Canon EF 35mm f/1.4L II USM

A “ultimate” 35mm f/1.4 com foco automático


Escrito por Marcelo MSolicite nosso mídia kit. Faça o download do pacote de arquivos raw (05 fotos, 120MB).

Tempo estimado de leitura: 18 minutos.

Novembro/2015 – A EF 35mm f/1.4L USM é uma das objetivas mais respeitadas do lineup da Canon. Na família “luxury” desde 1998, foi o primeiro exemplo high end do que seria possível com o mount eletrônico do sistema EOS e a expertise japonesa na produção óptica. Com performance a par da alemã Leica Summilux 35mm f/1.4, que inventou a especificação em 1960, esta EF se tornou a queridinha dos jornalistas principalmente por causa do foco automático ultra rápido e preciso, que as outras marcas não ofereciam e até hoje não conseguem imitar. (english)

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Dezessete anos se passaram e a Canon 35mm f/1.4L continuou no kit e na lista de desejos de muita gente. Parte pela construção robusta e parte pela qualidade das imagens, foi só recentemente que ela viu o reinado ameaçado com a apresentação de concorrentes a altura em resultados ópticos. Notavelmente por causa da Sigma e sua Global Vision Art 35mm f/1.4 DG HSM (2012 – $899), o mercado conheceu novos patamares de resolução, controle de aberrações e principalmente preço. Estaria a Canon com os dias contados? Os fotógrafos EF esperaram para ver.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

De surpresa em 2015 a Canon introduziu a nova geração da clássica 35mm f/1.4L. Com fórmula óptica revisada, nova escola de design e usabilidade, além de incorporar pela primeira vez a tecnologia Blue Spectrum Refractive Optics, esta objetiva vem dar fôlego para os próximos anos da linha EF. Apesar de nada de errado com a antiga, ela mostra a idade nas câmeras mais novas de alta resolução. Mas o que compram os US$1799 da 35mm f/1.4 “AF” mais cara do mercado? Vale a pena por no kit? Vamos descobrir. Boa leitura!

MAS ANTES… O TAL BLUE REFRACTIVE OPTICS

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Num mercado sedento por novidades e o batalhão anti-Canon, pró-dynamic range da internet, virou praxe a fabricante apresentar alguma tecnologia junto do lançamento das objetivas. Por exemplo a 70-200mm f/2.8L II IS USM de 2010 chegou com os rolamentos gigantes do lado de dentro, e a EF 24-70mm f/2.8L II USM chegou levíssima com exterior em policarbonato, quase 300g mais leve que a versão anterior. Então a linha EF tem recebido updates substanciais para manter a marca no topo e a alta tecnologia continua carro-chefe da Canon.

Canon EF 24-70mm 70-200mm f/2.8L II USM

Por causa da relação estreita com o mercado, a marca ouviu a principal reclamação dos fotógrafos sobre as aberrações cromáticas de eixo em áreas de desfoque e contraste da lendária f/1.4L. São aquelas bolhas coloridas no segundo plano e em highlights fora de foco, resultado da dificuldade de focar perfeitamente todo o espectro de luz num ponto só. Especialmente o espectro azul, que vai de 400nm a 480nm, é difícil focá-lo por causa do curtíssimo cumprimento de onda.

Diferenças no índice de refração de cada elemento óptico. [créditos: Canon HK]

Diferenças no índice de refração de cada elemento óptico. [créditos: Canon HK]

A Canon desenvolveu então o “Blue Spectrum Refractive Optics”, como o nome diz, consegue mudar a direção (refração) exclusivamente do espectro azul da luz. Através de um material orgânico com estrutura molecular desenvolvida em laboratório, é possível “unir” duas peças óptica-minerais para controle específico da onda, isolando quase perfeitamente o espectro e focar precisamente o feixe no ponto certo. É mais “suave” que uma peça diffractive (com degraus), e ideal para objetivas de grande abertura nas quais o bokeh (qualidade do desfoque) é importante.

