mas como eu disse, o meu principal uso era pra vídeo, impossível de fazer stacking. Então a performance bruta fez toda a diferença para criar as sequências em movimento na apresentação do vlog. Sem esta objetiva com estabilizador eu não teria começado a pensar em gerar um conteúdo de alta qualidade como o vlog do zack é hoje.
Aberrações cromáticas laterais e de eixo são aparentemente invisíveis. Com sujeitos interessantes, coloridos, orgânicos, eu nunca vi. Mas em produtos industrializados complexos como relógios, óculos, lâmpadas e outros objetos cromados, as aberrações também são mínimas. É de novo impressionante como esta performance existe numa objetiva mas não se traduz em outras. Esta não é primeira Canon que vemos no vlog. Não é a primeira prime f/2.8. E não é nem a primeira macro. Porém tem uma performance próxima da perfeição, apesar de também não ser a mais cara. Enfim parece que estou chovendo no molhado e o texto fica repetitivo, mas é melhor que escrever uma frase só: a qualidade de imagem da EF 100mm f/2.8L IS USM é impecável.
A EF 100mm f/2.8L IS USM é uma das objetivas de maior performance da Canon, embora com credenciais ocultas. Não, a abertura não é exótica, o preço não é exorbitante e o peso encobre a altíssima tecnologia de construção e óptica empregadas numa digna série L high end. É uma discrição incomum num mercado que hoje está mais interessado em resolver problemas que não existem, do que apresentar soluções para o dia a dia, que a Canon faz sem grandes alardes. Equipamento pesado? Construção de plástico para poupar as costas do fotógrafo. Trabalho macro sem tripé? IS de ultima geração com até dois stops de correção na proporção 1:1. E a qualidade de imagem de sempre: arquivos perfeitos de ponta a ponta, cores vibrantes e contraste acentuado prontos para o mercado profissional. O que mais podemos pedir? Obrigado, Canon. Boas fotos!