O elemento BR tem alto índice de refração do espectro azul, para focagem precisa da luz. [créditos: Canon HK]

O elemento BR tem alto índice de refração do espectro azul, para focagem precisa da luz. [créditos: Canon HK]

O interessante é que o BR Optics não conta como um elemento, uma vez que ele não é sólido. É uma “gosma” entre duas peças de vidro, uma bicôncava e outra convexa, mais grossa que um coating. Enquanto outras fabricantes “atacam” as aberrações com elementos exóticos e curvas complicadas, a Canon é a única que pensou fora da caixa para resolvê-las. E só começamos no “Blue Spectrum”, mas nada impede um futuro com Refractive Optics vermelho e/ou verde… Lembrando que o material é orgânico, se um dia você já reclamou de fungos nas suas lentes, essa daqui já vem com eles de fábrica! Quem poderia imaginar? :-)

CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Em 80.4×105.5mm de 760g, a primeira coisa que chama atenção na Canon EF 35mm f/1.4L II USM é como ela cresceu em relação a versão antiga. Em uma palavra, esta 35mm é ENORME. É quase 1.5cm (!) mais longa que a original de 1998, 6mm mais longa que a Sigma Art atual, e bem mais pesada que as duas L (580g) e DG (665g). Sinceramente eu não percebi na rua com a 6D. Mas foi só chegar em casa e pegar as três nas mãos que notei a diferença. Parece ruim, mas na verdade ela equilibra melhor com corpos de magnésio e tem mais espaço para movimentar o grupo interno de foco, que teve a distância mínima reduzida de 30cm para 28cm, a menor das três.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

O design também mudou com o corpo mais longo, com mais espaço para as mãos, anel de foco manual maior e um handling totalmente diferente das outras. Os degraus entre o mount e a janela de distância estão mais suaves, curvos. O bump para a chave AF/MF é mais raso e mais próximo do dedão. O botão em si finalmente está chapado no corpo, como os modelos mais novos, com menos risco você mudá-lo acidentalmente. E como ela perdeu o anel de especificação brilhante na frente, o anel de foco manual ganhou 6mm de comprimento (33mm na L II contra 27mm da L). Há quem diga que a L II ficou parecida com a Sigma, mas não é verdade. A Art tem degraus que a L não tem, anel duro de foco além do acabamento emborrachado que risca com facilidade.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Degraus traseiros: design mais suave na objetiva nova (direita)

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Bling-bling na frente: sem a decoração brilhante, a L II ganhou 6mm no anel de foco manual.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

As duas top f/1.4 atuais: a Sigma não tem nada a ver com a Canon.

Nas mãos a Sigma é cheia de respostas táteis diferentes, com borrachas com groove maior no anel e menor na base, além da peça de metal perto do mount. Você sente aonde estão os apoios por causa da mudança de temperatura. A Canon antiga, a mais curta, mal tem espaço para as mãos antes de chegar o lens hood, e o fotógrafo dobra os dedos para operar o anel. A L nova não. O corpo longo deixa a mão estendida e o grip é suave, orgânico, melhor desenhado. São detalhes pequenos que no final do dia numa EOS 6D, na minha opinião o corpo melhor desenhado da Canon, dão um show de ergonomia que as outras fabricantes nem levam em consideração. 

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Nas mãos: Sigma 35mm f/1.4 DG HSM pede alguma torção do dedão e tem diferentes zonas táteis.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Nas mãos: EF 35mm f/1.4L USM vintage é pequena e desconfortável para usar o anel de foco manual.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Nas mãos: EF 35mm f/1.4L II USM é enorme e confortável para mãos grandes.

O foco automático é típico do sistema USM, o que é sempre uma boa notícia. A Canon não comenta nada de algoritmos atualizados, que na minha opinião foram “tunados” pela última vez na EF 24mm f/1.4L II USM. Na prática tudo funciona rápida e silenciosamente como na versão I, que ainda é benchmark para o restante do mercado. Independente da situação de luz, se o modo de foco estiver certo na câmera, a EF 35mm f/1.4L II USM trava no ponto certo. Em situações semelhantes com a Art DG HSM, lembro como ela se recusava a travar em pouca luz, mesmo com contraste nítido. Não tive este problema com a Canon. Todas as fotos que veremos a seguir foram feitas com o ponto central da EOS 6D em ONE SHOT: apontou, focou!

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

“Taxi” com a EOS 6D em f/1.4 1/200 ISO100; AF ONE SHOT + panning.

Crop 100%, EF 35mm f/1.4L II USM acertou o foco numa fração de segundo, com o sujeito em movimento, a noite.

Crop 100%, EF 35mm f/1.4L II USM acertou o foco numa fração de segundo, com o sujeito em movimento, a noite.

Do lado de fora o anel de foco manual é perfeito, leve e pesado ao mesmo tempo, sem qualquer jogo. A resposta tátil lembra outras séries L que usei recentemente, como as zoom 24-70mm f/2.8 e f/4. Não é duro como a Sigma Art mesmo na minha cópia nova. Mas é preciso, engatado com perfeição no grupo interno, além de suportar o full time manual. Na frente os filtros de ø72mm continuam do mesmo tamanho da versão antiga, mas o thead agora é de plástico contra a peça de metal da anterior. Há quem dia que é um downgrade, mas não lembro de qualquer objetiva com problemas nos trilhos de plástico. Na verdade ele é melhor, sem chances de amassar.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Duas séries L recentes: ergonomia nova, sem solavancos desnecessários.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Filtros de ø72mm são idênticos a versão anterior e amplamente compatíveis com a linha profissional.

O novo lens hood EW-77B, incluído na caixa, é preso por um botão. Quanto mais eu uso este sistema, mais eu gosto porque é liso e seguro, bem melhor que a fricção de outros hoods. Você aperta o botão e ele desliza tão bem quanto o mount EF. Quando chega no lugar certo, um click prende no lugar. A 35mm f/1.4L II também recebeu o “tratamento” DW-R da Canon, ou “Dust/Weather Resistant”. São anéis de borracha em pontos estratégicos como os botões, elemento da frente e mount, que faltavam na versão antiga.  Eu não recomendo testá-los, mas é uma tranquilidade a mais na hora de usar sob chuva e poeira. Ah, e o coating de fluorine também está aplicado no primeiro e último elementos, para repelir gordura e água.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Detalhe do botão: sistema leve e fácil de prender, bem-vindo em todas as objetivas daqui pra frente.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

É o mesmo sistema de outras objetivas novas, talvez exclusivo da Canon.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Hero-shot: EF 35mm f/1.4L II USM como vem na caixa.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Mount de metal: acabamento durável para anos de operação.

No geral a Canon atualizou uma objetiva clássica com aspectos ergonômicos que as outras fabricantes parecem esquecer. A cada lançamento EF eu fico com o sentimento “por que todas as outras lentes não podem ser assim?” Parece besteira, mas estes degraus mais suaves fazem toda a diferença nas mãos. O corpo mais longo é mais gostoso de segurar.  E você só vai perceber isso enquanto trabalha o dia todo com o equipamento. É um update mecânico substancial que sozinho justificaria a compra, além das qualidades ópticas do projeto totalmente repaginado.

DESIGN COMPARADO: SIGMA 35MM F/1.4 DG HSM

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma DG Art HSM

Inevitável a comparação com outra “queridinha” do mercado, a disruptive Sigma Global Vision Art 35mm f/1.4 DG HSM. A concorrente também japonesa re-estruturou todo seu departamento de R&D (research and development) e em 2012 lançou a fantástica linha Art, com projetos ousados em especificação e performance óptica, por preços extremamente atrativos e design bonitão, sem o look brega do passado. Foi da noite para o dia: a internet comprou (pela metade do preço), o mercado mudou, e tudo será comparado a uma Global Vision daqui pra frente.

Sigma Global Vision Art Lens

A principal diferença entre as DG e L II é o tamanho. A Canon é maior e mais gorda, e segue a mesma lógica da Zeiss na linha Otus ou a própria Sigma nos 50mm. São mais elementos pra performance óptica maior, deixando de lado a lógica de ergonomia e usabilidade que associávamos às distâncias focais. A 35mm da Canon não “parece” uma 35mm da mesma forma que a Sigma 50mm não parece uma 50mm. Nem a Art 35mm lembra uma 35mm, mas a Canon consegue ser ainda maior. Com o hood montado elas acrescentam uma parte substancial a câmera. É melhor para segurar, mas talvez não caiba em qualquer mochila.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma Art DG HSM

O acabamento da Sigma é muito mais bling-bling com a infâme borracha exterior que é um imã para arranhões, “escorregões” brilhantes e poeira. Eu que vendo estes equipamentos depois do uso sei bem: é quase impossível deixar uma Sigma Art “como nova” por muito tempo. Qualquer encostadinha na mesa e a borracha ganha marcas brilhantes, e já vi equipamentos deles por aí com esta parte descolando. Isso não acontece na Canon. Inclusive a 35mm L original parece nova até hoje. A L II tem o mesmo acabamento “alto” no plástico, e risca menos ainda.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma Art DG HSM

Diferentes acabamentos: Sigma tem a borracha que risca enquanto a Canon tem o plástico texturizado.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma Art DG HSM

Nas mãos a resposta é praticamente a mesma: as duas escorregam.

O anel de foco da Sigma tem a borracha muito mais alta que qualquer EF, e isso faz sentido neles que usam um ajuste bem “pesado” nesta peça. A Canon L II nova tem um anel mais extenso, mas a borracha é mais baixa e suave, pedindo de fato a sua “vontade” de apertá-lo para girar. Como a peça é maior, seu dedo não chega a encostar no lens hood quando você faz o movimento. A Sigma é mais curtinha, apertada, e daí o acabamento emborrachado no para-sol. Eu gosto das duas, mas a Sigma anda pesada nas Art enquanto as Canon parecem mais “corretas”.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma Art DG HSM

Na durabilidade o weather sealing da Canon conta pontos mas fica difícil opinar sobre um equipamento que acabou de ser lançado. Eu tenho a EF II há menos de um mês, então não sei como ela se comportará daqui dez anos. E nunca tive problemas com a minha Sigma DG HSM de três anos, que é usada exclusivamente em casa para gravação do vlog do zack com a Blackmagic. No final as duas lentes compartilham apenas da especificação, mas de novo a “filosofia” de ergonomia muda bastante. É uma questão de gosto, mas eu prefiro a Canon L II entre as duas.

DESIGN COMPARADO: EF 35MM F/1.4L USM (1998)

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Dentro da própria Canon o upgrade é substancial e infeliz, no bom sentido. A nova 35mm L II USM é a melhor objetiva de grande abertura em design e ergonomia, e isso automaticamente faz as outras especificações parecerem datadas. Talvez a 100mm f/2.8L IS USM Macro seja parecida, mas não considero de grande abertura. As outras que eu tenho no kit, 24mm, 35mm, 50mm e 85mm, todas tem “problemas” em comparação a esta L II. Vamos rezar para um update em breve delas.

Canon L Series lens

O design é mais sóbrio, com menos “placas” separadas e peças sólidas, unificadas, um “streamline” mesmo do desenho. Do mount ao thread de filtros a L II é quase um tubo só, com degraus suaves no lugar de bumps e texturas diferentes. Um exemplo é o painel da chave AF/MF, que você consegue ajustar com a lateral do dedão esquerdo ao invés da pinça com o dedão e o indicador na chave antiga. Ou a janela de distância sem bezel, como nas lentes novas. O estilo melhorou e casa melhor com corpos moldados como a EOS 6D ou a linha EOS Cinema.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Streamlined design: versão nova é mais suave e moderna.

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

Nova janela de distância da Canon (direita): placa de metal que risca!

A decisão de compra entre as duas terá de vir da performance óptica. Não, o AF da objetiva nova não está mais rápido. Não, o tamanho dos filtros não mudou. Nem o handling geral, que vai de gosto. O upgrade no kit será gradual e pela ergonomia e usabilidade eu não recomendaria uma objetiva de US$1799. Aparentemente a Canon inclusive deixou o preço de lançamento da L II nas alturas para não destruir o mercado da L original, que ainda vale cada centavo nova (o preço caiu para US$1099) ou usada. Clássico é clássico e lançamento nenhum tira o trono de uma série L.

QUALIDADE DE IMAGEM

“The look” em f/1.4 1/125 ISO250.

“The look” em f/1.4 1/125 ISO250. Todas as fotos com a EOS 6D.

Com 14 elementos em 11 grupos, três (!) peças a mais que versão anterior, uma a mais que a Sigma Art além da “gosma” Blue Spectrum Refractive Optics, cobertura SWC (Subwavelength Coating) em grupos estratégicos, um par de elementos asféricos e um UD, abertura circular de 9 blades… Ufa! A EF 35mm f/1.4L II USM está pronta para levar a Canon de volta ao topo da lista de performance óptica, hoje dominada pela concorrente com viés “artístico”. E obviamente ela conseguiu. Ok, o preço é mais que o dobro e o site “DxOh-no!” diz o contrário sobre a Sigma, mas não tem saída: esta EF voltou ao topo em resolução, controle de aberrações e distorções geométricas.

IMG_1908-EOS-6D-Canon-EF-35mm-f-1.4L-II-USM-1-1250-sec-at-f---2.8-ISO-100_

“Thundersunset” em f/2.8 1/1250 ISO100.

Pela primeira vez num review, eu apresentarei ao mesmo tempo as imagens em f/1.4 e f/8. Esta é a performance da Canon EF 35mm f/1.4L II USM. Em corpos com resoluções “modestas” para os padrões de hoje, aqui testada na EOS 6D de “apenas” 20MP, praticamente não há diferença do f/1.4 para o f/8, nem do centro para as bordas. Isso mesmo: não há diferença do centro para as bordas e se houver é desalinhamento do sujeito, não defeito na lente. A f/1.4L II USM é tão perfeita que fica difícil “comprovar” a performance: só um laboratório com condições perfeitas para notar algum problema. Nas fotos do dia a dia do vlog do zack, a conclusão é simples: a objetiva é perfeita, de altíssima resolução, independente da abertura. É um belo equipamento!

“Pigeons” em f/1.4 1/4000 ISO100.

“Pigeons” em f/1.4 1/4000 ISO100; teste de tortura com abertura sem noção para o sujeito.

Crop 100%, perfeição no centro sem aberrações ou perda de contraste.

Crop 100%, perfeição no centro sem aberrações ou perda de contraste.

“m i n i” em f/1.4 1/320 ISO400.

“m i n i” em f/1.4 1/320 ISO400.

Crop 100%, DoF tão curta que só algumas sobrancelhas estão em foco.

Crop 100%, DoF tão curta que só algumas sobrancelhas estão em foco.

“Hot Dog” em f/1.4 1/2500 ISO100.

“Hot Dog” em f/1.4 1/2500 ISO100.

Crop 100%, resolução no centro em abertura máxima.

Crop 100%, resolução no centro em abertura máxima.

E a promessa da Canon sobre o Blue Spectrum Refractive Optics? Há avanço significativo na performance e faz sentido pagar por ela? A resposta é ambígua: sim e não. Sim, a EF 35mm f/1.4L II USM tem uma fração das aberrações cromáticas da L de 1998. Aquele projeto f/1.4 sofria demais com o spherochromatism no bokeh e isso foi resolvido sim. As linhas coloridas são mais finas e discretas, qualidade que só vi nas Zeiss Otus. Mas não, o problema não foi 100% resolvido e em qualquer coisinha fora de foco você ganhará linhas roxas e verdes que ainda exigem correção via software. São discretas e impressionantes para tamanha abertura, mas ainda estão lá.

“Hall” em f/1.4 1/800 ISO400.

“Hall” em f/1.4 1/800 ISO400.

Crop 100%, CA longitudinal continua lá em zonas fora de foco, mas é bem mais discreto que o comum.

Crop 100%, CA longitudinal continua lá em zonas fora de foco, mas é bem mais discreto que o comum.

“Cafeteria” em f/1.4 1/800 ISO400.

“Cafeteria” em f/1.4 1/800 ISO400.

Crop 100%, nenhuma bolha no contorno das janelas.

Crop 100%, nenhuma bolha no contorno das janelas.

“BLDG2 B/C” em f/1.4 1/400 ISO400.

“BLDG2 B/C” em f/1.4 1/400 ISO400.

Crop 100%, detalhes mínimos de aberração cromática.

Crop 100%, detalhes mínimos de aberração cromática.

“BLDG2 A/B” em f/1.4 1/400 ISO400.

“BLDG2 A/B” em f/1.4 1/400 ISO400.

Crop 100%, é muito menos que a versão 1 e outras objetivas low cost.

Crop 100%, é muito menos que a versão 1 e outras objetivas low cost.

Distorções geométricas são praticamente invisíveis assim como o flare contra a luz, que pode ser provocado com spots brilhantes (por exemplo o sol), mas que não acontece facilmente no dia a dia. Este era um problema na objetiva antiga e a Sigma 35mm f/1.4 DG HSM só está no vlog do zack por causa da resistência a flaring, especialmente para a gravação do vlog do zack e a posição da iluminação nas minhas gravações. E a vinheta é acentuada mas exclusiva do f/1.4. Em f/2 já não dá para notá-la, semelhante a zoom 24-70mm f/2.8L II USM em f/4.

“Tetrahedron” em f/8 1/200 ISO100; nada de distorção geométrica para arquitetura.

“Tetrahedron” em f/8 1/200 ISO100; nada de distorção geométrica para arquitetura.

“Jetta” em f/8 1/125 ISO400.

“Jetta” em f/8 1/125 ISO400.

“Hospital” em f/8 1/160 ISO100; se há distorção, ela é muito pequena.

“Hospital” em f/8 1/160 ISO100; se há distorção, ela é muito pequena.

O PAPO DO BOKEH RUIM

Por uma exigência dos sensores de cada vez mais resolução, os projetos ópticos tem colocado elementos a favor da nitidez no lugar de fórmulas simplificadas a favor do desfoque. Na minha opinião uma característica a ser defendida, uma vez que qualquer problema no segundo plano pode ser suavizado via software enquanto inventar detalhes no arquivo é impossível. Sem comparações diretas, como se comporta a super nítida EF 35mm f/1.4L II USM? Vejamos:

“Halloween” em f/1.4 1/160 ISO640; distância mínima de foco.

“Halloween” em f/1.4 1/160 ISO640; distância mínima de foco.

Crop 100%, contornos suaves em sujeitos orgânicos, sem problemas.

Crop 100%, contornos suaves em sujeitos orgânicos, sem problemas.

“M” em f/1.4 1/1000 ISO100.

“M” em f/1.4 1/1000 ISO100; minha foto favorita do review.

Crop 100%, aparência de highlights e linhas na distância.

Crop 100%, aparência de highlights e linhas na distância.

“Walkway” em f/1.4 1/2000 ISO100.

“Walkway” em f/1.4 1/2000 ISO100.

Crop 100%, o bokeh é suave para uma grande angular.

Crop 100%, o bokeh é suave para uma grande angular.

Crop 100%, e as linhas vão suavizando com a distância maior.

Crop 100%, e as linhas vão suavizando com a distância maior.

COMPARADA A SIGMA 35MM F/1.4 ART DG HSM

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sigma Art DG HSM

Você sabem que eu odeio estas comparações. Projetos diferentes, distâncias mínimas diferentes, preços BEM diferentes etc. Mas todo mundo quer saber se vale o investimento na novidade da Canon e se ela está na frente em resolução, contraste e controle de aberrações; tarefa complicada considerando a altíssima performance da Sigma. Colocando as lado a lado, vejamos as diferenças:

“SP” com a Canon EF 35mm f/1.4L II USM em f/1.4 1s ISO100.

“SP” com a Canon EF 35mm f/1.4L II USM em f/1.4 1s ISO100.

RESOLUÇÃO: CENTRO (click for larger)
Virtualmente idênticas. Há diferenças de contraste sim, mas por mudança na posição do equipamento.

Virtualmente idênticas. Há diferenças de contraste sim, mas por mudança na posição do equipamento.

RESOLUÇÃO: BORDA
A Canon mostra uma vantagem no prédio branco, que está bem mais nítido. A Sigma não é ruim considerando abertura e posição no quadro. Mas a Canon é espetacular!

A Canon mostra uma vantagem no prédio branco, que está bem mais nítido. A Sigma não é ruim considerando abertura e posição no quadro.

SAGGITAL COMA FLARE
A Sigma que já corrigia isso muito bem fica obviamente para trás em comparação a Canon nova. A Canon é realmente bizarra na abertura máxima em nitidez e controle de aberrações.

A Sigma que já corrigia isso muito bem fica obviamente para trás em comparação a Canon nova. A Canon é bizarra na abertura máxima em nitidez e aberrações.

“Studio Test” com a Canon EF 35mm f/1.4L II USM em f/1.4 1/640 ISO100.

“Studio Test” com a Canon EF 35mm f/1.4L II USM em f/1.4 1/640 ISO100.

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LONGITUDINAL
A vantagem do Canon Blue Refractive Optics fica clara na bolha roxa da haste do óculos, que é praticamente nula. A verde continua lá nas duas, mas a Canon de novo está na frente da Sigma.

A vantagem do Canon Blue Refractive Optics fica clara na bolha roxa da haste do óculos, que é praticamente nula.

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LATERAL
Praticamente não há nas duas. Nada de linhas coloridas magentas e verdes no contraste das letras. Mas o CA longitudinal continua aqui.

Praticamente não há nas duas. Nada de linhas coloridas magentas e verdes no contraste das letras. Mas o CA longitudinal continua aqui.

BOKEH
O único aspecto que eu tiro o chapéu para a Sigma é a característica do desfoque, que é bem mais suave que a Canon L II. A nova objetiva de fato mostra linhas duras, repetitivas, com contornos acentuados. Não, não fará diferença em qualquer situação. Mas lado a lado dá pra notar a diferença, e a Sigma é mais suave.

O único aspecto que eu tiro o chapéu para a Sigma é a característica do desfoque, que é bem mais suave que a Canon L II. A nova objetiva de fato mostra linhas duras, repetitivas, com contornos acentuados. Não, não fará diferença em qualquer situação. Mas lado a lado dá pra notar a diferença, e a Sigma é mais suave.

COMPARADA A EF 35MM F/1.4L USM

Canon EF 35mm f/1.4L II USM

A diferença é notável entre as duas. Eu tenho arquivos com a 35mm L original que no próprio thumbnail dá pra ver a aberração cromática. Paisagens noturnas ganham pontos estranhos nas bordas devido ao Saggital Coma Flare. Mas vale o investimento na objetiva mais nova? Quem tem a antiga precisa pensar em vendê-la? Vamos ver: (NOTA: A EF L II é bem menos “grande angular” que a L antiga. Há diferenças de enquadramento entre as duas.)

RESOLUÇÃO: CENTRO (click for larger)
Infelizmente a 35L não se garante nem no centro totalmente aberta, até na EOS6D de 20MP. A 35LII é um upgrade bem-vindo.

Infelizmente a 35L não se garante nem no centro totalmente aberta, até na EOS6D de 20MP. A 35LII é um upgrade bem-vindo.

RESOLUÇÃO: BORDA
Mesma situação nas bordas, que serão ainda piores em corpos novos com a EOS 5Ds.

Mesma situação nas bordas, que serão ainda piores em corpos novos com a EOS 5Ds.

SAGGITAL COMA FLARE
Show de horrores na 35L; paraíso para astrônomos na 35L II. Se bem que tem gente que acha “cool&vintage” essas estrelas nas bordas. :-D

Show de horrores na 35L; paraíso para astrônomos na 35L II. Se bem que tem gente que acha “cool&vintage” essas estrelas nas bordas. :-D

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LONGITUDINAL
A maior reclamação sobre a 35L está muito mais discreta na 35L II, mas não invisível.

A maior reclamação sobre a 35L está muito mais discreta na 35L II, mas não invisível.

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LATERAL
Não há nas duas. Prime é prime.

Não há nas duas. Prime é prime.

BOKEH
Mesmo caso da Sigma. Há uma confusão no bokeh da 35L II que não aparece na 35L. Talvez faça diferença pra quem curte este look.

Mesmo caso da Sigma. Há uma confusão no bokeh da 35L II que não aparece na 35L. Talvez faça diferença pra quem curte este look.

BONUS: COMPARADA A SONY Cyber-shot RX1R

Canon EF 35mm f/1.4L II USM Sony RX1R

Antes mesmo de dar o veredicto, eu já adianto: não pretendo manter nenhuma destas objetivas com mount EF no meu kit. Eu já gravo tudo o que preciso com a EF 24-105mm f/4L IS USM na Blackmagic Cinema e outras distâncias “mais grande” angulares são mais importantes no meu kit, como os 24mm e 14mm. Então nos 35mm quem faz o papel no “full frame” é a RX1R f/2, com tamanho e silêncio impagáveis. Impagáveis não já que a Sony está mais do que feliz em cobrar US$2999 por ela. Mas estarei deixando mais que 1 stop na abertura de lado? Let’s see: (NOTA: Novamente a 35mm L II é muito, muito menos “grande angular” que a Zeiss Sonnar 35mm da Cyber-shot. Motivo? Olhem o tamanho da Sony e o tamanho da Canon. Também há diferença de resolução nos arquivos, 6D com 20MP e RX1R com 24MP.)

RESOLUÇÃO: CENTRO (click for larger)
Por estar totalmente aberta, a Sony até se segura bem na resolução e contraste do centro. Mas a Canon 1 stop fechada está muito na frente.

Por estar totalmente aberta, a Sony até se segura bem na resolução e contraste do centro. Mas a Canon 1 stop fechada está muito na frente.

RESOLUÇÃO: BORDA
Nas bordas a Sony continua muito boa, apesar da Canon ser bem mais nítida.

Nas bordas a Sony continua muito boa, apesar da Canon ser bem mais nítida.

SAGGITAL COMA FLARE
O projeto da Zeiss é o única que coloca a Canon pra suar a camisa em controle de aberrações.

O projeto da Zeiss é o única que coloca a Canon pra suar a camisa em controle de aberrações.

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LONGITUDINAL
A Sony não tem “BR Optics”, mas tem um elemento asférico híbrido. O controle das aberrações cromáticas é quase perfeito.

A Sony não tem “BR Optics”, mas tem um elemento asférico híbrido. O controle das aberrações cromáticas é quase perfeito.

ABERRAÇÃO CROMÁTICA LATERAL
Nenhuma prime mostra linhas coloridas em contornos.

Nenhuma prime mostra linhas coloridas em contornos.

BOKEH
A Canon sendo “menos grande angular” foca mais de perto, então a perspectiva inteira muda e o desfoque é mais acentuado.

A Canon sendo “menos grande angular” foca mais de perto, então a perspectiva inteira muda e o desfoque é mais acentuado.

VEREDICTO

Demorou 17 anos mas a Canon fez: atualizou uma objetiva clássica sem perder a essência da usabilidade e performance óptica topo de linha. A EF 35mm f/1.4L II USM é o que todos esperavam. O foco automático continua excelente, difícil de demonstrar num blog, e é a maior arma contra a Sigma Art. Se vale o investimento de US$1799? Sim, com certeza: menos aberrações, mais resolução, saggital coma flare resolvido. É melhor que a L antiga e a Sigma Art. Estas características farão diferença em trabalhos clínicos como fotografia de produto, retratos com acessórios, paisagens e arquitetura; especialmente nos corpos mais novos, que não toleram desvios ópticos como os 20MP do passado. A novidade é bem-vinda na família EF e mostra a disposição da Canon em investir em inovar no mercado óptico. Quem pode, pode. Boas fotos!